quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Legislativas 2022: estamos na ponta final e continua a incerteza...

Falta um dia para a campanha eleitoral chegar ao fim. 
Em plena nova vaga de pandemia, com cada vez mais portugueses a testar positivo à covid-19, a fase final das legislativas de 2022 ficou marcada por episódios invulgares, como o protagonismo dos animais de estimação, em vez da séria reflexão sobre o conteúdos dos programas, diálogo construtivo sobre propostas para os problemas dos cidadãos (trabalho com condições,  impostos e SNS).

Segundo Rui Rio, António Costa está na iminência de perder as eleições. Estranha afirmação, vinda de alguém que anda há anos a desvalorizar e a gozar com as sondagens, que são, literalmente, o único indicador de que dispôs para chegar a uma conclusão destas. Ou será que, quando lhe são favoráveis, se tornam credíveis?

Rio estava a fazer uma campanha inteligente. O clima entre o PS e os ex-parceiros da "geringonça", facilitou-lhe a vida.
Entretanto, as sondagens começaram a encurtar a distância entre PS e PSD, com o PSD a ultrapassar o PS em algumas. O que fez Rui Rio? Esqueceu-se da estratégia que o levou até ali, encheu-se de ar e até se apresentou como vencedor antecipado.

Para quem é tão experiente nestas andanças, o líder do PSD devia saber que o excesso de confiança para efeitos de show-off  tem um enorme potencial para dar barraca. Mas o cheiro a poder enebria, de tal forma que até Luís Montenegro apareceu ao lado de Rio em campanha. 

É o que temos: Rio não mudou continua o que sempre foi para quem o conhece nos bastidoresCosta, acabou a tornar a valorizar a importância da negociação e esqueceu o sonho da maioria absoluta. Rio, nesta ponta final da campanha ainda vai buscar a humildade e esquecer que já tinha as eleições no papo.
Quem ousaria pensar que, Costa e Rio, dois políticos tão experientes, poderiam ser tão ingénuos?

A poucos dias das eleições, ninguém sabe quem vai ganhar.
Chegámos aqui com responsabilidades repartidas entre as várias esquerdas. Sobretudo do PS, que recusou um acordo de legislatura em 2019, passou o tempo a convergir preferencialmente com o PSD e pelas fracas concessões que estava disposto a fazer à sua esquerda em 2022 (leis laborais, ordenado mínimo, SNS).
Progósticos só no fim. 
Perante todos os cenários, eleitorais e pós-eleitorais, depois de domingo, neste momento, o que se vislumbra é  mesmo a incerteza.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Figueira TV publica vídeos com os candidatos às legislativas do próximo domingo

Para as eleições legislativas que se realizam no próximo domingo, a Figueira TV decidiu criar um espaço de igualdade de oportunidade para todas as 17 candidaturas por Coimbra. A esse espaço chamaram: FALAR A TODOS OS FIGUEIRENSES - Legislativas'22.

Fica o vídeo com o candidato da CDU, Manuel Pires da Rocha. Os outros videos podem ser vistos clicando aqui.

A cidade que fomos: quem se lembra do Visconde de Vila Verde? (2)

 Via jornal barca nova, edição de 17 de Novembro de 1977

Defende a internalização da Figueira Domus?

 Via Diário as Beiras

Existe a esperança de o batel poder vir a ser viabilizado? Empresários estudam navegabilidade do Mondego entre Coimbra e Figueira da Foz...

Todos os rios do nosso País têm barcos tradicionais a navegar. O Mondego e a Figueira da Foz são a excepção...
Segundo o Notícias de Coimbra, «a Associação Empresarial da Região de Coimbra (NERC) reuniu com o presidente do município da Figueira da Foz para discutir a possibilidade de tornar navegável o rio Mondego, entre Coimbra e a Figueira da Foz.»
A reunião decorreu na sexta-feira, entre a direção da NERC e o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, refere a associação empresarial num comunicado hoje divulgado.»

Legislativas 2022: sondagens...

