quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Mosteiro de Santa Maria de Seiça com novo horário de abertura e entrada paga

Entra hoje em vigor o horário de inverno para visitas ao Mosteiro de Santa Maria de Seiça. O monumento nacional passa a ser visitado de quarta-feira a domingo, das 14H00 às 18H00. 

De acordo com a deliberação da reunião de Câmara da Figueira da Foz do dia 6 deste mês, a entrada passa a ser paga. O bilhete normal custa três euros, as famílias com pelo menos dois elementos - um adulto e um menor - terão 50% desconto, e os maiores de 65 anos pagam 1,50 euros. Por seu turno, a entrada para grupos organizados (de 15 a 20 elementos) custa custo de 20 euros/ grupo. Estão isentos grupos com comprovada carência económica, escolas do concelho, visitantes até 12 anos, portadores de Cartão Jovem, do Cartão de Estudante e do cartão de bolsa de voluntariado emitidos pelo município e trabalhadores da Câmara da Figueira da Foz.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Num País a arder em chamas, as televisões não escapam....

"A emissão da CMTV está em permanência nos incêndios que estão a assolar o País."

Nos últimos dois dias, a  transmissão de imagens de incêndios nas televisões e noticiários tem sido um massacre. 

Para indivíduos que têm fascínio pelo fogo, horas e horas de fogo em directo nas televisões, com casas, florestas e campos de cultivo a arder, pode aumentar a probabilidade do fascínio.

Por isso, impunha-se  minimizar a exposição dos fogos na televisão. 

Pelos vistos, a piromania não é exclusiva de indivíduos com o desejo mórbido e incontrolável de provocar incêndios, queimar ou atear fogo às coisas ou pessoas. Neste vale tudo, que é a sociedade de consumo ilimitado em que vivemos, anda por aí à solta muito transtorno psicológico...

As mangueiras de sempre

Adriano Miranda

«Um homem chora. Uma mulher conduz um tractor. Há quem derrube portões. Há também quem regue o milho acabado de apanhar. Há quem desespere porque não tem água. Há quem dê pontapés nos baldes que se romperam. Há quem se sente na soleira da porta a olhar. Há torres de lenha para o Inverno. Há terras abandonadas transformadas em silvados. Há botijas de gás, relva sintética, palmeiras, casas devolutas, carros e charruas, santos e altares. Há anos de vidas construídas a pulso e a suor. Parece que tudo vai acabar.

Em cada telha, em cada janela, em cada tacho, em cada colchão, em cada livro, em cada crucifixo, em cada jóia, em cada árvore destruída pelas chamas, em cada vida, em todos nós, estão anos de políticas erradas. De "bazucas" e propagandas.

No fundo da rua, ouvem-se gritos. Uma criança grita:

Bruno, a casa da avó está a arder!

Somos o país que construímos. Somos o país que queremos.»

O PSD só não terá Orçamento do Estado se não quiser

Ricardo Paes Mamede

"O PSD está numa posição negocial vantajosa. A vantagem seria maior, se as coisas tivessem corrido melhor até aqui.

A direcção do PS está numa situação particularmente difícil. Se viabilizar a proposta de OE do Governo, será acusada pelos partidos à sua esquerda de convivência com a governação da AD, perdendo também apoio junto de muitos militantes e simpatizantes que apostaram numa viragem do partido à esquerda (o que quer que isso signifique na prática). Se não viabilizar o OE, será acusada pelos partidos de direita, a generalidade dos comentadores e os sectores mais centristas do PS (incluindo muitos autarcas socialistas que vão eleições em 2025) de irresponsabilidade política e de prejudicar o país. Mesmo que conseguisse combater esta narrativa num cenário de eleições antecipadas (o que não seria fácil), regressar agora ao poder com uma maioria parlamentar de direita seria inconsequente. 

A situação do Chega é um pouco menos difícil, mas não muito. Grande parte do seu eleitorado parece disponível para aceitar todas as cambalhotas, mentiras e contradições do líder, o que reduz os danos de qualquer opção. Ainda assim, enquanto partido que se alimenta da indignação, não quer ser visto como conivente com o poder de turno, aprovando o OE a troco de nada. Mas se, ao invés, inviabilizar uma governação “não-socialista” poderá perder apoio de uma parte do seu eleitorado (e de quem financia o partido)."

