Ontem, o fogo atingiu a Cidade do Samba - o Rio de Janeiro.
Todavia, “a paixão pelo Carnaval carioca une as 12 escolas de samba do grupo especial. E em nome dessa união, as nove agremiações que não foram atingidas pelo incêndio que destruiu parte da Cidade do Samba, na zona portuária do Rio de Janeiro, na manhã de segunda-feira (7), oferecem ajuda e prestam solidariedade à Grande Rio, Portela e União da Ilha, que viram o trabalho de meses ser levado pelas chamas.”
O Carnaval, portanto, vai estar na Avenida. Só que, desta vez, como sempre deveria ser - mais simples, talvez com menos adereços, mas certamente com ainda mais alegria para esquecer as chamas e as tristezas.
Neste incêndio, o que ardeu foi um local onde se fabricavam os sonhos, não foram os sonhos!..
O sonho de felicidade de uns dias por ano, numa cidade maravilhosa e tão especial – ao mesmo tempo tão bonita e tão feia, tão pobre e tão rica – esse mantém-se e vai concretizar-se!..
O Rio de Janeiro continua lindo e é o mesmo de sempre - um circo de contrastes abençoado pela Natureza, mas muito estragado pelos homens!..
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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