quinta-feira, 20 de junho de 2024
quarta-feira, 19 de junho de 2024
terça-feira, 18 de junho de 2024
Portugal, "o país dos silêncios"
Estive ontem algumas horas a ouvir e a ver, via Canal Parlamento, a audição do antigo secretário de Estado Lacerda Sales, na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas.
Sabemos que o PSD e o PS não queriam o assunto discutido na A.R. através de Comissão de Inquérito. Procuraram impedi-la, mas o Chega impôs a sua realização.
"O meu estatuto de arguido confere-me o direito de me manter em silêncio para não me autoincriminar", clarificou logo Lacerda Sales na comissão parlamentar de inquérito.
Há direitos não questionáveis e há silêncios ensurdecedores.
Foi o caso de ontem. Penso que não existirá um único português com dúvidas quanto à origem da cunha que permitiu a tramitação do processo de nacionalidade, marcação de consulta urgente e aprovação imediata da administração do medicamento, tudo em tempo recorde.
E também já percebemos todos (ou quase todos), à semelhança da alteração do voo TAP, que era prática política nos gabinetes dos Secretários de Estado, agradar a Sua Excelência, o que terá acontecido também neste caso.
O Tribunal Constitucional já limitara os danos políticos, o MP veio agora garantir que os arguidos podem ficar em silêncio, esvaziando a Comissão Parlamentar de Inquérito e conhecendo os prazos de actuação da Justiça portuguesa, este caso será atirado para as calendas.
A Comissão de Inquérito poderia ter terminado ontem, pois o que dali vai sair já está mais do que esclarecido na opinião pública.
Quem conhece um pouco de história italiana (nem precisa de ser intelectual), sabe que o padrinho nem precisava dar uma ordem: bastava uma manifestação da vontade para que alguém se prestasse a satisfazê-la...
segunda-feira, 17 de junho de 2024
Espuma dos dias… sobre a Europa em tempo de eleições
— “A Alemanha na Europa 2024 – Da hegemonia relutante ao vazio político”
«Hoje, perante a indiferença, o conformismo e a complacência, e em muitos casos a promoção nazi-fascista, por parte dos grandes e pequenos poderes políticos e de uma boa porção da sociedade civil, interrogo-me:
“ao fazer algum tipo de analogia entre a criação deste transe coletivo, quase irracional, que se está a viver e que se vê crescer de forma assustadora, e o transe colectivo que levou Hitler ao poder, não estará a Europa a ser como o pobre animal deste quadro, que cegamente e ingenuamente julga caminhar em direção à luz quando, na verdade, caminha para a morte?” (período por mim adaptado, partindo de um texto de Adão Cruz)
Não se pense porém que o problema que atravessamos resulta da má política do país A ou B ou C, não é isso, o problema fulcral é o modelo neoliberal que estrutura toda a Europa e desde há décadas. A União Europeia está toda ela como está, ou seja, em franca decomposição, e o texto de Tooze reflete essa mesma realidade crua e dura. Olhando para fora da União Europeia, vejamos o que nos diz um importante Conservador britânico, Victor Hill, sobre o que se na passa no Reino Unido:
“Há poucas hipóteses de os serviços públicos britânicos melhorarem consideravelmente até ao final do outono. As listas de espera do Serviço Nacional de Saúde (NHS) continuam a ser de quase 7,5 milhões de pessoas; e a polícia foi aconselhada a não prender criminosos porque as nossas prisões estão literalmente cheias. Prevalece uma sensação de deriva e de declínio, com poucas expectativas de que um governo trabalhista seja capaz de inverter a situação. De facto, há muitos indícios de que o povo britânico não está particularmente encantado com o Partido Trabalhista de Sir Keir Starmer, enquanto despreza os Conservadores. Em termos eleitorais, é o oposto do MasterChef. Os eleitores são convidados a provar não o prato mais delicioso da ementa, mas o menos revoltante.” (Victor Hill, As eleições gerais no Reino Unido foram muito mal planeadas , 31 de maio de 2024)
Se adicionarmos aos problemas resultantes de um modelo (des)estruturante, o modelo provadamente falhado da União Europeia e desde há décadas, a incompetência que grassa por todos os escalões profissionais e políticos de qualquer um dos países na Europa, a começar por Portugal, percebemos que a situação está a ficar explosiva. O caricato é-me dado hoje por um canal televisivo, questionando Bugalho quanto à sua ambição de querer ser ou não, primeiro-ministro no futuro. A lembrar Kafka, o seu conto que, salvo erro, se chama O homem do leme. Até onde descemos na espiral da ignorância e da estupidez em que até se coloca a hipótese de alguém que tendo o paleio de um fala-barato ou de um troca-tintas possa, por isso mesmo, chegar a primeiro-ministro!»