Da série, a pesada herança de 12 anos de gestão socialista (continuação...)

Vereador Ricardo Silva, via Diário as Beiras: “Passam a vida a criticar que se deixou dívida [nos 12 anos de mandatos do PSD], mas deixou-se obra feita, e o que herdámos [do PS] foi património municipal completamente degradado.
Para ler melhor clicar na imagem
A Figueira só tem uma opção nas eleições autárquicas de 2025: escolher os melhores candidatos disponíveis.

"Parece o inferno"...

 Uma casa a arder

"Pensávamos que o Verão seria relativamente sossegado, que a época dos fogos florestais não teria o impacto dramático de outros anos, de triste memória, e eis que, num abrir e fechar de olhos, a esperança é reduzida a cinza e o país volta a arder.

Vidas destruídas.
Hectares ardidos.
Danos irreparáveis.

Outra vez.

O problema de Portugal é o de sempre: pensamos a curto prazo, o horizonte governativo continua a ser a eleição seguinte, não temos estratégia, ou meios adequados, e não olhamos para este flagelo como problema existencial de uma nação que tem na floresta uma das suas maiores riquezas.

Será por falta de dinheiro?

Não pode ser. Se escolhemos investir milhões em jornadas mundiais, em torneios de futebol onde somos meros figurantes ou em borlas fiscais para jovens que não precisam delas, o problema não pode ser dinheiro.

O problema é que o fogo florestal não ameaça a capital, não ameaça a Invicta, não ameaça as elites da Comporta ou a primeira linha do Algarve. Não ameaça as elites. Pelo contrário, chega a ser-lhes bastante rentável.

E, sobretudo, o problema é não aprendermos nada com as desgraças recentes.

Portugal é uma casa a arder, pseudo-gerida por um batalhão de mulheres e homens-tacho que não conhece o país real para lá dos limites da sua própria arrogância ignorante. Uma elite parola, parida em viveiros de facada nas costas e hermeticamente fechada na sua bolha, que não percebe de onde vêm os fascistas, quando eles são o produto acabado da sua própria incompetência e inutilidade.

Estarmos aqui é um milagre. Até quando durará não sabemos."

João Mendes

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A Figueira só tem uma opção nas eleições autárquicas de 2025: escolher os melhores candidatos disponíveis

Em 2021, os candidatos à Câmara da Figueira da Foz foram os seguintes:
Por lei, as próximas eleições para escolha dos eleitos autárquicos, têm de realizar-se obrigatoriamente entre 22 de setembro e 14 de outubro de 2025.
Como é natural, dada a sua importância, precisam de ser preparadas com tempo, se queremos ter bons candidatos e boas eleições. 
Na Figueira, a um ano do acontecimento, o que já não é muito tempo, a maior preocupação é com outras eleições - as presidenciais de Janeiro de 2026.
Porém, a meu ver, se o objetivo dos figueirenses é a escolha de políticos capazes e competentes para a gestão do concelho, o foco deve ser a escolha dos candidatos para os órgãos autárquicos do concelho. A saber: Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia. 
Certamente que nos bastidores dos partidos, as coisas já estão a ser pensadas, isto é, os mesmo do costume já estão a pensar na estratégia para se manterem à tona de água.
A fase da escolha aproxima-se. Mas os cidadãos em geral vão passar ao lado desse processo, pois isso passa por aqueles que dominam os aparelhos partidários, que muitas vezes estão longe de ser aqueles que o concelho, as freguesias e os habitantes precisam. 
Creio que é escusado referir a pobreza de quadros políticos nos partidos, mesmo os principais, a nível local. Por outro lado, as candidaturas de verdadeiros independentes exige muito trabalho: a lei, feita por quem não tem interesse nessas candidaturas, coloca imensas dificuldades.
Diga-se, por ser verdade, que a escolha de candidatos, dentro ou fora dos partidos não é fácil. Os mais capazes e qualificados raramente estão dispostos a aceitar os convites que lhes são feitos. Por conseguinte, o campo de recrutamento é limitado. Praticamente fora da função pública e de certas profissões liberais, poucos estão dispostos a aceitar cargos que exigem exercício a tempo inteiro ou meio tempo. 
Não é fácil deixar uma profissão, para ocupar lugares poucos aliciantes em termos remuneratórios e sujeitos a uma exposição pública que ultrapassa muitas vezes o razoável.
Num contexto em que o campo de recrutamento é limitado, oxalá que  os candidatos disponíveis na Figueira em Setembro de 2025, sejam os que melhor sirvam a polis nos quatro anos que se seguem. 

