"Opinar sobre o território e a sua reformulação administrativa apenas e tão-só com base em sentimentos de perda ou de alcance de benefícios é malbaratar o conhecimento acumulado de séculos e, sobretudo, não contribuir para as soluções de futuro. A Câmara promoveu, com muito sucesso, em 2011, um “Curso sobre a história da Figueira”. No final, foi prometida a sua repetição, o que infelizmente não veio a acontecer. Quase que me atreveria a dizer que qualquer autarca deveria passar pelos banco dessa “escola”, que se deseja vir a ser repetida. Sob pena de dizer muita asneira…"
Acabei de citar Daniel Santos...
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Virou o disco e voltámos ao típico...
Em 2009, houve quem chegasse a imaginar que o Partido Socialista na Figueira seria uma coisa diferente...
Que o João Ataíde era um político progressista e o contrário do João Portugal.
E houve gente que, em 2009, de facto, nos quis fazer pensar que assim era.
Mas, quem esteve atento, viu o óbvio: nas caravanas de campanha, via-se gente feliz e sorridente acompanhando os abutres engravatados do PS figueirense.
Viu-se gente de esquerda que assinaram, deram o nome, estiveram nas listas e foram vereadores, porque nos queriam fazer que queriam construir a nova cidade.
O PS na Figueira, em 2009, depois de ter estado arredado da manjedoura, quis dar uma de partido aberto e p’rá frente, com independentes (...depois, alguns, filiaram-se em situações humilhantes...), que não foi caçar ao PSD ou ao CDS...
O PS na Figueira, em 2009, apelou à cidadania.
Alguns acreditaram que poderiam fazer a diferença, não só com o voto, mas fazendo parte das listas, ou em troca duma t-shirt ou do emprego pró rebento...
Em 2009, o PS figueirense teve apoios de artistas de vários matizes, incluindo juristas e economistas.
Foi moderno, mas passados meia dúzia de anos voltámos ao típico.
Que o João Ataíde era um político progressista e o contrário do João Portugal.
E houve gente que, em 2009, de facto, nos quis fazer pensar que assim era.
Mas, quem esteve atento, viu o óbvio: nas caravanas de campanha, via-se gente feliz e sorridente acompanhando os abutres engravatados do PS figueirense.
Viu-se gente de esquerda que assinaram, deram o nome, estiveram nas listas e foram vereadores, porque nos queriam fazer que queriam construir a nova cidade.
O PS na Figueira, em 2009, depois de ter estado arredado da manjedoura, quis dar uma de partido aberto e p’rá frente, com independentes (...depois, alguns, filiaram-se em situações humilhantes...), que não foi caçar ao PSD ou ao CDS...
O PS na Figueira, em 2009, apelou à cidadania.
Alguns acreditaram que poderiam fazer a diferença, não só com o voto, mas fazendo parte das listas, ou em troca duma t-shirt ou do emprego pró rebento...
Em 2009, o PS figueirense teve apoios de artistas de vários matizes, incluindo juristas e economistas.
Foi moderno, mas passados meia dúzia de anos voltámos ao típico.
Freddy Mercury
E um agradecimento pelos bons momentos que a sua música proporcionou à minha geração...
A herança, é aquilo que está a ser utilizado pelos políticos figueirenses para nos continuarem a adormecer...
imagem sacada daqui |
Exceptuando os donos disto (poucos em número, mas soberanos no poder), os tolos (que argumentam com um optimismo incurável) e os crentes iludidos (mesmo contra todas as evidências), a esmagadora maioria dos seres pensantes que habitam o concelho da Figueira da Foz, pelo menos no íntimo das suas consciências, não duvidam da situação dramática a que isto chegou.
Importante será lembrar, à luz de uma ou outra realidade, antes que o seu destino seja o esquecimento, isto é, a impunidade, que o estado da cidade e do resto do concelho, não aconteceu por um caso de azar ou um nefasto golpe de má sorte.
Nada disso. A degradação da Figueira e do resto do concelho, é obra dos figueirenses através de poderes que foram delegando naqueles que menos deveriam exercê-los - os autarcas escolhidos nos últimos cerca de 40 anos.
Entre os eleitos titulares de cargos que tiveram realmente capacidade para influir no rumo da Figueira e do resto do concelho, creio que não houve um único que se tivesse aproveitado - competem entre si nas capacidades e atributos para conseguirem terem feito degenerar uma Terra tão linda.
