domingo, 17 de abril de 2022

ACADÉMICA/OAF vai conseguir despertar para a realidade e acordar para a vida?

"A razão profunda da descida de divisão é muito simples de explicar: a Briosa não sabe o que é nem o que quer ser." - Mário Martins

Desviem as areias...

A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia, edição de Março de 2022

Se há coisa com que lido mal é com acidentes no mar. Sou filho, neto e bisneto de pescadores. Estas tragédias tocam-me profundamente. Tenho antepassados que tiveram o mar como sepultura eterna.


Naufrágios na barra da Figueira aconteceram muitos nos últimos 12 anos. Entre eles, o mais presente na memória das pessoas, foi o ocorrido no dia 6 do mês de Outubro de 2015. A Figueira da Foz ficou de luto. Ao final desse dia negro para a nossa comunidade piscatória, o arrastão Olívia Ribau afundou-se à entrada da barra e levou consigo cinco vidas. 


Porém, entre os inúmeros acidentes que ocorreram `na barra da Figueira, depois do acrescento dos 400 metros do molhe norte, destaco o que aconteceu em 25 de Outubro de 2013. O barco naufragado foi o "Jesus dos Navegantes". Registaram-se 4 mortos numa tripulação de 7 homens.

Passados pouco mais de 2 anos, em 21 de Dezembro de 2015, o Estado português, via Tribunal de Coimbra, condenou o Mestre Francisco Fortunato a uma pena suspensa de dois anos e seis meses de prisão.  O Homem do Mar foi acusado pelo Ministério Público do Estado Português de quatro crimes de "homicídio por negligência", por não ter cumprido a "Carta Náutica"… Não ter tido conhecimento de um "edital"… E não ter mandado vestir coletes e descalçar botas.

Mas será que "a forma como a barra do porto da Figueira da Foz foi construída não poderá ter ajudado ao naufrágio da Jesus dos Navegantes"? Essa foi, pelo menos, a tese do falecido mestre José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

A obra do acrescento dos 400 metros no molhe norte, iniciou-se em 2008 e ficou pronta em 2010. A partir desse ano começou a alterar as condições da deriva sedimentar. Com o tempo acumulou as areias (até começarem mesmo a contornar a cabeça do molhe norte…), e esse acrescido assoreamento levou ao consequente alteamento das vagas nessa zona. Dada a pouca profundidade existente na ponta do molhe norte, o mar parte o mar nesse local, o que torna difícil as entradas e saídas aos pequenos de pesca e iates.

Exactamente no mesmo local - barra do porto da Figueira da Foz - depois da obra, em 26.10.2010, 20.01.2012, 10.04.2013 e 25.06.2013, aconteceram outros quatro  naufrágios, com três mortos. Depois  do acidente  com o "Jesus dos Navegantes" em 25.10.2013 com quatro  mortos, aconteceu o naufrágio do Olívia Ribau (e outros estiveram iminentes) com mais cinco mortos. Em Novembro passado, os graves problemas de segurança da barra da Figueira da Foz, com o assoreamento que torna o mar violento e traiçoeiro,  provocaram mais uma tragédia naquele local. Quatro amigos, pescadores amadores, morreram após a embarcação onde seguiam, a ‘Seberino II’, ter virado e naufragado entre as praias do Hospital e da Cova, a sul da barra.

Para quando a realização de um inquérito - a sério - à operacionalidade da barra depois das obras do prolongamento dos 400 metros do molhe norte?

No passado dia 10, perto da embocadura da barra da Figueira, o mar virou a lancha dos pilotos, que iam dar entrada a um navio que vinha com destino ao porto comercial para carregar argila. No acidente houve a registar 2 feridos e danos na embarcação utilizada pelos pilotos da barra da Figueira. Segundo o que li no Diário de Coimbra, "à situação não foi alheio o assoreamento". 

O velho problema de conseguir assegurar a manutenção desassoreada de uma instalação portuária  destinada também a barcos pequenos, de pesca e de recreio e não apenas a cargueiros continua. O acidente com os pilotos da barra confirma isso mesmo. Se há alguém que conhece a barra como as próprias mãos, são os profissionais que todos os dias operam na barra da Figueira e estão sujeitos a cumprir todas as regras e procedimentos instituídos na "carta Náutica".

Como certamente estão lembrados, 2021 foi ano de eleições autárquicas. Aconteceram a 26 de Setembro. O Governo, quiçá por mera coincidência, antecipou a divulgação pública do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para Setembro de 2021.  O documento foi apresentado no dia 12 de Agosto de 2021: esse foi o tempo considerado certo para anunciar o estudo de viabilidade do bypass. 

Continuamos a aguardar pelo tempo certo para o transformar em projecto... E, depois, em realidade. Recorde-se que o estudo do bypass, que custou 264 mil euros, foi adiado durante anos. Contudo, mais vale tarde do que nunca. Em 12 de Agosto, a  pouco mais de um mês da realização das eleições de 26 de Setembro de 2021, o ministro do Ambiente assumiu que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada. 