Júlio Mota
António Costa a colher o fruto...
Ventura: de "motor" a "factor de risco"...
Responsável pelo programa económico do Chega nas legislativas de 2022 diz que o líder e fundador “é agora o maior factor de risco para a implosão do partido”. Acusa-o de “não dar protagonismo a ninguém” e promover “desorientação ideológica”.
domingo, 16 de junho de 2024
Os bufos de esquerda são tão irritantes como os beatos de direita
«A democracia, com os seus mecanismos de regulação, existe para que nos possamos proteger de nós próprios. Se não existisse regulação matávamo-nos uns aos outros – em todas as formas. Sou de esquerda. Por acreditar na Igualdade, tanto como acredito na Liberdade – quando a esquerda prescindir de trabalhar para que todos os cidadãos possam ter igualdade de oportunidades, quando a esquerda abdicar de proteger os mais frágeis, então não haverá esquerda.
Não estará tudo perdido, mas sinto-me perdido. Não sei a que lugar pertenço. Antes era-me fácil: se entrasse num lugar com duas grandes mesas, uma com gente de direita e outra de esquerda, não hesitaria na mesa.
Mas agora a mesa da esquerda é muito mais híbrida.
Tem gente que aponta o dedo como os inquisidores, gente que persegue, que exclui, moralistas de merda.
O problema dos radicais de esquerda é que não se distinguem dos radicais de direita. Uns porque são beatos, os outros porque são bufos. Uns porque são contra a liberdade por defeito, outros porque são contra a liberdade por excesso.
Não gosto de uns e não gosto de outros. Seria perseguido por uns e seria perseguido pelos outros. Mas os de esquerda preocupam-me mais neste momento. Porque vêm da minha família ideológica e porque à força de uma pureza de costumes, tão próxima da Inquisição, vão ajudando a sedimentar um populismo que tanto criticam. Ao ouvir tantos gritos e tanto histerismo receio que um dia tenha de fugir para algum lado pois não pertencerei a lado algum.»
Canal Now...
João Miguel Tavares, via jornal Público
«Com a eleição do comentador Marcelo, o conceito de político activo e inactivo tornou-se cada vez mais fluido, e nas últimas legislativas tivemos Marques Mendes e Paulo Portas a fazer campanha pela AD durante a semana e a comentar em canal aberto ao fim-de-semana. De seguida, vimos o jornalista Sebastião Bugalho saltar directamente dos estúdios da SIC para cabeça de lista da AD — não me espantaria que um dia destes regressasse como comentador e eurodeputado.»
«... há certos tipos de milagre nos quais não acredito: as profissões de jornalista e de político nunca deixarão de ser divergentes, conflituosas e incompatíveis enquanto o trabalho dos primeiros for vigiar a acção dos segundos. Convidar políticos para conselheiros de um canal de notícias faz tanto sentido quanto convidar directores de jornais para o Conselho de Ministros.»
Para ler melhor clicar na imagem |
Não se esqueçam de ir aos lares que deverá haver por lá alguns para aproveitar...