Gostaria de, em consciência, poder abrir um parêntesis e registar uma potencial excepção, mas confesso que a não consigo vislumbrar.
Fechado o parêntesis, fica a realidade: salta à vista que o estado degenerado da Figueira e do resto do concelho, não foi fruto de um golpe de azar e muito menos de uma nefasta conjuntura de má sorte.
Ao longo destes cerca de 40 anos, tenho tido a necessidade de administrar o desprezo com extrema parcimónia, pois o número de candidatos entre a classe política local foi sempre muito numerosa...
A Figueira está uma lixeira.
Por agora fico por aqui.
A hora de parar de mexer no computador, é quando procuro pelo ícone da lixeira, se quero mandar alguma coisa fora...
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Por vezes, acabamos por ser os nossos principais adversários, sem nos darmos conta...
Uma parte da realidade, não é a realidade: é uma outra realidade.
Quando a história não está toda contada, é uma outra história.
A realidade é apenas aquilo de que nos apercebemos.
Eliot tinha uma visão mendeliana da cultura. Tal como ele, também desconfio do sucesso junto do figueirense real, da transmissão imediata das qualidades culturais do cinema por parte de uma elite citadina.
Santana Lopes ao contribuir para interromper o Festival de Cinema da Figueira deu um golpe na cultura cinematográfica local de que vai ser difícil recuperar.
Entretanto, a Figueira engordou e a satisfação de necessidades culturais enfraqueceu.
Na Figueira, a esmagadora maioria do people que conheço, precisa tanto de cinema como de um buraco no sapato no inverno.
Recorde-se, que ao longo dos anos, ficaram impunes as censuras praticadas contra José Vieira Marques e o seu Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (que respondeu, continuando… tentando continuar a organizar esse Festival de Cinema até onde pôde… e ainda conseguiu até à 31ª edição, em 2002…)
Na Figueira, a cultura não é amada. É só desejada.
As elites culturais da cidade desapareceram e os "agentes culturais" esperam agora que um autarca os satisfaça.
Mas a decadência, já explicava Hesíodo, apenas acrescenta valor ao trabalho, e a cultura é coisa de ociosos.
E um vereador da cultura tem muito trabalho. E já com sete anos de poder executivo está, compreensivelmente, extenuado e desiludido.
Portanto, nada de mais natural que um político desiludido dos homens, procure conforto nos livros...
Quando a história não está toda contada, é uma outra história.
A realidade é apenas aquilo de que nos apercebemos.
Eliot tinha uma visão mendeliana da cultura. Tal como ele, também desconfio do sucesso junto do figueirense real, da transmissão imediata das qualidades culturais do cinema por parte de uma elite citadina.
Santana Lopes ao contribuir para interromper o Festival de Cinema da Figueira deu um golpe na cultura cinematográfica local de que vai ser difícil recuperar.
Entretanto, a Figueira engordou e a satisfação de necessidades culturais enfraqueceu.
Na Figueira, a esmagadora maioria do people que conheço, precisa tanto de cinema como de um buraco no sapato no inverno.
Recorde-se, que ao longo dos anos, ficaram impunes as censuras praticadas contra José Vieira Marques e o seu Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (que respondeu, continuando… tentando continuar a organizar esse Festival de Cinema até onde pôde… e ainda conseguiu até à 31ª edição, em 2002…)
Na Figueira, a cultura não é amada. É só desejada.
As elites culturais da cidade desapareceram e os "agentes culturais" esperam agora que um autarca os satisfaça.
Mas a decadência, já explicava Hesíodo, apenas acrescenta valor ao trabalho, e a cultura é coisa de ociosos.
E um vereador da cultura tem muito trabalho. E já com sete anos de poder executivo está, compreensivelmente, extenuado e desiludido.
Portanto, nada de mais natural que um político desiludido dos homens, procure conforto nos livros...
Ao cuidado do CDS-Madeira
Foto: Correio da Venezuela |
O líder do CDS-PP Madeira está preocupado com a comunidadeportuguesa madeirense residente na Venezuela, vai daí, com acusações de passividade à mistura, incitou o governo regional a trabalhar num plano para preparar o regresso das centenas ou até milhares de emigrantes naquele país. Parece-me sensato, mas mais sensato seria se António Lopes da Fonseca, líder centrista madeirense, pegasse no telefone e desse uma apitadela a Paulo Portas, um tipo irrevogavelmente impecável, que até se mexe bem para aqueles lados e é de abraço com o Maduro. Ele vai lá, e, habilidoso como é, cria uma ponte aérea para a diáspora e ainda vem de lá consultor da PDVSA. Quem sabe não fica mesmo do outro lado do Atlântico. Ficávamos todos a ganhar.
