quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Mário Soares foi um político humano: não teve sempre razão e enganou-se muitas vezes

Hoje, pelas 18h00, no Centro de Artes e Espectáculos, vai decorrer a apresentação pública do programa comemorativo do centenário do nascimento de Mário Soares.
Na oportunidade, decorrerá também a inauguração da exposição de fotografia de Alfredo Cunha «Mário Soares- 100 anos 100 Fotografias- Democracia».
Mário Soares foi uma grande vedeta política. No País e na Figueira.
Encheu a Fonte Luminosa em Lisboa. Mas, mais difícil ainda, também encheu a Fonte Luminosa na Figueira.
Mário Soares, consta,  continua a ser  uma referência. Foi  o homem a quem Portugal deve não ter sido arrastado para o bloco comunista em 1975, tendo como expoente mais visível a manifestação da Fonte Luminosa, em Lisboa, no chamado Verão Quente.
Na altura, Portugal dirimiu. Portugal sentiu. Portugal decidiu.
Entretanto, Portugal deprimiu. Portugal ressacou. Resultado: Portugal recuou.

"O tempo de Mário Soares", um texto Eduardo Lourenço, publicado em 18 de Janeiro de 2006, no Jornal Público, lido nos dias de hoje, "é os olhos da história".
Foi publicado no tempo do fim de mandato do Presidente Jorge Sampaio e da realização das sétimas eleições presidenciais portuguesas, após o 25 de Abril de 1974, que tiveram lugar a 22 de Janeiro de 2006.
Como sabemos os resultados foram estes: Cavaco Silva, com 2.758.737 votos, ganhou com uma percentagem de 50,64%.  Manuel Alegre, com 1.127.472 votos e uma percentagem de 20.70%, ficou em segundo lugar. Mário Soares, com 781.513 votos e uma percentagem de 14.35%, ficou em terceiro lugar. De registar ainda os 467.360 votos e a percentagem de 8,28% alcançada por  Jerónimo de Sousa nesse acto eleitoral. 
Continuemos em 2006. Vamos ao texto de Eduardo Lourenço.
«A campanha eleitoral não tem sido exactamente aquele torneio político exemplar que alguns idealistas impenitentes sonharam. Faltou-lhe paixão e sobraram escusadas flechas em forma de boomerang. [...] Trazer para esta sociedade, mais do que nunca sociedade de espectáculo, o eco da antiga paixão portuguesa, quer a recalcada do antigo regime, quer a exaltada e exaltante das duas décadas após Abril, era uma aposta arriscada, para muitos perdida e, em todo o caso, objectivamente quixotesca. Filho desses dois tempos, de que foi actor político precoce e, depois, personagem histórico, Mário Soares ousou trazer de novo para uma arena pública, já longe desses tempos turbulentos, essa antiga paixão política, sem querer saber se estaria ou não fora de estação. Passada a surpresa, esta audácia quase juvenil do antigo Presidente da República foi recebida com cepticismo por muitos, com sarcasmo por outros e, sobretudo, como uma ocasião inesperada para ajustar contas antigas e menos antigas com o homem que, melhor do que ninguém, de entre os activos, se identificou e é identificado com a Revolução de Abril e, em particular, com o tipo de democracia que ela instaurou em Portugal. [...] O mundo é que não é exactamente o mesmo mundo onde essa aventura pessoal e transpessoal foi possível. E esse mundo tinha de mudar, não o homem Mário Soares, mas a imagem dele no espelho alheio. O mesmo homem que, em tempos, passou entre nós como “o amigo americano” quando isso significava que o destino da nossa frágil democracia implicava alinhamento com a primeira das democracias ocidentais, aparece, hoje, aos olhos dos que têm interesse em cultivar essa vinha, como “antiamericano”, o que é, naturalmente, ainda mais simplista do que a antiga etiqueta. A única verdade desta valsa ideológico-mediática é clara: o antigo mundo que foi, durante décadas, o do horizonte da luta política de Mário Soares, funciona em termos de repoussoir — e Mário Soares, mais fiel aos seus ideais de sempre do que se diz, aparece, em fim de percurso, mais à “esquerda” do que nunca o foi. [...] Este tempo de Mário Soares não é apenas o tempo de Mário Soares. É o de várias gerações que, como ele, num mundo então histórica, ideológica e culturalmente dividido entre “direita” e “esquerda”, não apenas no Ocidente mas à escala planetária, escolheu um campo, numa época em que não escolher era ficar fora, não apenas do combate político, mas do combate da vida. É inócuo e só na aparência, prova de imaginária lucidez, pensar que esse comportamento releva de uma versão simplista e maniqueísta do mundo. Essa era a textura do mundo e da história que nos coube viver e só quem pretende viver fora deles se imagina sobrevoá-los como os anjos. É uma bela aposta a de Mário Soares, perdida ou ganha. Com a sua carga romanesca e a sua trama paradoxal. Mário Soares não é — nem a título histórico, nem ideológico — toda a esquerda portuguesa, mas nunca foi mais representativo dela, da sua utopia e das suas inevitáveis miragens, do que hoje, quando, aos oitenta anos, se apresenta como alguém, dentro dessa escolha, susceptível de incarnar ainda, melhor do que ninguém, essa velha aposta que entre nós nasceu com Antero e teve em António Sérgio, entre outros, as suas referências culturais, infelizmente mais vividas com sugestões poéticas do que propriamente políticas. Dizem-me que os dados há muito estão lançados e mesmo que os jogos estão feitos. Não o duvido. [...] Os seus adversários neste combate inglório e soberbo foram sempre outros. Não só os que se lembram do seu militantismo juvenil, como os que não esquecem a sua conversão definitiva ao socialismo democrático, mas, sobretudo, os que nunca lhe perdoaram o ter lutado pela democracia em Portugal, antes e depois de Abril. É isso que a verdadeira direita não esquece. É muito mais gente do que se supõe. É a mesma que põe na sua conta, como uma mancha indelével, a absurda culpa de ter “perdido” uma África que ninguém “perdeu” senão ela. [...] A esquerda não o traiu, nem ele se traiu nela. O drama é que essa esquerda de que pela última vez se faz paladino é, ao mesmo tempo, uma realidade — embora ideologicamente recente — e uma quimera. O problema da esquerda nunca foi a direita [...] mas a esquerda mesmo como pura transparência da história. A esquerda, sendo em intenção mais virtuosa, não é menos opaca, no seu angelismo imaginário, que a mais obtusa direita. Sobretudo quando não se dá conta disso. Em alegoria caseira, estas nossas eleições tão consensualmente democráticas, ilustraram com suavidade à portuguesa esta fatalidade. O combate no interior da nossa suicidária esquerda foi, à sua maneira incruenta, uma espécie de Alfarrobeira política. Talvez algum cronista, no futuro se inspire nela para nosso ensino inútil. Ou um poeta. Mas não terá Mário Soares.»