“Avaliada esta solução (da transferência de areias) não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, disse à agência Lusa João Pedro Matos Fernandes.

O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado na manhã de 12 de Agosto de 2021 pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avaliou quatro soluções distintas de transposição de areias e concluiu, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.

O estudo situa o investimento inicial com a construção do by pass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros. “Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, (a operação) possa ser financiada”, disse o ministro.

O sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz, será o primeiro em Portugal e idêntico a um outro instalado na Costa de Ouro (Gold Coast) australiana. É constituído por um pontão, com vários pontos de bombagem fixa que sugam areia e água a norte e as fazem passar para a margem sul por uma tubagem instalada por debaixo do leito do rio Mondego. A tubagem estende-se, depois, para sul, com vários pontos de saída dos sedimentos recolhidos, que serão depositados directamente nas praias afectadas pela erosão.

A opção de avançar para a construção de um bypass era em Agosto de 2021, para o então presidente da Câmara da Figueira da Foz, Dr. Carlos Monteiro, uma solução que permitia “tranquilidade e esperança a quem usa o porto comercial, a quem usa o porto de pesca e à população da margem sul da Figueira da Foz”. Carlos Monteiro, na altura, disse que uma proposta a longo prazo “não é frequente” em Portugal e agradeceu ao ministro do Ambiente, Matos Fernandes, por aquilo que considerou ser um gesto com “visão”.

Carlos Monteiro solicitou que o estudo  apresentado fosse “avaliado o mais depressa possível” e que o projecto “fosse desenvolvido”. Mas disse esperar, “fundamentalmente, que tenha a maturidade necessária para ser inscrito no Quadro Comunitário [Portugal] 2030. Atendendo aos valores, acredito que possa e deva ser”. 

Também na altura, o arquitecto Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, se manifestou agradado com a decisão de se optar pelo bypass. “Agora temos uma responsabilidade de contribuir para que seja bem feito. Há uma série de dúvidas, estamos a trabalhar em coisas que já deram provas de funcionamento, o sistema australiano funciona há mais de duas décadas, mas há sempre dúvidas sobre os impactes”, notou.

O ministro do Ambiente recordou a primeira vez que ouviu falar “ao vivo” da hipótese do bypass na Figueira da Foz e lembrou o “ar zangado” do arquicteto “cheio de certezas absolutas”, quando o movimento protestava, em 2019, pela construção do sistema fixo. “Agradeço ao SOS Cabedelo, a forma, muito para além de reivindicativa, mas técnica, com que nos entusiasmou a chegar aqui”, frisou Matos Fernandes.

Passaram sete meses. Espero, sinceramente, que tudo tenha sido mais do que uma mera tentativa de jogada de propaganda eleitoral. 

"Há muitos anos que, para mim, a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem e que o processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.

Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova. Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial..."

Escrevemos o que está entre comas, no blogue OUTRA MARGEM em 11 de Dezembro de 2006. Passados quase 16 anos, infelizmente, continua actual. Depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do Mondego tem avançado. A barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores. A Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. A pesca está a definhar. Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...

O Dr. Santana Lopes é agora o novo presidente de câmara. É ele que tem que perceber e saber  lidar  com as as consequências das diferentes dinâmicas que construíram  e desconstruíram a orla costeira no concelho da Figueira da Foz. "Um sistema complexo com uma instabilidade natural (decorrente de marés, das correntes, dos fenómenos meteorológicos, das derivas de sedimentos) mas também decorrente da acção humana, salientando-se aqui a interferência da barra do porto marítimo da Figueira da Foz e do seu prolongamento". 

O impacto ambiental causado pelo crescimento dos molhes  - uma infraestrutura que inibe a deriva de sedimentos acumulados na praia da Figueira da Foz (seguramente a maior praia da Europa) acelerou a erosão da costa a sul, colocou ao território do nosso concelho desafios que têm de ser defrontados com responsabilidade e ousadia. 

As soluções, ao que parece existem. A proposta do bypass - um sistema mecânico de bombagem permanente de areias que permitam restabelecer em grande parte a dinâmica dos sedimentos que alimentam a costa, já foi assumida pelo ainda ministro do Ambiente como a mais indicada. 

Se a situação foi estudada e a solução encontrada, continuamos à espera de quê? "O mar é a nossa terra". Temos de saber entende-lo e saber lidar com ele. E, sobretudo, nunca tentar contrariar a sua força, pois isso é impossível... 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

SIM, genericamente

 Via Diário as Beiras

As deficiências de cobertura da rede de internet, sobretudo em localidades mais distantes da sede do concelho, têm "dificultado a vida de quem está em teletrabalho e no ensino a distância"..

