“As estradas e a Serra”,
uma crónica de João Vaz, consultor de ambiente e sustentabilidade, publicada hoje nas Beiras:
“Há ainda ruas e
estradas municipais esburacadas e em mau estado de conservação, algumas mal
sinalizadas e perigosas.
Os prejuízos são
evidentes, a mecânica do carro sofre, o bolso do contribuinte também, aumenta a
insegurança rodoviária.
A Câmara é responsável
por tapar buracos, mas não o consegue fazer a tempo e horas. Faltará mais
organização (tapar o buraco antes que surja a cratera, fechar fissuras para que
não entre água) e, acima de tudo, não há dinheiro. O serviço da dívida é um
garrote: 8 milhões de euros por ano, fruto de vários anos de “buracos” e má
gestão (1997-2009).
Uma parte dos 28
quilómetros das estradas da Serra Boa Viagem também estão em mau estado, há
mais de 20 anos, apesar do reduzido tráfego e uso. A Autoridade Nacional da
Floresta (o Estado central) deveria reparar uma parte destas vias, tornando-as
transitáveis, mas não o faz, por falta de recursos, imagino eu.
Quem poderá fazer algo
para melhorar as estradas da Serra são os deputados na AR, influenciando o
Governo (PSD/CDS) para que haja verba.
A oposição (PSD)
insiste desde a campanha eleitoral que as estradas da Serra não são reparadas porque
alguém (quem será?), na estrutura dirigente da Câmara, bloqueia esta pretensão.
Hipoteticamente
teríamos um ”ecologista profundo” descolonizando-a da presença humana! Contudo,
tal pessoa não existe na Figueira. Todos queremos passear pelas estradas da
Serra, sem buracos, entre as folhas no chão e as giestas selvagens.”
Depois de ler esta
crónica, o que aconteceu há segundos, confesso:
1. Fiquei espantado
por haver “estradas municipais
esburacadas”;
2. Fiquei espantado “por
a Câmara ser responsável por tapar buracos”;
3. Fiquei espantado por haver “a necessidade de mais organização – tem-se de tapar o buraco, antes que
surja a cratera”;
4. Fiquei espantado
por “uma parte dos 28 quilómetros das estradas da Serra Boa Viagem também
estarem em mau estado, há mais de 20 anos, apesar do reduzido tráfego e uso”;
5. Fiquei espantado “com
a falta de empenho dos deputados da AR”;
6. Fiquei espantado
com “a insistência da oposição (PSD)”;
7. Fiquei espantado
por “todos querermos passear pelas estradas da Serra, sem buracos, entre as
folhas no chão e as giestas selvagens.”
8. Fiquei espantado, sobretudo, com a inexistência de um ”ecologista profundo”.
Resumindo e
concluindo.
Alguma vez sentiram,
ao ler um romance traduzido para português, que simplesmente não o conseguem compreender?
Por mais vezes que o releiam, ele é
incompreensível, ilógico ou não se enquadra no contexto em que está inserido.
Tratando-se de uma
obra literária de qualidade, o mais provável culpado será o tradutor.
No caso da crónica
acima, porém, o mais provável culpado pela incompreensão, só posso ser eu – leitor impreparado e limitado.