84, já cá cantam!..
Oitenta e quatro anos é uma longa vida.
Esta, foi particularmente vivida com muitas dificuldades, inúmeros contratempos e algumas amarguras.
Mas, também, e isso é o mais importante, com muitas alegrias.
As consequências pesam. O que não é de admirar, pois aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas.
Aos oitenta e quatro anos já se descobriu o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
E, disso, a Dona Dora não se pode queixar.
A "LUTA" continua!
Parabéns Mãe.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
A apresentar mensagens correspondentes à consulta dona dora ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
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sábado, 4 de agosto de 2012
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Dona Dora: 87 anos
É um dia doloroso, mas bonito.
Bom, bom, seria tê-la connosco.
Foram 86, quase,
quase 87 anos - uma vida.
Em tempos difíceis, como estes que atravessamos, a sua
presença e o seu exemplo – de trabalho, de seriedade, de dignidade, a sua preocupação em cuidar da família - faz ainda mais falta.
A família sempre foi o reduto inexpugnável da nossa esperança. E vai continuar a ser.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Dona Dora: 88 anos
Mãe:
(…)
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in "Diário IV"
Saudade.
Mais do que a ausência é a vontade da presença.
Hoje, a minha Mãe festeja o seu 88º. aniversário.
É um dia doloroso, mas bonito.
Bom, bom, seria tê-la connosco.
Foram 86, quase, quase 87 anos - uma vida.
Em tempos difíceis, como estes que atravessamos, a sua presença e o seu exemplo – de trabalho, de seriedade, de dignidade, a sua preocupação em cuidar da família - faz ainda mais falta.
A família sempre foi o reduto inexpugnável da nossa esperança.
E vai continuar a ser.
(…)
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!
Miguel Torga, in "Diário IV"
Saudade.
Mais do que a ausência é a vontade da presença.
Hoje, a minha Mãe festeja o seu 88º. aniversário.
É um dia doloroso, mas bonito.
Bom, bom, seria tê-la connosco.
Foram 86, quase, quase 87 anos - uma vida.
Em tempos difíceis, como estes que atravessamos, a sua presença e o seu exemplo – de trabalho, de seriedade, de dignidade, a sua preocupação em cuidar da família - faz ainda mais falta.
A família sempre foi o reduto inexpugnável da nossa esperança.
E vai continuar a ser.
terça-feira, 14 de julho de 2015
Dorati da Conceição, uma vida de “trabalhos” que valeu a pena (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015)
A minha Mãe foi baptizada de Dorati da Conceição, nasceu na
freguesia de Lavos, Figueira da Foz, descendente de uma família de pescadores
naturais de Ílhavo, que desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água
potável que lhes permitisse a sobrevivência, que se vieram a sediar na cova de
uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova por volta de 1750/1770.
A Gala, onde a minha Mãe nasceu, é uma povoação mais
recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se
deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha
de redes e apetrechos de pesca.
Os familiares que me antecederam eram gente com mãos rugosas
do trabalho e faces marcadas pelo sol e
pelo mar, onde arriscaram a vida para continuar a viver.
A vida da minha Mãe, até ao último dia, foi, sobretudo, uma
vida de “trabalhos”.
Normalmente, este blogue serve para tudo, menos para falar
de mim ou da minha família.
Hoje, é uma dessas raras excepções… Mas, como é que se
escreve sobre uma Mãe que teve uma dura e difícil vida e que acaba de me deixar?
Neste momento, não sei se não sei, não sei se não consigo.
Sei que foram quase oitenta e sete anos, uma longa vida,
ainda por cima, vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas
amarguras.
Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva,
aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma
Mãe de idade já avançada para cuidar.
A vida é tão difícil para alguns… Contudo, a minha Mãe deu a
volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe, avó e bisavó dedicada.
Nunca desistiu: e isso foi o mais importante.
Viveu muitas alegrias no seio familiar – toda a família a rodeou de cuidados, amor,
carinho e atenções até ao último dia.
Porém, as consequências de uma vida longa, dura e difícil
pesaram no final – as últimas semanas foram penosas, muito penosas mesmo.
Ao longo do percurso aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos
e lágrimas, chegadas e partidas – e, sobretudo, trabalho, muito trabalho e
muita luta pela sobrevivência com honra e dignidade – o maior e mais importante
legado que deixou à família.
Quase oitenta e sete anos deram para descobrir o que é
verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
E, disso, a Dona Dora, minha Mãe, não se pode queixar.
Hoje perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi,
também, o pai que me restava. Lembro-me de tudo. De como ela era bonita. E bem disposta e divertida, como esta foto de 2012 mostra.
É assim que a vou recordar. Sinto a sua partida e o que teve
de sofrer nos últimos meses, como uma profunda injustiça. Como a pior traição
que se faz a um filho.
“Consola-me” um pouco, porém que, hoje, a morte vai ser a primeira
noite sossegada que vai ter de há largos meses a esta parte…
Até um dia Mãe.
Um beijo.domingo, 9 de janeiro de 2022
Um maneira alegre e bem disposta de começar um domingo...
No passado dia 5 comemorei 68 anos de vida.
