segunda-feira, 1 de abril de 2024

Habitação - uma ideia política

 Imagem sacada daqui.

Hotel para pássaros em Amesterdão.

Faltam médicos nas extensões de saúde de Vila Verde, Bom Sucesso, Quiaios e Marinha das Onda

 Via Diário as Beiras

Porque há muita falta de memória...

Estamos no primeiro dia do mês de Abril, 50 anos depois.
Para que possam saber o que foi realmente o 25 de Abril, há um livrinho ilustrado muito útil e elucidativo chamado O Meu Primeiro 25 de Abril, da autoria de José Jorge Letria e com ilustrações de Helder Teixeira Peleja. O ilustrador já nasceu em Democracia (em 1978). O autor do texto, em 1974 era jornalista e cantautor e viveu com grande emoção esses dias de alegria na cidade de Lisboa ao lado de pessoas como Zeca Afonso. Este livro conta como tudo aconteceu. 
Neste tempo, de que parece que já existe muita falta de memória (estou farto de encontrar gente que não faz a mínima ideia do que foi um dia tão importante para Portugal como o 25 de Abril de 1974), talvez não seja má ideia ler este livro.
Palavras de José Jorge Letria num almoço com a mãe, em Cascais, no dia 24 de Abril de 1974 e reproduzidas neste livro.
“Mãe, amanhã fique em casa, não vá às compras e vá sempre ouvindo rádio. Eu sei o que vai acontecer e estou seguro.” 

Imagem via jornal Público

sábado, 30 de março de 2024

Custo dos contribuintes com a banca dava para pagar mais um Plano de Recuperação e Resiliência

Lugares-comuns, duplicidades, agendas escondidas no contínuo político-mediático

 José Pacheco Pereira no jornal Público

«Duplicidade – A duplicidade é o mais perverso processo em curso. Até à queda do Governo do PS, o silêncio era falta de transparência, agora é recato. Se este Governo fosse do PS, havia um clamor sobre um “governo de partido”, que “não se abriria à sociedade”, feito a partir do aparelho partidário, em que a tão elogiada “experiência política” seria vista como uma coisa negativa, etc., etc.»

Para ler o artigo na íntegra clicar aqui.

Da série, quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga... (IV)

 O poder brilha

"O investimento de milhões do dono da polaca eurocash, Luís Amaral, no observador e no menos liberdade está a começar a pagar: os liberais até dizer chega estão neste Governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos. Não há mesmo almoços grátis na luta político-ideológica. 
O menos liberdade tem por referência apoiantes de Mussolini e de Pinochet, como Mises, Hayek ou Friedman. Isso é suficiente para Luís Aguiar-Conraria, com o rigor que se lhe conhece, apodar Fernando Alexandre, membro da sua direção, de social-democrata. Ignorância ou desonestidade intelectual? 
Sendo estudioso de Mises, Hayek e Friedman, considero a qualidade intelectual relativamente independente do posicionamento político-ideológico, mas daí a chamar Fernando Alexandre de “académico brilhante”, como faz o Diretor do Público, vai uma grande distância, até porque tem tido muitos afazeres fora da academia, das polícias aos aeroportos. Dou dois exemplos da distância. 
Em primeiro lugar, mobilizo o estudo de que Alexandre e Conraria foram coautores para a Associação Portuguesa de Seguradores e onde advogam a privatização da segurança social, o que é muito social-democrata, como se sabe. Esqueceram-se aí de dois pormenores da melhor teoria económica prática: é o investimento que determina a poupança e não o contrário, estando o primeiro dependente das expectativas de vendas; o sistema de pensões por capitalização, como o de repartição, distribui em cada momento entre quem está no ativo e quem não está. Não há almoços grátis, mas nos almoços servidos por capitalização só restam ossos para os reformados, já que a carne foi comida pela finança. Da Argentina à Polónia, esta experiência neoliberal tem sido revertida, mas isso não impede Alexandre e companhia de tentarem. Os cortes nas pensões são um meio.
Em segundo lugar, lembro que Alexandre esteve no Tudo é Economia, onde debatia semanalmente com Ricardo Paes Mamede. A sua prestação era de tal forma penosa que teve de encontrar um pretexto para sair do programa, sendo substituído pelo mais capaz Ricardo Arroja. A maioria dos neoliberais não se aguenta num debate em igualdade de circunstâncias. Daí terem necessidade de monopolizar a comunicação social, no que contam com a colaboração dos proprietários. 
Enfim, Alexandre, pela sua ligação aos interesses capitalistas, tem poder anti-social-democrata. Poder não é brilhantismo, embora brilhe."

