Num texto magnífico, hoje publicado no jornal AS Beiras, que
eu li na edição papel e vou tentar trazer aqui um resumo tanto quanto possível fiel, fiando-me na minha
memória, Rui Curado da Silva lembra “que nos anos 60 do século passado a Figueira
teve o privilégio de ter o aquitecto Alberto Pessoa e o paisagista Ribeiro
Telles a pensar a cidade”.
Imaginaram “2 corredores verdes a acompanhar 2 pequenos
cursos de água com origem na Serra. Um, atravessava as Abadias, terminando no rio; o
outro, corria até ao mar, atravessando o Vale da Ponte do Galante”.
No mesmo texto que estou a tentar resumir de memória, Rui Curado
da Silva ressaltava que “os espaços verdes, em que a natureza trabalha por sua
conta, são naturais e comuns em cidades alemães e na Europa do norte”.
Aqui na Figueira, ao que parece, outro dia foi um escândalo,
para certas pessoas, ver cabras a pastar
nas Abadias!..
“Curiosamente – continuando a citar de memória Rui Curado da Silva – houve quem
se escandelizasse com as cabras, mas aprovou a urbanização e o hotel que
assassinaram o corredor verde do Galante”.
Em tempo.
Polémicas à parte,
quando é que a nova e moderna
unidade hoteleira de quatro estrelas, com vistas para o mar e com a praia no
outro lado da rua entra em funcionamento?
Com cerca de cinco dezenas de metros de altura, o edifício
impõe-se à paisagem urbana da marginal oceânica, pelas dimensões e pela
arquitectura.
A estalagem de 4 estrelas está mesmo a fazer falta, pois com
a desmesurada procura que por aí anda, carradas de hóspedes (hoje, chama-se
cliente a este tipo de freguesia…) poderão ser devidamente albergados e
deliciar-se com a panorâmica sobre a marginal da cidade, a cavalo em 50 andares – que
deve ser formidável, não nego,
pelo menos enquanto não há mamarrachos iguais a empecê-la.
O mais será uma
questão de gosto urbanístico. Ou de falta dele.