sábado, 18 de junho de 2022

Rodrigo Guedes de Carvalho dia 22 nas 5ªs de Leitura

 Via Diário as Beiras

Festas da cidade ...(6)

 Via Diário as Beiras


Turismo figueirense

A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Maio de 2022.

Se nada for feito, dentro de poucos anos o turismo na Figueira poderá não passar de uma bela recordação. Neste momento, o produto turístico que a Figueira tem para  vender não é único no mercado do sector: o sol nasce em todo o lado. 

Por conseguinte, aquilo que a Figueira for capaz de oferecer, para além do sol, é que poderá atrair o turista. A praia, a não ser que um golpe de asa genial de Santana Lopes reverta a situação, há muito que deixou de ser aquela que Ramalho Ortigão viu em finais do século XIX: "a mais linda praia de Portugal!”  

A praia da Figueira, já não é a primeira praia de banhos portuguesa. Uma praia bela, que caprichosamente se estendia entre o Forte de Santa Catarina e a baía de Buarcos, banhada pelas águas límpidas e despoluídas do frio Atlântico, visão que se espraiava para poente, até ao longe, lá no horizonte longínquo, até tocar e se confundir com o azul do céu.


A partir da década de 60, quando os turistas ingleses abastados descobriram o Algarve, estâncias balneares como a Figueira, começaram a perder importância.

Na altura, a Figueira tinha uma actividade pujante nas pescas, nos têxteis, na indústria conserveira, exploração das salinas, estaleiros, no vidro. Foi por essa época, que foi implantada na Leirosa a primeira fábrica de pasta de papel. No interior do concelho, a agricultura e a pecuária ajudavam a compor o orçamento familiar.

Quando os decisores políticos e o sector ligado à actividade turística, começaram a descobrir e a perceber que, na Figueira, o turismo era uma actividade com retorno económico, com base nesta percepção, tentaram adaptar-se.

O primeiro erro histórico veio a seguir: deixaram  que fosse o turismo a ditar o desenvolvimento e não o desenvolvimento da região a potenciar a actividade turística. 

Aos poucos foram copiando alguns dos piores exemplos em matéria de urbanismo e ordenamento do território, aumentando a  capacidade hoteleira e de restauração, mas começando a diminuir os padrões de qualidade que caracterizaram o concelho nos anos 40 e 50 do século passado. Foi aí que teve início a transformação na urbe sem qualidade e esteticamente pouco harmoniosa  em que nos tornámos. Que o último executivo PS agravou, por exemplo, com as obras em Buarcos e a trapalhada que implantaram no Cabedelo. 

Registe-se, porém, que foi  na década de 80 que se cometeram os maiores atentados à sustentabilidade do meio ambiente. A Torre Jota Pimenta e o edifício Atlântico, são disso exemplo. Depois, para compor o ramalhete, veio o Galante. 


O termo sazonalidade faz parte do dia a dia de quem vive de e para o turismo na Figueira da Foz. Se, por um lado,  recebemos  milhares de turistas em determinados períodos, por outro lado,  não criámos  as infra estruturas de base consentâneas com uma actividade motor de toda uma região. 

Ao  turismo na Figueira, resta-lhe  funcionar paralelamente com as outras actividades económicas.  A Figueira é,  hoje, uma urbe desorganizada e carenciada ambientalmente, sem sustentabilidade e com fracas noções de estratégia de desenvolvimento.

O Turismo figueirense sofre uma concorrência feroz de mercados mais atraentes.

Pensar o futuro do turismo na Figueira, é definir  se queremos continuar a apostar no turismo da forma que temos feito até aqui, ou se queremos introduzir algo inovador que passe pelo planeamento e sustentabilidade. 

A meu ver, continua por definir o que precisa a Figueira da Foz em termos turísticos.

Continuamos "a viver um claro momento  de impasse". O "concelho continua doente. As aspirinas não resolvem nada". Continuamos "a precisar de antibióticos"...

 

O desígnio turístico figueirense está claro: "tornou-se um concelho organizador de eventos".

Organizar ou patrocinar alguns eventos, foi a grande ambição do turismo figueirense nos últimos anos. 

Até ao momento, o desígnio da actividade avulsa promovida neste sector nos úíltimos tempos continua. A verdade, porém, é que não existe qualquer lógica económica. A máquina de agitação e propaganda da autarquia atira para cima das pessoas uns números medidos a "olho".

No turismo, como em qualquer negócio, custa muito criar uma marca. E a Figueira da Foz, que já foi uma marca no turismo nacional – e muito importante –, hoje é um destino banal. Sem essa imagem de marca de qualidade, não é capaz de atrair alguns segmentos de clientes mais exigentes e com maiores recursos financeiros. É nos consumos dos que nos visitam, que vemos o poder de compra dos turistas que escolhem a Figueira da Foz. 

sexta-feira, 17 de junho de 2022

A dignidade escasseia

"Há sectores do patronato, do turismo à agricultura intensiva, que querem uma força de trabalho barata e descartável, temporariamente importada se necessário for. Fazem de tudo para não ter de aumentar salários e melhorar as condições de trabalho. E têm cada vez mais poder.