Voltando a 2023. Basta ver televisão para perceber que a matriz da democracia, que é a liberdade, é algo sistematicamente "esquecido": no panorama da comunicação social portuguesa e no comentário político não há pluralismo.
Esta constatação simples, facilmente visível por qualquer um de nós, se estiver minimamente atento ao que o rodeia, é um exemplo de como corre perigo a liberdade e a democracia.
Para quem goste ou não do político, foi isto que Mário Soares deixou como legado: a capacidade de saber quando a liberdade corre perigo. Ninguém como ele identificou os responsáveis, denunciando-os na praça pública, alguns até do seu partido. Enquanto a vida lhe deu forças, nunca pactuou com os inimigos da liberdade. 
A democracia portuguesa vive tempos difíceis. Daí, em 2023, a importância de recordar Mário Soares e, sobretudo "a herança que deixou"
Esta "nova" (velha) direita portuguesa, que se auto-considera intelectual e liberal, pratica um  liberalismo, que continua a "não enjeitar a teta do orçamento".
Sempre foi assim: quer antes quer depois do 25 de Abril .
Desta nova direita, composta maioritariamente por políticos nascidos depois do 25 de Abril de 1974, esperava-se mais: que tivesse novas ideias e dispensasse o obscurantismo como arma política. 
Mas, citando Vasco Pulido Valente: "a referência ideológica da direita portuguesa continua a ser Salazar, o que lhe confere um inequívoco certificado de origem."
Nas elites desta "nova" (velha) direita, quase 50 anos depois da censura ter terminado numa manhã de Abril, o obscurantismo continua a fazer o seu caminho. 
Para esta "nova" (velha) direita, "Mário Soares nunca será um homem de coragem e muito menos um grande político."
Para eles o que o moveu "foi a vaidade e a soberba."
Estamos num País livre, onde se pode dizer tudo e mais alguma coisa. Basta passar os olhos pelas redes sociais.
Mas que moral tem esta rapaziada? Sabem o que foi a luta pela Liberdade e pela dignidade que levou muitos a ter passar pela prisão política?
Esta "nova" (velha) direita é perigosa.
Podia não ter respeito por Mário Soares. Mas, há mínimos que os manipuladores da história deveriam respeitar: nomeadamente a verdade histórica.
Tentar utilizar a ignorância arrogante como uma mais-valia eleitoral é insurportável.

