quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

A cobertura do Coliseu Figueirense resolveria a falta de um espaço multiusos na cidade?

 Via Diário as Beiras

Carnaval: na Figueira mantém-se (por enquanto)...

"Desfiles do Carnaval: Mira e Ovar cancelam, Figueira da Foz mantém por enquanto"...


A Câmara de Mira já tinha decidido, pelo segundo ano consecutivo, cancelar as festividades alusivas ao Carnaval devido à pandemia de Covid-19.
Na passada segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, foi pelo mesmo caminho.

Quanto aos corsos carnavalescos da Figueira da Foz (27 de fevereiro e 1 de março) e segundo adianta a Agência Lusa, a Câmara Municipal deverá manter os desfiles, mas vai aguardar pela evolução da pandemia da covid-19 para decidir se os cancela ou não. 
“Para já, os desfiles não vão ser cancelados”, disse à Agência Lusa fonte do município, dando conta de uma reunião no início da semana entre o presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, e os representantes da Associação de Carnaval de Buarcos/Figueira da Foz. Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da associação, José Gouveia, disse que a abertura do Carnaval previsto para 22 janeiro, com a apresentação dos reis do corso, foi adiada cerca de uma semana, mantendo-se a abertura oficial para 12 de fevereiro.

“Pelo seu significado, é talvez a obra mais importante. Mesmo que eu faça três mandatos aqui na Figueira, porque é o património mais relevante que o concelho tem.”

 Via Diário de Notícias

Reunião de câmara

A última reunião ordinária de câmara do mês em curso realiza-se mais logo.
Tem início às 10H30 e tem transmissão em directo através da página do município na internet. 
Para ficar a conhecer a ORDEM DE TRABALHOS, clicar AQUI.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

"Assim se vê, a força do PCP"...

 Liderança é o que não falta...

João Ferreira testou esta terça-feira positivo à covid-19. A partir de agora, as acções de campanha da CDU são asseguradas por João Oliveira. A agenda não tem alterações.

O debate de ontem à noite...

 Deu para tudo


«Deu para António Costa finalmente proferir as palavras proibidas feitas palavrinhas mágicas: "maioria absoluta"

Deu para Chicão, nascido em 29 de Setembro de 1988, recuperar a memória do sofrimento que foram os anos do PREC; 

Deu para Ventura, líder de um albergue de neo nazis e fascistas saudosos de Salazar, invocar os países que nos ultrapassaram na União Europeia, os de leste que nos idos do matacão de Santa Comba tinham homens no espaço enquanto nós tínhamos uma autoestrada de Lisboa ao Casal do Marco, as estradas pejadas de carroças puxadas a burros e demorávamos 5 horas a chegar ao Algarve; 

Deu para João Oliveira esfregar na cara de António Costa que os ganhos que exibe como trunfo para uma maioria absoluta só foram possíveis porque o PCP se chegou à frente, caso contrário tínhamos gramado com mais 4 anos de Governo da troika, com o PS a abanar a cabeça na bancada como os cães de feira que nos 70s se usavam na parte de trás dos carros; 

Deu para Cotrim de Figueiredo dizer que acreditava no Pai Natal com as pessoas que sobem na vida a trabalhar; 

Deu para Rui Rio afirmar que já reduziu despesa pública em empresas privadas; 

Deu para Ventura recuperar a bisca das "fundações e organismos que absorvem recursos do Estado" lançada pelo Criador, Passos Coelho, nos anos do Governo da troika; 

Deu para Rui Rio, líder de um partido que há 40 anos não faz outra coisa que desinvestir e retirar competências ao Serviço Nacional de Saúde, dizer que o SNS está em falência, depois de ter passado os debates anteriores a dizer que há funcionários públicos a mais; 

Deu para Cotrim de Figueiredo passar todo o santo debate a dizer que António Costa não respondia às questões enquanto ele próprio ganhava o cognome de O Ilusionista por causa dos truques para fugir à questão flat tax; 

Deu para Rui Tavares vestir a fatiota de Cotrim de Figueiredo e explicar aos telespectadores que com a taxa chata do Ilusão Liberal quem fica a ganhar são os mais ricos, para rombo nos cofres do Estado que asseguram serviços públicos gratuitos e universais; 

Deu para Ventura voltar à carga com "o país em que metade trabalha para outra metade que não quer fazer nada" e "um país outro todos roubam e ninguém vai para a prisão", precisamente no dia em que se soube que a agremiação de bandalhos a que preside vai ser despejada da sua sede em Évora por não pagar a renda da casa há 8 meses; 

Deu para António Costa fazer autocrítica: "o que faltou foi vontade política para viabilizar o Orçamento do Estado"

Deu para Chicão falar em três banca rotas desde 1995 apesar de nem uma ter havido e a que podia ter acontecido foi evitada.»