Ponto da situação.
Empate, por enquanto, técnico. E ao que dizem: absoluto.
Emigrar, yes. Não emigrar, yes.
As pessoas não são estranhas. Simplesmente, por vezes são complexas e atreitas a complicar.
Decidem por instintos. Refugiam-se em  sentimentos complexos. Deixam vir à tona os medos íntimos - mesmo os interiores. Vão ao  âmago.  Chegam ás vísceras.
As pessoas não são estranhas. Por vezes, simplesmente, entranham-se nas próprias entranhas.
Ainda temos 4 dias. Pode ser que ainda passe...
Mas todos sabemos o que aconteceu com a coca-cola: “primeiro estranhou-se. Depois, entranhou-se.”
E por cá anda há quase 100 anos...

LEGISLATIVAS 2022: IMAGENS DA CAMPANHA ELEITORAL

Estamos a dois do fecho do período oficial de campanha eleitoral para as eleições de domingo. Ficam aqui algumas das frases que já marcaram esse tempo.
Imagem via Correio da Manhã
Maria João Marques, via jornal Público: 
«A campanha do PS parece um daqueles manuais de auto-ajuda, ao estilo “como perder eleições em dez passos”».
Carlos Coelho, especialista sobre a dinâmica de campanha, via Diário de Notícias: 
“Rio passou de contabilista a humorista e o gato transformou-o em político”.
António Costa Pinto, especialista sobre a dinâmica de campanha: 
“Pedir maioria absoluta foi erro, mas não tem importância porque até o PS sabe que não a terá”.
Rui Rio,  Presidente do PSD: 
“António Costa está na iminência de perder as eleições. Por aquilo que fez na política ao longo de toda a sua vida (...) podia perdê-las com dignidade.” 
António Costa,  Secretário-Geral do PS: 
“A falta de clareza não está aqui, está mesmo no nosso adversário. Cada um deve responder pelo seu programa, tudo às claras. Não deve haver gato escondido.” 
Manuel Carvalho, Director do jornal Público: 
"Rui Rio construiu uma face de “paz e amor” e ocultou a sua natureza intransigente, intolerante e conflituosa. O sucesso poupou-o à amargura e ao ressentimento. Coisa breve, porque, se Rui Rio tem um mérito, é o de não esconder o que é. O Rui Rio sorridente e com gatinhos acabará na primeira contrariedade."

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Se não fossemos tão tolinhos Rio estaria em maus lençóis...

Em entrevista à CNN Portugal Santana Lopes admite regresso ao PSD: "Eu pertenço lá"...

