Via Diário as Beiras
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Há muito a rever no Cabedelo
Quanto às infra-estruturas, «terão de ser melhoradas com a implementação das escolas de surf e do restaurante», sendo que o processo de levantamento das estruturas «já se iniciou». Além disso, Manuel Domingues quer «entender qual era a ideia para o surf-camping. O espaço não é muito grande, há necessidade de estruturas novas para acomodar os campistas, temos de nos debruçar sobre o processo»."
Desde que me recordo, olho para o Cabedelo de uma forma cúmplice e agradeço a força e o sorriso que traz, todos os dias, à minha vida.
Como sabemos, a vida custa a todos... Mas, a alguns em especial!
Como acontece em tudo na vida, é preciso estar-se no sítio certo no momento certo. O trabalho e o esforço são determinantes, mas um pouco de sorte ajuda muito. E ter tido a sorte de poder, sempre que o quisesse, encontrar-me com um local como o Cabedelo, mais do que sorte, na minha vida foi uma benção.
No inverno, tem aquela luz ténue e límpida, própria desta estação do ano. Em dias frios, como o de hoje, tenho a sensação que o frio purifica a luminosidade, o que é uma benção, em especial, para os fotógrafos. A luz de inverno, no Cabedelo, é calma e fugaz. Os dias são curtos e transmite a necessidade de não desperdiçar um momento que seja, pois os dias de inverno no Cabedelo são lindos, mas têm algo que faz lembrar o efémero.
A partir da primavera tudo é diferente. A sensação de êxtase dura mais - quase parece permanente.
Tirando o mês de Agosto, o Cabedelo rodeia-nos de uma atmosfera muito especial. Somos nós e o sol - isto, é a natureza.
O Cabedelo, por obra do anterior executivo camarário, fruto do atentando paisagístico de que foi alvo, ficou transformado em mais um mártir ambiental no nosso concelho.
A coberto das denominadas requalificações, sítios onde antes, e a pretexto da defesa da natureza, do meio ambiente e da protecção do ecosistema, nem sequer uma tenda de campismo selvagem se podia erguer, estão agora ocupados por impermeabilizações pacóvias e desnecessárias.
É disto que me vou lembrar quando pensar no Cabedelo de há 60 anos: da destruição do património natural comum para benefício de uns quantos.
Segundo supomos saber, a intervenção feita naquele local aconteceu no âmbito do Programa Portugal 2020. Temos para nós que, salvo raras e honrosas exceções, a grande maioria das intervenções deste Programa visam aquilo a que designamos como a obtenção do espectacular. Muitas vezes, porém, estas intervenções levam à perda da genuidade do lugar.
No Cabedelo isso nota-se a olho nu: a requalificação serviu para correr com a comunidade que ao longo das últimas décadas deu vida àquele lugar.
Na nossa opinião, não aconteceu ali uma intervenção urbana equilibrada, no pressuposto da “compreensão das diferentes escalas territoriais de inserção, nos processos de reestruturação, nos elementos arquitetónicos, na morfologia urbana existente e nas tradições” (Carla Narciso).
Uma intervenção urbana, como a que está a acontecer no Cabedelo, não deveria significar uma perda da genuidade do local, mas sim uma melhoria social e estética. Só que, deveria ter acontecido o que não aconteceu: na obtenção deste desiderato era necessária a participação da comunidade local nas discussões e intervenções a serem implementadas.
Não demos conta, para além dos mínimos que a lei estipula e prescreve, que tivesse sido implementado e levado a cabo de uma forma verdadeiramente participativa da discussão da desta requalificação do Cabedelo.
O que está em causa, dada a capacidade de ilusão que as obras provocam na sua passagem, desprendidas da vivência e do quotidiano das pessoas que aí vivem, é a liquidação do Cabedelo como o conhecemos.
Como dizem Borja & Forn, em Políticas da Europa e dos Estados para as Cidades, "o maior desafio do planeamento urbano contemporâneo é aumentar o potencial competitivo das cidades no sentido de responder às procuras globais e atrair recursos humanos e financeiros internacionais. Mas, de acordo com vários exemplos que temos assistido, o planeamento tem sido feito à margem da cidade, com total esquecimento das pessoas que ocupam e vivem nesses espaços."
O Cabedelo, como espaço público de eleição, não é uma mercadoria.