João Mendes, via AVENTAR
A ausência do direito e dever do exercício da cidadania, é o maior problema da Figueira da Foz... (II)
De um órgão de informação espera-se que seja isento e objectivo.
Isto, é básico no jornalismo informativo.
Mas, o que se passa na Figueira?
Como todos sabemos, os media estão condicionados. Divulgam aquilo que os poderes – politico e económico - pretendem, ou lhes interessa, e ocultam as vozes incómodas ao sistema.
Toda a gente sabe isto, mas é uma verdade "ignorada"...
Faz falta numa Figueira, que se quer democrática e progressista, um projecto independente de informação humanista, que fale do concelho que realmente somos. Que fale dos problemas das empresas e dos trabalhadores, das associações patronais e dos sindicatos, da saúde, da educação, da segurança social pública, dos pequenos comerciantes que vivem cada vez com mais dificuldades, mas que continuam a sonhar e a lutar, das colectividades. Enfim, da vida real.
Todos sabemos o mundo em que gravitam e funcionam os políticos figueirenses do chamado arco do poder.
Passam o tempo a divertir-se em jogos que apenas parecem visar um objectivo: “lixar-se” uns aos outros.
Exemplo disso foi o caso das reuniões de câmara à porta fechada, que do meu ponto de vista, apenas teve como objectivo “lixar” o Miguel Almeida ao tirar-lhe protagonismo mediático...
Quase que imagino o comentário, do presidente da câmara e da sua entourage, - vereadores da maioria e assessores - depois da concretização da jogada. Devem, entre o contentinho e o divertido, ter dito algo parecido com isto: “já lixámos o Miguel”.
Falta, na Figueira, um projecto informativo que fosse a voz dos que, todos os dias, lutam e constroem a nossa terra. Falta, na Figueira, uma voz que ultrapasse as fronteiras da Avenida Saraiva de Carvalho, do Casino, do Cae, do pequeno mundo da caridadezinha dos rotários e dos lions...
Falta, na nossa cidade, um projecto que dê protagonismo a um concelho que se chama Figueira da Foz e que tem vozes novas, irreverentes e incómodas.
Falta, na Figueira da Foz, como quase sempre faltou, um órgão de informação independente de todos os poderes.
Registo as três excepções de que tenho conhecimento: A Voz da Justiça, barca nova e A Linha do Oeste.
Isto, é básico no jornalismo informativo.
Mas, o que se passa na Figueira?
Como todos sabemos, os media estão condicionados. Divulgam aquilo que os poderes – politico e económico - pretendem, ou lhes interessa, e ocultam as vozes incómodas ao sistema.
Toda a gente sabe isto, mas é uma verdade "ignorada"...
Faz falta numa Figueira, que se quer democrática e progressista, um projecto independente de informação humanista, que fale do concelho que realmente somos. Que fale dos problemas das empresas e dos trabalhadores, das associações patronais e dos sindicatos, da saúde, da educação, da segurança social pública, dos pequenos comerciantes que vivem cada vez com mais dificuldades, mas que continuam a sonhar e a lutar, das colectividades. Enfim, da vida real.
Todos sabemos o mundo em que gravitam e funcionam os políticos figueirenses do chamado arco do poder.
Passam o tempo a divertir-se em jogos que apenas parecem visar um objectivo: “lixar-se” uns aos outros.
Exemplo disso foi o caso das reuniões de câmara à porta fechada, que do meu ponto de vista, apenas teve como objectivo “lixar” o Miguel Almeida ao tirar-lhe protagonismo mediático...
Quase que imagino o comentário, do presidente da câmara e da sua entourage, - vereadores da maioria e assessores - depois da concretização da jogada. Devem, entre o contentinho e o divertido, ter dito algo parecido com isto: “já lixámos o Miguel”.
Falta, na Figueira, um projecto informativo que fosse a voz dos que, todos os dias, lutam e constroem a nossa terra. Falta, na Figueira, uma voz que ultrapasse as fronteiras da Avenida Saraiva de Carvalho, do Casino, do Cae, do pequeno mundo da caridadezinha dos rotários e dos lions...