Mário Soares não é um político da minha especial simpatia.
Porém, foi um político humano: não teve sempre razão e enganou-se muitas vezes.
Espero que as comemorações que hoje se iniciam na Figueira contribuam para clarificar isso.
Para quem está atento e vive em 2023 num País chamado Portugal, isso é importante: "quem o diz é a História"

Nota de rodapé.
Nos bastidores da política figueirense, elementos ligados ao PS/Figueira, acusam-me de várais coisas. Entre elas, de não gostar do PS. 
E, se calhar, têm razão. 
Previno, desde já, que a explicação é longa. 
Quem tiver curiosidade, continue. Basta clicar aqui.
Para mim será um gosto visitarem esta reflexão que publiquei em 13 de Junho do corrente ano.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Primeira reunião de câmara de Dezembro realiza-se amanhã

Realiza-se amanhã, quinta-feira, dia 07 de dezembro, pelas 10h00, no Salão Nobre dos Paços do Município, a primeira Reunião de Câmara Reunião do mês de dezembro.

A ordem de trabalhos pode ser consultada, clicando aqui.

141º aniversário da AHBVFF

Programa:

Estruturante

Em 23 de Novembro de 2018, ao iniciar uma colaboração como cronista no Diário as Beiras, publiquei o seguinte texto:

Passados 5 anos, o texto no esssencial continua actual.
Apenas precisa de 2 actualizações. A saber:
1ª. 
"Entre 1958 e 2020,  Portugal continental perdeu 1313 hectares de costa, o equivalente a 1313 campos de futebol, com recuos da linha de costa entre 0,5 e 9 metros por ano", segundo informações da Agência Portuguesa do Ambiente.
Na década de 2010/2020, "o agravamento das taxas de erosão foi de um terço entre a Costa Nova (Ílhavo) e Mira, duas vezes entre Castelo do Neiva e Esposende, Ofir (Esposende) e Estela (Póvoa de Varzim), Cortegaça e Furadouro e a sul do Torrão do Lameiro (Ovar) e, pior, três vezes entre Cova-Gala e Lavos (Figueira da Foz)."

Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
De palpável e positivo, temos o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, conforme disse o ministro do Ambiente em Agosto de 2021.

Passados mais de 2 anos, nada mais aconteceu.
Assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024. 
Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.

Voltando à minha crónica publicada no Diário as Beiras em 23 de Novembro de 2018.
No terreno, de concreto nada se avançou.
A ferida está cada vez mais aberta a sul do Quinto Molhe.
É triste, mas parece que nesta cidade, isso é encarado como normal. 
É triste, mas é daquelas coisas tristes que entraram no dia a dia dos figueirenses.
E era fácil de resolver. 
Resolvia-se com cidadania. Resolvia-se com solidariedade entre todo o concelho: o do norte e do sul do estuário do Mondego. Resolvia-se com sentido de responsabilidade, educação e valores morais sólidos. Resolvia-se com respeito pela liberdade, pela segurança e pela  dignidade de todos os habitantes do concelho: os que habitam a norte e a sul do estuário do Mondego. Resolvia-se  com amor por nós próprios e pela vida de todos os figueirenses.
Ser Homem ou Mulher livre, quer dizer ser responsável.
Liberdade é isto. 
O resto é medo, covardia e dependência.

Os números falam por si: Portugal é um país víciado nos jogos de fortuna e azar

«O dinheiro, enquanto dinheiro, não rende nada, ele não se multiplica nem se reproduz.» Paulo Nakatani, economista
Notícia Jornal de Notícias de hoje: 
Portugueses gastam quase 400 mil euros por dia no Eurodreams.
"São pessoas que são maioritariamente operários, comparativamente com os trabalhadores dos serviços que têm um padrão de jogo muito menos frequente". 
Só França e Espanha superam Portugal nas vendas do novo jogo. Foram apostados 14 milhões de euros e atribuídos quatro milhões em prémios. No primeiro mês de comercialização, os portugueses gastaram por dia 388 mil euros com o novo jogo de apostas, o Eurodreams, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. 
Portugal ocupa o terceiro lugar nos países com mais vendas e já foram atribuídos no nosso país mais de um milhão de prémios, no valor de quatro milhões de euros, embora nenhum jackpot. O prémio mais alto pago em Portugal foi de 173,92 euros, mas a maioria é de 2,50 euros."

