terça-feira, 29 de julho de 2014

“Autarquia quer divulgar a Figueira através dos “modernos meios de comunicação”. Prémio é de 5 mil euros”

Com esta iniciativa, que até merece chamada de primeira página no Diário de Coimbra, edição de hoje, a câmara pretende impulsionar e divulgar o concelho, através «dos modernos meios de comunicação e suportes digitais». Para isso, está a promover o concurso “Prémio Figueira Imagem”, ao qual podem candidatar-se pessoas singulares, a título individual ou em grupo, assim como pessoas colectivas a título individual. A Câmara Municipal pretende igualmente «reforçar os meios de divulgação da sua competitividade enquanto território nas diversas dimensões», visando «valorizar o potencial turístico e o empreendedorismo, incentivando e contribuindo para o seu desenvolvimento».
Perante isto um cidadão tem de reflectir. Todos estes senhores que vão fazendo de autarcas, devem ser apreciados na total plenitude do seu talento.
Não é um problema que tenha sido criado por este executivo, mas este concelho já é bem conhecido por algumas idiotices - carnavais de inverno, por exemplo.
Certamente, que a autarquia vai financiar este concurso “Prémio Figueira Imagem” com o dinheiro de quem paga impostos. Até nem está mal pensado, pois comédias como esta ajudam a entreter a pobreza de espírito e, como é sabido, enquanto andamos entretidos com merdas, evitamos pensar em coisas sérias.

Dono Deles Todos...

"Políticos como Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Isaltino Morais e muitos outros sofrem de um grave problema, sofrem de Google, dantes a memória era propriedade dos jornalistas e da Torre do Tombo e todos sabemos como em Portugal é fácil de calar muitos jornalistas, basta um pacote de grão. 
Mas desde que o maldito Google existe a memória está à distância de um dedo e em poucas horas é possível encontrar todos os laços de algumas personalidades aos negócios. Mas há uma imensidão de informação que não consta no Google, quem recebeu de quem, quem financio este ou aquele partido ou político, quem pagou as despesas de campanhas presidenciais, quem contratou políticos com o estatuto de assessor. 
E em Portugal quem tem mais informação sobre os podres de muito boa gente é o Ricardo Salgado, ele conhece a nossa classe política de ginjeira, é por isso que é o DDT."

segunda-feira, 28 de julho de 2014

CDU ANUNCIA QUE VAI A VOTOS NAS ELEIÇÕES INTERCALARES EM SÃO PEDRO

Em comunicado, a Coligação Democrática Unitária (CDU), reagiu hoje aos acontecimentos na Junta de Freguesia de São Pedro:
«Por não termos nenhum eleito na Assembleia de Freguesia de São Pedro, o nosso conhecimento sobre o que se passa na direcção da autarquia é sempre reduzido ou tardio. Continuam a chegar‐nos “ informações” pouco claras e avulsas sobre o que aconteceu na Junta de Freguesia e que levou a demissões no seio do Executivo.
A CDU repudia vivamente a utilização de dinheiros públicos em proveito próprio e nenhuma “desculpa” é aceitável, seja qual for a circunstância ou os montantes envolvidos. O que aconteceu em São Pedro é infelizmente um caso não único no País e o desejável e até exigível seria a instauração de uma sindicância sobre as actividades e contas da Junta de Freguesia actual e anteriores.
Face ao que aconteceu serão marcadas eleições intercalares para esta Freguesia.
A CDU apresentar‐se‐á a este acto eleitoral sob o seu lema de sempre: TRABALHO, HONESTIDADE E COMPETÊNCIA».

“Os reaccionários da esquerda, direita e do centro estão contra o tomateiro selvagem que cresceu na praia”...