Falta, na nossa cidade, um projecto que dê protagonismo a um concelho que se chama Figueira da Foz e que tem vozes novas, irreverentes e incómodas.
Falta, na Figueira da Foz, como quase sempre faltou, um órgão de informação independente de todos os poderes.
Registo as três excepções de que tenho conhecimento: A Voz da Justiça, barca nova e A Linha do Oeste.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Competição à direita...
É assim que funciona a política em Portugal!...
Desta vez tenho de ser eu a lixá-lo...
"Assunção Cristas não gostou de ver o seu «tempo de antena» interrompido ontem por um discurso de Passos Coelho à mesma hora.
A líder do CDS quer marcar terreno na oposição e, consciente de que falar ao mesmo tempo que Passos não é a melhor estratégia, marcou um comício para o próximo sábado.
Alinhados em quase tudo, Passos Coelho e Assunção Cristas não deixam de competir entre si.
Ontem, os líderes disseram quase a mesma coisa e falaram quase ao mesmo tempo, atropelando a combinação prévia que tinha havido entre os dois partidos e deixando os centristas com a sensação de que a direita queimou cartuchos.
«Devíamos ter feito isto em fins de semana diferentes», lamentava ao i uma fonte do CDS.
Mas Cristas não desiste de marcar a agenda da oposição e já tem um plano para o conseguir: um segundo acto desta reentré centrista agendado para o próximo sábado.
«Vai ser um comício popular em Oliveira do Bairro, com direito a porco no espeto e tudo»..."
Desta vez tenho de ser eu a lixá-lo...
"Assunção Cristas não gostou de ver o seu «tempo de antena» interrompido ontem por um discurso de Passos Coelho à mesma hora.
A líder do CDS quer marcar terreno na oposição e, consciente de que falar ao mesmo tempo que Passos não é a melhor estratégia, marcou um comício para o próximo sábado.
Alinhados em quase tudo, Passos Coelho e Assunção Cristas não deixam de competir entre si.
Ontem, os líderes disseram quase a mesma coisa e falaram quase ao mesmo tempo, atropelando a combinação prévia que tinha havido entre os dois partidos e deixando os centristas com a sensação de que a direita queimou cartuchos.
«Devíamos ter feito isto em fins de semana diferentes», lamentava ao i uma fonte do CDS.
Mas Cristas não desiste de marcar a agenda da oposição e já tem um plano para o conseguir: um segundo acto desta reentré centrista agendado para o próximo sábado.
«Vai ser um comício popular em Oliveira do Bairro, com direito a porco no espeto e tudo»..."
Terminou a 3.ª edição do Figueira Film Art
Figueira Film Art 2016:
Dimitri Athanitis, realizador grego, foi consagrado com o prémio de “melhor longa-metragem ficção”.
O filme português “Gelo” recebeu prémios para a melhor actriz (Ivana Baquero) e melhor fotografia (João Ribeiro).
Dimitri Athanitis, realizador grego, foi consagrado com o prémio de “melhor longa-metragem ficção”.
O filme português “Gelo” recebeu prémios para a melhor actriz (Ivana Baquero) e melhor fotografia (João Ribeiro).
Figueira da Foz do Mondego... ou Figueira da Foz... da celulose?
Como sei, há muito e por experiência própria, que na sociedade figueirense não se pode discutir tudo, vou contar uma pequena história, com mais de 30 anos.
Aí por finais de 1981, dada a posição da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, que se opôs à instalação da fábrica de celulose, em Marinhais, por considerar que não estava garantida a salvaguarda das actividades económicas fundamentais da região - ligadas, sobretudo, à agricultura - e o meio ambiente, os administradores da Soporcel, optaram pela Leirosa, Figueira da Foz.
O assunto, naturalmente, foi à Assembleia Municipal do nosso concelho.
Em Março de 1981, o processo, no mínimo controverso, da instalação da nova unidade de celulose, empurrada de Salvaterra de Magos, obteve acolhimento favorável dos órgãos autárquicos figueirenses: unanimidade na Câmara e maioria, com duas abstenções da então APU, na Assembleia Municipal.
As abstenções tinham a ver, no fundamental, com questões ambientais e qualidade de vida das populações. A água, na altura, era outro problema que preocupava a força política que se absteve.
A APU, com as suas reticências, quis chamar a atenção para estes aspectos.
