sábado, 11 de janeiro de 2014

António Lobo Antunes

A REALIDADE

 "«Estamos num Plano de Saneamento Financeiro com o objectivo de atingir equilíbrio financeiro. Não faz sentido, numa situação particularmente difícil diminuir a derrama».
A quem atribuir a afirmação?
Ao Governo ou à  posição?
Ela é do Sr. Presidente da Câmara da Figueira da Foz e foi proferida face a proposta do PSD de uma derrama de valor inferior ao proposto pelo PS.
O que relevo é o facto de aquela frase encaixar perfeitamente no discurso do Governo ou da bancada da maioria, da mesma forma que a proposta do PSD na oposição na Figueira é do tipo das propostas do PS na oposição no Parlamento.
Ou seja, o que parece distinguir hoje os partidos do centro não é mais uma qualquer insanável diferença ideológica e programática mas apenas e só a conjuntural diferença de ser ou não poder.
É justamente por isso, pela inexistência de uma clara linha de fronteira, que creio ser mais difícil ainda forjar o necessário consenso pós troika.
Se a questão se situasse ao nível ideológico e programático era mais fácil encontrar um denominador comum para uma conjuntura dificílima.
Os consensos só se fazem entre diferentes, entre contrários até, para uma conjuntura particular, de emergência.
Porque havia posições políticas e ideológicas bem vincadas, foi possível um consenso nacional alargado para aprovação da Constituição da República por maioria de 2/3.
Quando a questão é apenas a do poder não é possível o consenso, está bem de ver.
Para mais a ano e meio de eleições.”

Em tempo.
O título é meu.
O texto acima é de Joaquim Gil, advogado. 
Foi hoje publicado na sua coluna de opinião no jornal AS BEIRAS, que gostei de ler e que, por isso, aqui publico com a devida vénia.
A qualidade da democracia, é a realidade que está em causa, neste momento, em Portugal.
Um estudo  de António Costa Pinto e Pedro Luís de Sousa e Ekaterina Gorbunova, publicado em janeiro de 2012, dava conta que  a insatisfação com a democracia estava  a aumentar - só 56% dos portugueses acreditavam que a democracia é o melhor sistema político.
O pior defeito da democracia é o chamado "picos de cidadania", em que as pessoas vão votar e, pronto...
Depois, esquecem que  há um trabalho constante de informação e de questionar quem elegemos.  Daí, o exercício da nossa cidadania não poder ficar limitado ao  voto.
O voto – e a realidade demonstra-o à saciedade -  é uma maneira muito pobre de saber-se o que as pessoas querem e desejam. A sociedade civil deve funcionar como contrapeso em relação às decisões políticas.
Actualmente, há várias maneiras de nos fazermos ouvir, como, por exemplo, para desgosto de alguns, as redes sociais...
Na última década, a Internet tem sido o escape de muitos para exercer o seu direito de cidadania, contra o sistema político hermético e muito pouco permeável a contestatários.
Como constatei, há mais de 30 anos, os partidos políticos são muito pouco flexíveis para incorporar a voz da cidadania.
Entretanto, e estas coisas não podem ser vistas em separado, a vida está a ficar cada vez mais difícil para os jornalistas...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Quando a ficção supera a realidade

Milhares de portugueses andaram a pedir facturas com o nome e o número de contribuinte do primeiro ministro. Agora, têm o resultado: vão sortear carros para quem pediu factura.
Tomás Vasques

Quando a realidade supera a ficção…

"Bispo de Beja compara "rei" do futebol a Amália e a Fátima"!..

Esta nossa barra... (VIII)

foto Pedro Agostinho Cruz
Os pescadores da pesca artesanal da Figueira da Foz foram ontem pela primeira vez ao mar em mais de um mês, mas no sábado voltam a parar devido ao esperado agravamento da agitação marítima.
Desde o início de dezembro que cerca de 30 embarcações se mantiveram sem actividade no porto de pesca da Figueira da Foz.
"O mês de dezembro foi zero. O ano passado estivemos quatro meses [no outono e inverno] sem ganhar um tostão, temos de ganhar no verão para podermos comer no inverno"disse à agência Lusa Alexandre Carvalho, armador de pesca local..
As embarcações, com nove metros de comprimento e cujo raio de alcance não ultrapassa as 10 milhas (cerca de 18,5 quilómetros), são as mais prejudicadas quando as condições de mar pioram, situação que leva, amiúde, ao encerramento da barra a embarcações com menos de 11 metros, explicou.
A situação tem levado alguns pescadores a desistirem da actividade...
"Em dois anos, já desistiram cinco ou seis. Emigraram, foram para o Luxemburgo e Suíça", afirmou também Alexandre Carvalho.