"Dos 6745 matriculados nas escolas do concelho, mais de 1100 são alunos migrantes"

 Via Diário as Beiras

Cantigas de embalar

(Volksvargas)

"
Assinalando o 45º aniversário do Serviço Nacional de Saúde, Luís Montenegro envereda pela habitual conversa da direita, destinada a criar uma cortina de fumo que disfarce os objetivos de sempre: privatizar o SNS e promover o mercado da doença. Na lógica de um sistema de saúde - e não de um serviço público - que integra e financia os privados, o Primeiro-Ministro diz que «a saúde não se gere com preconceitos ideológicos», como se a sua visão de negócio para o setor, contrária aos princípios da provisão pública, não fosse por demais ideológica.


Nada mudou, portanto, num partido que - ao lado do CDS - votou contra a criação do SNS em 1979, e que, vinte anos depois, substituiu a consagração, na Constituição, do direito «universal, geral e gratuito» à saúde, por um acesso «tendencialmente gratuito». E que, na proposta de revisão constitucional de 2021 pretendia, num quadro de garantia minimalista, que o acesso a cuidados não pudesse «ser recusado por falta de meios económicos». Ou seja, começando a abrir a porta ao pagamento pelo utilizador, nos restantes casos.

É este o mesmo PSD que agora - no governo com o CDS - tem em curso um plano dito de emergência, mas que é, na verdade, de transformação da saúde, com uma abertura sem precedentes ao setor privado e que desinveste no SNS e nos seus profissionais. Plano em que a AD se prepara, por exemplo, para financiar com dinheiros públicos centros de saúde de gestão privada, concedendo-lhes um grau de autonomia que nega às unidades do serviço público. «Preconceitos ideológicos»? Sem tudo aquilo a que Montenegro chama de preconceitos ideológicos, o SNS e as suas conquistas nunca teriam visto a luz do dia."

domingo, 15 de setembro de 2024

Contra a corrente

Via Público

"O voto em Trump não é em Trump: é contra a corrente. Pode não ser contra o progresso em si, mas é contra a velocidade do progresso. O voto em Trump traduz o medo de ser desapossado pela aliança entre a elite de sempre e as classes desprivilegiadas que usa para avançar. É esta aliança — entre os mais ricos e poderosos e os mais pobres e fracos — que faz medo aos eleitores de Trump. O medo é que substituam a classe trabalhadora tradicional — branca, cristã, conservadora e cortês — por uma nova classe multirracial, que é imprevisível, anárquica, zangada e ateia. Concluo assim que os eleitores de Trump são, acima de tudo, negativos. Têm medo, sentem-se inseguros, acham que os EUA estão a ir por mau caminho. Trump é apenas uma oportunidade para mostrar isso."

A anedota da semana que passou

Jornal Público, edição de sábado, 14 de Setembro de 2024:
Ministro da Defesa diz que Olivença “é portuguesa” e “por tratado, deverá ser entregue ao Estado português”. “Não se abdica” dos “direitos quando são justos”, afirmou Nuno Melo. “Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma”, disse o ministro.

Olivença é um município com cerca de 11 mil habitantes que fica junto a Badajoz. Foi anexado por Espanha em 1801. Nuno Melo, o ministro da Defesa Nacional, que cumpriu parte do seu serviço militar precisamente no RC3, unidade do Exército também conhecida como Dragões de Olivença, considera que “muitos avaliam a circunstância [de Olivença] numa razão caricatural”“ Diz-se que desde o Tratado de Alcanizes, como Portugal tem as fronteiras mais antigas definidas, excepto esse bocadinho”, porque, “no que toca a Olivença, o Estado português não reconhece como sendo território espanhol”
Na sua opinião, esta não é uma questão “de ontem, é de hoje”. O ministro da Defesa Nacional referiu o próprio Regimento de Cavalaria n.º 3, a mais antiga unidade do Exército em actividade, que assinalou na passada sexta-feira os seus 317 anos: “Estes dragões são de Olivença por alguma razão”.
Olivença “é portuguesa”, o que está estabelecido por tratado. Para Nuno Melo, ministro da Defesa Nacional, “não se abdica” dos “direitos quando são justos”.
Indignado, Manuel Andrade, Alcaide de Olivença, disse: "estou convencido de que o ministro [da Defesa, Nuno Melo] tem assuntos mais urgentes e importantes para tratar neste momento".
Imagem via Público. 