Segundo um estudo publicado em Setembro passado, "em Portugal, perto de 100 mil pessoas têm problemas de dependência em relação às raspadinhas. Trinta mil desenvolveram mesmo uma perturbação de jogo patológico, segundo um estudo do Conselho Económico e Social. Quem mais joga são indivíduos com menor instrução social, poucos rendimentos e mais vulneráveis. 
O estudo Quem Paga a Raspadinha, apela a maior regulamentação, a começar pela criação um cartão de jogador que permita identificar padrões de uso de jogo que possam ser patológicos. Só este ano, os apostadores já gastaram 1,4 mil milhões de euros em raspadinhas, o que equivale a quatro milhões por dia. 
"As pessoas que jogam mais frequentemente raspadinhas são pessoas com baixa instrução, com rendimentos mais baixos, nomeadamente entre os 400 e 650 euros mensais, e também pessoas que têm outros problemas de saúde como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas", explicou à RTP Pedro Morgado, coordenador do estudo.
Os mais idosos têm mais probabilidade de se transformarem em jogadores dependentes que os jovens. "É um vício que afeta os mais velhos, os mais pobres, os menos instruídos e os mais vulneráveis da sociedade"
Segundo Pedro Morgado, o estudo conclui ainda que "existem piores indicadores de saúde mental, nomeadamente sintomas de ansiedade, depressivos e de stress, nas pessoas que têm estes problemas com o uso de raspadinhas". O estudo não encontrou diferenças "entre os homens e as mulheres, o que também é significativo"
"Em todas as outras modalidades de jogo, os homens tendem a gastar mais e a ter mais problemas de jogo patológico. Portanto, essa ausência de diferenças, é um sinal de que, neste jogo em particular, as mulheres são mais afetadas do que noutros tipos de jogo"
O autor do estudo defende que uma das formas de combater o vício é, primeiramente, "aumentar o debate público acerca da regulamentação deste tipo de jogo"
"Uma vez que é um jogo interpretado, pela maioria das pessoas como não tendo consequências potencialmente negativas. Necessitamos de aumentar a literacia e criar medidas que ajudem os que não conseguem controlar a perturbação, a limitar o acesso ao jogo", acrescentou. 
Pedro Morgado defende a criação de "um cartão de jogador" e frisa que "não está em causa, de maneira nenhuma, proibir este tipo de jogo. Porque a proibição traz outros problemas, nomeadamente o jogo ilegal"
"É também importante dizer que este é um problema significativo em Portugal, tendo em conta a popularidade das raspadinhas, mas há outras modalidades que também estão a crescer e também nos preocupam, como o jogo online. É preciso uma política que olhe, de forma integrada, para todos estes problemas que têm consequências muito nefastas para a nossa sociedade".

João Henrique Silva, na crónica "Raspar o pobre", publicada no Diário de Notícias, considera, que, "para lá dos estudos, necessários e sempre importantes, já podemos dar um nome a essa “doença”: ela chama-se... pobreza! A sedução de um jogo fácil e barato, com eventual gratificação instantânea, contribui para os mais pobres criarem uma idealização, alienada e viciante, do seu “status”, em busca de uma vida diferente. Como resistir à tentação, se a publicidade assedia os incautos por todos os lados? E, lá no fim da engrenagem, é sempre o Estado “glutão” que fica a ganhar. Todavia, a realidade não melhora: subsiste desigualdade, economia débil, défice geracional, e a pobreza endémica que atasca na inércia um país há 50 anos prometido.
“Quem paga a raspadinha?”, pergunta o estudo do CES. A Santa Casa não será, com certeza: o pobre bem raspa, mas afunda-se cada vez mais…Marx dizia: “o homem pobre tem um deus rico”
Diríamos agora: um pobre país de pobres, tem uma Misericórdia rica!"