Ao aprovar um visto de trabalho temporário para imigrantes, o Governo, pela voz de Ana Catarina Mendes, fala de “combate à escassez de mão-de-obra”. Até parece que estamos numa situação de pleno emprego. E mais parece gestora de uma empresa de trabalho temporário.

A social-democracia é isto? E o trabalho digno?"

João Rodrigues via Ladrões de Bicicletas

Festas da cidade ...(5)

 Via Diário as Beiras

Uma foto que prova a inexorabilidade do tempo...

Foto: António Cotrim

SNS: o cerne da questão é este


 "...nos últimos 27 anos o PS esteve no poder, a solo, durante 21. Com vários governos, primeiros-ministros e ministros da Saúde. E o SNS está como está. É esse o busílis. Necessário para reflectir antes da próxima e necessária demissão de Temido. Que não é "Super" nem nunca o foi."

Aboborar

 “(...) Sabe o sr. uma coisa que nós desconfiamos? Sabe o que nos parece que o sr. tem? Sabe? Pois olhe com franqueza: essa tristeza, esse azedume... O sr. tem a ténia!

Ennes, o sr. tem a ténia! Aí é que está! É o que é! O sr. positivamente tem a ténia. Eis aí. É a ténia.

Esses ódios sem razão, esses rancores, injustificados, essas invejas acres, esse azedume afiado – é a bicha!

Agora percebemos: todo o seu modo de pensar, de dizer, de criticar, de atacar –não é uma filosofia, é um verme! O seu mal, o mal do seu espírito, não se cura com princípios, com conselhos, com reflexões. Sabe com que se cura? É com pevide de abóbora.

Agora pode-se vituperar, apedrejar, morder, babar, rasgar; enodoar-nos de chalaças, sujar-nos de pilherias, mandar a falsidade ferir-nos pelas costas:

nós diremos na nossa sinceridade: Ennes, pevide de abóbora! O sr. critica-nos, pevide de abóbora! Conta os nossos plagiatos? Pevide de abóbora! Revela os nossos crimes? Pevide de abóbora!

E se o sr. se tornar importuno, repetido, assomant, erguê-lo-emos por uma ponta do frak, e pondo-o a pernear, diante da multidão absorta, gritaremos:

- Ennes, o filósofo, precisa de pevide de abóbora. Há aí alguém que dê pevide de abóbora ao filósofo Ennes? (...)”.

in João C. Reis, “Polémicas de Eça de Queiroz”, vol. II, p. 84.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Festas da cidade ... (4)

 Via Diário as Beiras

Homens, meninos dos dóris

Texto e foto: via João Fidalgo Pimentel. Para ver o filme, clicar aqui.

"As povoações da Cova Gala, foram provavelmente aquelas que mais contribuíram nos séculos XIX e XX, para a pesca à linha do bacalhau na Terra Nova, com este tipo de Homens Valentes, e de uma coragem ímpar...

Entre adolescentes com idades compreendidas entre os 14 e 16 anos e homens, estima-se que cerca de 90% foram à pesca do bacalhau, desde quase nos seus primórdios em Portugal, no século XIX, até à primeira metade do século XX.
Foram os Armadores com a frota de Veleiros de três e de quatro mastros, ou Lugres, que incrementaram no início do século XX, a pesca nos mares da Terra Nova no Canadá e da Gronelândia, com tripulações e pescadores da região de Ílhavo, Aveiro e Figueira da Foz que em condições muito severas, de abril a setembro pescavam à linha o Bacalhau, em pequenos barcos, os Dóris, que equipavam os Veleiros; este tipo de pesca terminou em 1971, ano da ultima partida de um Lugre para os mares do Norte.
A frota de lugres bacalhoeiros começou a ser conhecida em todo o mundo durante a 2ª Guerra Mundial, como a “White Fleet”(frota branca), porque todos eles tinham os cascos pintados de branco, com velas também brancas.
Uma necessidade surgida durante a Segunda Grande Guerra em que Portugal não participou por se ter declarado pais neutro no conflito.
Durante a 2ª Grande Guerra os lugres Delães e Maria da Glória foram afundados em 1942 por submarinos alemães.
Depois destes naufrágios, tomou-se a decisão de pintar os navios de branco com o nome e a nacionalidade bem pintados no costado e a bandeira portuguesa nas amuras e nas alhetas. Foi assim que, a partir de 1943, a nossa frota bacalhoeira ficou mundialmente conhecida por "White Fleet".
Esta decisão foi tomada de acordo com os Aliados e comunicada a todas as partes em conflito. A frota de pesca portuguesa passou a navegar em grandes comboios de lugres brancos, com velas brancas e sem contactos rádio durante a travessia, proibidos pelos nazis Alemães.
Os bacalhoeiros distinguiam-se bem de qualquer outro navio em alto mar… Só os nossos barcos tinham esse aspecto e eram belíssimos.
Os mais bonitos de todas as frotas de pesca em qualquer parte do mundo...
Este filme, é uma demonstração de veneração e respeito a todos os pescadores em geral, e em especial, aos da Cova Gala, na dura vida da Pesca à linha do bacalhau em dóris, nos séculos XIX até metade do século XX.
Muitos destes pescadores, ainda adolescentes, com idades de 14,15 e 16 anos..."

