segunda-feira, 25 de abril de 2022

16 anos depois e milhões de exemplares "vendidos"...

 
A primeira coisa publicada pelo OUTRA MARGEM viu a luz do dia em 25 de Abril de 2006.
Iniciamos hoje o 17º. ano de publicação.
Obrigado pela paciência, atenção e sentido crítico com que têm acompanhado este OUTRA MARGEM
Publicar um blogue não é apenas comunicar. É igualmente tentar contribuir para construir memória. 
No fundo, praticar cidadania.

Foi escolhido Abril como o mês para iniciar este OUTRA MARGEME o dia, 25, também não foi por acaso. 
 orgulho em que este blogue faça anos em 25 de Abril.
Tem sido um desafio e uma experiência praticamente diária. Que tem valido. Por diversos motivos. O simples acto de escrever, reagindo ao que vai sucedendo, deitando para fora o que vai na alma, são motivos mais do que suficientes para que, daqui a um ano, estejamos a comemorar o décimo sétimo aniversário e a entrar no ano que nos vai levar à maioridade. 

Com esta já avançada idade, para um blogue, resta continuar a fazer-se o que se pode. A aprendizagem da independência mental é uma tarefa árdua - e mesmo impossível para alguns. Contudo, não há nada como procurar ter momentos de felicidade.
A escrita pode ser sentinela, calcorreando os caminhos da verdade, da intervenção e do combate. Todavia, a escrita só se complementa se percorrer, igualmente, os caminhos da ternura e do amor.
E se há coisa de que por aqui se gosta, é de ter momentos de felicidade.
O nosso objectivo é sermos felizes. 
Algo vai mal, quando alguém pensa que tem o mundo todo contra si.
Façam como nós: divirtam-se. 
Um abraço.

domingo, 24 de abril de 2022

«A PIDE e a polícia batiam nos corpos. A censura moldava as cabeças»

«A PIDE e a polícia batiam nos corpos. A censura moldava as cabeças. E deixou um rasto que ainda hoje é vivo. Por exemplo, a desvalorização da democracia; a desvalorização da política como não sendo uma atividade nobre; a desvalorização dos partidos, como sendo apenas organizações de carreiristas e organizações destinadas a garantir aos seus membros melhores condições. A obsessão pelo consenso, ou seja, no fundo, um penalização da ideia de conflito. Há uma frase do professor Cavaco Silva que traduz muito bem este tipo de mundividência da censura que ainda é vivo hoje. É uma frase em que ele diz o seguinte: "Duas pessoas com a mesma informação chegam às mesmas conclusões". Nada mais falso. Duas pessoas com a mesma informação têm interesses diferentes, têm visões do mundo diferentes, têm ideologias diferentes, têm experiências diferentes. E, portanto, não chegam necessariamente à mesma afirmação. E esta obsessão pelo consenso, pelo entendimento, esta desvalorização daquilo que carateriza a democracia é, sem sombra de dúvida, um rasto da censura.»

José Pacheco Pereira, na recente «Grande Entrevista» (RTP3), a propósito da exposição «Proibido por inconveniente - Materiais das Censuras no Arquivo Ephemera», patente até 27 de abril no edifício do Diário de Notícias, em Lisboa.

Abrigo da Montanha "vai ter uma função nobre"...



Recordando figueirenses (alguns deles completamente esquecidos), que lutaram pela Liberdade na Figueira

Forte de Peniche, testemunho de opressão e luta pela Liberdade.
"É preciso gostar muito de Liberdade, para fugir daquela maneira"

Este ano, para comemorar o 48º. aniversário do 25 de Abril de 1974, tomei a Liberdade de recordar algumas pessoas na minha página do facebook que lutaram, quando isso era perigoso e difícil, pela Liberdade. 
Se o facebook serve para tanta coisa porque não servir também para isso?
Lembrei Leitão Fernandes, João Cenáculo Vilela,  Ruy Alves, Guije Baltar, José da Silva Ribeiro, Cristina Torres, José Martins, Joaquim Namorado, Agostinho Saboga, Luís Fernando Argel de Melo e Silva Biscaia, Mário Neto e Luís da Cruz Falcão Martins.

O critério, foi a minha memória. E, sobretudo, as minhas vivências. Se cada um der o seu contributo, podemos todos ter melhores, maiores e mais justas memórias. 
Eu tentei fazer a minha parte. Mas, não posso fazer tudo: não sei tudo e nem tenho tempo para tudo. 
Tal como muita gente, limitei-me a "agradecer, corporizando na figura destas pessoas, a todos que sofreram horrores para hoje sermos livres em Portugal."
À minha maneira, ficou o reconhecimento sentido e grato que consegui fazer.