«Os professores que cheguem à idade da reforma e queiram continuar a dar aulas vão ganhar até mais 750 euros brutos por mês acima da sua remuneração. E, caso não estejam no 10.º e último escalão da carreira, vão poder recuperar parte do tempo de serviço que têm congelado, o que o Ministério da Educação vê, em resposta ao PÚBLICO, como um “incentivo” para que consigam “atingir esse patamar”. Esta é uma das medidas de um pacote que foi apresentado ontem pelo ministro, Fernando Alexandre, para conter o “problema mais grave da escola pública”: a falta de professores. A remuneração extra dos até 750 euros para estes professores à beira da reforma será uma medida transversal e entrará em vigor em 2025. Segundo as contas do Ministério da Educação, havia, no final de Maio, 2002 professores a dar aulas com idades entre os 67 e os 71 anos. A medida, porém, deverá abranger 1000 docentes e custar nove milhões de euros por ano. É a medida mais cara deste plano que, no total, custará cerca de 20 milhões de euros. O Governo quer ainda responder à falta de professores, contratando os docentes que já se aposentaram. Mas isso será apenas para os nove grupos de recrutamento mais deficitários (Educação Pré-Escolar, Matemática e Ciências da Natureza, Português, Inglês, Filosofia, Geografia, Matemática, Física e Química, Informática) e em territórios onde o Ministério da Educação identifica as maiores carências de professores. Para estes docentes, que já saíram do sistema de ensino, o Governo acena com uma remuneração extra equivalente ao índice 167, que corresponde ao 1.º escalão da carreira e a 1657,53 euros brutos. A previsão do executivo é que possam ser contratados 200 docentes e que esta medida tenha um impacto de três milhões. “Temos muitos alunos que estão muito tempo sem aulas a muitas disciplinas. Adicionalmente, este grave problema afecta sobretudo as famílias que provêm de contextos mais desfavorecidos, o que põe em causa a igualdade de oportunidades no acesso a um ensino de qualidade”, notou Fernando Alexandre.»
A gestão da água
Imagem via Diário do Minho
"O tarifário da água no concelho da Figueira da Foz" ..., é uma série que já vem longe...
Contudo, curiosamente, andou arredada da campanha autárquicas 2021.
A água, em todo o lado e também na Figueira, é essencial à vida e à saúde das pessoas. Sem ela não é possível uma vida digna. Mas, no nosso concelho, a realidade dos dias de hoje, também no domínio do abastecimento de água e do saneamento, apresenta um quadro preocupante. Estamos entregues ao “mercado”.
Presentemente, no fundo, a gestão deste recurso natural, está sob o controle duma empresa, a Águas da Figueira SA …
Quer dizer: no fundo, a população figueirense perdeu o controlo sobre um recurso que devia ser gerido sob a supervisão dos cidadãos. Para quem acha que a coisa não tem importância, a diferença está aqui: antes podia-se “despedir” eleitoralmente uma vereação que fosse ineficaz na gestão deste importante recurso; agora só se for a assembleia de accionistas…
Para os menos atentos, é apenas um pequeno e desprezível pormenor democrático que, claro, não vale nada, perante os “valores em causa”.
sábado, 15 de junho de 2024
Ana Paula Martins, farmacêutica, actual Ministra da Saúde, incansável a mandar bocas para tudo o que é canto e esquina, eficientíssima a desestabilizar as áreas que tutela, tem um bico de obra para resolver...
Via jornal Público
"A maior parte das grávidas e algumas das crianças da margem Sul do Tejo terão que atravessar a ponte e deslocar-se aos hospitais de Lisboa e arredores para serem atendidas em serviços de urgência de ginecologia/obstetrícia e de pediatria, entre esta sexta-feira e a próxima quinta-feira, porque as unidades de saúde da região estão quase todas com as urgências destas duas especialidades fechadas ao exterior ou abertas apenas durante algumas horas por falta de médicos em número suficiente para assegurarem as escalas. No caso das urgências de ginecologia/obstetrícia, nenhuma das três da margem Sul vai estar aberta durante a noite. (...)"
Pobreza dos pensionistas vai aumentar em 2025
"NEM O GOVERNO DE COSTA NEM O DE MONTENEGRO PUBLICARAM A PORTARIA DE 2024 COM OS COEFICIENTES DE REVALORIZAÇÃO DAS REMUNERAÇÕES PARA CALCULO DAS PENSÕES DOS QUE SE REFORMAREM OU APOSENTAREM ESTE ANO, A SITUAÇÃO DE POBREZA EM QUE VIVEM OS PENSIONISTAS, E A DUPLA PENALIZAÇÃO PELO MESMO MOTIVO A QUE ESTÃO SUJEITAS AS PENSÕES ANTECIPADAS AUMENTARÁ AINDA MAIS EM 2025."
sexta-feira, 14 de junho de 2024
... a reforma que ficou por fazer...
Traduzindo por miúdos o discurso, aparentemente sonso da ministra, o que ela queria dizer era o seguinte: menos protecção ao trabalho. Despedimentos mais baratos e fáceis. Menos prestações sociais, no valor a pagar e na duração temporal.
Resumindo: o modelo ensaiado pelo Governo da troika, o do "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer", exactamente o oposto da "fórmula IKEA".