Algo de novo na Figueira...

Pela amostra, o  sucesso vai ser efémero...

Que belíssima maneira de começar um dia...

Está uma manhã maravilhosa. Calculo que devam estar uns 10 graus...
Sol  a rodos. Que belíssima  maneira de começar um dia.
E depois, boas notícias logo a abrir – geniais ("as bolsas na Europa abriram em alta", diz a locutora de serviço...)
As  desgraças são para outros lados  -  mas ainda bem que não me calhou a mim...
Neste momento, na televisão, Passos Coelho  aos que dizem que ele não tem sido um bom presidente do PSD, responde: “não se pode estar bem em tudo”.
Bom, desliguei a televisão, olhei pela minha janela e vi o que a foto mostra...
Sol a rodos. Que belíssima maneira de começar um dia.
Entretanto,  vou-me rindo da minha sorte e procurando ir dando  uma mãozinha, no que puder,  aos ainda menos afortunados.
"Ser pobre não é o que não tem... Ser pobre é o que partilha aquilo que tem".
“Somos pobres mas somos muitos”!..
Lembrei-me de Passos Coelho e do momento em que desliguei a televisão:
"Num dia somos pavões, noutros espanadores"...

Quando for grande quero ser político!..

 jota do CDS, considera que "o prolongamento até ao 12º ano do ensino obrigatório é um erro e que se devia recuar para o 9º ano de escolaridade" ...

Viva Portugal, país de elevado nível...

Passos dá garantias de que o segundo resgate é tema do passado: “não, não estamos a caminhar para o segundo resgate, não, não estamos a falhar a expectativa legitima de superar a crise”...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Para 2016?.. Ou, para 2021?.. Ou, para 2026?..

Com tanto problema e anda-me este ministro a falar disto...
É por estas e por outras, que nunca saberemos quando é que o Iva vai descer para a restauração...

Gostei de ler

Para ler melhor clicar na imagem

Mais futebol na tv

Graças ao nosso Governo, cerca de 10 milhões de portugueses,  poderão no final de março testemunhar mais um emocionante espectáculo futebolístico através da televisão.
Nesse dia, prevê-se que as mulheres deverão passar horas na cozinha a fazer petiscos e arranjarão umas cervejolas ou um bom tinto para os homens poderem acompanhar o petisco e o importante evento com tudo o que merecem...
No final, os homens terão justificação se as  espancarem!

Os 100 metros de uma protecção rochosa e o Bairro dos Pescadores desaparecido...

Todavia, ninguém se recordou que no local existia um “Bairro de Pescadores”, que entretanto desapareceu.
Lembre-se que a construção dos denominados  Bairros de Pescadores, de carácter económico, foi uma das  realizações que mais impacto teve no contexto da “obra social das pescas”, de Salazar e Tenreiro, sob o lema “para cada família um lar”.
foto Pedro Agostinho Cruz
Destinados a acolher os  pescadores e as suas famílias, mediante o pagamento de rendas baixas, muitos destes bairros, senão mesmo a totalidade, foram construídos longe dos centros das localidades e longe dos próprios portos de pesca, possivelmente pela dificuldade em conseguir um terreno próximo dos locais de pesca, mas principalmente pela tentativa de “guetização” dos pescadores e suas famílias, fechando-os nas suas comunidades, evitando ao máximo o contacto com os “de terra” e a sua possível  dispersão.
Foi o caso do já desaparecido Bairro dos Pescadores da Cova-Gala, cujas primeiras 16 casas foram inauguradas em 1 de Maio de 1941.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Uma promessa sem promessa...

foto Pedro Agostinho Cruz

“Governo espera conclusão das obras nas zonas de Ovar, Ílhavo e Figueira da Foz até ao verão”!..


- Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, em declarações ao jornalista da Antena 1 Nuno Rodrigues.

Sempre passaram (muito rapidamente...) pelo 5º. molhe...


Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente, e o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, estão hoje na Figueira da Foz.
As fotos, obtidas há poucos minutos pelo Pedro Agostinho Cruz, documentam a passagem pela praia do Cabedelo.
Estiveram na praia da Tamargueira, em Buarcos, e passaram rapidamente pela Praia do 5º. molhe...
Vamos aguardar pelos resultados desta visita.

Estacionamento do hospital...

Na reunião de câmara realizada na passada segunda-feira (à porta fechada, por ser a primeira do mês...) a coligação Somos Figueira, através do líder, Miguel Almeida, solicitou cópias do contrato celebrado entre a Figueira Parques e o Hospital Distrital da Figueira da Foz. 
O documento, recorde-se, tem a ver com a construção do parque de estacionamento da unidade hospitalar, pela empresa municipal. A estrutura política liderada por Miguel Almeida discorda do sistema de pagamento. Isto, mesmo depois do HDFF e a empresa municipal terem isentado os utentes de pagamento durante a noite e de terem aumentado, de 15 minutos para uma hora, o período inicial de estacionamento grátis. 
O HDFF justificou a requalificação do parque e o pagamento do estacionamento com a necessidade de ordenar o espaço. Sobretudo no verão, altura do ano em que, segundo os responsáveis pela implantação do estacionamento pago no HDFF, os frequentadores da praia vizinha estacionavam ali as suas viaturas. 
Se esse é o argumento principal, propõe a coligação Somos Figueira, então que o pagamento seja aplicado apenas na época balnear. “Lamento que o presidente da câmara, que também é presidente da Figueira Parques, defenda aquele parque de estacionamento. Assim, é muito mais difícil pedir à tutela que revogue a decisão”, declarou Miguel Almeida ao DIÁRIO AS BEIRAS, que garante "que não vai deixar que este assunto fique estacionado no tempo"
Entretanto, em resposta, o gabinete de João Ataíde limita-se a repetir o que já sabemos: “reitera-se que a decisão de tarifar o estacionamento foi do HDFF”. Independentemente da entidade que iria fazer a intervenção, por decisão do hospital, seria sempre cobrado o estacionamento”.. 
O executivo camarário socialista sublinha, mais uma vez,  que o protocolo com o hospital não tem fins lucrativos. 
Sendo assim, como compreender que um político experiente, como João Ataíde - está a cumprir o segundo mandato - tenha dado tamanho tiro no pé, deixando-se enredar neste caso ?..

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Sul do 5º molhe, praia do Orbitur, entre a Cova e Costa de Lavos, um dos locais em maior risco...

Neste local, a zona do areal recuou largas dezenas de metros, a água já galgou a duna, como a foto bem o documenta, entrou pelo pinhal dentro e o mar vai continuar a bater na duna primária. 
Foto de Pedro Agostinho Cruz
Quem olha para sul, a partir do Cabedelo, fica com a sensação de que o mar fustigou tanto as praias da Cova-Gala, nos últimos dias, que  pouco sobrou.
Todavia, só foi surpreendido quem prefere esconder o sol com uma peneira. 
Como sabemos, desde a construção dos molhes no porto da Figueira da Foz, na década de 60, que nas povoações a sul do Cabo Mondego a erosão está a avançar. 
O troço a sul do Porto da Figueira da Foz está na rota da erosão costeira, o que coloca  em perigo os aglomerados populacionais da Cova e da Gala, Costa de  Lavos, Leirosa e, por aí fora,  mais a sul, como, por exemplo, S. Pedro de Moel e Pedrógão.
O prolongamento, em 400 metros, do molhe norte só veio agravar a situação. No  troço costeiro Cova-Gala, Costa de Lavos, Leirosa,  a sul, nos últimos anos, a areia tem vindo a desaparecer assustadoramente. A norte, frente à Figueira, o areal cresce  com a retenção de sedimentos pelos molhes. A primeira praia, localizada imediatamente a norte da obra portuária, tinha crescido 440 metros, segundo dados de 1980; a segunda, mais a norte, tinha engordado 180 metros. Com o prolongamento do molhe norte do porto comercial, agora concluído, o areal da Figueira já deverá ter aumentado mais de 100 metros.
Entretanto, a sul, as praias têm emagrecido a olhos vistos.  O recuo da linha da costa tem vindo agravar-se. Como recordou  há uns tempos, o geógrafo José Nunes André, investigador em Geomorfologia do Instituto o Mar (IMAR) em duas décadas, esta zona recuou 100 metros.
Não admira, portanto, que ainda hoje a zona esteja classificada como de risco elevado e que o Plano Litoral 207-2013 previsse novas intervenções, que não foram executadas...
“Durante a visita o ministro dará a conhecer as medidas de protecção do litoral nas áreas afectadas em todo o país e nas regiões a visitar em particular”, refere o gabinete do ministro do Ambiente, em nota de imprensa.
Não há ninguém que os consiga convencer  a virem ver também  a zona sul da orla costeira figueirense?