Jesus morreu pelos pecados de alguém...

 Ímagem sacada daqui

Já que o linguajar do Chega é este, falemos "da escolha pró-Kremlin de André Ventura"

Imagem via jornal Público

Texto via Aventar

"André Ventura escolheu António Tânger Corrêa para cabeça de lista do seu partido às Europeias de Junho.

Trata-se de um antigo diplomata, com um histórico que inclui o recebimento de “prendas” em funções – uma delas foi um veleiro, não estamos a falar de caixas de robalos – e a gestão irregular das finanças da Embaixada Portuguesa em Vilnius, que Ventura foi buscar ao “sistema” que diz combater.
Mas o mais interessante aqui não é mais esta prova provada da desonestidade da narrativa do partido de André Ventura. É o facto de Tânger Correia ter subscrito a teoria de que os responsáveis da invasão russa da Ucrânia são… os ucranianos.
Sendo conhecedor das posições de Tânger Correia sobre a invasão da Ucrânia, alinhadas com a narrativa do Kremlin, André Ventura não hesitou na sua escolha. Isto num quadro em que a situação actual na Ucrânia representa uma das principais ameaças existenciais à sobrevivência da UE.
A outra ameaça é o próprio grupo parlamentar de Ventura em Bruxelas, que congrega a ala dura dos eurocépticos, alinhados com o trumpismo isolacionista, que pretende deixar a Ucrânia à sua sorte e, por conseguinte, o Báltico e os Balcãs em pânico.
Estranhamente, a imprensa que Ventura acusa de perseguir o seu partido não o confronta com estes factos. Dá uma entrevista por dia e não há um jornalista que tenha a coragem de lhe perguntar se está alinhado com a sua família política europeia na cruzada pela destruição da União Europeia.
Uma vítima do sistema, coitado."

Dias 6 e 7 de Abril, o Município da Figueira da Foz celebra o Dia Nacional dos Moinhos e o Dia dos Moinhos Abertos no Núcleo Molinológico de Moinhos da Gândara

 Via Diário as Beiras

sexta-feira, 29 de março de 2024

“Já chega de Chega”: o condicionamento em relação ao partido de Ventura “tem de acabar”

Podcast Miguel Sousa Tavares

Da série, quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga... (III)

Retrocesso na política de habitação

"Os programas eleitorais da direita - da AD ao Chega, passando pela IL - relevaram, como seria de esperar, uma ampla convergência em matéria de habitação. Partindo da tese simplista de que a crise se resume a uma mera «falta de casas» e de que apenas é necessário deixar o mercado funcionar, propõe-se que o Estado providencie apoios e mobilize o seu património para alimentar parcerias com privados, removendo ao mesmo tempo os incipientes mecanismos de regulação, tanto do lado da oferta como da procura.

Não surpreende, por isso, que os especuladores (pois é de especulação que se trata) tenha manifestado a sua confiança em Montenegro para retomar os Vistos Gold e o regime de Residentes Não Habituais, a par do recuo nas restrições ao Alojamento Local. Isto é, confiança no regresso a fatores que, entre outros, contribuíram para o aumento vertiginoso do preço das casas, para valores cada vez mais desfasados dos rendimentos das famílias.

A direita continua, portanto, a ignorar que a crise de habitação resulta do surgimento de novas formas de procura, relacionadas com o investimento imobiliário nacional e internacional, a par dos impactos da intensificação do turismo, que alteraram profundamente a relação convencional entre alojamentos e famílias residentes. A qual, de resto, praticamente não se alterou em termos de volume, tanto num como noutro caso, ao longo da última década.

