"Robles ao fundo e Bloco a esbracejar"
"Ainda não se sabe tudo sobre o negócio da aquisição e renovação do imóvel de Alfama por Ricardo Robles e a irmã. Mas, do que se sabe, tenho a dizer o seguinte:
Ricardo Robles, a não haver qualquer favorecimento na aquisição do prédio, fez tudo bem, de um ponto de vista suprapartidário, até se ter apercebido de que a sua militância no Bloco de Esquerda era incompatível com um lucro de milhões proveniente da prática da especulação imobiliária, que o Bloco tanto critica. A partir do momento em que suspendeu a venda com receio das críticas, fez tudo mal. Por outro lado, “fazendo tudo bem” e mantendo a intenção de venda, ainda por cima com promoção da Christie’s, só lhe restaria abandonar o Bloco e, livre, continuar a renovar a cidade e perder o preconceito contra o lucro.
Vejamos: lê-se hoje que, segundo a descrição da agência promotora, o edifício renovado é composto por 11 apartamentos pequenos, tão pequenos que a sua maioria tem a área de quartos, o que não tem nada de mal em si, mas indica que o destino do imóvel era mesmo o aluguer para alojamento local (outra prática que o Bloco considera já ter ido longe demais). Dizer que a irmã tinha planeado vir morar para o edifício não é, por isso, muito credível. Vinha habitar um T0 com 41 m2, o maior dos 11 anunciados? Sei não. Enfim, e o empréstimo pedido à Caixa, como será pago tendo em conta a nova intenção declarada de alugar os apartamentos para habitação? Que contrato ou acordo haverá com a Caixa? Evidentemente, eu não tenho nada com isso. A família pode ser rica e seguramente Robles não vai andar a roubar para cumprir os seus compromissos. Mas pagar cerca de 300 ou 400 mil euros à Caixa não vai ser fácil sem a venda lucrativa do imóvel. Digo eu.
A dor de consciência ficou, pois, aqui muito mal (porque “o mal já estava feito”, ou seja, já nada apaga a tranquilidade com que Robles se dispunha a ganhar 2 milhões, como tantos investidores imobiliários fazem hoje em dia, para bem da recuperação do casario antigo e contra os “princípios” do Bloco) e cria certamente sarilhos vários. Agora resta-lhe descalçar esta bota, mas terá que ser mais criativo nessa tarefa, porque as explicações dadas ontem foram algo risíveis. Não foi ele, foi a irmã? Não era uma venda directa, era por uma agência? Não foi ele que fixou o preço de venda, foi a agência? Que balelas são estas? A Mariana Mortágua, ontem, na SIC N, foi arrasada, e bem, pelo Adolfo Mesquita Nunes."
Nota de rodapé.
Há 2 dias, aqui neste OUTRA MARGEM, tinha escrito mais ou menos o mesmo, mas por muito menos palavras e por outras palavras.
Bem vistas as coisas, a acompanhante de luxo podia ser psicóloga.
E o especulador imobiliário podia ser um político do PSD...
Portanto, continua tudo em Lisboa, como em Abrantes ou na Figueira.
Os lisboetas continuam "a precisar de uma Câmara amiga das pessoas e não dos especuladores".
Continua a "não ser possível repovoar o centro de Lisboa (ou de Abrantes ou da Figueira...) quando a esmagadora maioria das intervenções de reabilitação urbana é para hotéis de luxo ou premeia a especulação imobiliária, o que agrava o valor das rendas".
E, pelos vistos, não "é na vereação que a presença do Bloco pode desequilibrar a relação de forças no executivo a favor dos lisboetas (ou dos abrantinos, ou dos figueirenses...) em vez dos especuladores. Vamos lutar por isso".
Isto, porque não suporto a "hipocrisia e o cinismo", quer seja de direita (...é muita hipocrisia a direita querer acusar a esquerda de ser anti-democrática. Se dependesse da direita, ainda viveríamos num mundo onde a maioria esmagadora da população estaria excluída da política, e os direitos sociais seriam esmola aos pobres na forma de "caridade cristã"...), da esquerda moderada (... não basta afirmar que se tem as preocupações sociais da esquerda...), da esquerda ortodoxa (... a mesma globalização que assegurou que as economias crescessem juntas, nos bons tempos, assegurou que se afundassem juntas, com uma velocidade sem paralelo, na borrasca, cujo fim não está à vista...) ou da esquerda caviar (...não basta reconhecer que a decisão da venda do prédio de Ricardo Robles e da irmã por um valor muito superior ao da compra não se encaixa nos princípios defendidos pelo BE e continuar a defender o vereador bloquista de Lisboa...)...