Como aprendi com muitos dos que acima mencionei, no tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
Entre 1933 e 1974, a polícia política teve muito que fazer no nosso concelho. Realizou devassas domiciliárias abusivas, proibiu reuniões e convívios dos democratas opositores ao regime. E, entre outros mimos, efectuou prisões.

A Figueira, terra de tradições na luta pela Liberdade, antes do 25 de Abril de 1974, tinha um grupo de democratas, dinâmicos e corajosos, que não abrandaram nunca na sua luta.
Para além dos que recordei ontem no meu facebook, lembro mais alguns que conheço só de nome: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado; Adelino Mesquita, advogado; Albano Duque, contabilista, casado com a Professora Cristina Torres; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico;  Gilberto Vasco, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; Vieira Alberto, engenheiro; Cerqueira da Rocha, advogado; Marcos Viana, professor; Manuel Lontro Mariano. E, certamente,  muitos mais por todo o concelho, sem esquecer os felizmente ainda vivos Dr. Joaquim Barros e Sousa, Joaquim Monteiro, Cação Biscaia, José Iglésias e Augusto Menano.

Estes são alguns que, na Figueira,  tiveram acção de destaque no combate à ditadura, o que sempre fizeram com tenacidade e sem medo. Uns, em tempos já longínquos, que eu já não conheci. Outros, mais próximos do fim da ditadura, que eu ainda conheci.
E houve outros que, dada a sua profissão, tiveram de levar a cabo a sua luta pela Liberdade de forma anónima. Em todos, porém, existia uma "unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito".

Antes do 25 de Abril de 1974, realizaram-se muitas reuniões (sempre em locais diferentes para despistar a polícia), elaboraram-se muitos manifestos e muitos documentos de propaganda contra a ditadura, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas ainda estavam vivos em 1974 e viram a chegada da Liberdade com a Revolução dos Cravos, que libertou o povo português de uma ditadura, "que quase ia aniquilando a alma nacional."
Recordar essas pessoas, é recordar exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
Muitas vezes, as reuniões realizavam-se com a Pide à porta do restaurante. Num dos anos, no restaurante “Tubarão”, um agente quis deter a Drª. Cristina Torres, que presidia ao jantar. Porém,  não o conseguiu, tal foi o “barulho” que todos os presentes fizeram e os argumentos apresentados, o que levaram o agente a pedir que, ao menos, se acabasse com a reunião.

Nesses encontros, por vezes, vinham até à nossa cidade democratas de fora da Figueira, como Orlando de Carvalho (o melhor orador que eu vi discursar), vindo de Coimbra, Vasco da Gama Fernandes, de Leiria, Fernando Vale, de Arganil, "que proferiam arrebatadores e entusiastas discursos, animando os democratas figueirenses a prosseguir na luta contra o fascismo."
Eram tempos de muita coragem, em que se defendiam essencialmente ideais, por vezes diferentes. Porém, todos estavam unidos na acção contra a ditadura.
Foram tempos de grande preocupação e também valia política, em que os interesses pessoais eram sempre superados pelo desejo intenso de contribuir para a Liberdade e para a Democracia, no sentido de tornar possível um Portugal livre e progressista.

Como dizia o Dr. Luis Melo Biscaia, "defendiam-se ideais e havia unidade no combate a um regime assente na violência, na intolerância, na denúncia e perseguição dos que não apoiavam o chamado Estado Novo, na ignorância do povo, na atribuição de privilégios injustos,  um regime que apostava em amarfanhar a alma nacional. E quando já poucos acreditavam que um regime com cerca de meio século de vigência pudesse ser vencido, veio afinal a verificar-se que estava efectivamente podre, caduco, propício à Revolução do 25 de Abril de 1974."
Na véspera de um dia em que se celebra o 48º, aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 ficou a minha evocação de alguns democratas figueirenses que, com coragem e persistência, lutaram contra a ditadura que nos governou durante cerca de meio século. 
Recordar a  memória destes que mencionei, que lutaram pela Liberdade, foi a minha forma de lhes agradecer - a eles e a todos os que combateram - terem-me permitido viver 48 anos da minha vida em Liberdade.
Viva a Liberdade. Viva o 25 de Abril. Sempre. 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

"SIM. Haja, no entanto, arte e engenho para garantir o financiamento destes projetos, sem que as pressões do costume os descaracterizem"...

 Via Diário as Beiras

O 25 de Abril de 1974 é mais do que mais um feriado: é um dos dias mais importantes da História de Portugal

 Imagem via Jornal i

A importância da Liberdade
Nada é mais letal para a ignorância, do que o humor inteligente.
Quando consegue acertar no “miolo” de um ignorante que não consegue reconhecer uma referência cultural, nem  entender uma piada,  é encarado como um “insulto”.
Se for verdade aquilo que  Baptista-Bastos um dia asseverou, «que em cada homem existe uma equivalência zoológica», a de certas personagens que por aí andam, é o pavão.