Assim, com os interesses do imobiliário especulativo devidamente representados no novo governo, de forma direta na Habitação e indiretamente na Justiça, a par das esperadas pressões no mesmo sentido por parte da IL e do Chega, bem podemos esperar o pior. Não só se interrompe o caminho apesar de tudo já feito em matéria de regulação - indispensável para lidar com a natureza da atual crise habitacional - como se dão passos atrás, reforçando a aposta nas lógicas de capitalismo imobiliário puro e duro."

Já que o linguajar do Chega é este, falemos de "canalhas"... (III)

Via Provas de Contacto

Ana Freitas (tal como, antes, Rosa Oliveira Pinto) ensina a lidar com (citando um ex-capo do gang) "verdadeiros canalhas e mentirosos compulsivos"

Da série, quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga... (II)

Segurem-se. Anti-Rangel.

"Entre julho de 2014 e julho de 2018, o empreendedor Paulo Rangel ficou num honroso décimo segundo lugar no ranking dos eurodeputados que mais dinheiro ganharam fora do Parlamento Europeu: foram centenas de milhares de euros na advocacia de negócios e no comentário mais trauliteiro da televisão. Este legitimador do genocídio do povo palestiniano, especializou-se em campanhas contra o país, em Bruxelas e não só. Agora, no Governo, serão muito mais os negócios estrangeiros a que se poderá dedicar."

Já que o linguajar do Chega é este, falemos de "tachos"...

Vivemos tempos estranhos e difíceis. Como deixámos escrito ontem numa postagemem Portugal, a actualidade já não é marcada pelo salto do homem para o vazio, mas pela tentativa de conseguir colocar o vazio dentro do homem...

"PSD aprovou nome do Chega, Diogo Pacheco de Amorim, para vice-presidente.

Imagem via Expresso

O Chega acusou o PS e o PSD de proporcionarem "tachos" na Assembleia da República. Rui Tavares, líder do Livre, garante que o partido de André Ventura também tem "tachos" e que eram "muito desejados".

Depois de ter sido chumbado na anterior legislatura, Diogo Pacheco de Amorim tornou-se agora no primeiro vice-presidente da Assembleia da República eleito pelo Chega. Para chegar ao cargo, Pacheco de Amorim conseguiu os votos de 129. deputados, o que inclui a esmagadora maioria dos da bancada do PSD e CDS, além dos previsíveis 50 votos do Chega. Menos um, pelo menos, partindo do pressuposto que ninguém fora destas bancadas o votou favoravelmente: é que a soma destas bancadas é de 130 deputados.

"A chegada do Chega aos tachos era inevitável e muito desejada. Ou deixam de ser tachos quando são os dele?"

Foi o vice-presidente da ACIFF para o sector do Turismo que o afirmou

 Via Diário as Beiras

Pelas freguesias de Ferreira-a-Nova e Alqueidão

 Via Diário as Beiras

Quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga...

Segurem-se. Anti-Alexandre.

"Fernando Alexandre, Ministro da Educação, Ciência e Inovação, é o rosto da desvalorização da Ciência e Ensino Superior, que deixa de ter Ministério. Será o rosto da desvalorização da educação, da escola pública, podeis ter a certeza, se esta gente tiver alguma margem de manobra.

Membro do cortejo fúnebre da economia portuguesa, coautor de um estudo para a Associação Portuguesa de Seguros, onde defendeu a privatização da segurança social, é um dos dirigentes do menos liberdade, o stink-tank dos liberais até dizer chega, com financiamento milionário (na foto a direção). Alexandre está em todo o lado, os interesses estão em todo o lado, até na comissão técnica independente do aeroporto, vejam lá.

Polivalente, foi secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna no Governo de Passos Coelho, tendo saído em circunstâncias misteriosas. Menos Estado social, mais Estado penal, já se sabe.