«O antigo presidente do partido deixa a porta aberta, e até já sabe como quer regressar. Pelo meio, deixa recados ao Presidente da República.
Depois de romper com o PSD há cerca de três anos, na sequência de ter perdido as eleições para a presidência do partido para Rui Rio, Pedro Santana Lopes diz não estar arrependido: "Houve uma ligação que acabou". Ainda assim, em entrevista à CNN Portugal (que pode ser vista, clicando aqui), o actual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz não coloca de parte um eventual regresso aos sociais-democratas.
"Gosto muito do PPD/PSD, nunca deixei de gostar", afirmou, num estilo bem caraterístico de se referir ao partido.
Questionado sobre quando foi a última vez que falou com Rui Rio, refere que foi ainda antes do Congresso do PSD, ao qual acabou por não ir: "Podia ter ido, podia ter estado na linha da frente, até podia ter falado".
Confessando "dois amores" (Aliança e PSD), Santana Lopes admite assim um regresso ao PSD: "Há uma pessoa que quer muito, que é a Conceição Monteiro. Acho que é provável, eu sou de lá, eu pertenço lá. Gosto de voar sozinho, mas sei qual é o meu bando".
Sobre o regresso e o seu momento, diz que é algo que não tem claro, mas garante que, quando acontecer, será pela mesma porta por onde saiu, sem "palmas, assobios ou festas".
A acontecer, diz, esse regresso não estará nunca relacionado com uma eventual aproximação do PSD ao poder.
Afirmando-se como alguém que sempre foi contra o bloco central, Pedro Santana Lopes diz que há um desgaste do actual Governo, antes de deixar um elogio a António Costa: "Não vou dizer que foi um herói, mas gerir um país num processo de pandemia é dificílimo", afirma, notando que poderia existir no primeiro-ministro um maior desgaste.
Mas o autarca coloca o ónus no Presidente da República, que na altura da dissolução do Parlamento foi "categórico", postura que, para Santana Lopes, deve manter a partir das eleições, sob pena de Portugal não conseguir encontrar solução governativa.É por isso que Santana Lopes vê como forte um entendimento de PS e PSD, algo que coloca como dependente de Marcelo Rebelo de Sousa, que, a partir de 31 de janeiro deve procurar fomentar uma solução de governo.
"António Costa já disse tudo e o seu contrário, está muito errático. Hoje já está disposto ao diálogo com toda a gente", vinca, dizendo que não faz sentido as posições tomadas por PS, PCP e Bloco de Esquerda.
Por isso mesmo, Santana Lopes diz que a solução mais viável poderá mesmo ser um entendimento ao centro. O ex-adversário de Rui Rio vê no actual presidente do PSD alguém capaz de vencer as eleições: "Tem um bom programa, tem-no exposto, os portugueses sabem que é uma pessoa séria".
"Ele pode vencer as eleições. É o único que aprendeu que o grande problema de Portugal é a economia e o crescimento", aponta, dizendo que Rui Rio tem a mensagem correta, antes de confessar ainda não ter decidido o sentido de voto.»

"... ontem, estavam hospitalizados 20 pacientes na enfermaria dedicada, contra os 69 no mesmo dia de janeiro de 2021..."

 Via Diário as Beiras

Querem que vos caia um "nazizinho" ou um "autoritário" na sopa?... Força aí pessoal, escolham Rui Rio ou Antonio Costa...

Imagem sacada daqui

Sondages...
Observador
PS sobe e afasta-se do PSD com vantagem de quase quatro pontos Na sondagem, o PS sobe, obtendo 35,3% das intenções de voto. PSD cai e está a 3,9 pp dos socialistas, embora dentro do empate técnico. CDU supera IL, que desce, e CDS sobe e empata com o PAN.

PSD e PS estão praticamente empatados, mas, a menos de uma semana das eleições, a vantagem é de Rui Rio (34,4%), que leva seis décimas de avanço sobre António Costa (33,8%), de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Mas há outra mudança significativa: a Direita (46,8%) soma pela primeira vez mais do que a Esquerda (46,3%), com o PAN a revelar-se, nesta altura, o fiel da balança (3,2%).

Nota de Rodapé, via Filipe Tourais
"É estranho haver tanta gente para a qual é indiferente se um Orçamento é aprovado com políticas de desvalorização ou valorização de salários ou se contém políticas de destruição ou de salvação de serviços em agonia como o SNS, uma gente que elege como prioridade das prioridades a não realização de eleições onde se fazem todas as escolhas entre o país que se quer e o país que não se quer. Eles apenas exigem Orçamentos aprovados, sejam que Orçamentos forem, e “estabilidade” à prova de escolhas colectivas, de democracia.
Ora, se é indiferente que as políticas sejam assim ou assado, é perfeitamente natural e lógico que o tema fique de lado e possa entrar em cena o gato Zé albino e o debate político de uma campanha eleitoral se reduza à dimensão da indiferença de partida. É bastante provável que o resultado final de toda esta alergia à política e à democracia possa não ser exactamente a desejada maioria com a qual toda esta gente quer coroar o querido líder, querido por simpatia e não por qualquer critério político.
A nobre gente das "eleições desnecessárias" a seguir desespera ao ver o poder a fugir para um inimigo figadal todo ele simpatia, o qual a aflição militante desata a insultar, que se vai afirmando pelo mesmo critério da simpatia sem ter que se desgastar a dizer uma palavra sobre o projecto ruinoso que tem para oferecer ao país. Afinal, quem é que pôs de lado e subalternizou as políticas à tal estabilidade e à tal governabilidade sem se importar se o país melhora ou piora? O desfecho é o lógico e o merecido.
Não é que o país o mereça, nada disso. Aquela gente merece-o tanto como o país mereceria melhor gente. Eles mandam o barco ao fundo e depois queixam-se que têm os pés molhados. Pobre gente que nunca se culpa pelo país cada vez mais miserável que está sempre pronta a legitimar e aplaudir. Vão por mim. A culpa é do futebol. A culpa é sempre dos outros."