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

"...município figueirense vai construir novas habitações e comprar, reabilitar e reconverter imóveis para o mesmo efeito, em várias localidades do concelho"

 Via Diário as Beiras

Travessia do Mondego por barco

Via  Município da Figueira da Foz
"A "Carlos Simão" e "Costa Nova", as duas embarcações que asseguram a travessia da foz do Rio Mondego, uma elétrica e outra com motor de combustão, desde 16 de julho até 30 de novembro, transportaram 69.744 passageiros." 

Serra da Boa Viagem pode vir a ter novo modelo de gestão

 Via Diário as Beiras

«O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está disponível para aplicar um novo modelo de gestão ao parque florestal da Serra da Boa Viagem em acordo com o município da Figueira da Foz.

Esta possibilidade, avançada à agência Lusa por Nuno Banza, presidente do ICNF, agrada ao presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, que assumiu que a Figueira da Foz “quer, em condições a acordar, como é evidente”, passar a ter a gestão do parque florestal Manuel Alberto Rei.

“Acho que não seria digno das funções que exerço se não aproveitar essa oportunidade, se ela se confirmar”, declarou Pedro Santana Lopes.

“Seria muito importante, porque, obviamente, é muito difícil os organismos da administração central assegurarem a gestão de todo o território, nomeadamente de um parque/serra com estas características. É quase um prolongamento da malha urbana, faz a interface entre duas áreas do concelho. Tem todas as razões para a autarquia ter responsabilidades, não tenho dúvida nenhuma disso”

Dr. Nuno Rebelo de Sousa: "Marcelo conteve-se para não chamar filho, mas entregou-o"

"Luís Paixão Martins, comentador da CNN Portugal, fez uma análise das declarações do Presidente da República esta segunda-feira. O comentador diz que o facto de Marcelo ter admitido a sua envolvência no processo, não quer dizer que tenha de cometer alguma ilegalidade."

Para ver e ouvir clicar aqui.

Encontro de 5as. de Leitura com 𝗖𝗮̂𝗻𝗱𝗶𝗱𝗮 𝗣𝗶𝗻𝘁𝗼 𝗲 𝗗𝘂𝗮𝗿𝘁𝗲 𝗔𝗿𝗮𝘂́𝗷𝗼

 07 DEZ | 21h30

Museu Municipal Santos Rocha
Sala exposição «João Reis 1899-1982 | A Intuição da Pintura»
Moderação: Teresa Carvalho  professora e crítica literária
Entrada livre, sujeita à lotação da sala
«Ucrânia Insubmissa» reúne, nas palavras de Cândida Pinto “essa caminhada pelos primeiros meses de guerra, rente ao chão, onde estão sempre os civis em qualquer conflito.».

Caso das gémeas luso-brasileiras

Marcelo confirma envolvimento do filho no caso das gémeas luso-brasileiras

«“No dia 21 [de outubro de 2019], o dr. Nuno Rebelo e Sousa, meu filho, enviou-me um email comunicando que um grupo de amigos da família das duas crianças gémeas se tinham reunido e estava a tentar que fossem tratadas em Portugal. Era uma corrida contra o tempo. Tinham contactado o Hospital D. Estefânia que tinha dito que seria o Hospital Santa Maria, mas que não tinha resposta do Hospital Santa Maria. Então Nuno Rebelo de Sousa dizia se era possível saber se haveria uma resposta”, revelou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa invocou o período agitado, entre 21 de outubro e 31 de outubro de 2019, “que coincidiu com a formação de um Governo, a sua tomada de posse, e com uma operação sua ao coração”, para justificar o esquecimento em relação ao email do filho.»

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Marcha do Vapor "ressuscistou"...

Depois de um mês de ausência, o blogue do meu amigo Rogério Neves voltou à vida.

Sá Carneiro morreu num acidente de avião em Camarate em 4 de Dezembro de 1980

Passaram 43 anos e o acidente nunca foi esclarecido
.
“A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”
Sá Carneiro, quando proferiu esta frase, estava muito longe de imaginar, que nos dias que correm ela faz mais sentido do que nunca! 

Nota de rodapé.
Para lembrar o manancial dos Arquivos da RTP, com o seu legado e pensamento, um verdadeiro serviço público ao país, clicar aqui

Cavaco torna a atacar, mas já vem tarde...