sábado, 14 de setembro de 2024

A galinha dos ovos de ouro

"Das 54 medidas publicadas no site do Serviço Nacional de Saúde (SNS) diria que apenas uma é centrada na prevenção da doença: a contratação de 100 psicólogos para os cuidados de saúde primários. Ainda que na sua fundamentação o foco seja o tratamento de ansiedade e depressão, acredito convictamente que podem ter um papel inquestionável na promoção da saúde mental. A medida, que foi classificada como ‘urgente’, estava dada por ‘concluída’ pelo Governo, ainda que ninguém conseguisse dizer para onde tinha ido algum dos eventuais contratados. 
Entretanto, no início deste mês, recuou para ‘em curso’
Estranho. 
Nenhum serviço nacional de saúde é sustentável se não apostar na redução da carga da doença, com um foco especial na promoção da saúde. Portugal continua a ser, nos países europeus, um dos que menos investe nesta dimensão, que, para além da vertente económico-financeira, tem impacto na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Impressiona perceber que num programa de transformação do SNS não exista nenhuma estratégia focada na prevenção da doença. Facilmente se verifica, nestes meses de governação, que a aposta clara é no mercado da doença. Ser saudável não induz a procura de serviços de saúde nem gera despesa".

Série filmada na Figueira tem antestreia agendada para o dia 27 deste mês

 Via Diário as Beiras

Recolha de biorresíduos vai começar a ser feita em Outubro

 Via Diário as Beiras

A demagogia eleitoralista do Chega até já os patrões preocupa: CAP e Confederação do Turismo alertaram para falta de mão de obra e papel central dos imigrantes

Todos sabemos que o Chega, espalha falsidades sobre o real contributo dos estrangeiros e alimenta a perceção de que todos eles tiram partido do bem-estar social dos países. Um discurso utilizado maliciosamente porque é uma forma fácil de provocar medo e obter votos.
Vejamos o que se passa com a Segurança Social. Segundo o Chega, os imigrantes estão a beneficiar dos pagamentos feitos pelos nossos pais e avós, recebendo chorudas ajudas da Segurança Social. É exatamente o contrário, pois a diferença entre as suas contribuições e benefícios é bastante positiva para o Estado: os últimos dados de 2022 referem um saldo de 1,6 mil milhões de euros. A questão da imigração deve ser abordada - nisso o Chega tem razão -, mas com rigor e sem preconceitos, até porque Portugal está condenado ao envelhecimento. E se não fosse a chegada de estrangeiros, a inversão da tendência da natalidade não seria possível, conforme os últimos dados do INE.

“Cuidado, sem imigrantes não vamos a lado nenhum.” 
O alerta foi dado pelo secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, durante as jornadas parlamentares do Chega, em Castelo Branco — com a proposta de referendo à imigração do partido em cima da mesa —, tentando fazer ver aos 50 deputados que só os imigrantes podem resolver a falta de mão de obra em sectores como a agricultura, turismo, pescas e construção. “Tentei dar uma palavra para que o deputado Filipe Melo entendesse. Espero que tenham percebido”, disse ao Expresso o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros.
Quem conhece a realidade portuguesa, sabe que a falta de mão de obra  se arrasta há anos e só tem sido ultrapassada pela imigração.
Como disse Francisco Calheiros: “Acho que não há outra maneira de o fazer”.
Para isso, defendeu, será preciso incentivar a imigração e garantir um acolhimento digno dos imigrantes, criando “condições para que venham, não haja filas intermináveis nos serviços, que tenham habitação, contrato de trabalho e possam todas as condições para serem integrados”
Opinião partilhada por Luís Mira, que sublinhou que há uma “falta crónica” de trabalhadores e 40% da mão de obra agrícola já são imigrantes (64% asiáticos), sendo vital garantir o recurso a cidadãos estrangeiros para as colheitas. “Sem estas pessoas não é possível agir e aumentar a capacidade produtiva no interior do país, aumentar as exportações e continuar a crescer.” 
Cabe, desta forma, a Portugal mudar a “má imagem de acolhimento” de imigrantes, aqueles de que o país precisa e vai precisar mais, até porque a população está envelhecida.