Na altura, recordo, um grupo de populares da Leirosa entregou mesmo na Câmara Municipal da Figueira da Foz uma petição com 383 assinaturas, na qual se afirmava que "o povo da Leirosa concorda com a instalação na zona, mas reclama para os habitantes da Leirosa e freguesia da Marinha das Ondas prioridade no preenchimento dos postos de trabalho criados pelo empreendimento..."
Por essa época, era correspondente na Figueira da Foz do jornal O Diário.
Por encomenda da direcção do jornal, fiz um trabalho sobre o processo de instalação da nova unidade de celulose no nosso concelho, que então se estava a iniciar.
Lembro-me que, pela APU, ouvi o meu saudoso Amigo Gilberto Branco Vasco, então membro da Assembleia Municipal da Figueira, eleito por esta força política.
Depois, em outubro de 1981, numa sessão de charme, os responsáveis pela nova unidade então em fase construção - o início da laboração estava previsto para o 2º semestre de 1983... - promoveram uma conferência de imprensa onde o barca nova ventilou o problema do abastecimento de madeiras para a nova unidade fabril.
Concretamente, foi questionado se havia estudos capazes de, à partida, garantirem um abastecimento sem problemas, sobretudo no domínio do eucalipto.
E os representantes da Soporcel foram obrigados a admitir o que se desconfiava: não havia...
Haveria, talvez, esboços, vontade de proceder a exames cuidadosos da situação, mas dados certos e seguros , sem margem para dúvidas - não.
E o jornal, de que eu era redactor, como era sua obrigação, deu conta disso na edição de 6 de novembro de 1981.
Esse era, na altura, como se veio a provar depois, um problema nacional de indesmentível importância: o chamado problema do eucalipto.
Não sei se foi coincidência, mas aconteceu-me o seguinte.
No período em que estiveram abertas as candidaturas para trabalhar na nova unidade fabril, como tantos outros candidatos, enviei o meu curriculum vitæ para me candidatar a um posto de trabalho.
Até hoje, nunca soube porquê, continuo à espera de ser chamado para prestar provas...
Foi uma lição de vida para mim.
Residiu aí, porventura, o conhecimento e assumpção do estoicismo que me tem acompanhado.
A resistência estóica, mais do que uma questão de vontade ou de necessidade, passou a ser, para mim, um assunto de cidadania e de sobrevivência.
Por isso, quando me tentam lixar, o meu alimento é a resistência.
Passei a não dar excessiva importância àquilo que o não merece.
Quem actua assim é rasteirinho, baixo e como tal deve ser tratado: com silêncio e desprezo.
Por mim, o assunto está ultrapassado há muito. Só espero e desejo que, estas e outras boas consciências que passaram pela minha vida, durmam descansadas.
Sans rancune.
Aí por finais de 1981, dada a posição da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, que se opôs à instalação da fábrica de celulose, em Marinhais, por considerar que não estava garantida a salvaguarda das actividades económicas fundamentais da região - ligadas, sobretudo, à agricultura - e o meio ambiente, os administradores da Soporcel, optaram pela Leirosa, Figueira da Foz.
O assunto, naturalmente, foi à Assembleia Municipal do nosso concelho.
Em Março de 1981, o processo, no mínimo controverso, da instalação da nova unidade de celulose, empurrada de Salvaterra de Magos, obteve acolhimento favorável dos órgãos autárquicos figueirenses: unanimidade na Câmara e maioria, com duas abstenções da então APU, na Assembleia Municipal.
As abstenções tinham a ver, no fundamental, com questões ambientais e qualidade de vida das populações. A água, na altura, era outro problema que preocupava a força política que se absteve.
A APU, com as suas reticências, quis chamar a atenção para estes aspectos.
Na altura, recordo, um grupo de populares da Leirosa entregou mesmo na Câmara Municipal da Figueira da Foz uma petição com 383 assinaturas, na qual se afirmava que "o povo da Leirosa concorda com a instalação na zona, mas reclama para os habitantes da Leirosa e freguesia da Marinha das Ondas prioridade no preenchimento dos postos de trabalho criados pelo empreendimento..."
Por essa época, era correspondente na Figueira da Foz do jornal O Diário.
Por encomenda da direcção do jornal, fiz um trabalho sobre o processo de instalação da nova unidade de celulose no nosso concelho, que então se estava a iniciar.
Lembro-me que, pela APU, ouvi o meu saudoso Amigo Gilberto Branco Vasco, então membro da Assembleia Municipal da Figueira, eleito por esta força política.
