É conhecido o afastamento que tenho dos partidos do chamado arco da governação.
Desviei-me politicamente, há muito, por vontade própria, daqueles que alegre e
irresponsavelmente, têm ajudado na Aldeia, no concelho e no país, a
patidocracia hegemónica que basicamente tomou conta
de Portugal e Ilhas Adjacentes e nos conduziu ao lugar que ocupamos: dos últimos na EU e
na generalidade dos indicadores sócio-económicos.
A
nossa vida em sociedade é o que sabemos: uma ficção, alicerçada
na propaganda e irresponsabilidade que todos andamos a pagar.
Somos - e vamos continuar - a ser o que sempre fomos, pois não temos outros
partidos, nem outra gente.
As
eleições deveriam ser uma coisa digna e séria, porque é aí que se escolhe a gente que determina o nosso futuro.
Infelizmente,
as coisas são o que são. Vota-se num “regedor” porque este pode
fazer convenientes favores; num presidente de câmara porque nos pode
empregar um familiar; num governo por fé clubista.
Têm
sido assim feitas as escolhas nesta sociedade onde é
permitido - e aceite - que os políticos no poder há vários anos ofereçam esferográficas, aventais, bonés, porco no espeto e copos de vinho a poucos dias das
eleições.
Ao
aceitarem e participarem em tais actos, os próprios eleitores
tornaram-se coniventes com o ficcionismo em que andamos a viver na
Aldeia, no concelho e no país há muitos e muitos anos.
Aqui pela Aldeia, embora sob disfarce, o PSD e o PS foram, desde 1989,
os partidos vencedores.
Esta
hegemonia, como em tempos de caça às bruxas, teve um historial de
intriga e calúnia baseada na farsa de que os comunistas são uma
peste. Entenda-se por comunistas, todos os cidadãos que não se
revejam nas práticas locais do PSD e do PS.
Hoje, com umas eleições à porta, não vai ser diferente. Quem for votar, e tem ainda pesadelos com o
comunismo, vai continuar a ir ao porco no espeto no Parque das
Merendas.
Quem não pensa assim, o mais provável é não ir
votar...
O
resultado, e outro não será de esperar, vai ser mais do mesmo...
A
Aldeia, tem sido liderada por eternos crentes do PSD e do PS, que aproveitaram a
pouca exigência reinante, consolidada pelo atraso e comodismo dos seus
habitantes.
Lá para finais de setembro, o mais tardar em outubro, na Aldeia as habituais
alminhas vão tornar a colocar os mesmos nos seus lugares e assim
vamos continuar a viver até que a morte se lembre deles e de nós.
Cá
na Aldeia, apesar dos tempos já terem mudado, vamos continuar a
viver na vila da ficção.
Não temos outra gente nem temos outros
partidos. Somos quem somos - o caso do
processo da criação da vila é paradigmático...