«Retiraram o baloiço da escola. Estava a precisar de reparação. Mas, em vez de reparar optaram pela solução mais fácil, eliminar o melhor divertimento das crianças. O baloiço era uma fonte de exercício físico, uma oportunidade das crianças aprenderem a controlar os movimentos e a impulsionarem-se. O baloiço da escola competia com os videojogos e a televisão. Andar de baloiço é uma actividade fantástica, a sensação de movimento, o chegar mais alto e mais além até ao limite das leis da física. Nas escolas, em geral, diz-se que o dinheiro é escasso. Neste caso não chega para reparar o baloiço mas é suficiente para um mega televisor novo. Hipnotizar as crianças e
“empanturrálas” com longas horas de televisão é muito mais importante que
“o baloiçar ao ar livre”. As crianças fazem filas para o baloiço,
“chateiam” enquanto esperam pela sua vez e assim obrigam a compromissos e diálogo. É muito simples tê-los sentados a ver televisão. Não diálogo, apenas monólogos. As árvores na escola também vão desaparecendo porque são perigosas. Trepar é arriscado, a fruta que cai no chão é
“coisa suja e perigosa” e as folhas têm que ser limpas. É deprimente pensar que os adultos tomam as piores decisões possíveis
“em nome da segurança das crianças”. Aliás, faltam baloiços em muitos parques. As crianças e os adultos precisam de mais
“baloiços e árvores” em espaços públicos. Necessitamos de mais
“comunidade” e menos comodismo. Talvez fosse tempo de parar e
“ouvir as crianças que gostam de baloiçar”.»
Baloiços, uma crónica de João Vaz. Via jornal AS BEIRAS.