Depois, em outubro de 1981, numa sessão de charme, os responsáveis pela nova unidade então em fase construção - o início da laboração estava previsto para o 2º semestre de 1983... - promoveram uma conferência de imprensa onde o barca nova ventilou o problema do abastecimento de madeiras para a nova unidade fabril.
Concretamente, foi questionado se havia estudos capazes de, à partida, garantirem um abastecimento sem problemas, sobretudo no domínio do eucalipto.
E os representantes da Soporcel foram obrigados a admitir o que se desconfiava: não havia...
Haveria, talvez, esboços, vontade de proceder a exames cuidadosos da situação, mas dados certos e seguros , sem margem para dúvidas - não.
E o jornal, de que eu era redactor, como era sua obrigação, deu conta disso na edição de 6 de novembro de 1981.
Esse era, na altura, como se veio a provar depois, um problema nacional de indesmentível importância: o chamado problema do eucalipto.
Não sei se foi coincidência, mas aconteceu-me o seguinte.
No período em que estiveram abertas as candidaturas para trabalhar na nova unidade fabril, como tantos outros candidatos, enviei o meu curriculum vitæ para me candidatar a um posto de trabalho.
Até hoje, nunca soube porquê, continuo à espera de ser chamado para prestar provas...
Foi uma lição de vida para mim.
Residiu aí, porventura, o conhecimento e assumpção do estoicismo que me tem acompanhado.
A resistência estóica, mais do que uma questão de vontade ou de necessidade, passou a ser, para mim, um assunto de cidadania e de sobrevivência.
Por isso, quando me tentam lixar, o meu alimento é a resistência.
Passei a não dar excessiva importância àquilo que o não merece.
Quem actua assim é rasteirinho, baixo e como tal deve ser tratado: com silêncio e desprezo.
Por mim, o assunto está ultrapassado há muito. Só espero e desejo que, estas e outras boas consciências que passaram pela minha vida, durmam descansadas.
Sans rancune.
domingo, 4 de setembro de 2016
Os famosos sofás do Cabedelo...
foto António Agostinho |
Foi uma ideia repentina que me surgiu ao ver a foto.
Pensando bem, vou pegar na bicicleta, pedalo até ao Cabedelo, fico-me pelo sofá, a olhar o mar e a ouvir música...
E a descansar!
Tal como os políticos menores, também toda a pequena cidade tem o seu tabu...
"Cheira mal.
Fechamos as janelas do carro e seguimos viagem.
Após 3 minutos e 3 quilómetros, já passou.
Ufa!
Olhamos para a roupa que seca ao ar livre. Imaginamos o que será viver a sul das celuloses. Ou melhor, não conseguimos imaginar. Será possível alguém habituar-se a este cheiro pestilento?
E se os "chefes" das celuloses fossem obrigados a viver aqui, a sul?
Ninguém duvida da importância das celuloses para a criação de emprego.
Sabemos também que são unidades industriais preocupadas com a saúde dos seus trabalhadores. Além de certificadas por diversas organizações, nacionais e internacionais.
Contudo, uma análise critica mostra uma falta de interesse da sociedade pela poluição directamente atribuível a esta indústria.
Um jornalista do Diário de Notícias, em 2002, revelou isso mesmo quando visitou a Leirosa: foi difícil falar sobre o assunto, nem os visados pela poluição deram a cara. É assunto tabu.
Na semana passada, uma ONG de defesa do ambiente publicou um top ten das unidades que mais poluem no país, com base em dados oficiais.
As celuloses da Figueira figuravam na lista.
Esperava-se uma "defesa", troca de argumentos e dados sobre a poluição, relativizando-a.
Nada disso.
Silêncio. Uma "não posição" inteligente, esvaziando um debate necessário.
Será que as celuloses podem fazer mais para reduzir a poluição?
Qual o verdadeiro impacto na qualidade do ar, na paisagem (eucaliptos), nas águas e no ambiente marinho?
Porque tememos a discussão."
Nota de rodapé.
Poluição, celuloses e tabus, é mais uma interessante crónica de João Vaz publicada no jornal AS BEIRAS.
Esta, publicada ontem, a meu ver, por motivos mais do que óbvios: de uma vez por todas, temos de tomar consciência, que a poluição está a dar cabo da nossa qualidade de vida e que, a prosseguir por este caminho, continuaremos a destruir o legado que recebemos.
A dissimulação é uma característica necessária à sobrevivência de alguns animais.