"Contas certas", são duas palavras que não passam de um slogan, vazio de conteúdo, mas brilhante, que já entraram no ouvido dos portugueses. Essa batalha está ganha pelo PS.
Hoje no Público, Cavaco Silva não traz nada de novo:

"O que o Governo pretendeu foi condicionar o debate orçamental e o comentário político, desviar as atenções e abafar as consequências negativas da sua política", dando exemplos do "desperdício dos dinheiros públicos, evidenciado pelo crescimento acentuado da despesa pública, enquanto se assiste à degradação da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos".

Ao tempo que o PCP anda a alertar para isto.
Por exemplo, no dia 28 de Janeiro de 2023, na abertura da interpelação ao Governo sobre o “agravamento das condições de vida”, combate às desigualdades e “degradação de acesso a serviços públicos”, agendada pelo PCP, o deputado comunista Bruno Dias afirmou que “o Governo faz a festa com o crescimento da economia” apesar de saber que “a riqueza criada está a ser concentrada a um nível sem paralelo”.
Para Bruno Dias, o atual contexto exige “o aumento geral dos salários e das pensões, pôr fim à especulação que beneficia os grandes grupos económicos, controlar e reduzir os preços de bens e serviços essenciais e taxar os lucros das grandes empresas”.
O deputado comunista alertou também para a “verdadeira emergência social” no setor da habitação, defendendo que as medidas apresentadas pelo Governo no pacote ‘Mais Habitação’ “não só não dão uma resposta cabal para os resolver os problemas existentes, como podem até criar novos e mais graves problemas”.
Ricardo Paes Mamede, em 23 de Outubo último, também colocou a questão.
Alguém me explica o que são “contas certas”?
«O que Costa e Medina estão a fazer com os nossos recursos parece-se cada vez mais com uma pessoa a quem chove em casa mas não faz obras. Chamar a isto “contas certas” é um pouco absurdo.
Alguém me explica o que são “contas certas”?
Não sei quem no PS ou no Governo inventou a expressão “contas certas”, mas merece um prémio. Conseguiu fazer aquilo que a direita liberal tem feito com sucesso nas últimas décadas: arranjar expressões que ficam no ouvido e conquistam simpatias, mesmo que poucos saibam o que elas querem dizer.»
Cavaco Silva, está provado, não consegue estar calado durante muito tempo. Depois de ter feito uma aparição surpresa no passado dia 25 de Novembro, decorridos 8 dias não resistiu e veio de novo a público. Alguém lá pelo PSD que o aconselhe a estar "quedo e mudo", pois estas aparições podem prejudicar fatalmente a saúde política de Montenegro.

Orçamento camarário para 2024 vai dia 15 à AM

 Via Diário as Beiras

Para ler melhor, clicar na imagem

O mundo ocidental, tal como o conhecemos, está a desaparecer...

O decreto-lei 158/99 proibiu “a comercialização de géneros alimentícios que contenham brindes misturados” em Portugal, dando uma exceção ao bolo-rei “por razões de reconhecida tradição cultural”. Mais tarde, o diploma foi revisto.

A simbologia, a lenda e a real história que envolvem o bolo-rei
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"Por detrás do bolo-rei está toda uma simbologia com 2000 anos de existência. De uma forma muito resumida, pode dizer-se que esta doce iguaria representa os presentes que os três Reis Magos deram ao Menino Jesus aquando do seu nascimento. Assim, a côdea simboliza o ouro; as frutas, cristalizadas e secas, representam a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso.

Ainda na base do imaginário, também a fava tem a sua "explicação". Reza a lenda que, quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a brindar o Menino. Com vista a acabar com aquela discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no seu interior uma fava. O Rei Mago a quem calhasse a fatia de bolo contendo a fava seria o primeiro a entregar o presente. O dilema ficou solucionado, embora não se saiba se foi Gaspar, Baltazar ou Belchior o feliz contemplado.

Historicamente falando, a versão é bem diferente. Os romanos usavam as favas para a prática inserida nos banquetes das Saturnais, durante os quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também designado Rei da Fava. Este costume terá tido origem num jogo de crianças muito frequente durante aquelas celebrações e que consistia em escolher entre si um rei, tirando-o à sorte com as favas.

Este inocente jogo acabou por ser adaptado pelos adultos, que passaram a fazer uso das favas para votar nas assembleias. Dado aquele jogo infantil ser característico do mês de Dezembro, a Igreja Católica decidiu relacioná-lo com a Natividade e, depois, também com a Epifania (os dias entre 25 de Dezembro e 6 de Janeiro). Esta última data acabou por ser designada pela Igreja como Dia de Reis, altura em que algumas famílias, nomeadamente em Espanha, procuram manter a tradição, não só comendo o bolo-rei como aproveitando a ocasião para distribuir os presentes pelas crianças."