Tenham dó do homem: isto foi antes de estar doente...

"João Rendeiro fez 40 viagens milionárias antes de ser preso. Passou mais de 350 noites no estrangeiro e gastou em dormidas cerca de 100 mil euros."

Aqui há gato

 Pedro Cruz, via Diário de Notícias

"A quatro dias do fim da campanha, os dados estão lançados e há pouco que ainda nos possa surpreender. A menos que haja, até sexta-feira, algum escândalo, erro colossal ou disparate sem nome.

A campanha acabou animalizada - o PAN agradece - e o último protagonista é Zé Albino, o gato de Rio, que passou a comentador e analista político. Desde o primeiro tweet de Rio, que revelou o que pensava o seu gato do estender de mão do PS ao PAN, que Zé Albino entrou na campanha e por lá permanece todos os dias, seja para exprimir o que sente o dono, seja para levar recados dos adversários.

Tem graça? Uma vez, até pode ter. Mas não deixa de ser triste o facto de um gato servir de pombo-correio, emissor e receptor de mensagens que são para nós e que, por via desta campanha, nos chegam através dos "humores" de Zé Albino.

Faltam sete dias para as eleições. O futuro que temos nas mãos é bem mais importante e decisivo do que andarmos a falar com um, e de um... gato."

Rui Rio: "e tem graça ainda por cima"...

Via JN, Helena Teixeira Da Silva 

"Rui Rio não é um homem do povo, como o povo diz. Mas sabe falar como o povo, tem via verde para o coração dos empresários e, para bem da sanidade do país, nunca usa um daqueles discos só com duas frases que, repetidas até à exaustão, não surtem outro efeito que não o do aborrecimento.

Rui Rio reinventou-se como candidato a primeiro-ministro, surgindo leve e fresco (até o gato Zé Albino conseguiu meter nos fait-divers do dia, bizarria que seria impensável há uns anos), em contraste com uma esquerda monocórdica, arriada e perdida. E tem uma oportunidade histórica para se reinventar também enquanto chefe de Governo, se lá chegar no domingo, se não persistir nos erros do passado que tornam inevitável a convivência com a perceção de que cultiva a falta de mundividência e o défice democrático.

Claro que ninguém muda quando não precisa, e a cultura e a liberdade de expressão, por mais difícil de acreditar que seja, não movem nem comovem o país, pelo que tirando a franja do costume ninguém lhe assacará responsabilidades. Rio diz dos artistas e da cultura o que nem Ventura ousa dizer dos ciganos. Por uma vez, era importante que desse o braço a torcer. Sem cultura e sem liberdade, o futuro de Portugal será sempre uma estrada demasiado estreita."

Paulo Ralha, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, ex-militante do PS, passa de candidato do Bloco de Esquerda em Braga a cabeça-de-lista do Chega em Coimbra.

É uma volta de 180 graus. O bloquista Paulo Ralha, conhecido por ter sido durante oito anos o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), vai ser o cabeça-de-lista do Chega no círculo eleitoral de Coimbra nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro.
Anteriormente, Ralha tinha fortes ligações ao Bloco de Esquerda, tendo sido candidato nas eleições legislativas de 2011 em quinto lugar na lista do círculo eleitoral de Braga (o sindicalista é natural de Barcelos, concelho do distrito de Braga). Além disso, foi militante do PS entre 2013 e 2019.
"Estamos a lutar para que o partido tenha uma votação histórica, quer afirmar-se como o terceiro maior partido português. É claro que dentro desse objetivo se conseguir ser eleito melhor ainda. Junta-se o útil ao agradável.

