Marés
"Sim, a Figueira precisa de uma piscina na cidade.
Toda a gente concorda.
Mas, uma piscina de marés com a nossa água fria é um outro desafio.
Ninguém gosta de tomar banho de água fria quando pode ter água quente. Portanto, ter uma piscina que aproveita a água das marés, vinda do mar ou do rio, não é um investimento com retorno garantido, pelo contrário, o risco de insucesso é elevado. A não ser que haja investidores privados que consigam.
Em 2020, será exequível fazer um “remake” das piscinas de Leça da Plameira desenhadas por Siza Vieira? As pessoas aderem? Não sei, tenho dúvidas e não gostaria de ver o município a investir dinheiro público numa aventura destas. Visitei este verão na Galiza, concretamente na cidade de Ourense, piscinas naturais com água quente termal, algumas públicas junto ao rio Minho, outras privadas no meio de parques ou da cidade.
Há toda uma tradição e um conforto em piscinas termais, com água quente, que não existe nas piscinas de marés. As pessoas aderem tanto de verão como de inverno.
Antes de pensar em piscinas de marés deveríamos responder aos desafios do património municipal abandonado.
Ou património que não está a ser rentabilizado, como por exemplo o Museu do Sal.
Sempre que levo amigos e turistas ao Museu está fechado. Azar? Não, apenas um modelo ultrapassado de gestão com dias de abertura e horários desencontrados com as condições físicas do local.
Há tanto a fazer para melhorar o património…"
Via Diário as Beiras
Nota OUTRA MARGEM
É penoso e embaraça cumprir o papel de figueirense realista e desiludido, que não se entusiasma com o que não existe.
Consola-me saber, porém, que o desespero da triste realidade, pelo menos, é um sentimento seleto. Exige sofisticação. Não é para todos.
Já a felicidade dos contentinhos, a meu ver, é um sentimento pobre. Tem mesmo, parece-me, qualquer coisa de fácil e vulgar. Está ao alcance de toda a gente.
Na Figueira, parece, quase toda a gente é bestialmente feliz. Quase toda a gente vive num concelho maravilhoso.
Não conheço muita gente como eu: infeliz e preocupada.
Não sei se foi por me sentir um pouco solitário neste meu estar: gostei de ler esta crónica de João Vaz.
"Sim, a Figueira precisa de uma piscina na cidade.
Toda a gente concorda.
Mas, uma piscina de marés com a nossa água fria é um outro desafio.
Ninguém gosta de tomar banho de água fria quando pode ter água quente. Portanto, ter uma piscina que aproveita a água das marés, vinda do mar ou do rio, não é um investimento com retorno garantido, pelo contrário, o risco de insucesso é elevado. A não ser que haja investidores privados que consigam.
Em 2020, será exequível fazer um “remake” das piscinas de Leça da Plameira desenhadas por Siza Vieira? As pessoas aderem? Não sei, tenho dúvidas e não gostaria de ver o município a investir dinheiro público numa aventura destas. Visitei este verão na Galiza, concretamente na cidade de Ourense, piscinas naturais com água quente termal, algumas públicas junto ao rio Minho, outras privadas no meio de parques ou da cidade.
Há toda uma tradição e um conforto em piscinas termais, com água quente, que não existe nas piscinas de marés. As pessoas aderem tanto de verão como de inverno.
Antes de pensar em piscinas de marés deveríamos responder aos desafios do património municipal abandonado.
Ou património que não está a ser rentabilizado, como por exemplo o Museu do Sal.
Sempre que levo amigos e turistas ao Museu está fechado. Azar? Não, apenas um modelo ultrapassado de gestão com dias de abertura e horários desencontrados com as condições físicas do local.
Há tanto a fazer para melhorar o património…"
Via Diário as Beiras
Nota OUTRA MARGEM
É penoso e embaraça cumprir o papel de figueirense realista e desiludido, que não se entusiasma com o que não existe.
Consola-me saber, porém, que o desespero da triste realidade, pelo menos, é um sentimento seleto. Exige sofisticação. Não é para todos.
Já a felicidade dos contentinhos, a meu ver, é um sentimento pobre. Tem mesmo, parece-me, qualquer coisa de fácil e vulgar. Está ao alcance de toda a gente.
Na Figueira, parece, quase toda a gente é bestialmente feliz. Quase toda a gente vive num concelho maravilhoso.
Não conheço muita gente como eu: infeliz e preocupada.
Não sei se foi por me sentir um pouco solitário neste meu estar: gostei de ler esta crónica de João Vaz.