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Recordando Fevereiro de 2007 na Figueira, na manhã do dia a seguir ao mar ter galgado as dunas a norte e a sul da praia da Cova....

O então presidente da Câmara da Figueira da Foz, o já falecido eng. Duarte Silva, em declarações ao JN de 27 de Fevereiro de 2007, rejeitou a ideia de que o prolongamento do novo molhe do porto comercial local, em 400 metros, poderia aumentar a erosão costeira nas praias a sul da Figueira da Foz.
Recorde-se, que na altura a obra foi censurada pela Assembleia Municipal de Leiria, que aprovou uma moção contra a construção da estrutura.
Palavras de Duarte Silva ao JN, que vale, neste momento,  a pena lembrar: "como este molhe tem uma inflexão a sul, dos cerca de 400 mil metros cúbicos de areia que, por ano, aqui se depositam, depois da obra só um quarto desse valor ficará na Figueira. O restante será depositado naturalmente nas praias a sul".
Os resultados, pelas fotos (clicando aqui poderão ver mais...) estão à vista.
Querem saber a opinião dos políticos que mandam na Figueira em 2014?..

Se a polémica existe - e ele diz que sim - então o caso é muito sério...

António Tavares, vereador do PS, hoje no jornal As Beiras. “Este banalizar da opinião, manifestado sobretudo nos novos suportes com que hoje se comunica, como as redes sociais, foi já alvo de análise de Nicholas Carr, um teórico das tecnologias da informação, que se refere ao fenómeno utilizando conceitos como os de “geração superficial” e de “comunicação oca” e por Andrew Keen, um dos criadores das redes sociais, que numa frase sintetiza o fenómeno: “demasiada opinião, pouco conhecimento”.
E,  um pouco mais à frente, escreve António Tavares. “É natural que, banalizada, oca, superficial, efémera e líquida, a opinião, dotada de fraco conhecimento, serve de muito pouco, sobretudo quando destila ódios pessoais e assenta na falta de estudo e informação ou na deturpação maliciosa de factos. É preciso alinhavar para além dela; como é usual dizer-se, não basta olhar, é preciso ver.”
Tal como, certamente,  o vereador, agora, pelos vistos, também colunista, conheço alguns ditos defensores acérrimos e indefectíveis  do direito à opinião e da liberdade de expressão, mas que,  quantas vezes, não lhes apeteceu ver pessoas presas e torturadas,  pelo que opinam ou pensam,  ou, simplesmente, sei lá, pelo penteado que ostentam ou pelo que vestem!..
Ora bem, uma polémica destas, tratada assim, numa crónica de jornal, em torno da liberdade de opinião, ou, melhor,  dos meios onde agora a podemos exprimir, também pode fazer-nos recuar até ao século  XX...
Todavia, para desgosto de alguns, lembre-se, estamos no século XXI, a tal “sociedade do espectáculo em que vivemos, despida de ideologias e valores.”
Como escreve ainda António Tavares, “este “paleio” produz muito ruído e encrespa a espuma dos dias.”
Não deixa de ter a sua ironia, que para derrubar a lista de direita mais fraquinha  que se candidatou à Câmara da nossa cidade (pelo menos de que há registo na minha memória),  todo o PS figueirense se tenha tido de juntar nas últimas autárquicas movido por "interesses" -  também pessoais...