Eu sei que estamos no inverno...

«Há razões para a desesperança. Claro que há. Porém, o caminho é coletivo, sempre o foi – o poder é sempre a emanação da sociedade, na generalidade uma não é diferente da outra. A revolução que precisamos é a de mentalidades, é a da sociedade civil, é a de organizações que possam assumir o papel de vanguarda social, política, económica. Um desafio para homens e mulheres livres. Dentro dos partidos e fora dos partidos. Livres de ortodoxias ou de heterodoxias porque conscientes dos paradoxos.

Gente que acredite em fábulas como esta que, numa noite fria, me foi contada por uma amiga.
Num incêndio numa floresta um passarinho recusou-se a fugir. Ao contrário de todos os outros animais que fugiam das chamas, o passarinho insistiu em transportar água no bico como se fosse um helicóptero. Deixava-a cair como uma lágrima e voltava ao riacho. Um apavorado elefante diz-lhe para não ser idiota, pergunta-lhe o que está a fazer. O passarinho incrédulo com a interrogação respondeu-lhe com um óbvio “faço o que posso”

Figueira, obviamente uma cidade de mar e rio

A crónica de António Agostinho publicada na Revista Óbvia em Dezembro de 2021

Sou filho, neto e bisneto de pescadores da "faina maior", a pesca do bacalhau. 

A pesca do bacalhau, à linha, com dóris de um só homem, uma heróica e sofrida singularidade portuguesa, foi uma autêntica escravatura. "Maus tratos, má comida, má dormida... Trabalhavam vinte horas, com quatro horas de descanso e isto, durante seis meses. A fragilidade das embarcações ameaçava a vida dos tripulantes".

A  pesca do bacalhau, nas primeiras décadas do século XX, contribuiu decisivamente  para o desenvolvimento da Figueira da Foz. Nas campanhas de 1913/14, foi o nosso porto que mais navios enviou à Terra Nova: 15 , ou seja, quase metade de toda a frota nacional. 

No final do século passado, o poder político pensou colocar um monumento no molhe norte, para homenagear aqueles que, durante décadas, fizeram da pesca do bacalhau um marco na história marítima da Figueira da Foz.

Essa ideia dos políticos, não deixou de constituir outra singularidade, mas esta figueirense.

Cito Manuel Luís Pata:  "o lugar escolhido não era uma homenagem, mas sim falta de bom senso. O acrescento ao molhe norte foi uma obra sem qualquer estudo racional. Considero que o aumento de 400 metros foi uma obra criminosa,  porém, como apregoam que vivemos em democracia, sinto-me com o direito de proibir que o meu nome e dos meus familiares falecidos sejam colocados em tal local! O lugar certo seria no "José Cação", o último bacalhoeiro da Figueira da Foz."

Recorde-se: em 1998, houve uma tentativa de  transformar  este navio em museu. Santana Lopes tinha tomado posse de presidente da Câmara Municipal há poucos meses. O Dr. António Cação chegou a oferecê-lo à Câmara Municipal. Porém, a oferta não foi aceite. Sem o apoio da Câmara, acabou por ser demolido em 2002-2003. Hoje, poderíamos ter o navio "José Cação" transformado em Museu, instalado numa abertura feita na Morraceira, junto à Ponte dos Arcos. 

Recordo as palavras do vereador  Miguel Almeida: “esta proposta (a oferta do navio que o dr. António Cação fez em devido tempo à Câmara Municipal da Figueira da Foz, presidida na altura por Santana Lopes) foi o pior que nos podia ter acontecido”.

Como disse na altura Manuel Luís Pata, “nem toda a gente entende que na construção do futuro é necessário guardar a memória”.  

Ílhavo tem um belo museu, o navio Santo André, e tem o casco do Santa Maria Manuela. E o que tem a Figueira que honre os seus filhos que andaram na "faina maior"?

