João Oliveira, em entrevista ao Diário de Notícias
"... um partido vive dos votos e dos eleitores...
Um partido como o nosso não. Se fosse assim, nem sequer existíamos, pois se durante 48 anos não pudemos participar em eleições, já viu se vivêssemos dos votos? Essa questão é que é a questão verdadeiramente decisiva: nós não vivemos nem dependemos de votos para viver. O nosso partido vive e sobrevive, sobretudo, da relação e ligação direta aos trabalhadores e às suas necessidades.
...enquanto partido político, temos um papel que não é o papel dos sindicatos. Acho que não vale a pena sequer ninguém viver amedrontado com isso. Repare que, cinco anos depois de termos sido criados, houve um golpe militar que instaurou o fascismo em Portugal. E logo nessa altura uma das grandes orientações do golpe que permitiu implantar o fascismo em Portugal era acabar com a ameaça comunista. Pela experiência que já temos destes quase 100 anos, temos bagagem que nos permite encontrar soluções para evitar que isso aconteça. Ao longo dos anos, o PCP foi sofrendo golpes duríssimos e em alguns momentos até com a prisão de quase todos os dirigentes. Houve circunstâncias durante o período da ditadura em que os principais dirigentes do PCP estiveram encarcerados. Por tudo isto, não vivemos desesperados com aquilo que são os resultados eleitorais.
Porque é que é comunista?
Porque continuo a achar que não podemos viver na sociedade em que estamos e que a humanidade tem condições para dar a todos os seres humanos outras condições mais próximas das suas realizações enquanto seres humanos.
Isso é ser comunista?
Sim, é lutar pela transformação da sociedade para garantir que as condições que existem no mundo devem ser postas ao serviço de todos os seres humanos, e não apenas de alguns. Portanto, a minha conceção dessa sociedade nova é esta, que se encaixa na perspetiva com que o PCP continua a intervir."