foto António Agostinho |
Como sabemos, a solução adequada para proteger pessoas e bens contra o recuo e erosão acentuados da orla costeira, em áreas de risco, passa por remover todo o tipo de construções e de infra-estruturas existentes, promovendo em simultâneo a sua renaturalização.
O diagnóstico está feito. Uma boa parte das situações críticas estão já identificadas e as soluções são simples. Falta apenas fazer cumprir a lei, de forma eficaz e célere, afinal o mínimo que se pode pedir num Estado de Direito.
Em Portugal, a política dos sucessivos Governos, nas últimas décadas, tem sido o investimento regular em esporões e na alimentação artificial de praias, sem qualquer sucesso diga-se, uma vez que o avanço do mar continua inexorável em alguns locais, a um ritmo de cerca de 6 metros por ano. O programa para a protecção costeira do Ministério do Ambiente tem passado por gastar milhões de euros no enchimento de praias e em obras pesadas de protecção costeira. Investimentos que, ou são paliativos de eficácia reduzida que apenas permitem adiar um eventual agravamento das condições na orla costeira (caso da realimentação de praias), ou produzem mesmo efeitos contrários aos desejados (caso dos esporões), contribuindo para amplificar a erosão costeira e potenciar o recuo da linha de costa.
Neste momento, a meu ver, talvez por falta de diálogo entre as partes envolvidas na preservação daquele espaço territorial da freguesia de S. Pedro, está a perder-se uma belíssima oportunidade de melhorar a situação: não teria sido esta a altura própria para fazer recuar o muro e tentar estender a duna - com pedras e areia - até pelo menos meio da actual estrada de acesso ao Cabedelo?