Foi agora acusado por parte da delegação de Lisboa do STI de ter gasto milhares de euros em “viagens fantasma”... 
Essa acusação não tem fundamento nenhum. Primeiro porque a direcção de Lisboa sempre foi uma opositora dentro do sindicato e não tem legitimidade nenhuma para agir em nome do sindicato. Em segundo lugar, já passaram dois anos desde que saí e as contas foram sempre aprovadas. Em termos legais tinham seis meses e seria a direcção nacional que teria legitimidade para avançar com um processo. 

Mas fez essas despesas? 
As contas foram sempre aprovadas e tive a oportunidade de provar que gastei sempre muito menos do que a direcção anterior. Por exemplo, quando entrei para o sindicato, os dirigentes anteriores ficavam um mês num hotel e pagavam dois, três mil euros por mês. Eu arrendei uma casa a pagar 700 euros. As deslocações? Morava em Braga."

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A cidade que fomos: Praça Velha

Paço de Maiorca: será possível o "milagre"?.. (2)

Ontem no OUTRA MARGEM, escrevemos.

Sexta e sábado, o Paço de Maiorca esteve de portas abertas, das 14H00 às 17H00. As visitas com cerca de meia hora de duração, destinaram-se a grupos com um número máximo de 10 pessoas. 

Para além dos técnicos de cultura da Câmara da Figueira da Foz, as visitas foram acompanhadas e supervisionadas por elementos do corpo dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz, “por razões de segurança” e cumprimento das normas sanitárias.
O edifício está devoluto e em degradação há vários anos. O actual presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, já garantiu que vai tratar da reabilitação do imóvel classificado. De resto, vem reiterando que a reabilitação e a preservação do património são duas das suas prioridades.
Todavia,  pelo que me pude aperceber no rescaldo da visita, existem dificuldades que se vão colocar à reabilitação do que foi edificado - e do que foi destruído
Se o acervo doado ao Paço está a salvo, bem como os azulejos removidos e o célebre papel oriental pintado, há muitas novas inserções de betão que aumentam a área útil do edifício, criação de pisos abaixo do nível edificado original que são uma fonte de instabilidade e infiltrações no edifício e a quase total destruição dos planos originais da casa pela remoção de paredes - alterações quase impossíveis de serem revertidas.  De lamentar ainda o abandono das zonas nobres da casa - a cozinha e a capela, eventualmente pré existências ao edifício do século XVII.
Vim de Maiorca ontem à tarde, naturalmente triste, chocado, desolado, revoltado e com a seguinte dúvida: no estado a que isto chegou, para além de fazer acontecer um milagre, o que fazer com o Paço de Maiorca e com que dinheiro?»
O Paço de Maiorca continua a ser notícia hoje. Ler para crer.
Via Diário as Beiras.
E via Diário de Coimbra.

Maria Archer, uma grande escritora que escreveu sobre a Cova, é homenageada hoje em Lisboa