Quem quiser saber a importância que a "faina maior" teve na Figueira da Foz, até à década de 80 do século passado, tem de recorrer aos livros que Manuel Luís Pata publicou em 1997, 2001 e 2003. Lá estão coligidas notícias, referências escritas e testemunhos orais, textos, comentários e recordações pessoais, sobre a Figueira da Foz e a relevância da Pesca do Bacalhau no desenvolvimento do nosso concelho.

Como escreveu Pinheiro Marques: "se a Figueira da Foz tem reunidos os elementos para a sua História Marítima nos séculos XIX-XX, deve-o à Cova-Gala (São Pedro): deve-o ao Capitão João Pereira Mano e ao Senhor Manuel Luís Pata."

E, já agora, por ser justo, ao Dr. Pinheiro Marques e ao "Centro de Estudos do Mar (CEMAR) que esteve na publicação dos seus livros, desde 1997."

A Figueira tem uma história rica e importante  no panorama marítimo português.  Porém, ao contrário do que acontece, por exemplo, em Ílhavo, pouco existe como testemunho da forte ligação dos figueirenses ao mar e ao rio. 

Na Figueira, é esta a situação no final de  2021, ano em que o Dr. Pedro Santana Lopes foi de novo eleito presidente. No acto de posse disse:  “as pessoas têm de saber que quando quiserem estudar, investigar e tratar de assuntos do mar o melhor sítio em Portugal é a Figueira da Foz”.

Presumo que o Dr. Pedro Santana Lopes não desconheça que o Governo vai investir 87 milhões de euros na economia do mar e à Figueira não vai tocar nada. No passado dia 16 do passado mês de Novembro, Ricardo Serrão Santos, Ministro do Mar, na abertura do Expo Fish Portugal, em Peniche, "afirmou que o Governo vai investir 87 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em centros de investigação e de desenvolvimento de produtos para a economia do mar no Algarve, Lisboa, Oeiras, Peniche, Aveiro e  Porto. Nos Açores haverá um hub similar financiado por outro projeto da componente Mar no PRR".

Os figueirenses sabem que, desta vez,  o Dr. Santana Lopes prometeu cumprir três mandatos, o máximo permitido por lei. Porém, para quem quer uma Figueira “na frente, liderante”, o tempo começou a contar. Para “a Figueira  vir ser a capital do mar, liderar na investigação e na ciência, e, para isso, fazer nascer um centro de investigação em ciências do mar”, dada a fortíssima concorrência (por exemplo de Aveiro), vai ser necessário muito trabalho.

A Figueira é uma  terra de mar e rio. Tem cabimento,  pois, a ideia de tornar a Figueira "no melhor sítio para estudar, investigar e tratar de assuntos do mar em Portugal.” Contudo, sem esquecer o que ainda não foi feito: prestar tributo à memória.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

CARTA ABERTA AO VENTURA (de um subsídio-dependente)

"Ventura, tu não sabes quem eu sou mas como tens falado tanto de mim e de tantos outros sem sequer nos conheceres, tomei a iniciativa de te escrever esta carta. Por mim e por todos os que por certo se vão rever nela. Tu és o interlocutor em nome dos demais demagogos, mas esta diatribe serve para todos os teus semelhantes, mais ou menos violentos, mais ou menos saudosistas, mais ou menos enganados.