A frase é deste blogue e é importante, pois realça um dos defeitos genéticos e óbvios da nossa democracia: qualquer democracia pluralista tem uma direita e uma esquerda, porque só há esquerda se houver direita. E só há direita se houver esquerda. E só há centro se houver esquerda e direita.
Portanto, é absolutamente natural que os “reaccionários” sejam de vários matizes... 
Alguns, esquecem  que na Figueira e no país há uma história que pode ser comparada - muitas direitas, hoje, consideravam-se putativamente antigas esquerdas... 
Na política, não há "vacas sagradas", está quem quer e os lugares são de eleição e escolha e sujeitos a crítica também. 
A política, em democracia, é uma actividade rotativa e de alternância.
À medida que o tempo avança os factos e os interesses vão surgindo... E o conhecimento deles também.
Um dia destes, “os reaccionários da esquerda, direita e do centro", além de estarem contra o tomateiro selvagem que cresceu na praia, serão também os principais causadores e culpados dos horrores que acontecem na Figueira desde 1977...
Continuamos no "quem não é por mim, é contra mim"!
Já percebi que os próximos tempos - o tempo que resta deste segundo mandato de Ataíde - vão ser muito aborrecidos para quem se interessar demasiadamente pelo que se passa na sua cidade. 
Tempos atrás, um querido e saudoso Amigo que, entre outras coisas, também sabia muito de política, ensinou-me: "a gente vota sempre contra alguém". Nos últimos 20 anos, a nível local, votei quase sempre contra alguém ou contra um projecto e não a favor de algo...
E,  errada ou certa, a imagem que este executivo me transmite hoje é a de uma inultrapassável soberba, pouco menos desagradável do que a arrogância da imagem transmitida pelo intelectual e vereador Tavares.
Por mim, podem ficar descansados: já que a praia da Figueira no tempo que passa não serve para nada, podem transformá-la num latifúndio biológico à vontade...
Não se armem é em "patos bravos"...

O circo do “nosso” PS de cada dia...

foto Foz do Mondego Rádio
Segundo li no jornal i, num almoço com apoiantes, em Buarcos, o autarca de Lisboa defendeu que é necessário "estabilizar de uma vez por todas as pensões já formadas", acabando com os cortes porque "as pessoas têm direito a ganhar a pensão que constituíram e que não lhes deve ser retirada". Costa fez as contas e garante que o que está a "fragilizar" a sustentabilidade da Segurança Social não é "o que os actuais pensionistas recebem", mas "o elevadíssimo nível de desemprego e a elevadíssima taxa de emigração que estão a tirar dos cofres da Segurança Social 8 mil milhões de euros". Nesse sentido, Costa prometeu que um governo socialista irá "travar a austeridade", embora tenha omitido o que fará com os cortes aos salários dos funcionários públicos.
Recorde-se, que  promessa de repor os cortes feitos aos pensionistas já tinha sido feita por António José Seguro em abril passado. Na altura, o ainda líder do PS prometeu que, se chegar ao governo, terá "de imediato, uma prioridade: repor as pensões e as reformas aos idosos do nosso país". Seguro também garantiu que fez as contas e que, apesar de 340 milhões de euros ser uma quantia significativa, o PS podia "afirmar esse compromisso, acabando com a CES [Contribuição Extraordinária de Sustentabilidade] ou com a contribuição de sustentabilidade, repondo esse rendimento aos pensionistas e reformados".
Os novos cortes aos pensionistas foram aprovados na sexta-feira na Assembleia da República com os votos do PSD e do CDS. A nova Contribuição de Sustentabilidade será aplicada aos pensionistas que recebam mais de 1000 euros e irá incidir sobre as pensões do regime geral da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações. Os cortes são entre os 2% e os 3,5%.
Outra das propostas de António Costa para inverter o ciclo económico é o aumento do salário mínimo para 522 euros...
Nada de novo: é a mediocridade política que temos em todo o seu esplendor!
Costa a repetir as promessas de Seguro!...
Seguro, mas seguro mesmo, é que quando se analisa a “nossa” evolução, torna-se inequívoco o “nosso” declínio governo após governo.
Seguro, mas seguro mesmo, é que, quando se perspectiva o “nosso” futuro europeu, ele é cinzento.
Seguro, mas seguro mesmo, é que há mais de quatro décadas que o produto desacelera, conforme as seguintes taxas de crescimento médio anual: 7,5% (1960-70); 4,5% (1970-80); 3,2% (1980-90); 2,7% (1990-2000); e  6,47% (2000-2010). Tal como o previsto, estamos na “cauda” da Europa.
Não há “verdade” política quanto aos problemas essenciais.
Os partidos do chamado arco do poder assumem compromissos eleitorais que não tencionam ou não podem cumprir e fazem no Governo o que antes rejeitaram ruidosamente na oposição.
Eleição após eleição, assistimos a um espectáculo de mentira sem decoro, gerador do descrédito dos partidos e da decadência da democracia.
Como se verificou no passado recente, no PSD e no CDS, e agora se está a acontecer no PS, escasseia “qualidade” política e, nalguns casos, também humana: os partidos que nos governam desde 1976,  são “agrupamentos sem raízes na realidade do país” e que propiciam o “aparecimento na cena política de políticos de segundo plano”.
Diga-se em abono da verdade, que desde 2000, os governos pouco podem fazer, perdidas que foram as principais “ferramentas” de política macro económica: a moeda nacional, os juros, os câmbios, as tarifas aduaneiras e, na sua maior parte, a margem de discricionaridade orçamental.
Desde 2000 o produto português limitou-se a acompanhar as tendências europeias, crescendo quando ali se cresceu e caindo quando ali se caiu.
No decorrer destes 14 anos, apesar dos governos que tivemos terem sido do PS, do PSD e do PSD + CDS a nossa economia, uns pontos abaixo, só “obedeceu” à Europa.
Foi indiferente quem governou. Portanto, foi sem surpresa que verifiquei que António Costa repetiu ontem uma promessa “antiga” de António José Seguro...
Ontem, em Buarcos, ao que li, estiveram cerca de 150 pessoas a receber António Costa. A Rosa Amélia não faltou...

