Portugal, final de julho de 2015: em 4 de Outubro próximo os portugueses vão travar mais um combate político em democracia.
A campanha eleitoral em curso vai ser suja e descarada.
Quando o que precisamos é de confrontar ideias - dispensamos a demagogia e
a propaganda - reparem no cartaz. Não passa de um truque retórico fácil de desmontar: um avô, a quem cortaram na pensão; os netos, a quem comprometeram o futuro. Todos com caras de felicidade!
Isto vai aquecer. E a ventoinha vai continuar a trabalhar…
Fica, desde já, este alerta para se abrigarem: na página 35 do programa da coligação PSD-CDS consta a proposta de privatização da Segurança Social.
Em
Portugal, durante 48 anos, vigorou uma ditadura.
Sejamos claros e concisos. Em 24 de Abril de 1974, o governo de Marcelo Caetano não autorizava a existência de partidos políticos, muito menos opiniões discordantes da ditadura em que Portugal vivia e que Salazar baptizou de Estado Novo.
Havia censura: os jornais, os livros, o cinema e o teatro eram visados por censores que proibiam as palavras que não agradavam ao regime. Muitos escritores, jornalistas, cantores e músicos eram proibidos de divulgar as suas obras.
Havia PIDE, a Polícia Internacional de Defesa do Estado: existia para perseguir, vigiar, prender e torturar todas as pessoas que tinham opiniões diferentes das do governo. Muitos antifascistas foram assassinados pela PIDE.
Havia as prisões da ditadura: os opositores ao Estado Novo eram presos em prisões como as de Peniche e Caxias, onde permaneciam em péssimas condições e eram torturados, só pelo facto de não concordarem com o regime.
Havia o exílio: muitos portugueses foram obrigados a emigrar para não serem presos ou por recusarem ir combater na injusta guerra colonial. Nos países de exílio, continuaram a sua luta contra a ditadura.
Havia a Mocidade Portuguesa: os jovens, a partir dos sete anos, eram obrigados a pertencer a esta organização militarista de juventude, que exigia que andassem fardados, marchassem como soldados e fizessem uma saudação muito parecida com a nazi.
Havia a guerra colonial: os territórios de Angola, Guiné e Moçambique, para alcançarem a sua liberdade, foram obrigados a fazer guerra a Portugal. Em consequência, morreram milhares de africanos e portugueses em África.
Havia o poder autoritário: quem nomeava os presidentes das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia eram os governantes, que não ouviam a opinião das populações nem tinham que cumprir um programa de acção.
Durante 48 anos, algumas gerações de portugueses foram
enganados por simulacros de eleições.
Contudo, sempre houve Resistência: como estavam proibidos os partidos políticos, lutava-se na clandestinidade pela liberdade.
A Oposição Democrática participou em eleições, mas os resultados foram falseados e os candidatos presos.
Apenas a seguir ao 25 de Abril de 1974 se
realizaram eleições livres e democráticas. Registe-se, que mesmo na primeira República o sufrágio universal em pleno havia sido limitado - por exemplo, no acesso
ao voto pelas mulheres.
O voto, em Liberdade e Democracia, só tem sentido no
respeito sagrado pelo sentido do voto de todos e de cada um.
Votar é, antes do mais, uma enorme responsabilidade de cada
um de nós.