 Via Diário as Beiras

«Nuno Osório será o novo comandante dos Bombeiros Sapadores de Braga»...

«O ex-comandante dos bombeiros municipais da Figueira da Foz, Nuno Osório, é o nome escolhido para chefiar os Bombeiros Sapadores de Braga»
, disse fonte camarária a O MINHO
«A tomada de posse ainda não tem data marcada mas poderá ocorrer dia 01 de maio. Os Sapadores de Braga estão sem chefia desde julho de 2021, data em que o então comandante João Felgueiras se aposentou.»
Recorde-se, que Nuno Osório foi comandante dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, depois de um concurso público no qual ficou em primeiro lugar, desde Dezembro de 2011, até Outubro de 2018, tendo-se demitido na sequência dos acontecimentos que ocorreram na passagem do Leslie.

Mónica Quintela: “devíamos ter deixado os funcionários públicos sem receber salários. E ouça: aprendiam”...

A deputada do PSD defendeu que o governo de Passos Coelho deveria ter aproveitado a crise para dar uma lição aos funcionários públicos, deixando-os sem salários durante dois meses. 
Surpreendeu a frieza, o despeito pelos funcionários públicos. E também surpreenderam os aplausos da sua bancada parlamentar.

“FIGUEIRA DA FOZ: UMA CIDADE NA DECADÊNCIA TRANSFORMADA NUMA CIRCULAR COM SUPERMERCADOS”

Joaquim de Sousa foi deputado à Assembleia da República e Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (1976-78), tendo sido depois presidente da Câmara da Figueira da Foz, eleito pelo PS, entre 1980 e 1982. Hoje, provedor da Misericórdia – Obra da Figueira e presidente da Assembleia Geral do Ginásio Figueirense, diz que a Figueira da Foz é uma cidade “em decadência”, uma “praia de ida e volta e uma circular com supermercados”.
Na sua opinião, a Figueira está na decadência, em parte devido às circunstâncias e em parte pela gestão autárquica. 
Hoje em dia, a população do Concelho da Figueira é a mesma de 1981 e a previsão da Pordata é dramática: em 2030 a Figueira da Foz terá a mesma população de 1950. Recua 80 anos! 
Via jornal Campeão das Províncias, a entrevista.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

A cidade que somos, deve-se à cidade que fomos...

 barca nova. Edição de 24 de Março de 1978

Para ler melhor, clicar na imagem

"Hoje os tempos são outros e elas começam a trabalhar de forma concertada e amiga"

 Via Diário as Beiras

Considerem-se mais do que apresentados...

 Via Jornal Público

Nota de rodapé, via Correio da Manhã

"A proposta de Orçamento do Estado para 2022, que esta tarde será entregue no Parlamento, deverá apontar para uma taxa de inflação no final do ano na ordem dos 4%, o que se traduzirá numa inevitável perda do poder de compra para a quase generalidade dos portugueses. A situação poderá agravar-se, caso se concretize o cenário mais adverso estimado pelo Banco de Portugal, que prevê uma subida dos preços dos bens e serviços, no conjunto do ano, de até 6%."

terça-feira, 12 de abril de 2022

Os nomes das coisas


«“O nome disto é cortes de salários e pensões”, diz Vítor Dias e bem. 

Realmente, o outro nome é queda do poder de compra dos salários dos trabalhadores do setor público e das pensões para contagiar as negociações e as imposições do setor privado. 

Um nome alternativo, dada a evolução positiva da produtividade, é uma redistribuição regressiva do rendimento nacional: no que depender do governo, o peso dos rendimentos salariais diminui e o peso dos rendimentos do capital aumenta.

inflação controla-se na fonte no curto prazo, ou seja, controlando preço e margens em setores naturalmente monopolistas; no médio e longo, em termos de resultados, investindo desde já e cada vez mais na transição energética e controlando publicamente o essencial desta fileira estratégica.»

Via Ladrões de Bicicletas

Alexandra Leitão, uma portuguesa normal...

“A assertividade de uma mulher na política é-lhe prejudicial”.
Alexandra Leitão revela que “nunca escondeu a disponibilidade” para continuar no Governo, mas que Costa não quis. Este fim-de-semana, também a excluiu do secretariado nacional do PS. 
A ex-ministra estreia-se agora como deputada.
Depois de ter lido a entrevista da ex-ministra e  nova deputada, constatei, mais uma vez, que a felicidade não é ter muitas coisas, mas sim desfrutar das que consideramos autênticas. 
As pessoas felizes desfrutam quando se levantam de manhã e se dão conta que vivem outro dia, que têm possibilidade de verem um novo amanhecer, que podem ouvir música, ir passear, ver gente conhecida e beber um café. 
Não se sentem felizes com pouco, mas sim com o que é realmente importante. 
A felicidade aprende-se?
Talvez...

Vem aí mais uma temporada de Dez&10

 Via Diário as Beiras