quinta-feira, 24 de abril de 2014

Portugal, 1973

63 por cento dos portugueses nunca votaram.
Primeira página do jornal Expresso, 6 de Janeiro.

"Eu não sou de direita nem de esquerda. Eu sou do caminho que convier ao povo."
Marcelo Caetano, no único congresso da Acção Nacional Popular, antiga União Nacional, em Tomar.

Portugal, 1968

"O País habituou-se, durante largo período, a ser conduzido por um homem de génio; de hoje para diante tem de adaptar-se ao governo de homens como os outros".
Marcelo Caetano, discurso na cerimónia de tomada de posse como presidente do Conselho, a 27 de Setembro.

- O que pensa do senhor Presidente do Conselho?
- Este «Salazar» parece mais simpático do que o outro...
Resposta de uma mulher no Alentejo, quando inquirida por um jornalista durante a primeira viagem de Marcelo Caetano como presidente do Conselho, em Outubro.

Portugal, 1959

Artº 72º. - O Chefe do Estado é o Presidente da República eleito pela Nação, por intermédio de um colégio eleitoral constituído pelos membros da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa em efectividade de funções e pelos representantes municipais de cada distrito ou de cada província ultramarina não dividida em distritos   e ainda pelos representantes dos conselhos legislativos e dos conselhos de governo das províncias do governo-geral e de governo simples, respectivamente.
Lei nº. 2100, 29 de Agosto.

Portugal, 1942

"Por felicidade o país, ao desempenhar-se do encargo constitucional da eleição, não tem que escolher: felizes as nações que nos momentos cruciais da sua vida não são obrigadas a escolher, e às quais a Providência com desvelado carinho dispõe os acontecimentos e suscita as pessoas de modo tão natural e a-propósito que só uma solução é boa e essa a vêem com nitidez no íntimo da sua consciência todos os homens de boa vontade! Felizes porque não se debatem em dúvidas angustiosas, porque não se arriscam em desmedidas contingências, felizes sobretudo porque não se dividem!"

Salazar, em 7 de Fevereiro, aquando da reeleição do Presidente da República Óscar Carmona, candidato único, com 90,7% dos votos.

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Profetas da Figueira... (9)

"O próprio Salazar redigiu o seu retrato psicológico difundido pela propaganda: humilde, honesto e um homem sem ambições políticas. Ainda hoje há quem o repita..."
Rui Curado da Silva, investigador, hoje no jornal AS BEIRAS.

LIBERDADE!

Neste dia, há 40 anos ainda não era assim.
Agora, o Povo é livre. Não tem que ter medo de falar. 
Antes do 25 de Abril de 1974 falava-se baixinho. Agora, pode dizer-se alto o que se pensa.
25 de Abril de 1974, recordo-te como a vontade de um Povo que quis ser livre e numa manhã veio para a rua gritar:
LIBERDADE! LIBERDADE!

O 25 de Abril de 1974 foi o maior acontecimento, de que tenho memória, que houve em Portugal.
Foi com ele que a LIBERDADE veio para as ruas de braços abertos.

Havia um sonho na véspera do tempo, um grito na boca cerrada por inúmeras outras palavras.
Neste dia, há 40 anos, ainda havia o medo e o desejo de uma palavra virgem: LIBERDADE.

LIBERDADE que é que tu ainda podes fazer?
Eu espero que tu combatas os homens maus, e que ajudes o mundo e Portugal.

LIBERDADE não é só para vós. Todos queremos. Também tem de ser  para todos nós!

LIBERDADE é vossa, mas nós também a queremos. E,  assim, a LIBERDADE será vossa e nossa.

LIBERDADE é uma criança. Criança que voa ao vento. Vento que é livre. Livre como o tempo.
Ó Portugal, Portugal! Porque choras de saudade, o que passou, passou. Hoje existe a LIBERDADE.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Austeridade – sinais exteriores (3)...

Como diria Durão Barroso, no tempo da outra senhora havia uma preocupação sincera pelos pobrezinhos.

Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal comemorativa do 40.º aniversário do 25 de abril

Sexta, 25 Abril, 10:00 
-  Sessão solene
Inicia-se com a concentração junto ao Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, seguida da cerimónia do hastear da bandeira. 
Será orador convidado o cidadão António Augusto Menano, e intervindo para além do Representante da Associação 25 de Abril, Representantes de todos os partidos e Coligação de Cidadãos com assento na Assembleia Municipal. 
Estas cerimónias serão abrilhantadas pelas actuações da Filarmónica da Sociedade Filarmónica Quiaense e do Coral David de Sousa.

Preço da aquisição disparou com swaps


Uma estória de Abril

Celeste Caeiro, de 79 anos, foi a mulher que fez do cravo o símbolo do 25 de abril de 1974. Trinta e nove anos depois, "Celeste dos cravos" - como é conhecida - recorda um dos momentos mais marcantes da sua vida.

Mistério!..

daqui
Lido hoje no jornal AS Beiras
"A apresentação da obra “Antologia de Poesia País de Abril”, de Manuel Alegre, ontem ao fim da tarde em Coimbra, foi motivo para fazer crítica à política actual, com o poeta a mostrar preocupação por “um país em que os mercados estão acima do Estado”. Todavia, na Casa da Escrita, estando entre amigos – alguns deles anteriores ao 25 de Abril de 1974 – Manuel Alegre não deixou de revelar um olhar mais descontraído sobre os fenómenos sociais, constatando que, nos últimos tempos, “nunca se viu um mar de gente na rua como na celebração do Benfica, de que gostei, mas que também me deixou preocupado”. Para o antigo candidato à Presidência da República, “isto também revela a necessidade das pessoas se libertarem de um vazio que existe”." 
Ora cá está um mistério!..
Os portugueses, por norma, pelam-se por estar  ao lado dos vencedores
É assim na política e no futebol. 
A recente vitória do Benfica trouxe à tona um mistério...
Mais do que um mistério, penso mesmo que é  um fenómeno em Portugal: o benfiquismo
Vejamos: nos últimos 30 anos, se a memória não me atraiçoa o Benfica venceu 7 campeonatos. O Porto ganhou quase o triplo – 20
A diferença é substancial. 
Seria de esperar que os adeptos do Porto tivessem aumentado de forma clara... 
Todavia, como se viu no domingo, este país é de benfiquistas!..

Lembram-se de "um campo chamado Tarrafal?"

23 de Abril de 1936: abertura do campo de concentração português do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Três anos depois chegavam os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam participantes do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande. 
daqui

terça-feira, 22 de abril de 2014

A decomposição do açúcar e do sal

"Vá lá, isto já não é um governo. É um ajuntamento de pessoas unidas para cumprir o fecho do programa da troika, porque se isso não acontecesse - a manutenção do governo em funções mesmo em estado de colapso - a senhora Merkel ficaria muito aborrecida... 
É este ajuntamento que governa o país e vai a votos no dia 25 de Maio em coligação." 

Profetas da Figueira... (8)

"É curioso atentar na postura dos que se colocaram como críticos do que se fez; os que se esgadanham na crítica ronceira de dizerem mal de tudo tapam os ouvidos aos resultados e, se os apresentamos, acusam-nos de auto elogio. A oposição, mais inteligente, cola-se a toda a acção inegavelmente positiva e reclama a sua parte; o impulso é tão forte que chega a reclamar para si os méritos do Plano de Saneamento Financeiro, embora não assuma o seu reverso - o sacrifício."

António Tavares, vereador PS no jornal AS BEIRAS.

Para ler na calma da noite

«Há qualquer coisa em Passos Coelho que faz com que as pessoas lhe tolerem com alguma bonomia todas as suas mentiras. Ou que pelo menos não se indignem como se indignavam com Sócrates ou com Durão Barroso ou como se continuam a indignar com Portas. (...) Querem o melhor exemplo? O espaço de opinião de José Sócrates, transformado numa "entrevista confrontacional", foi aplaudido pela maioria dos jornalistas. A entrevista de José Gomes Ferreira a Pedro Passos Coelho, transformada num espaço de opinião partilhada (à semelhança do encontro amigável de Passos Coelho com uns cidadãos, na RTP), não provocou grande incómodo nos intrépidos defensores do jornalismo corajoso e independente. Na realidade, a entrevista foi tão fácil que Passos Coelho acreditou que os país era composto por milhões de gomes ferreiras. E desembestou num chorrilho de mentiras sem pensar que havia um dia seguinte.»