O seu colega do menos liberdade, Pedro Santa Clara, terá um aliado de peso no topo do Ministério. Servirá para todas as engenharias de destruição da escola pública, em modo PPPs, como defendeu ontem. O recuo de 5 milhões de Moedas em Lisboa, será agora, aposto, avanço em todo o país. Haverá muitos mais milhões para estes neoliberais brincarem ao capitalismo educativo, incluindo a aposta na destruição da integridade que resta nas instituições de ciência. 

Os sindicatos, os cientistas, os estudantes e não só têm de estar mesmo vigilantes desde o primeiro dia."

Continuem a segurar-se. Anti-Sarmento.
"Repesco um texto para recordar o viés anti-laboral de Joaquim Miranda Sarmento, o novo Ministro do Estado e das Finanças, e o seu desamor pelos factos básicos da economia sempre política.


Tendo 1999 como ano de referência, usando dados da Ameco, concretizando-se as previsões do Governo e, a partir delas, fazendo estes cálculos, no fim de 2024 a produtividade terá crescido 23,9% e os salários reais apenas 11,9%. A reversão desta injusta e economicamente perversa transferência de riqueza do trabalho para o capital está tão longe de acontecer que, no gráfico, acima, não se avista. 

Repetindo-me, se os salários reais aumentam, ou não, na mesma proporção da produtividade, depende da forma como evolui o conflito distributivo, da força relativa objetiva dos seus atores e da sua determinação volitiva, das circunstâncias políticas e institucionais de cada momento histórico. 

Com esta realidade socioeconómica em mãos, o PSD não se coibiu, contudo, de mais um eco patronal e, pela voz de Joaquim Miranda Sarmento, de se juntar ao indecoroso coro dos que, ignorando, descarada e demagogicamente, os factos apregoam que o “aumento dos salários depende da produtividade”. 

Conversa típica de uma certa direita que dispensa factos porque possui abundante financiamento para produzir a sua própria ‘verdade’ e controlar as, mal, chamadas redes sociais, assegurando a sua massiva disseminação. 

Como se sabe e se tem aqui recordado, o valor do PIB varia anualmente de acordo com as quantidades produzidas por trabalhador (produtividade) e com o seu preço (deflator do PIB/inflação). 

Assim sendo, manter constante o peso dos salários no PIB implica que estes salários sejam atualizados também de acordo com aquelas duas variáveis, produtividade e inflação. Ou seja, a variações de PIB nominal por trabalhador devem corresponder iguais variações de retribuição nominal por trabalhador. 

Em alternativa, com igual resultado, podem deflacionar-se simultaneamente PIB e salários, ou seja, expurgar estas variáveis do efeito da inflação, obtendo-se assim PIB real por trabalhador (produtividade) e remuneração real por trabalhador, variáveis que também têm de evoluir de modo igual para que o peso dos salários no PIB se mantenha. 

Quando, no fim do século passado, o país renunciou à sua soberania monetária (e consequentemente, também à orçamental) e aceitou um, passe a repetição, quadro regulatório neoliberal e pós democrático que, de modo automático, quando não passivamente golpista, impõe um ajustamento regressivo, o peso da remuneração ajustada do trabalho no PIB situava-se em cerca de 60%. 

A partir dali,  acompanhando, é certo, um padrão que se generalizou nas economias capitalistas mais desenvolvidas, a parcela de riqueza produzida no país e usada para remunerar o trabalho diminuiu fortemente e alcançou o seu valor mais baixo deste século, 51%, em 2016. Em 2023, o governo assume, implicitamente, que esta variável se situa nos 53,4% e prevê 54% para o fim de 2024.

Nessa altura, no fim de 2024, estarão ainda por recuperar 6 dos 9 pontos percentuais que o peso das remunerações (ajustadas) do trabalho no PIB perdeu desde a transição de milénio. 

Desmontar propaganda, questionar os termos da participação nacional na distopia que revelou ser a zona Euro, derrotar a direita e a extrema-direita, robustecer a esquerda à esquerda do PS. Nos próximos tempos, a meu ver, é disto que, essencialmente, vai depender uma evolução salarial justa no nosso país, uma evolução que garanta a justa repartição do rendimento entre trabalho e capital."