Contudo, quando se trata do homem toma conotações lá não muito recomendáveis, já que a associamos a uma certa dose de demagogia e falsidade...
Mas, pensando melhor: lá me estava a esquecer que, na sociedade figueirense, não se pode discutir tudo!..
Ainda vou acabar mal, por continuar a entender, que viver é enfrentar a vida e os seus perigos diariamente.
Ainda me vou lixar a valer, por continuar a entender, que a vida é luta permanente de sobrevivência - e não apenas a nível físico.
Calma pá. Isto, é um dia de cada vez: sobreviver mais um dia é uma pequena grande vitória, mas não deixa de ser o adiamento do inevitável.
Presumo que pouca gente deverá pensar nisto, pois é uma grande chatice...
Fechamos as janelas do carro e seguimos viagem.
Após 3 minutos e 3 quilómetros, já passou.
Ufa!
Olhamos para a roupa que seca ao ar livre. Imaginamos o que será viver a sul das celuloses. Ou melhor, não conseguimos imaginar. Será possível alguém habituar-se a este cheiro pestilento?
E se os "chefes" das celuloses fossem obrigados a viver aqui, a sul?
Ninguém duvida da importância das celuloses para a criação de emprego.
Sabemos também que são unidades industriais preocupadas com a saúde dos seus trabalhadores. Além de certificadas por diversas organizações, nacionais e internacionais.
Contudo, uma análise critica mostra uma falta de interesse da sociedade pela poluição directamente atribuível a esta indústria.
Um jornalista do Diário de Notícias, em 2002, revelou isso mesmo quando visitou a Leirosa: foi difícil falar sobre o assunto, nem os visados pela poluição deram a cara. É assunto tabu.
Na semana passada, uma ONG de defesa do ambiente publicou um top ten das unidades que mais poluem no país, com base em dados oficiais.
As celuloses da Figueira figuravam na lista.
Esperava-se uma "defesa", troca de argumentos e dados sobre a poluição, relativizando-a.
Nada disso.
Silêncio. Uma "não posição" inteligente, esvaziando um debate necessário.
Será que as celuloses podem fazer mais para reduzir a poluição?
Qual o verdadeiro impacto na qualidade do ar, na paisagem (eucaliptos), nas águas e no ambiente marinho?
Porque tememos a discussão."
Nota de rodapé.
Poluição, celuloses e tabus, é mais uma interessante crónica de João Vaz publicada no jornal AS BEIRAS.
Esta, publicada ontem, a meu ver, por motivos mais do que óbvios: de uma vez por todas, temos de tomar consciência, que a poluição está a dar cabo da nossa qualidade de vida e que, a prosseguir por este caminho, continuaremos a destruir o legado que recebemos.
A dissimulação é uma característica necessária à sobrevivência de alguns animais.
Contudo, quando se trata do homem toma conotações lá não muito recomendáveis, já que a associamos a uma certa dose de demagogia e falsidade...
Mas, pensando melhor: lá me estava a esquecer que, na sociedade figueirense, não se pode discutir tudo!..
Ainda vou acabar mal, por continuar a entender, que viver é enfrentar a vida e os seus perigos diariamente.
Ainda me vou lixar a valer, por continuar a entender, que a vida é luta permanente de sobrevivência - e não apenas a nível físico.
Calma pá. Isto, é um dia de cada vez: sobreviver mais um dia é uma pequena grande vitória, mas não deixa de ser o adiamento do inevitável.
Presumo que pouca gente deverá pensar nisto, pois é uma grande chatice...
Uma iniciativa interessante, pois os figueirenses são seres intrinsecamente curiosos...
A Sociedade Filarmónica Dez de Agosto reedita no próximo dia 10 de setembro, a partir das 9h30, a organização do peddy-paper subordinado ao tema "Os segredos da baixa figueirense".
Nesta aventura, que terá início na sede da colectividade, as equipas de duas pessoas terão a oportunidade de conhecer melhor as praças, ruas e becos da baixa da cidade, (re)descobrindo as pessoas, os lugares e a história da cidade.
Os interessados podem inscrever-se na sede da colectividade no dia da prova ou antecipadamente através do número de telefone 233 045 913 ou e-mail sfdezdeagosto@gmail.com.
Via Figueira na Hora
Nesta aventura, que terá início na sede da colectividade, as equipas de duas pessoas terão a oportunidade de conhecer melhor as praças, ruas e becos da baixa da cidade, (re)descobrindo as pessoas, os lugares e a história da cidade.
