“Passos Coelho e Paulo Portas entenderam que a melhor forma
de responder perante a reposição da legalidade infringida foi a de declarar
guerra aos cidadãos de Portugal.
Pouco faltou ao Primeiro-Ministro, que respirava ódio e se
engasgava no discurso, para declarar o estado de sítio e assim punir quem o
chamou à ordem constitucional.
Todos os poderes que pediram a fiscalização da legalidade, o
Presidente da República, a Assembleia da República e o Provedor de Justiça,
foram alvo indirecto do seu discurso e o Tribunal que o julgou foi objecto das
mais graves afrontas feitas em democracia a um poder independente.
Os cidadãos são o alvo da vingança e foram anunciadas as
malfeitorias que se seguem para demonstração de que ninguém sairá impune à
rebeldia e ao inconformismo.
A alocução piegas e revanchista do chefe do Governo
português ficará certamente registada na memória de uma Nação que não se
resigna à má-sorte, embora resulte das suas escolhas, de ter tão fraca gente e
com tão má índole a dirigir os seus destinos.”