A importância do 25 de Abril
Na próxima segunda-feira, dia 25 de Abril, Portugal assinala o 48.º aniversário do fim da ditadura do Estado Novo.
A Revolução dos Cravos é  um dos muitos momentos importantes da história de Portugal.
É fundamental, por isso, manter a sua memória viva. 
A liberdade é algo que nunca deveria deixar de existir. Referimo-nos a liberdades tão fundamentais, como a liberdade de escolha ou a liberdade de expressão, mas também a liberdade económica e a liberdade de ter uma uma vida digna, com direito a um salário decente, protecção na doença, com direito à habitação e à educação.
Na próxima segunda-feira teremos comemorações por todo o País. Principalmente comemorações com um contexto político, como é o caso, por exemplo, das assembleias municipais.
Não é que estas comemorações não tenham a sua importância, mas não deixa de ser verdade, que aquilo que realmente interessa à vida das pessoas ultrapassa a retórica desses momentos.

A importância da defesa da Liberdade
Importante, é continuar  a defender a liberdade todos os dias e explicar aos mais novos, na escola, em casa e em actividades concretas, o que foi o 25 de Abril de 1974.
A não ser assim temos a realidade. E a realidade é o perigo real de num futuro não muito longínquo o Dia da Liberdade ser apenas mais um feriado.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Em Junho a Figueira vai voltar a viver como se estivéssemos antes da pandemia

Via Diário as Beiras
- Pedro Santana Lopes garantiu que é sua orientação avançar com o futuro Parque Urbano, projeto que transita do anterior mandato. De resto, frisou o presidente da câmara, existe um estudo de Sidónio Pardal para o efeito.

- Festas da Cidade durante todo o mês de junho
O cantor Tony Carreira é cabeça de cartaz do espetáculo da noite de S. João, no dia 23 de junho.
O cartaz deverá contar ainda com espetáculos de Augusto Canário, Sons do Minho, Mónica Sintra e do sevilhano Alvaro Prado. Isto, além das marchas de S. João.
Feira das Freguesias, evento que também foi afetado pela pandemia, de 15 a 27 de Junho.

SIM. Mas este sim é condicional

 Via Diário as Beiras

Abrigo da Montanha acabou como restaurante

 Via Diário as Beiras

Passou de animal político a animal?..

Neste país que tão generosamente nos acolhe e até nos encolhe um pouco, visto que estes temas da política nacional são do mais pobrezinho que há e é sempre Sócrates para aqui e Sócrates para ali, como se não houvesse mais nada, de vez em quando lá se tem de lidar com uma ou outra chatice.

Costa sobre Sócrates: "Ele, de facto, aldrabrou-nos"...

Greve nacional na indústria conserveira

«Os trabalhadores da indústria conserveira realizam, esta quinta-feira, uma greve nacional, reivindicando um novo contrato coletivo de trabalho.
Está prevista uma concentração, pelas 14H30, na lota da Figueira da Foz. 
De acordo com o sindicalista Avelino Mesquita, a Associação Nacional dos Industriais das Conservas de Peixe (ANCIP) recusa negociar a tabela salarial e a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) e defendeu que deve haver a valorização de um setor “essencial” e que esteve “na linha da frente” durante a pandemia.

“A ANCIP não quer negociar o CCT das conservas. Já andamos nisto há dois anos e sempre a dizerem que negoceiam, que negoceiam e, chega-se às horas, e, por um motivo ou outro, não negoceiam”, disse o dirigente sindical do Sindicato nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB), à Lusa, por telefone.

Avelino Mesquita explicou que esta é “uma tentativa de negociar, pelo menos, o CCT” e o aumento salarial.O que queremos é que o CCT esteja em vigor (…) e o aumento do salário, porque empresas que estiveram na linha da frente [durante o pico da pandemia], que tiveram milhões e milhões de lucros e só têm os trabalhadores pelo salário mínimo nacional, não se compreende que não queiram aumentar mais que o salário mínimo”, lamentou o sindicalista.

Avelino Mesquita não consegue antever ainda a adesão à greve, mas remeteu para as anteriores, nas quais disse ter havido adesões de 100%. “Aqui na COFISA, na Figueira da Foz, tivemos, no dia 31, uma a 100%, e pensamos que amanhã [quinta-feira], será também a 100% que é para mostrar, quer à administração da empresa, quer à associação, que os trabalhadores não vão largar enquanto não for negociado”.»

quarta-feira, 20 de abril de 2022