No passado dia 24 de Outubro de 2013, na reunião de Câmara
realizada nessa manhã, os figueirenses ficaram a saber que “foi aprovada a proposta para realização de
reuniões de Câmara às primeira e terceira segunda-feiras de cada mês. Como novidade, a primeira reunião de Câmara
ficará vedada à presença de público e imprensa.
Nesse
dia, ficámos também a saber
que a primeira reunião não terá transmissão via internet, só a segunda."
A “coisa”, como seria de esperar tornou-se polémica. Houve comunicados do PSD
e do PS.
Há coisas que acontecem
na Figueira que, pelo menos para mim, são estupidamente irónicas.
Pelo menos, é assim que eu apenas as quero ver.
Passados seis dias, no dia 30 do mesmo mês de Outubro de 2013, aparece na imprensa o seguinte: “O município da Figueira
da Foz é o melhor classificado num 'ranking' de transparência municipal onde a
média das 308 câmaras é de apenas 33 pontos num máximo de 100, revelou hoje a
Transparência e Integridade Associação Cívica (TIAC).”
Não acham isto, no mínimo, estupidamente irónico?..
Eu, confesso que achei...
Ontem, ao fim da tarde, em conversa com um figueirense, meu
Amigo de há longos anos - e dos mais informados e atentos que conheço, disse-me ele, a propósito das reuniões à porta fechada: “isto é
engraçado, no momento em que a Figueira apareceu como a cidade mais
transparente, o presidente da câmara quis a primeira reunião à porta fechada!..”
E, logo de seguida, surge a dúvida: “já não me recordo bem, primeiro foi a decisão
da reunião da câmara, ou primeiro foi a notícia da transparência?..”
Como vimos acima - e pode ser comprovado através dos links: a reunião da câmara foi a 24 de outubro e
a notícia surgiu a 30 do mesmo mês.
Confusão desfeita, hoje ao ler As Beiras – outra coincidência
irónica –, deparo-me com uma oportuna crónica assinada pelo Rui Curado da
Silva.
Dado o seu manifesto interesse e oportunidade, não resisto a citá-la.
“Constato a euforia com que se louva a classificação de
página internet mais transparente atribuída à Câmara Municipal apesar da nota
atribuída ter sido um suficiente (imaginem as páginas do resto país...). No
entanto, considero que estes serviços também são importantes, sobretudo porque
leio as atas disponíveis na página.
Justamente por ler essas atas, reforcei a convicção que
durante a última década deveria ter havido muito mais transparência na política
do município. E essa forma de transparência é bem mais importante do que a
transparência da página internet.
Em nome da verdadeira transparência porque não criamos uma
comissão de inquérito interpartidária para analisar ao detalhe quem ganhou e
quem perdeu nos negócios do Vale do Galante ou do Foz Village? Vamos ouvir
pessoas, analisar documentos, identificar para onde fluiu o dinheiro (no caso
do Galante um milhão de euros não se esconde debaixo de um tapete). As
personagens envolvidas estão mais ricas ou mais pobres? Fugiram ou continuam
por cá? Isto é que seria transparência a sério.
Como é que o cantor Mico da Câmara Pereira passa pela
Figueira deixando um rasto de dívidas atrás de si? Houve algum responsável
político a dar-lhe cobertura? E as campanhas partidárias milionárias que se
praticam na Figueira são financiadas por quem e com que intenções?
Há negócios brilhantes na Figueira que dão muito mais lucro
do que o esperado ou trata-se apenas de enriquecimento ilícito?”
Ora confessem lá: depois de terem lido este texto do Rui Curado da Silva, não acham a transparência, na Figueira, uma "coisa" muito irónica?..