"Ainda não se sabe tudo sobre o negócio da aquisição e renovação do imóvel de Alfama por Ricardo Robles e a irmã. Mas, do que se sabe, tenho a dizer o seguinte:
Ricardo Robles, a não haver qualquer favorecimento na aquisição do prédio, fez tudo bem, de um ponto de vista suprapartidário, até se ter apercebido de que a sua militância no Bloco de Esquerda era incompatível com um lucro de milhões proveniente da prática da especulação imobiliária, que o Bloco tanto critica. A partir do momento em que suspendeu a venda com receio das críticas, fez tudo mal. Por outro lado, “fazendo tudo bem” e mantendo a intenção de venda, ainda por cima com promoção da Christie’s, só lhe restaria abandonar o Bloco e, livre, continuar a renovar a cidade e perder o preconceito contra o lucro.
Vejamos: lê-se hoje que, segundo a descrição da agência promotora, o edifício renovado é composto por 11 apartamentos pequenos, tão pequenos que a sua maioria tem a área de quartos, o que não tem nada de mal em si, mas indica que o destino do imóvel era mesmo o aluguer para alojamento local (outra prática que o Bloco considera já ter ido longe demais). Dizer que a irmã tinha planeado vir morar para o edifício não é, por isso, muito credível. Vinha habitar um T0 com 41 m2, o maior dos 11 anunciados? Sei não. Enfim, e o empréstimo pedido à Caixa, como será pago tendo em conta a nova intenção declarada de alugar os apartamentos para habitação? Que contrato ou acordo haverá com a Caixa? Evidentemente, eu não tenho nada com isso. A família pode ser rica e seguramente Robles não vai andar a roubar para cumprir os seus compromissos. Mas pagar cerca de 300 ou 400 mil euros à Caixa não vai ser fácil sem a venda lucrativa do imóvel. Digo eu.
A dor de consciência ficou, pois, aqui muito mal (porque “o mal já estava feito”, ou seja, já nada apaga a tranquilidade com que Robles se dispunha a ganhar 2 milhões, como tantos investidores imobiliários fazem hoje em dia, para bem da recuperação do casario antigo e contra os “princípios” do Bloco) e cria certamente sarilhos vários. Agora resta-lhe descalçar esta bota, mas terá que ser mais criativo nessa tarefa, porque as explicações dadas ontem foram algo risíveis. Não foi ele, foi a irmã? Não era uma venda directa, era por uma agência? Não foi ele que fixou o preço de venda, foi a agência? Que balelas são estas? A Mariana Mortágua, ontem, na SIC N, foi arrasada, e bem, pelo Adolfo Mesquita Nunes."
Nota de rodapé.
Há 2 dias, aqui neste OUTRA MARGEM, tinha escrito mais ou menos o mesmo, mas por muito menos palavras e por outras palavras.
Bem vistas as coisas, a acompanhante de luxo podia ser psicóloga.
E o especulador imobiliário podia ser um político do PSD...
Portanto, continua tudo em Lisboa, como em Abrantes ou na Figueira.
Os lisboetas continuam "a precisar de uma Câmara amiga das pessoas e não dos especuladores".
Continua a "não ser possível repovoar o centro de Lisboa (ou de Abrantes ou da Figueira...) quando a esmagadora maioria das intervenções de reabilitação urbana é para hotéis de luxo ou premeia a especulação imobiliária, o que agrava o valor das rendas".
E, pelos vistos, não "é na vereação que a presença do Bloco pode desequilibrar a relação de forças no executivo a favor dos lisboetas (ou dos abrantinos, ou dos figueirenses...) em vez dos especuladores. Vamos lutar por isso".
Isto, porque não suporto a "hipocrisia e o cinismo", quer seja de direita (...é muita hipocrisia a direita querer acusar a esquerda de ser anti-democrática. Se dependesse da direita, ainda viveríamos num mundo onde a maioria esmagadora da população estaria excluída da política, e os direitos sociais seriam esmola aos pobres na forma de "caridade cristã"...), da esquerda moderada (... não basta afirmar que se tem as preocupações sociais da esquerda...), da esquerda ortodoxa (... a mesma globalização que assegurou que as economias crescessem juntas, nos bons tempos, assegurou que se afundassem juntas, com uma velocidade sem paralelo, na borrasca, cujo fim não está à vista...) ou da esquerda caviar (...não basta reconhecer que a decisão da venda do prédio de Ricardo Robles e da irmã por um valor muito superior ao da compra não se encaixa nos princípios defendidos pelo BE e continuar a defender o vereador bloquista de Lisboa...)...