"Completam-se
100 anos no próximo dia 30 que Joaquim Namorado nasceu em Alter do
Chão.
O
autor de Aviso à Navegação, Poesia Necessária, Incomodidade e
Zoo, faleceu em 29 de Dezembro de 1986.
É
sempre difícil falar de um amigo. Mais difícil se já não está
connosco. Mas, falar de Joaquim Namorado, é ser-se fiel ao que ele
acreditava, à Democracia e à Liberdade.
Recordar
o poeta é colocar uma pedra na muralha contra o obscurantismo e a
falsidade.
Será
dizer com ele que “O mabeco ladra longe...”, disparando, bem
directo, um pontapé no rabo do bicho. Joaquim Namorado,
o criador do termo neo-realismo, foi, acima de tudo, um
anti-fascista, que transpunha, por inteiro, para a poesia, a sua
concepção de vida, um eterno movimento, uma segura ironia, um apesar
de tudo optimismo responsável.
Quem
o conheceu, com o seu velho casaco de “tweed”, o boné aos
quadradinhos, saberia ter sido impossível que assim
não fosse.
Ao inaugurar na data do centenário do seu nascimento uma
mostra bio-bibliográfica, na Biblioteca Municipal a Figueira
homenageia e recorda um ex membro da sua Assembleia Municipal.
Recorde-se
que por deliberação da Câmara da Figueira da Foz foi criado o
Prémio Joaquim Namorado, na modalidade contos inéditos,
posteriormente silenciado. Mas o poeta bem sabia «As coisas são
provisórias»”.
Crónica
de António Augusto Menano, hoje no jornal AS BEIRAS
Em tempo.
|
Nesta fotografia de 29 de janeiro de 1983, sacada daqui, da esquerda para direita, estou eu,
o Dr. Joaquim Namorado, o Dr. Pedro Biscaia, o Alexandre Campos e a minha filha Joana.
|
Nos
dias 28 e 29 de Janeiro de 1983, por iniciativa do jornal Barca
Nova,
a Figueira prestou uma significativa Homenagem ao Dr. Joaquim Namorado, que constituiu um
acontecimento nacional de relevante envergadura, onde participaram
vultos eminentes da cultura e da democracia portuguesa.
Na
sequência dessa homenagem, a Câmara Municipal da Figueira, durante
anos, teve um prémio literário, que alcançou grande prestígio a
nível nacional.
Santana
Lopes, quando passou pela Figueira, como Presidente de Câmara,
decidiu acabar com o “Prémio do Conto Joaquim Namorado”.
A
memória individual é desejável e necessária.
Aquilo
que se passou - o passado realmente acontecido - é o que resta na
nossa memória.
Poder-se-á
então definir a nossa história, como uma busca pelo auto
conhecimento, tanto a nível individual como colectivo.
A fotografia acima, que eu tinha perdido e recuperei, graças ao meu Amigo
Pedro Biscaia, foi tirada antes do Almoço de Confraternização
ao Poeta
da Incomodidade,
que decorreu no dia 29 de Janeiro de 1983 nas instalações do Cais
Comercial da Figueira da Foz.
Este
almoço, fez parte de um programa vasto de uma Homenagem promovida
pelo extinto semanário Barca Nova a Joaquim
Namorado e ao Neo-Realismo.
Esse
evento, que trouxe à Figueira, na altura, vultos eminentes da
Democracia e da Cultura do nosso País, penso que ainda estará na
memória de muitos figueirenses – e não só.
É
uma memória de que tenho orgulho.
O
Barca Nova, um modesto semanário de província, onde na altura eu
era chefe de redacção, cumpriu um dever de cidadania, pois ao
homenagear o Dr.
JOAQUIM NAMORADO e
o Neo-realismo, marcou à época a vida cultural, na Figueira e no
País.
Tal,
no entanto, só foi possível, diga-se em abono da verdade, graças
ao talento, à genialidade, à utopia e à capacidade de ver sempre
mais além e de sonhar de um grande figueirense e grande jornalista,
entretanto já falecido, que quem manda na Figueira esqueceu: JOSÉ
FERNANDES MARTINS.