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sábado, 15 de abril de 2023

O Museu do Mar e a Casa dos Pescadores de Buarcos

Da série, Museu do Mar (continuação)...

Em Fevereiro de 2020, tivemos alguns episódios desta série: "que local propõe para a instalação do museu do mar?"
Em Fevereiro de 2022, tivemos em cena novos  episódios desta mesma série: "a Figueira devia ter um Museu do mar?"
Há aqui qualquer coisa fora de tempo: em 2022 questionou-se se "a Figueira deve ter um Museu do mar?"
Então porque é que, em 2020, dois anos antes, se queria saber o local onde deveria ser instalado, se ainda havia dúvidas se a Figueira deve ter um Museu do mar!..

Em Abril de 2023, a Figueira tem um Núcleo Museológico do Mar, sediado em Buarcos, inaugurado a 29 de maio de 2003, pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio

"Esta unidade museológica nasceu da necessidade - há muito sentida - de recuperar e divulgar algumas das principais memórias históricas e práticas piscatórias mais identificativas das comunidades da orla costeira do concelho da Figueira da Foz."

Todavia, quem o visitou, sabe que aquilo não representa praticamente nada da importância que o mar tem no passado do nosso concelho.

A Figueira merece um Museu do Mar tematicamente adequado, para uma cidade de tantas tradições marítimas. Existem possibilidades de uma parceria entre a Câmara e o CEMAR e a disponibilidade de apoios de várias entidades, entre as quais a Marinha Portuguesa.

O nosso Museu do Mar, se alguma vez chegar a existir, deveria contar as vidas das mulheres e dos homens que viveram do rio, do mar junto à costa portuguesa e dos que se aventuram na faina maior. Contudo, o nosso Museu do Mar teria de contar também a história da fauna e da flora marítima da nossa faixa costeira e a história da actividade industrial e comercial que a Figueira teve com o aproveitamento do mar. 

Existe um projecto, cujo "guião temático e plano de conteúdos, teórico e conceptual, está desde o dia 13 de Setembro de 2018 formalmente entregue pelo Centro de Estudos do Mar à Câmara Municipal da Figueira da Foz (o seu teor textual e iconográfico foi divulgado publicamente...), e que, desde então, ficou bem guardado, em alguma gaveta, pelo respectivo funcionalismo público de "Cultura" e respectivos eleitos político-partidários, ao seu serviço."

Ao que foi denunciado na altura por parte do CEMAR, no tempo da presidência de Carlos Monteiro, houve quem metesse "pedrinhas na engrenagem" ao desenvolvimento do projecto entregue "formalmente em 13 de Setembro de 2018, depois  do desaparecimento do anterior Presidente da CMFF, com quem essa parceria havia sido tratada)."

Chegados aqui, vamos ao que interessa: não seria a Casa dos Pescadores de Buarcos um local interessante a ter em conta para a instalação do futuro Museu do mar da Figueira da Foz de que tanto se tem falado nas últimas décadas?

Imagem via Diário as Beiras

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Da série, Museu do Mar (continuação)...

Em Fevereiro de 2020, tivemos alguns episódios desta série: "que local propõe para a instalação do museu do mar?"
Em Fevereiro de 2022, temos em cena novos  episódios desta mesma série: "a Figueira devia ter um Museu do mar?"
Há aqui qualquer coisa fora de tempo: em 2022 questiona-se se a "a Figueira deve ter um Museu do mar?"
Então porque é que, em 2020, dois anos antes, se queria saber o local onde deveria ser instalado, se ainda há dúvidas se a Figueira deve ter um Museu do mar!..
O que não poupávamos em papel de jornal se a Figueira tivesse mar!..

Lembrando, via Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque (CEMAR),  esse extraordinário figueirense que foi Manuel Luís Pata.

"Não é demais repetir que, para além das matérias culturais, também nas outras matérias, as do Património Natural e Ambiental (dinâmica sedimentar das areias, porto comercial errado, erosão costeira), foi Manuel Luís Pata quem chamou as coisas pelos seus nomes — chamou bois aos bois... —, pronunciando-se sobre o maior e o mais grave de todos os problemas da Figueira da Foz, o problema que levou à decadência e ao desaparecimento, no todo nacional, desta região e desta Cidade de Mar.