Vida longa. Já vivi mais 21 anos que o meu Pai. O meu Pai nasceu a 17 de Abril de 1927 e faleceu em 6 de Junho de 1974. Viveu pouco mais de 47 anos.
Na altura, Portugal vivia a Revolução de Abril. Eu vivia em revolta pessoal, por verificar que o meu Pai não iria usufruir da merecida melhoria das condições que os pescadores e as suas famílias tiveram nas suas vidas, após o 25 de Abril de 1974.
O meu Pai, tal como eu, era um sonhador à antiga. Tinha apenas a 4ª. classe, mas era culto. Lia muito. Jornais e romances - sobretudo, não sei explicar porquê, os que na época deram guiões de grandes filmes.
Ficar sem pai com pouco mais de 20 anos não me tornou mais adulto.
A vida complicou-se. A minha Mãe ficou viúva nova, com 3 filhos e a Mãe - a minha avó Maia. Vivemos dias complicados, mas tivemos sempre uma casa farta: de valores familiares e amor. O resto superou-se.
A morte do meu Pai marcou-me para o resto da vida.
Tudo passou a ser mais difícil. Ficar sem poder contar com a sua presença física e convivência, a sua opinião, a sua coragem, a sua alergia à injustiça e o seu companheirismo, foi duro. Foi mesmo muito duro.
Com a morte da minha Mãe (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015) voltei a sentir verdadeiramente o que é a ausência. Algo mitigada, porém, por saber que a minha Mãe viveu quase oitenta e sete anos, uma longa vida. Embora vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas amarguras. Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva, aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma Mãe de idade já avançada para cuidar. A vida é tão difícil para alguns…
Contudo, a minha Mãe deu a volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe, avó e bisavó dedicada. Pena não ter conhecido o Zé Miguel, o meu neto, que nasceu em Maio passado.
Legou-me o exemplo. Nunca desistiu: e, isso, foi o mais importante.
Viveu muitas alegrias no seio familiar – toda a família a rodeou de cuidados, amor, carinho e atenções até ao último dia.
Ao longo do percurso aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas – e, sobretudo, trabalho, muito trabalho e muita luta pela sobrevivência com honra e dignidade – o maior e mais importante legado que deixou à família.
Os quase oitenta e sete anos da minha Mãe, deram para descobrir o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos. E, disso, a Dona Dora, minha Mãe, esteja onde estiver, não se pode queixar.
A 14 de Julho de 2015 a amargura e a revolta que senti deveram-se sobretudo a um facto: nesse dia perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi, também, o pai que me restava. Ficar sem Mãe e o Pai que me restava ao mesmo tempo é a pior traição que se pode fazer a um filho.
Nestes tempos conturbados, complicados e algo penosos que estamos a viver neste início de 2022, faz-me a falta a confiança que sempre tive, vinda dos meus Pais.
Falta-me o aconchego de alguém que nos faria sentir que está tudo bem e vai ficar tudo bem, mesmo quando não fizessem ideia da dimensão do problema.
Os Pais sugerem o percurso. E os filhos caminham.
Para mim, acabou no dia 14 de Julho de 2015 algo que mais ninguém me pode proporcionar: a possibilidade de regressar, voltar de novo a caminhar e mudar o destino.
É com alegria que, todos os dias, recordo os meus Pais. Apenas lamento a ausência de resposta. Bastava-me algo simples e sem importância. Com o meu Pai, chutar umas bolas à baliza por ele defendida (ele gostava que eu tivesse sido jogador de futebol). Com a minha Mãe, comer um belo prato de papas feitas por ela com a sobra da sopa de feijão do dia anterior, acompanhado com umas belas sardinhas assadas salgadas no tempo da "matança".
A vida está uma confusão e uma trapalhada. Não sabemos como vamos sair disto.
De uma coisa, porém, tenho a certeza: evocar os meus Pais fez-me bem.
É possível encarar o futuro controlando o medo e dobrando a esperança no futuro.
É tão bom ser pequenino. Ter Pai é ter "sempre um sol a pino". Ter mãe é ter um Deus só nosso, que o mesmo é escrever, um escudo protector.
Que bom ter começado hoje o dia com esta recordação dos meus Pais. Que grande e gloriosa alegria. Bom dia para todos.
sexta-feira, 8 de março de 2013
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Parabéns Dona Dora
Oitenta anos é uma vida. Vivida com muitas dificuldades, inúmeros contratempos e algumas amarguras. Mas, também, com muitas alegrias.
As consequências pesam. O que não é de admirar, pois aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas.
Aos oitenta anos já se descobriu o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
Mãe: chegar aos oitenta, assim, rodeada dos que a amam, com um sorriso rasgado e espírito brincalhão, que mais se pode exigir da vida?
Quando eu chegar aos oitenta, quero ser assim.
As consequências pesam. O que não é de admirar, pois aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas.
Aos oitenta anos já se descobriu o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
Mãe: chegar aos oitenta, assim, rodeada dos que a amam, com um sorriso rasgado e espírito brincalhão, que mais se pode exigir da vida?
Quando eu chegar aos oitenta, quero ser assim.
Parabéns.
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