"Atrevimento de Um Pescador (e as Horas de Solidão)"

O Centro de Estudos do Mar e das Navegações Luís de Albuquerque - CEMAR (Figueira da Foz - Praia de Mira), informa que dentro de cerca de um mês, lá para finais de Agosto de 2014, vai ter lugar o lançamento da edição do livro de memórias do membro do Conselho Consultivo e Científico do CEMAR, Mestre Manuel Gabriel, da Praia de Mira.
Manuel Gabriel, "Mestre do Largo Pescador", com toda uma vida de mar, plena de experiências náuticas, durante décadas, nas águas da Europa, da África Ocidental, da Guiné, da África do Sul e do Atlântico Norte, vai publicar o seu livro de memórias, editado por iniciativa do próprio autor (e a cuja produção editorial o CEMAR tem a honra de também prestar colaboração), o qual vai ser intitulado "Atrevimento de Um Pescador (e as Horas de Solidão)", e no qual vai ser incluído um anexo final ("E as Horas de Solidão)") onde são reunidos alguns poemas do autor, escritos ao longo dos anos, nos intervalos das suas actividades marítimas.

domingo, 27 de julho de 2014

Bonjour Tristesse!..

foto Pedro Agostinho Cruz

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Alberto João

Quarenta anos. Quarenta «redondos» anos a comandar a Madeira. Quarenta anos que Alberto João Jardim quer que terminem agora, ou no máximo em outubro do próximo ano. Em entrevista ao Expresso, o social-democrata falou de Passos Coelho, com quem não “acerta”, da falta de “dinheiro para brincadeiras” [leia-se uma possível candidatura a Belém] e da vontade de ser esquecido. É um «rei» que já não quer mais brincar aos tronos.” daqui