Antes de tudo gostava de te explicar que desconheces o que supostamente dizes combater quando falas de pessoas que vivem de subsídios, sejam elas pensionistas, desempregadas, refugiadas ou sobreviventes, pouco te importa porque o teu lucro reside também nessa estúpida generalização. Repara, deves começar por saber que a generalidade dos subsidiários são subsidiários porque são contribuintes, alguns deles de verbas significativas que foram deduzidas dos salários, além dos impostos ao consumo. Já sei que queres cobrar o mesmo de imposto sobre o rendimento a quem recebe o salário mínimo e ao Rendeiro, ao Sócrates, ao Espírito Santo e a ti próprio, pois claro, que isto quando toca ao nosso interesse somos todos o quarto pastorinho de Fátima. Mas convenhamos, devias procurar saber, até porque já fizeste disso biscate, que os contribuintes, seja quando pagam, seja quando recebem parte do que pagaram, não são subsidiários por geração espontânea, são subsidiários porque foram contribuintes. Tu que foste do sistema toda a vida, sempre mais beneficiário do que contribuinte, és o exponente do que críticas, sem te dares conta do jogo de espelhos. Se não for demais para o quadrado que carregas sobre os ombros, espaço onde nem um esfarrapado democrata-cristão a cavalo foi capaz de encontrar uma ideia, trava lá esse ódio, não vá o ódio que tanto divulgas acabar a conspirar com violência contra ti próprio. Atenta também outros detalhes, não tão importantes mas também relevantes: sabes quantos pensionistas, desempregados, refugiados e sobreviventes fizeram a diferença? Sabes quantos contribuíram para vários anos de subsídios dedicados ao teu salário? Sabes quantos foram agraciados? Sabes quantos salvaram vidas? Sabes quantos fizeram história? Não sabes, que tu és esperto como os ratos mas, felizmente, pouco estudioso e tão frágil da masculinidade como da inteligência.

Explicações à parte, tenhamos claro o ponto de partida desta carta, aberta pois claro, porque para fechado e bafiento já basta o hálito que nos perdigotas insistentemente. Não se suporta. Verdadeiramente, quando a tua voz e imagem passa pela televisão ou pela rádio qualquer democrata tem refluxos gástricos, dor de cabeça, náuseas. Achamos que és a figura mais abjeta que a política portuguesa pariu desde o 25 de Abril. É um título teu, tão difícil como merecido, ainda que não veja razões para que te gabes dele sem pingo de vergonha. Compreende-se porém que, de tanto vociferar pela falta de vergonha alheia, acabaste tu próprio sem a tua. Acontece amiúde aos hipócritas e aos demagogos, estarás por certo habituado à inconveniência.

Tu és, apesar de patético, perigoso. És um novo fascista e se dependesse de ti serias pior do que os velhos. Pela cobardia que se sente à distância, pelas propostas descabidas já com dois séculos de atraso e pela fossa séptica que abriste aos milicianos que contas para teres poleiro, salário público e Mercedes à porta. És, portanto, um perigoso por adjudicação, e deves por isso ser combatido de todas as maneiras, por todas as sucursais da resistência. Podes achar, com alguma razão, que tens o teu exército de seguidores, uns enganados, outros ignorantes, outros com ainda mais odiosos que tu, mas de tanto viveres do negócio da diabolização do outro, é muito provável que vivas perto de quem combates e que de nada te valerão os camisas negras da tua verborreia quando cada uma das máscaras te forem caindo ao chão. Serás, tal como na questão do subsídio, vítima de ti próprio e dos monstros que deixaste sair do armário da extrema-direita.

Nós, as tuas vítimas, somos os filhos e os netos da revolução. Tu és o enteado. O Judas. O bastardão eternamente rejeitado. Tu és a razão pela qual precisamos de outro Abril. Podemos não ter sabido prolongar a democracia proletária à moda dos dias fecundos do Verão quente, mas amamos os nossos semelhantes na necessária proporção do teu ódio, e cá estaremos para nos defender e para defender todos aqueles que decides atacar com o teu gosto pelo frio do Inverno. Tu és quase um canídeo mas sem os atributos dos cães, que têm alguns apreciáveis. Tu és praticamente um parasita que vive dos corpos alheios e que poucas vezes na vida se viu a trabalhar. A diferença é que, ao contrário dos parasitas, tu não devoras para sobreviver, devoras pelo gosto de matar. Tu és o mal que Almada ostracizava, o Dâmaso de quem o Eça se ria, o escárnio de poetas como Ary ou de trovadores como Viegas. És ainda aquele contra quem o Zeca cantava e o Zé Mário cerrava os dentes e fazia pontaria e és também aquela figura soturna, encarquilhada e cinzenta que o Manta pintava. És, em suma, a metáfora perfeita da parte do país que deixou Camões morrer à fome. Um patriota de pátrias alheias. Um soldado fiel dos patrões e do capital financeiro. O lacaio dos favores dos fortes. Se fosses vivo no tempo dos Filipes ou serias espanhol ou um monarca em fuga com o rabo entre as pernas. Um Portugal com horizonte é um Portugal sem Venturas ou onde os Venturas como tu não sejam mais que uma reticência, apesar de tudo breve, da nossa história. Mais dia menos dia todos os subsídio-dependentes deixarão de ser subsidiários e voltarão ao trabalho, mas tu continuarás, mesmo que já sem corte, agarrado às tetas do Estado, qual Santa Providência daqueles cujo sentido único é viver do alheio. Dizes que falas com Deus, pois muito bem, conserva o contacto para os dias difíceis que te esperam algures entre o Inferno dos nossos dias e o teu Purgatório.