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Festas da cidade... (3)

 Via Diário as Beiras

Carlos Monteiro, o indeciso político apanhado por um terramoto a meio da ponte...

Na Figueira, há muito que está aberta a discussão sobre a qualidade dos políticos e das políticas implementadas no concelho há dezenas de anos.
É uma discussão interessante. Na minha opinião, fácil de explicar: a falta de qualidade dos políticos e das políticas que atiraram o concelho para onde sabemos que está, é  natural - e, se  calhar, não podia ser de outra maneira.  Os políticos na Figueira têm sido, no geral, maus. Mas isso não reflecte a realidade da sociedade figueirense? Ou a excelência é a regra da sociedade figueirense e a actividade política a excepção?
Foto Pedro Agostinho Cruz, via Dez&10

Carlos Monteiro, presidente de câmara por sucessão até Setembro passado, actual vereador e presidente da Concelhia do PS, deu na passada segunda-feira uma entrevista ao programa Dez&10.
Recomendo a sua visualização por toda a gente. É uma coisa absolutamente imperdível.
Questionado se está disponível para ser candidato do partido nas Eleições Autárquicas de 2025, disse que devem surgir “novos protagonistas”. Contudo sublinhou: a renovação, “não tem de ser com gente mais nova, mas qualquer um dos vereadores [do PS] pode ambicionar ter funções importantes no concelho. São pessoas competentíssimas”
A questão do convite para o porto que  (ainda) não chegou perturbou-o nitidamente.
Pedro Santana Lopes, em declarações recentes ao DIÁRIO AS BEIRAS, admitiu que conversou com o ministro Pedro Nuno Santos sobre a necessidade de haver pelo menos um elemento figueirense na administração do Porto Comercial da Figueira da Foz, tendo sugerido, entre outros, o nome de Carlos Monteiro. 
No PS figueirense (e na sociedade em geral também), porém, há quem não encare bem a possibilidade de o líder local do partido vir a ser administrador do porto comercial e manter o mandato de vereador. Ainda por cima, por ter sido sugerido pelo presidente da câmara. 
Questionado sobre se, caso seja convidado, acumulará os dois cargos, Carlos Monteiro afirmou: “se for convidado, a ver vamos o que vai acontecer”.

O problema de Carlos Monteiro não é o jornalismo figueirense (está no mesmo lugar onde sempre esteve: quem mudou foi a perspectiva interessada e interesseira de Carlos Monteiro: da situação passou à oposição...), nem personagens insignificantes que ele teima em valorizar (pela parte que me cabe, muito obrigadinho): o problema de Carlos Monteiro é ele mesmo.
O problema dos figueirenses é outro. Têm sido eles mesmo, por terem promovido a escolha da mediocridade para gerir politicamente o concelho.
A carreira política, como é sabido, não promove o mérito e não atrai a qualidade. 
Mas isto pode ser tudo menos uma novidade: quem leu o Eça sabe que conta que em algumas casas da burguesia os políticos não eram recebidos porque as senhoras tinham nojo.

Confesso: não estou preocupado com o alegado controlo que o poder, na opinião do entrevistado, exerce na Figueira sobre a generalidade da comunicação social. Convém não esquecer: de todas as vezes em que houve uma tentativa de asfixia noticiosa (por parte do poder) as coisas não acabaram nada bem para os putativos golpistas. 
Carlos Monteiro, apenas com 2 anos como presidente de câmara, ainda estava genericamente fresquinho e em estado de graça junto da comunicação social local quando caiu. 
Serve isto apenas para sublinhar que existe uma correlação directa entre o nível do descontentamento popular e o desfoque da realidade publicada. Quanto maior for a pressão exercida pelo poder, quanto maior for a distância entre o que o povo  sente e vê e o que se lê na comunicação social, mais rápida e dolorosa será a mudança, como se está a comprovar em Junho de 2022, na Figueira, nove meses depois da estrondosa queda de Carlos Monteiro e a desmontagem lenta, mas eficaz, que está a ser levada a cabo da máquina política montada pelo PS e dos poderosos interesses que gravitaram em seu redor. 

Alguém gosta de ser enganado ou manipulado?
"Pode-se enganar muita gente durante muito tempo, mas é impossível enganar toda a gente durante todo o tempo".
Imagem via Diário as Beiras

terça-feira, 14 de junho de 2022

segunda-feira, 13 de junho de 2022

"A sardinha da matança..."

Vídeo via Figueira A Primeira
"...tradições... entre a festa da sardinha e a chamada sardinha da matança... 
festa da sardinha é que não vai deixar de haver..."