Numa rábula que se tem repetido de quatro em quatro anos, sabe-se agora que Alberto João Jardim não vai, afinal, candidatar-se de novo nas próximas eleições regionais. Após largas dezenas de anos à frente do poder madeirense - e apesar das suas renovadas e veementes promessas de não se candidatar e encontrar um sucessor - será que é desta que vai mesmo abandonar o posto?
Não sei não...
O veterano presidente do governo regional da Madeira tornou-se um refém político na sua própria ilha.
Ao contrário de Mota Amaral, que teve a capacidade e soube fazer a transição, na sua carreira, da dimensão regional para o plano nacional, Jardim nunca foi capaz de se afirmar fora do seu reduto. Nem a nível da direcção nacional do PSD, nem em órgãos como o Parlamento ou o Conselho de Estado. A sua voz não é ouvida ou, quando o é, não se leva a sério.
Daí que sempre se tenham frustrado as suas tentativas para se libertar do espartilho regional. Quer em rocambolescas encenações de candidatura à Presidência da República quer em fracassadas alianças para disputar o poder no PSD nacional.
Jardim acabou por tornar-se um refém da Madeira.
Agora, resta-lhe querer que o esqueçam e que o deixem em paz...
Não lhe vou fazer essa maldade. Vou recordá-lo em cuecas, grotesco e rasca, na primeira página do  «Tal & Qual». Ou de copo de «whisky» na mão, a rir-se, no meio da sua  trupe carnavalesca. Ou, ainda, vestido de palhaço, a fazer um manguito  com o dedinho espetado para cima e a proclamar, muito ufano: «Quero  que se foda a Assembleia da República! Já disse que me estou cagando  para Lisboa! O país não se revê em Lisboa, naqueles parvalhões que  andam por lá e têm a mania que mandam nisto tudo!».
Enfim...  mais uma vez um fim anunciado que, quando acontecer, vai ser triste.

Bom domingo


Carlos Paredes, mestre e maior expoente da guitarra portuguesa faleceu a 23 de julho de 2004, aos 79 anos. 
Recorde, clicando aqui,  a sua vida e obra.

sábado, 26 de julho de 2014

Praia em directo

aqui

João Paulo Baltazar cumpriu ontem o seu último turno de jornalista na TSF. Foram 26 anos, quatro meses e 25 dias de paixão da rádio. Até que um dia...

"...há que tirar as medidas ao mundo em cada esquina desta aldeia. “Continuamos a discutir isto?” Sim. Vai e volta. Na rede, sem rede. Ligados, sem fios. Tantas voltas. Analógico, digital, cabeça, coração. 

Mas, incerto dia, dás-te conta: um pouco mais de silêncio na oficina – tic, tic, tic... Um pouco menos de calor. Gestos um pouco mais em câmara lenta. Até que um dia, perante uma crítica, atiras: “É a tua opinião... cada um por si, topas?”. A economia (a nossa, mais íntima, nos bastidores das notícias) sempre em plano inclinado. Até que um dia te pedem para seres "brand journalist" ou uma merda do género, “ganhas uns trocos extra, não é bom?” E seres... pouco mais, afinal. Até que um dia te dizem que não há outra saída: é preciso organizar mais um "evento" e outro ainda, 
"fazes nas folgas, ok?". Até que um dia, o estatuto editorial acorda encolhido numa quase-palavra: EBITDA. Até que um dia nada te dizem, durante semanas, meses, anos a fio. Até que um dia te dizem (ou tu percebes): acabou."

Hoje, as manchetes continuam muito pesadas...



Lembram-se ainda?.. Por ocasião da bronca do BPN, falou-se abundantemente na questão da regulação e da supervisão... 
Aprendeu-se ou fez-se alguma coisa?.. Temos a casa novamente roubada e continuamos na mesma: sem trancas à porta. 
Eu considero-me um optimista realista, portanto, não creio que o caso BES sirva para aprendermos o que quer que seja. 
Neste destroçado país, as desgraças financeiras são encaradas como desastres naturais - sismos
Como tal, não se vai fazer nada...
Vamos ter de continuar a correr o mais rápido possível para as ombreiras das portas.

Olhem quem vai estar amanhã na Figueira...

foto sacada daqui
Amanhã, domingo, às 13h00, realiza-se no restaurante Tamargueira, em Buarcos, um almoço de apoio a António Costa, candidato nas eleições primárias do PS marcadas para setembro próximo.
Quem deverá estar presente - já
formalizou a sua inscrição como simpatizante do Partido Socialista - a apoiar António Costa é João Ataíde (
independente eleito pelas listas do PS), presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz a cumprir o segundo mandato...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mais do que uma imagem ou um pormenor - uma preciosidade

"O miúdo da 8ª. meia maratona da Figueira da Foz" - Foto de Pedro Agostinho Cruz

"Há tomates a crescer na praia da Figueira"... (II)