O problema que, ainda hoje (e, agora, mais do que nunca), continua a ser decisivo, momentoso, e grave, para o Presente e o Futuro da Figueira da Foz e da sua praia… Mas perante o qual, em vez de se procurarem e se encontrarem quaisquer soluções verdadeiras e efectivas, só se têm aumentado, acrescentado, e avolumado, os maiores erros vindos do Passado… Assim se agudizando as contradições, eternizando os impasses, e se originando as situações insustentáveis, absolutamente previsíveis, e de extraordinária gravidade (que nenhuma hipocrisia pseudo-"ambientalista" vai poder disfarçar), que cada vez mais se aproximam, nos desenlaces do futuro próximo dessa "Praia da Calamidade" que é, infelizmente, a da Figueira da Foz.

Em suma, para além da dramática gravidade da catástrofe cultural que é o estado de destruição, abandono, e desprezo, do Património Cultural e Histórico Marítimo da Figueira da Foz (uma área em que este homem, só, absolutamente autodidacta, e descendente de Pescadores, fez o que pôde, e fez muito, somente com os seus próprios meios, enfrentando todas as contrariedades que lhe foram movidas nos círculos que eram supostos defender e preservar esse Património Cultural), também acerca da calamidade ambiental irresolúvel em que a Figueira da Foz desde há décadas se encontra sepultada (com toda a gente a fingir que não vê, quando a areia, tanta, está à frente dos olhos…) foi Manuel Luís Pata quem tomou sempre posição pública, voluntariosamente, corajosamente, à sua maneira.
Foi ele quem disse o essencial: "a Figueira da Foz virou costas ao Mar…!".

É essa coragem que distingue a verdadeira intervenção e serviço de utilidade pública (e da parte de quem nem sequer recebe, para fazer tal intervenção cultural ou ambiental, quaisquer remunerações, reformas, etc., pagas com dinheiro público…!). É a coragem de quem tenta voluntariosamente ser útil à sua terra, metendo ombros a tarefas e a obras que são trabalhosas e meritórias (em vez de viver simplesmente em agrados e ambições de carreirismo pessoal, em intrigas políticas fáceis, nos bastidores, acotovelando à esquerda e à direita, à sombra do poder do momento). É a coragem de quem é capaz de se pronunciar, não menos voluntariosamente, sobre tudo o que é verdadeiramente importante, não receando, para isso, tocar nas feridas dos assuntos verdadeiramente graves e polémicos (em vez de mostrar a cara em artigos de jornal para escrever sobre insignificâncias pessoais e diletantismos, "culturais", pseudo-"progressistas").
É a coragem — típica de Pescador…? (mesmo quando um pouco brusca…?) — de quem é capaz de tentar mesmo fazer alguma coisa, a sério (mesmo que não consiga…)… e, para isso, é capaz de tentar enfrentar, de frente, qualquer vaga, seja de que tipo for. Em vez de viver no (e do) manhoso tacticismo, no (e do) elogio mútuo, no (e do) tráfico de influências, nos bastidores do poder que anseia e rodeia, e ao qual espera chegar rodeando.
Enquanto todos os verdadeiros problemas, os do Presente e do Futuro, culturais ou ambientais, ficam por resolver (e, por isso, se agravam)… e todos os verdadeiros patrimónios, os do Passado, culturais ou ambientais, se vão perdendo com o tempo ("como neve diante do sol")... Enquanto as nuvens negras das catástrofes, quer culturais e sociais, quer ambientais e ecológicas, se avolumam, em dias de sol, no horizonte próximo.

A Cultura e a Natureza estão, talvez, estranha e paradoxalmente ligadas de uma forma muito íntima, de maneira muito simbólica: quem sabe se, um dia, na luxuosa pobreza extrema, e na merecida desgraça última, quando se enfrentar as vagas assassinas de um tsunami que venha a devastar uma área de ocupação humana ao nível do mar — mas… será possível que haja alguém que, em pleno século XXI, esteja a querer legitimar ("ecologicamente"…!!!), e a, assim, adensar e avolumar (!) uma ocupação humana (dita "turística", e "cultural"… e, até, "ambiental"…! [e, na verdade, pré-imobiliária…?!]) ao nível do mar…?! —, irá ser lembrada, e recordada, com saudade, a geometria fina e a silhueta esguia, cortante, dos antigos "Barcos-da-Arte" ("Barcos-do-Mar"), em "meia-lua"… Que, nesse dia, já não existirão… nem existirá ninguém que os saiba construir...! (embora, provavelmente, vá continuar a existir gente funcionária e política, paga com dinheiro público, que estará pronta para tentar continuar a viver à custa dessas tais matérias, "culturais", e "ambientais", dos barcos antigos, e das praias ecológicas…).

Com o nosso Exº. Amigo Senhor Manuel Luís Pata, aprendemos, há muito tempo, o lema que ele sempre proclama (e que nós sempre repetimos): "O Mar não gosta de cobardes… não gosta de quem lhe vira as costas…"."