O poder municipal, é o principal impulsionador e gestor do espaço público, em especial nas cidades pequenas e médias, como é o caso da Figueira da Foz.
Há muito a rever no Cabedelo. Ao trabalho Senhor Vereador Manuel Domingues, ao trabalho.
domingo, 5 de dezembro de 2021
Crónica da edição do mês de Novembro na Revista ÓBVIA
OBVIAMENTE, APENAS UMA OPINIÃO...
Segundo veio a lume no Diário as Beiras, "os social-democratas figueirenses deverão ir a votos em breve, ao abrigo de eleições antecipadas, uma vez que Ricardo Silva, o presidente da concelhia, renunciou ao mandato".Foto ÓBVIA
Sobre o que está em causa (tornar-se "proprietário" de uma pequena "quinta", como é o PSD na Figueira), cito uma passagem dum artigo que escreveu no ínício deste mês Pacheco Pereira, na Revista Sábado.
"Possuir um grande partido, significa ter um grande património para distribuir pelos “seus”, lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa.
É parecido na sua acrimónia e violência com um conflito sobre marcos ou sobre o uso da água duma nascente, daqueles que historicamente são a fonte de assassinatos nos campos, animosidade de famílias por gerações, onde vinganças e ameaças são comuns. O que se passa é que o conflito é por um bem, e um bem escasso: a posse e o controlo sobre um partido político, numa democracia que deu muitos poderes aos partidos.
Significa ter um grande património para distribuir pelos "seus", lugares, empregos, oportunidades, estilos de vida acima das qualificações, possibilidade de mandar e corromper, poderes macros e micros, pose e pompa. Infelizmente, quanto maior é a degradação política e ideológica de um partido, maior é a competição por estes bens."
Numa cidade onde o “politicamente correto” sempre influenciou a maneira de se fazer política, esta citação é uma realidade inconveniente.
Contudo, o "politicamente incorreto" é fundamental numa sociedade democrática e pluralista!
Apesar das tentativas feitas, nunca ninguém me impediu de emitir opinião. Existiu (e isso foi notório e palpável ao longo de várias décadas), foi uma opinião de pessoas que quiseram controlar aquilo que eu devia, ou não, dizer publicamente.
Isso existiu. Em 1978, quando dei os primeiros passos no jornalismo, no extinto "Barca Nova", senti logo o que era a pressão duma sociedade civilizada, democrática, conservadora, provinciana, mesquinha, rasteirinha e de "brandos costumes, como era a Figueira dos meus 24 anos.
Sou o primeiro a tentar preservar a amizade. Isso não significa, porém, que não possa emitir opinião sobre o desempenho dos meus amigos, quando eles ocupam funções políticas e públicas. Tive amigos que confundiram o meu caráter com a minha opinião. Por exemplo, vereadores, presidentes de junta de freguesia, membros da assembleia municipal ou de freguesia...
Se começarmos a fazer auto censura, onde é que vai estar a discussão crítica sobre aquilo que afecta a vida de todos nós? Como é que vamos saber, para perceber, os vários pontos de vista existentes num concelho como o nosso? Como é que vamos evoluir enquanto sociedade?
O princípio do voto, directo e universal, é bonito. Contudo, pode levar à eleição dos maiores "canalhas" políticos. A democracia é mesmo isto: "o pior sistema, à excepção de todos os outros". (Winston Churchill)
Voltando ao início para terminar. Na Figueira, em 2021 e anos seguintes, concorde-se ou não, a vida política vai passar por políticos como Santana Lopes - aqueles que sabem aproveitar as oportunidades pessoais.
Santana sempre foi mestre a aproveitar as falhas dos chamados "notáveis", que desprezam num partido enraizado no povo, os militantes. Os "baronetes" das concelhias e das distritais, têm de si próprios e da sua importância uma ideia desproporcionada do peso real que lhes é dado pela máquina partidária dum partido com Povo, como é o PSD.
Sem esquecer que na "elite" local há quem se oponha, não me admirará que o verdadeiro "proprietário" do PSD Figueira, nos próximos tempos, venha a ser, não alguém que defenda a aproximação a Santana, mas, ainda que por interposta pessoa, o próprio Santana Lopes.
E Santana Lopes, se assim o quiser, nem vai precisar de tornar a ser militante do PSD...