Dizem por aí que podes vir a ter perto de meio milhão de votos e um grupo parlamentar significativo que permitirá a todos perceber quem escolheste para ter ao teu lado. Vamos ver o programa do medieval Arroja em marcha e o nazi do Machado em festa, vamos ouvir bem alto cada um dos dislates dos teus séquitos. Vais levar a votos os castigos físicos mas só se os pedófilos não forem da tua cor ou teus amigos, tal e qual como nos habituaste nos casos de corrupção. Vais acicatar o rancor contra todas as minorias, mas a maioria, apesar de tudo, lá estará para travar cada um dos teus desejos mais pérfidos. Acabarás, com alguma sorte mas sem espaço no poleiro do pote, a aprovar governos do resto da direita sem que te ofereçam uma parte do bolo e serás apenas lembrado como a caricatura dos teus piores pesadelos. E nós cá estaremos, como sempre estivemos, para trabalhar, para rir e para a luta, prontos para o dia inicial inteiro e limpo de onde emergimos da noite para voltar a dançar sobre o cadáver político das tuas ideias.

Hoje és tu que nos tentas humilhar, que voas sobre o astro mudo, mas nós voltaremos a ser a madrugada que vai voltar a enterrar no caixote de lixo da história a tua sede pelo sangue fresco. Atenção à manada, pois claro. Tu só estás pronto para o agora-imediato, mas nós estamos sempre prontos, em qualquer tempo, para todos os combates."

Renato Teixeira

Miguel Torga

 “Os poetas são loucos.
E poucos
Acreditam
Que a loucura
É o dom do eterno em cada criatura.”

Nota de rodapé.
17 de janeiro de 1995, já lá vão 27 anos, morre em Coimbra, o escritor português Miguel Torga, nome literário do médico Adolfo Correia da Rocha.
A morte, que o romancista e poeta descreveu um dia como "grande reconciliadora", foi o "regresso à terra", como descreveu na altura o jornalista Pedro Garcias, do PÚBLICO — o regresso à aldeia transmontana de São Martinho de Anta, onde foi sepultado junto da família. 
Se fosse vivo, Miguel Torga teria hoje uns improváveis 115 anos. Nasceu em 1907.

A ajuda que a entrevista de Raquel Ferreira deu para a compreensão do actual momento político figueirense

Um dia destes expliquei no OUTRA MARGEM o que aconteceu ao PSD Figueira, de 2007 para cá, que desembocou no miserável resultado autárquico de 26 de Setembro p.p.
A entrevista dada à Figueira TV pela  Raquel Ferreira, uma deputada do PS, passada e futura, que a estrutura partidária local e distrital fez flutuar no vácuo, demonstrou que nos chamados partidos do poder, não há, nunca houve em 47 anos de eleições democráticas, uma visão global para a Figueira, nem da parte do PS, nem da parte do PSD.
O importante são as lógicas pessoais de poder. 
Carlos Monteiro considera estratégico o controlo do Partido. Quando chegou a presidente de câmara, só tarde e a más horas - depois de ter perdido as eleições de 26 de Setembro passado - percebeu que estava a lidar com um monstro. Verificou que sem poder autárquico para poder distribuir as prebendas, é muito difícil e complicado controlar um aparelho partidário interesseiro e voraz, que o via e utilizava - a ele, Carlos Monteiro - apenas como um meio de atingir os seus fins. 
Em Janeiro de 2022, o PS  Figueira de Carlos Monteiro encontra-se na situação em que Duarte Silva em 2009  "matou"  o PSD Figueira, com um aparelho partidário controlado por Lídio Lopes, hiper-voraz, mas já sem poder autárquico.

