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foto António Agostinho |
“Os enrocamentos, esporões e pedras vão matar as nossas praias
a curto prazo, retirando-lhes areia e potenciando a erosão. O problema não é a violência
do mar. As populações e os políticos é que se enganam a si próprios quando pensam
que a “engenharia pesada ad-hoc” é a solução.
Há duas formas de preservar a “costa”: 1) dar espaço ao mar e
organizar uma “retirada” em zonas ameaçadas, realojando as populações; 2)
realimentar com areia as dunas e áreas a preservar. A opinião técnica é
unânime: o custo benefício das medidas de protecção está do lado do reforço das dunas,
reconstituindo-as. Agir fora destas opções tem sido desastroso.
A estrada que liga a Cova-Gala ao Cabedelo, passando pelo hospital,
não tem viabilidade.
Deverá ser abandonada, tal como os equipamentos e as casas
construídos nas dunas e imediatamente atrás. Cita-se um estudo científico
(Dias, Ferreira e Pereira; 1994 ): “No caso da Figueira da Foz, a erosão
costeira a [sul] dos molhes é, indubitavelmente, devida à retenção da deriva
litoral pelo molhe norte. É-o, também, devido à diminuição progressiva do caudal
sólido debitado pelo rio Mondego (…), provocada pelas múltiplas intervenções efetuadas…”.
Os problemas existentes (…) a sul da barra localizam-se nas
zonas de implantação dos núcleos urbanos (Gala, Costa de Lavos, Leirosa), o que
comprova, uma vez mais, que “só existem verdadeiramente problemas de erosão costeira
quando o litoral está ocupado”.
A decisão de emparedar a costa e acabar com a praia é
demasiado importante para ser tomada durante a tempestade. Há que procurar as
melhores soluções e um consenso que abranja os nossos netos e o seu direito a desfrutar
da praia do Cabedelo.”