Realiza-se hoje na Biblioteca Nacional um colóquio que marca as comemorações dos 40 anos da morte da autora de Ela é Apenas Mulher, uma voz insubmissa durante a ditadura do Estado Novo. 
Quarenta anos depois da sua morte, a escritora portuguesa Maria Archer (1899-1982), autora de Ela É Apenas Mulher, romance considerado escandaloso em 1944, mas também de Ida e Volta duma Caixa de Cigarros (1938) e de Casa Sem Pão (1947), censurados e apreendidos pela PIDE durante a ditadura do Estado Novo, além de vários livros sobre África, onde viveu, e de outros, como Os Últimos Dias do Fascismo Português, refectindo o seu trabalho como jornalista, tem um dia inteiro dedicado a si e à sua obra na Biblioteca Nacional de Portugal. 
O colóquio internacional Maria Archer: reflexos e reflexões, que tem entre os seus convidados investigadores de universidades portuguesas, brasileiras, espanholas, francesas e norte-americanas, acontece hoje no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa, a partir das 9h30. Tem entrada livre, sujeita a inscrição, e terá transmissão online via Zoom (o ID da reunião é 848 6544 3846 e a senha de acesso 096452). 
“Maria Archer terá o reconhecimento que ela merece”, diz ao jornal Público numa conversa telefónica a académica brasileira Elisabeth Battista, autora de Maria Archer — o legado de uma escritora viajante (Edições Colibri). É uma das convidadas deste colóquio que abordará as facetas fundamentais desta autora de romances, novelas, contos, crónicas, ensaios, peças de teatro e literatura infantil, sobre quem o crítico João Gaspar Simões escreveu em 1949: “Abram os olhos, Exmos. Senhores, têm diante de vós um escritor, porque os seus contos embora tenham sexo — nas observações que a denunciam e nos temas que tratam — não o tem: são portanto do sexo nobre, o primeiro sexo! […] Maria Archer afirma-se indiscutivelmente um dos nossos primeiros contistas e um grande escritor português!” (na crítica ao livro Há-de Haver uma Lei). 
No Portugal “provinciano e moralista dos anos ditadura fascista, com uma censura atenta às entrelinhas”, como escreveu Maria Teresa Horta no prefácio de Ela é Apenas Mulher, Maria Archer tinha uma “linguagem invulgarmente livre para a época”