"Nem mais um" imigrante, gritou-se num comício do Chega

Como alertou em Janeiro passado António José Gouveia"o Chega tem sabido explorar o medo daqueles que sofreram com a crise económica para apontar o estrangeiro como a ameaça real. E o mais grave é que pode arrastar os partidos da direita tradicional para esta dinâmica. É um discurso de ódio que, muito provavelmente, só serve para ganhar votos e carrega emocionalmente uma questão que deve ser acordada entre a direita e a esquerda."

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Um aforismo de Nietzsche

«O aforismo que mais me ajudou a compreender os intelectuais portugueses é este, de Nietzsche: “Quem se despreza a si próprio não deixa de se respeitar como autodesprezador.” 
A tradução de Auden é melhor: “Até a pessoa que se despreza a si próprio se congratula, mesmo assim, como auto-desprezador.” 
É um bom exercício ir mexendo neste aforismo, tentando trazê-lo para a língua portuguesa, como se tivesse sido escrito em português. “Autodesprezador”, por exemplo, é feio, não é português. 
Para traduzir bem, é preciso apanhar a ideia. A ideia, pelo menos para mim, é que muitas vezes somos surpreendidos pela vaidade de quem se odeia, pela facilidade com que se ofende uma pessoa especializada em deitar-se abaixo.
E está certo. A pessoa implacável consigo mesma tem o direito de se congratular por ser impiedoso. Ou, pelo menos, de se respeitar por não se iludir, por não cair na tentação de ser caridoso quando se contempla. 
Toda a gente — eu diria, todos os bichos — precisa de dignidade. Na pessoa que se confronta a si própria, que expõe todos os defeitos e tem a coragem de os lamentar e desprezar completamente, resta a consolação de ter sido capaz de o fazer, de ter tido a independência e a presença de espírito necessárias para a demolição de si próprio. 
A dignidade dele, a vaidade dele, é como a bola pesada que deita o prédio abaixo: quando só restam ruínas, a bola continua a balançar, quase feliz. É o aforismo 78 do capítulo de epigramas do Para Além do Bem e do Mal. O aforismo 79 é este: “Uma alma que sabe que é amada, mas não ama, expõe o seu sedimento: o que lhe está no fundo sobe à superfície.” Nietzsche é o mais treslido de todos os filósofos, por ser tão fácil de ler e de apropriar. O melhor que podemos fazer é traduzi-lo e retraduzi-lo, e comparar traduções, à procura do que isso nos diz sobre os tradutores. É a maior ambição que um escritor pode ter: ser sempre mal interpretado, para manter o “sempre” das más interpretações.»

"Vão ser construídos 14 apartamentos a custos controlados destinados ao arrendamento acessível"

 Via Diário as Beiras

A política são opções

Via Expresso

"Estamos perante o inconciliável: um PSD que, de regresso às origens da governação de Sá Carneiro (não às de Cavaco Silva), acredita que temos Estado a mais, intervindo demais onde não interessa, gastando demais e financiando-se à custa de uma receita fiscal que suga a capacidade de indivíduos e empresas, assim capturando quase metade da riqueza produzida no país; e o PS de Pedro Nuno Santos, com um passado de grande e despreocupado gastador de dinheiros públicos, que acredita que quanto mais receita fiscal existir mais dinheiro haverá para distribuir pelos mais pobres e mais o Estado será independente dos grupos empresariais, para poder encaminhar o país no caminho das boas políticas económicas. No fundamental, trata-se de uma discussão com quase um século de história e vivida ao longo dos tempos entre os seguidores de Keynes e os de Milton Friedman."

Miguel Sousa Tavares