Na Figueira, hoje, temos Santana Lopes no poder, sem ter necessitado dos aparelhos partidários. Santana mostrou que os aparelhos partidários do "centrão" na Figueira valem pouco e são  descartáveis.
Carlos Monteiro e quem vier a ter o poder na concelhia do PSD Figueira encontram-se numa posição difícil. 
Escreveria mesmo, quase num beco sem saída: a reconquista da credibilidade dos políticos e partidos do "arco do poder", na Figueira, tem de passar por uma porta estreita - que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam.

Brincar com o dinheiro dos contribuintes...

Como foi bom ter sido criança e ter tido a oportunidade de brincar com o dinheiro do Monopólio. Como era o único dinheiro que tinha, detestava desperdiçar ou  gastar disparatadamente...
Imagem via Diário as Beiras

domingo, 16 de janeiro de 2022

O triunfo da imbecilidade

 

Se “Chicão” morrer, morre de pé

«No país engravatado todo o ano e que se assoa à gravata por engano — como escrevia Alexandre O’Neill —, uma grande parte de comentadores decidiu tornar equivalente Francisco Rodrigues dos Santos a André Ventura depois do debate desta semana. 
É grave: ignoraram tudo o que Rodrigues dos Santos disse a Ventura, desqualificaram a defesa que fez do papel dos valores da democracia cristã contra a direita “xenófoba” e “racista” e decidiram confundir tudo, provando que o que às vezes mais importa ao debate político não são as ideias, mas a forma. Se Francisco Rodrigues dos Santos tivesse falado mais baixinho, talvez os comentadores percebessem. Mas o presidente do CDS fala alto e é bruto. 

Ainda bem que “Chicão” mudou. Por muito que o CDS tenha sido, desde que Francisco Rodrigues dos Santos assumiu a liderança, um partido sem rumo e as sondagens mostrem que o CDS está em coma induzido, é de elogiar que “Chicão” tenha sido capaz de mostrar as diferenças entre um partido fundador da democracia e outro xenófobo, racista e populista. Se o CDS morrer a 30 de Janeiro, morre de pé.»

Os 118 anos de vida do SIT foram comemorados de forma diferente...

 Via Diário de Coimbra

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sábado, 15 de janeiro de 2022

O que nós andámos para aqui chegar!

 Para ver e ouvir o vídeo, clicar aqui.

"Ruído interno", um filme em exibição no PSD Figueira desde 2007...

RECORDEMOS OS RESULTADOS PARA A CÂMARA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ NAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE 2005.
PRESIDENTE DA CÂMARA:
PPD/PSD - António Batista Duarte da Silva com MAIORIA ABSOLUTA.
(PPD/PSD - 15428 votos, 47,93%, 5 mandatos
PS - 10666 votos, 33,14%, 4 mandatos).

Junho de 2007. Uma proposta da oposição minoritária, foi aprovada por 5 votos favoráveis (PS e Pereira Coelho) e 3 contra (Lídio Lopes, Teresa Machado e Duarte Silva. José Elísio esteve ausente da sessão).
Declarações:
Duarte Silva – «é legal», mas é «demonstração pública de falta de confiança no presidente da câmara».
Vítor Sarmento - “a câmara e mais concretamente o presidente, não tem sabido encontrar as melhores soluções”.
António Tavares – “é um procedimento normal em democracia», que pretende “dar maior operacionalidade a algumas matérias em que a câmara demonstrou ser pouco operacional e passar a colocar em cima da mesa muitos do assuntos que estavam subtraídos à competência da câmara”.
Paz Cardoso – “não está em causa a confiança no senhor", mas “antes podermos colaborar para melhores soluções, mais eficácia, maior rapidez”.
Pereira Coelho - “no final da votação, o autarca do PSD justificou o seu voto contra, recordando a Duarte Silva as palavras que utilizou quando lhe retirou os pelouros, “a quebra de confiança política”. Faço minhas as suas palavras, a falta de confiança é a mesma que passou a existir desde aquele dia. Há uma estrondosa falta de organização e de capacidade de gestão de que resultam prejuízos enormíssimos para a câmara”.
Lídio Lopes (em seu nome e no de Teresa Machado, garantindo que também «em nome de José Elísio», que ficou de aparecer mais tarde, mas até ao final da sessão não compareceu)- estamos contra a proposta do PS, por ser “uma questão eminentemente política, pelo alcance, pelas motivações e pelo enquadramento político”.  “É desacreditação do presidente, desconfiança para exercer o interesse público e não aceitamos, porque confiamos no presidente”.