OUTRA MARGEM, numa postagem de 18 de Agosto de 2015, referiu-se a Maria Archer nestes termos.
Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira, conhecida como Maria Archer (Lisboa, 4 de Janeiro de 1899 - Lisboa, 23 de Janeiro de 1982), foi uma escritora portuguesa.
Nascida em Lisboa, mudou-se para Moçambique com os pais e seus cinco irmãos em 1910. Só terminou a escola primária aos 16 anos, tendo para isso que insistir com seus pais, que achavam desnecessária a sua formação. A família voltou para Portugal em 1914, mas dois anos depois estava novamente na África, desta vez na Guiné-Bissau.
Em 1921, enquanto o seu pai regressava a Portugal, Maria Archer casou-se com o também português Alberto Teixeira Passos. O jovem casal fixou residência em Ibo. Cinco anos mais tarde, após o surgimento do Estado Novo e a crise subsequente, o marido perdeu o emprego num banco e os dois mudaram-se para Faro. Em 1931, divorciaram-se.
Separada, foi morar com os pais em Luanda, onde iniciou sua carreira literária. Publicou a novela Três Mulheres, num volume que continha também a aventura policial A Lenda e o Processo do Estranho Caso de Pauling, de António Pinto Quartin.
Voltou para Lisboa, onde iniciou um período de intensa actividade, produzindo obras sobre a sua vivência na África. Em 1945, aderiu ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), grupo de oposição ao regime salazarista. A partir daí as suas obras passaram a ser censuradas. O romance Casa Sem Pão (1947) foi apreendido. Sem condições de viver da sua produção intelectual, refugiou-se no Brasil, onde chegou em 15 de julho de 1955.
No exílio, colaborou com os jornais O Estado de S. Paulo, Semana Portuguesa e Portugal Democrático e na Revista Municipal de Lisboa (1939-1973). Alternou entre a literatura de temática africana e as obras de oposição à ditadura portuguesa. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista Portugal Colonial  (1931-1937).
Voltou para Portugal em 26 de Abril de 1979, internada na Mansão de Santa Maria de Marvila, em Lisboa, um asilo onde passou seus últimos três anos de vida.
Durante a vida, Maria Archer foi uma inconformista,  consciente das discriminações e das injustiças, em geral, e, em particular, das  que condicionavam o sexo feminino, numa sociedade  retrógrada e, como se diria em linguagem actual, "fundamentalista", em que o regime  impôs a regressão às doutrinas e práticas de um patriarcalismo ancestral.
A escrita, servida pelos dons de inteligência, de observação e de expressividade foi  para Maria Archer uma arma de combate  político. Como disse Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante"
É um combate em que a sua vida e a sua arte  se fundem - norteadas por um ostensivo  propósito de valorização dos valores femininos, de libertação da mulher e, com ela, da sociedade como um todo.
Ela é já uma Mulher livre num país ainda sem liberdade - coragem que lhe custou o preço de um longo exílio ...
Maria Archer é uma grande escritora E pode ser lida apenas como tal. Mas permite também diversas outras leituras.
Uma leitura sociológica, antropológica, política...
Ninguém como ela  escrutinou e caracterizou o pequeno mundo da sociedade portuguesa da primeira metade do século XX, das famílias, pobres ou ricas, decadentes ou ascendentes, aristocratas, burguesas, "povo" - todos  imersos na nebulosa de preconceitos de género e de classe, de vaidades, de ambições, de prepotências e temores...
"Aurea mediocritas", brandos costumes implacáveis... o mundo de contradições de um Estado velho, que se chamava Estado Novo.
Ou uma leitura feminista... 
Ninguém como ela conseguiu corroer essa imagem da "fada do lar", meticulosamente construída sobre a ideia falsa da harmonia de desiguais (em que, noutro plano, se baseava a ideologia corporativa do regime), da falsa brandura do autoritarismo e da subjugação no círculo pequeno da família como no mais alargado, o  do País. 
Maria Archer é uma retratista magistral da mulher e da sua circunstância... O rigor da narrativa, a densidade das personagens, a qualidade literária, só podiam agravar, aos olhos do regime, a força subversiva da  denúncia. Na crueza da palavra. Na nitidez do traço... 
O regime não gostou desses retratos femininos, como não gostava da Autora. Primeiro, tentou desqualificá-la, desvaloriza-la. Sintomática a opinião de um homem do regime, Franco Nogueira, que em contra-corrente , num texto com laivos misóginos,  a apresenta como apenas uma mulher a falar de coisa ligeiras e desinteressantes, (como o destino das mulheres....). 
Sintomático também que a crítica seja divulgada pela própria editora da romancista, a par de tantas outras, todas de sentido contrário.
Não tendo conseguido os seus intentos, o Poder passou à acção: os seus livros foram  apreendidos,  os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento... Maria Archer viu-se forçada a partir para o Brasil - uma última e infindável aventura de expatriação, de onde só viria, envelhecida e fragilizada, para morrer em Lisboa.
Mas o desterro não foi pena bastante! 
Teresa Horta, no prefácio da reedição de "Ela era apenas mulher" afirma que Maria Archer foi deliberadamente apagada da História. 

Elegância é uma palavra que quadra com Maria Archer. Caracteriza-a na maneira como pensou, como escreveu, como se vestiu e apresentou em sociedade, como viveu a vida inteira, até ao fim...
Ousou ser Maria Archer, sem pseudónimos...
Noutra postagem, esta de 24 de Agosto de 2015, OUTRA MARGEM, escreveu sobre a autora hoje homenageada em Lisboa. 
Recordar a Aldeia
imagem sacada daqui
Maria Archer, grande escritora, homenageada sábado passado, na Cova-Gala, em 1938 na  sua novela "Entre Duas Viagens" escrevia assim sobre nós. 
"No primeiro domingo de Janeiro faz-se na Cova a romaria anual a São Pedro, padroeiro dos pescadores. No extremo da povoação, num ermo desabrigado, ergue-se a pequena e humilde capela do santo. Em redor alongam-se as dunas cobertas de juncos, enquadradas pelo pinhal e pelo mar. S. Pedro, se viesse dos areais da Judéia, com as suas rústicas sandálias de caminheiro pobre, as suas barbas austeras, a face tostada pelo ar salgado, sentir-se-ia à vontade entre a gente da Cova e no seu agreste cenário de deserto ribeirinho".