Daniel OliveiraAs contradições de Passos Coelho em entrevistas não "confrontacionais"

«No diálogo televisivo de terça-feira, o primeiro-ministro falou dum alargamentozinho no corte de salários face ao do anterior Governo. Segundo o primeiro-ministro, fazer cortes de 3,5% nos salários a partir de 1500 euros não é muito diferente de cortar 2,5% a partir dos 675. Também, segundo ele, não existirá grande diferença entre o tal corte de 3,5% nos salários de 1500 euros e o atual de 8,5%. Mais do dobro. (...) Infelicidade verbal, pois então. Mas existiram mais aspectos que houve quem achasse claros. Houve tempo para libertar (...) uma não verdade, quando disse que os cortes nas despesas de funcionamento do Estado tinham sido de 1600 milhões de euros: não foram, foram de metade desse valor como provou o Jornal de Negócios dois dias depois. Infelicidade verbal, sem dúvida. Também não faltaram, no alegre convívio, momentos de puro entretenimento: o desonerar (...) das pensões e salários em 2016. Se der, eventualmente, às tantas. Tão certo como "termos cumprido as metas". Não houve tempo para explicar como é que não se tendo cumprido uma única meta original se diz exatamente o contrário. Infelicidade verbal, claro.»

Pedro Marques Lopes"Infelicidades verbais várias"

«"Nós temos um sistema de pensões que não é sustentável". (...) Como incentivo à fuga contributiva, dificilmente se conceberia melhor declaração. Depois, os vários estudos de instituições internacionais mostram que, depois de 2006, o sistema de pensões português é dos que apresentam menores riscos. (...) O problema da segurança social hoje é a combinação entre quebra contributiva (por força da quebra do emprego) e aumento de despesa (efeito do desemprego). Entre 2010 e 2012, a diminuição das contribuições foi de 400 milhões de euros, enquanto a despesa com subsídio de desemprego aumentou 480 milhões. (...) "Os portugueses escolheram um governo para governar nas circunstâncias mais difíceis de que há memória nos 40 anos sobre a revolução". (...) As frases citadas foram proferidas por Passos Coelho na conversa televisiva desta semana. Esta última distingue-se por ser verdadeira e merece um comentário adicional: foi uma tragédia, num momento como o que vivemos, termos alguém tão impreparado a chefiar o governo.»

Pedro Adão e Silva, Um primeiro-ministro

«Nunca saberemos ao certo se o primeiro-ministro cedeu a tentações eleitorais em 2011 ou se pura e simplesmente desconhecia o plano de ajustamento da troika e as limitações da poupança com as "gorduras no Estado". Vê-lo voltar a essa história de fadas de grandes reduções de défice com base em ganhos de "eficiência", menos "consultoria" e muitas "fusões" causa inevitavelmente calafrios - especialmente se considerarmos que três anos depois parece ainda não dominar o assunto em que depositou tanta esperança. Se desta vez, o primeiro-ministro errar, já não terá desculpa. Pois como disse, e bem, "às vezes criam-se ideias que não são correctas".»

Rui Peres JorgeNúmeros errados, ideias erradas

«Debaixo deste discurso muito pouco transparente, há no entanto uma ideia clara e um objectivo definido. A ideia clara é que a austeridade é para continuar. (...) O objectuvo definido é que, para conseguir aqueles equilíbrios, o governo aposta tudo no esmagamento da procura interna. E isso exige que salários e pensões não só nunca mais voltem aos patamares de antes da crise como se mantenha a brutal carga fiscal sobre os rendimentos. Em síntese, este ajustamento exige e assenta no esmagamento da classe média. E é isso que a troika e o governo têm prosseguido com afinco, enquanto nos fazem sentir a culpa de "termos vivido acima das nossas possibilidades", seja isso o que for, uma viagem às Maldivas ou jantar fora demasiadas vezes...»

Nicolau SantosQuantos pobres fazem o ajustamento?


Via Ladrões de Bicicleta