Os interessados podem inscrever-se na sede da colectividade no dia da prova ou antecipadamente através do número de telefone 233 045 913 ou e-mail sfdezdeagosto@gmail.com.
Via Figueira na Hora
Morreu Maria Isabel Barreno, uma das "Três Marias"
....vale a pena conhecer «a sua biografia breve».
Maria Isabel Barreno nasceu em Lisboa, em 1939. Vive quase 35 anos na ditadura, numa sociedade repressora que condicionava a mulher, negando-lhe direitos básicos de realização e de afirmação enquanto ser humano. Militante da causa feminina, envolve-se em movimentos de “libertação” da mulher. Em 1972, com Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, inicia a aventura de “Novas Cartas Portuguesas”, obra proibida pelo regime, que vai ser o epicentro de um escândalo nacional e internacional conhecido como “o caso das três Marias”.
sábado, 3 de setembro de 2016
Desta vez, foi ao quilómetro 29 da A14...
A última bebé a nascer no bloco de partos do HDFF (Hospital Distrital da Figueira) veio ao mundo poucas horas depois de se conhecer a data de encerramento daquele espaço.
Recorde-se: uma menina com 3.230 gramas, com mãe de nacionalidade russa, nasceu às 00h30 do dia 1 de Novembro de 2006, veio fechar um ciclo que durava há 59 anos e que foi criado para responder a uma necessidade de um concelho que se acreditava estar em desenvolvimento.
Entretanto, o que nos vale á a nossa capacidade "pró habitual desenrascanço"...
Nasceu mais uma criança numa ambulância dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, a caminho de Coimbra. Esta, viu a luz do dia pela primeira vez na madrugada de hoje, desta vez, ao quilómetro 29,27 da A14.
Estão de Parabéns os nossos Bombeiros (desta vez, foram Fábio Fernandes e Hugo Neves), pelo profissionalismo que, mais uma vez, demonstraram...
Nota de rodapé.
Recordar o processo que levou ao encerramento da Maternidade da Figueira da Foz, no momento em que o nosso Posto Médico continua ameaçado, mais do que actual, é importante...
Estes assuntos são sérios, como diz um amigo meu em tom de brincadeira...
Esta gente é de desconfiar. Nunca dizem a verdade toda. Não diziam que iam fechar a maternidade: era só o bloco de partos. Agora, se fecharem o bloco operatório, dizem que mantém aberta a cirurgia.
Recordem, o que (por enquanto) aconteceu ao Posto Médico da Gala.
Ora, isto é um princípio perigoso. Caricaturando um pouco: pelo andar da carruagem - e continuando a citar o meu amigo - ainda nos cortam o fornecimento domiciliário de água, mas dizem que não nos encerraram as torneiras dentro das nossas casas!..
Recorde-se: uma menina com 3.230 gramas, com mãe de nacionalidade russa, nasceu às 00h30 do dia 1 de Novembro de 2006, veio fechar um ciclo que durava há 59 anos e que foi criado para responder a uma necessidade de um concelho que se acreditava estar em desenvolvimento.
Entretanto, o que nos vale á a nossa capacidade "pró habitual desenrascanço"...
Nasceu mais uma criança numa ambulância dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, a caminho de Coimbra. Esta, viu a luz do dia pela primeira vez na madrugada de hoje, desta vez, ao quilómetro 29,27 da A14.
Estão de Parabéns os nossos Bombeiros (desta vez, foram Fábio Fernandes e Hugo Neves), pelo profissionalismo que, mais uma vez, demonstraram...
Nota de rodapé.
Recordar o processo que levou ao encerramento da Maternidade da Figueira da Foz, no momento em que o nosso Posto Médico continua ameaçado, mais do que actual, é importante...
Estes assuntos são sérios, como diz um amigo meu em tom de brincadeira...
Esta gente é de desconfiar. Nunca dizem a verdade toda. Não diziam que iam fechar a maternidade: era só o bloco de partos. Agora, se fecharem o bloco operatório, dizem que mantém aberta a cirurgia.
Recordem, o que (por enquanto) aconteceu ao Posto Médico da Gala.
Ora, isto é um princípio perigoso. Caricaturando um pouco: pelo andar da carruagem - e continuando a citar o meu amigo - ainda nos cortam o fornecimento domiciliário de água, mas dizem que não nos encerraram as torneiras dentro das nossas casas!..
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