As coisas já não andavam bem, mas começou aqui o espectáculo público de um presidente de câmara a ser queimado em fogo lento e da desagregação interna de um partido. Que dura até aos dias de hoje.
Quem tenha estado atento ao que se passou na política figueirense nos últimos 15 anos, deu facilmente conta que existiu (e existe) um clima de de divisão, de confrontação, de hostilidade dentro do PSD Figueira, desde 2009, que não foi (nem é) normal. 
No processo das eleições autárquicas que tiveram o pior desfecho de sempre para o PSD na Figueira,  que desembocou nos resultados eleirorais de 26 de Setembro último, a realidade ultrapasssou a ficção.

Em Agosto de 2009, Duarte Silva tinha uma vida complicada como presidente de câmara da Figueira da Foz, ao ponto de ter retirado pelouros ao então vereador José Elísio. “José Elísio ficou sem os pelouros que detinha – entre outras funções a responsabilidades das colectividades e ambiente – por solicitação do presidente, devido a determinadas posições políticas que o autarca tem tomou, entre as quais a de  ir ser candidato independente pela junta de Lavos.”
Aquilo foi uma trapalhada total. Segundo os jornais da época, o presidente da edilidade garantia que não pediu a devolução de pelouros nenhum. «Ele (José Elísio) é que se disponibilizou para os entregar, dentro de uma conversa que tivemos», disse Duarte Silva ao Diário de Coimbra. Duarte Silva, recordou que, «de uma forma geral, todos os vereadores sempre me disseram que os pelouros estavam à minha disposição e nessa conversa ele prontificou-se a entregarmos».
O presidente Duarte Silva chamou a si próprio os pelouros até aqui entregues a José Elísio, até porque  já não faltava muito tempo para o mandato terminar.
Recorde-se, que antes, já tinham sido retirados os pelouros ao vereador Paulo Pereira Coelho.

Apesar de toda a controvérsia existente no PSD Figueira em 2009, “Manuela Ferreira Leite convidou pessoalmente Duarte Silva a recandidatar-se”.
Os militantes e dirigentes do PSD Figueira ficaram divididos. Seria difícil a Duarte Silva dizer que não. Mas, isso, não desagradaria a todos.
Na altura, “ouviram-se fortes críticas a Duarte Silva. Entre os dirigentes houve quem tivesse primado pela veemência ao defender que o independente eleito para dois mandatos consecutivos nas listas do partido não era o melhor candidato."
O que se veio a provar, com a vitória de João Ataíde e do PS. A falta de obra para mostrar ao eleitorado era o principal pecado apontado ao presidente.
Havia um enorme descontentamento em relação à gestão das opções pessoais do eng. Duarte Silva. E esse descontentamento acabou por verificar-se através da própria criação do Movimento Figueira 100%. Na altura, o eng. Daniel Santos era o coordenador do Conselho de Opinião do PSD Figueira.
Em 2009, apesar da contestação interna, Duarte Silva acabou por ir a votos,  por no entender da Concelhia e da Distrital do PSD, “ser o único candidato que podia levar o partido à vitória”. Como obra feita Duarte Silva apresentava: "a futura ponte da Gala, a modernização dos equipamentos do porto de pesca, o prolongamento do molhe Norte, a futura plataforma logística e as obras no porto comercial", tudo obras da responsabilidade do Governo Central.

Desde então o PSD Figueira ficou arredado do poder autárquico figueirense. Duarte Silva perdeu em 2009, Miguel Almeida em 2013, Carlos Tenreiro em 2017 e Pedro Machado em 2021.
A "cola" que poderá unir a família social democrata figueirense é o acesso ao poder e a distribuição dos lugares.
Portanto, organizem-se...
Imagem via Diário as Beiras

"O porto comercial deve ser mudado para a margem sul?" (continuação...)

 Via Diário as Beiras

Nota de rodapé.

Quase há 21 anos, precisamente na edição de 18 de Junho de 2001, na coluna que escrevia todas as semanas, o responsável pelo OUTRA MARGEM, publicou então no jornal Linha do Oeste a seguinte crónica: "Curiosidades marginais (III): Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização".
Para ler, basta clicar aqui.