Acham estranho? Lembram-se o que aconteceu ao PS depois de 2009? O PS Figueira passou a partido municipalista liderado por João Ataíde, que nunca foi militante socialista.
Para o PSD Figueira, o comboio de amanhã já passou há semanas. Ventos e marés podem contrariar-se, mas há muito pouco a fazer contra acontecimentos como o que aconteceu ao PSD Figueira nas autárquicas 2021.
Em 2021, que saída tem um PSD Figueira confrontado com uma escolha entre a morte por asfixia ou por estrangulamento?
Resta Santana Lopes, um político que, como ficou provado na anterior passagem pela Figueira, continua em campanha eleitoral, mesmo depois de ter ganho as eleições?
Isto não é política
Isto é política
Não é, nem nunca foi, responder a ataques pessoais, tal como não passa por ser responsável por esses mesmos ataques. Isso, quanto muito, é a politiquice.
A política pura e dura são os assuntos do Estado.
As raízes da política encontram-se no poder e no seu exercício, na governação afinal de contas, assim como no discurso, nos argumentos usados com vista a alcançar o exercício do poder ou a justificar as opções defendidas.
sábado, 4 de dezembro de 2021
"Portugal regista, este sábado, mais 5649 casos de covid-19 e mais 22 mortes associadas à doença. Já não se registavam tantos casos desde 6 de fevereiro do ano passado, em que havia 6132 casos diários. A partir desse dia, nunca mais houve nenhum dia com mais de cinco mil infeções diárias"
"O boletim diário da Direção-Geral de Saúde dá conta este sábado de um aumento do número de novos casos de covid-19 em 5.649."
Rio de Janeiro cancela festas de passagem de ano
Esta decisão é o culminar de uma semana de debate entre as autoridades do Rio de Janeiro sobre as festas de passagem de ano, depois de a variante mais recente do vírus da covid-19 (Ómicron) ter chegado ao Brasil.
Cancelar é uma hipótese...
Na reunião camarária realizada ontem, questionado pelo vereador do PSD, Ricardo Silva, que apontou o facto de alguns municípios já terem cancelado o evento festivo da passagem de ano, Pedro Santana Lopes, respondeu: “Temos tido uma posição de prudência. Não vamos pela cabeça de outros”.
O presidente da câmara da Figueira disse ainda "que o executivo que lidera está a analisar a evolução da pandemia". Até porque, neste momento, ainda não há impedimento para a realização de festas. "Para facilitar o cumprimento das regras de segurança sanitária, a passagem de ano, a manter-se o programa, poderá realizar-se no Coliseu Figueirense, em vez de ser na praça João Ataíde", referiu Santana Lopes. A agenda cultural do município já anuncia o espectáculo naquele local, com entrada paga a dois euros.
Para todos os que gostam de comemorar, não voltar a haver festa de passagem de ano, tal como para Pedro Santana Lopes, “é uma tristeza”. Por isso, o presidente da câmara prefere aguardar “mais uns dias, para ver a evolução disto”, antes de tomar uma decisão, que poderá ser anunciada na próxima semana. “Acho que devemos ter calma”, defendeu. Não obstante, afirmou: “Se tivermos de cancelar, cancelamos”.
A decisão pode ser adiada uma semana, mas vai ter de ser tomada, tendo em causa e em conta a situação que estamos a viver.
Neste momento, dificilmente será sustentável manter o tipo de festejos habitual.
Porém, ainda ontem à noite todos vimos o que se passou em redor do Benfica-Sporting que se realizou no Estádio da Luz...
Mesmo com a Assembleia da República encerrada, o Presidente da República e o Governo vão ter de tomar posição. Isto não está fácil. Segundo o Jornal de Notícias de hoje, Portugal inverteu a tendência de ausência de excesso de óbitos iniciada no final de fevereiro passado.
Vias rodoviárias que atravessam o concelho
Segurança na nacional 109, um problema que vem de longe...
"Enforca Cães", a estrada onde em 2019 o "asfalto seria colocado em breve", vai ter a empreitada a começar logo que possível...
sexta-feira, 3 de dezembro de 2021
"A viatura foi vítima de um acidente"...
"Como sabem, no dia 18 de junho, a viatura que me transportava foi vítima de um acidente no qual se viu envolvida e que tragicamente determinou a perda de uma vida."
Eduardo Cabrita, ao anunciar a demissão de ministro da Administração Interna após «o mais longo mandato em democracia»...