Não sou adivinho. Não tenho grandes fontes privilegiadas. Portanto, resta-me andar o mais atento possível e tentar ler os sinais.
A Ana já explicou alguma coisa. A ideia é "perder características de praia", para "se poder fazer lá alguma coisa".
O António explicou muita coisa. «Esta é a única praia que conheço que era lavrada», diz o vereador, que considera positivo o surgimento de condições naturais no solo que possam vir a permitir à autarquia reclamá-lo para equipamentos, já que está a «deixar de ser praia».
O José também explicou alguma coisa: «qd se perceber pq é q a 'vegetacao' la esta.... ate manifs vai haver para a limparem. Se alguem pensa q aquilo e natural... pense outra vez (nunca na vida vau existir duna num deposito de areia... mas ha iluminados q acham q sim, fazer o q?)»
O João ainda não...
Eu, por mim, acho que pouco posso contribuir. 
Para mim, esta estória  da anarquia com tomates ainda vai ter muitos capítulos e, por enquanto, a meu ver, não faz sentido!..
Demonstrem o contrário ...

Hoje, as manchetes estão muito pesadas...

"E ainda há quem diga que a justiça não é coisa de ricos. Que são três milhões de euros para quem só num ano se esqueceu de declarar mais de oito milhõesregularizando depois a situação com cerca de metade dessa verba? Que são três milhões para quem é acusado de ter recebido catorze milhões de um construtor civil a título de oferta? Pois eu respondo: são croquetes, salgadinhos. Nada que uma boa cervejola, ao pôr-do-sol, na Quinta da Marinha, não faça esquecer."
texto daqui

Na Aldeia ... (IV)


Na antiga aldeia de pescadores, Praia da Tocha, do concelho de Cantanhede, existem ainda vestígios dos antigos "Palheiros", onde os pescadores guardavam o material utilizado na faina diária da pesca. Alguns desses antigos palheiros foram recuperados e transformados em casas de férias.

O povoado não é muito antigo. Na opinião de alguns autores, a sua formação data do início do século XIX; outros recuam um pouco mais. Teriam sido pescadores vindos do norte (Ovar, Ílhavo e Murtosa), na procura de novos centros pesqueiros, os colonizadores de entrada e, posteriormente, os gandareses juntaram-se-lhes, acabando por se apropriarem das "artes". Essa "aldeia" piscatória e o que resta da sua memória, deve-se sobretudo a estes homens que se tornaram "anfíbios" ou que trocaram os carros de bois pelas xávegas.
Não podemos, no entanto, subestimar o contributo dos pastores de vacas e ovelhas na formação deste lugar. Segundo os mais velhos, foram eles que traçaram os primeiros caminhos, estabelecendo a ligação do mar com o interior.
Os palheiros foram-se erguendo, posicionando-se estrategicamente em função da vida da pesca uns no areal, outros nas zonas mais elevadas da duna, bem sobranceiros ao mar, como que a espiar os seus movimentos. Bastante rudimentares, os primeiros palheiros cumpriam no entanto a sua função: serviam de arrumos dos apetrechos da pesca ou de armazéns de salga, embora de reduzida expressão, e de habitação temporária dos pescadores que residiam neste povoado durante o período da safra (Abril a Outubro).

Estas construções tradicionais são bem elucidativas da humanização da paisagem, como podemos ver nas soluções peculiares que o homem encontrou, adaptando-as perfeitamente ao meio natural, agreste e isolado das terras do interior (altura em que não havia estrada e as dunas eram um obstáculo difícil de transpor). Nesse sentido, foram utilizados materiais locais: - O estorno na cobertura (substituído posteriormente pela telha caleira), e a madeira o material preferencialmente utilizado na sua construção. Assentes em estacaria, para que as areias tocadas pelos ventos fortes, passassem por baixo delas sem as soterrar. Ao contrário de outras praias do litoral central, os Palheiros da Tocha conseguiram manter até mais tarde parte das suas características primitivas, conservando o seu aspecto palafítico, isto é, estacas à vista, inclinadas para o exterior, dando maior base de sustentação ao palheiro. Fernando Galhano e Ernesto Veiga de Oliveira referiam em 1964, a esse propósito, que era «o carácter palafítico na sua pureza integral que conferia a este aglomerado o aspecto original.» (Palheiros do Litoral Central Português). (texto daqui)