Notícias publicitárias da saúde oral: "...o bolo-rei era comercializado com uma fava ou com um brinde de metal ou cerâmica no seu interior. Esta tradição terá sido iniciada na segunda metade do século XIX, quando a receita desta sobremesa natalícia foi introduzida em Portugal, vinda de França.

De acordo com a tradição, antigamente, quem comesse a fatia de bolo-rei que contivesse a fava teria a responsabilidade de comprar o bolo no ano seguinte. Um costume que durante muitos anos divertiu muitas famílias em Portugal. Mas que também deu origem a alguns constrangimentos, tendo sido extinguido pelo decreto-lei nº291/2001  que diz que:

“É proibida a comercialização de géneros alimentícios com mistura directa de brindes.”

O decreto prevê ainda como únicas exceções a esta proibição “os utensílios que se destinem à preparação e dosagem dos géneros alimentícios desde que dessa mistura não resultem riscos no acto de manuseamento ou ingestão para a saúde ou segurança dos consumidores, nomeadamente asfixia, envenenamento, perfuração ou obstrução do aparelho digestivo.” 

Mas que constrangimentos poderiam justificar a proibição de uma tradição secular? Lendo estes parágrafos do decreto, conseguimos imaginar quais.

Os nossos dentes são utensílios perfeitos para mastigar uma série de alimentos. Mas não estão preparados para trincar algo tão rígido quanto uma fava crua e desidratada. Ao longo dos anos, foram sendo partilhadas muitas histórias de pessoas mais distraídas que trincaram o bolo-rei com toda a confiança e acabaram com dentes partidos ou lascados.

Pior que isso, como as favas e os brindes escolhidos eram objetos pequenos, o risco de asfixia era muito elevado, tendo-se registado alguns episódios perigosos que acabaram em pesadelos nas urgências. Postos estes riscos, foi necessário tomar medidas para que a quadra natalícia não fosse interrompida por estas “surpresas” terríveis. 

Então o bolo-rei de hoje em dia não faz mal aos dentes nem é perigoso?

Isso é discutível. Mesmo sem brinde, o bolo-rei continua a ser um dos piores doces de Natal para a Saúde dos nossos dentes e gengivas. Ainda que a massa do bolo em si não contenha muito açúcar, comparativamente com outros doces, o bolo-rei tradicional é ricamente recheado com frutas cristalizadas.

Para além da quantidade de açúcares que estas frutas têm, a sua consistência faz com que adiram mais facilmente à superfície dos nossos dentes, sendo mais difícil remover estes resíduos. O que pode resultar no desenvolvimento de cáries, se os cuidados de higiene oral não forem reforçados e se não usarmos o fio dentário antes da escovarmos os dentes.

Se gosta de bolo-rei, este Natal não deixe de comer uma fatia ou outra para assinalar a quadra. Mas tenha atenção às suas rotinas de higiene oral! Antes de atacar os doces, certifique-se de que não tem problemas em boca, uma vez que tenderão a agravar-se graças aos menus típicos desta altura do ano."

A decadência da sociedade ocidental está aí: "a fava do bolo-rei agora vem à parte embrulhada num papel celofane. Se isto não é a decadência da civilização ocidental não sei o que poderá ser a decadência da civilização ocidental."

domingo, 3 de dezembro de 2023

Montenegro, além de coerente, está no bom caminho quando diz que governação da geringonça "foi má para a vida das pessoas"...

Em 2012, com efeitos a partir de 2013, o Governo liderado por Pedro Passos Coelho suprimiu quatro feriados: dois religiosos, o de Corpo de Deus em junho (feriado móvel), e o 1 de novembro, dia de Todos os Santos, e dois civis, 5 de Outubro, Implantação da República, e 1.º de Dezembro, Restauração da Independência. 
O texto conjunto de PSD e CDS recomendava ao Governo que "proceda, em estreito diálogo com a concertação social e com a Santa Sé, à avaliação e eventual alteração do acordo quanto aos feriados civis e religiosos"
Montenegro era líder parlamentar do PSD. 
Trocando por miúdos, o que resultou daí? 
O Zé trabalhador - tu e eu - passámos a trabalhar gratuitamente mais quatro dias por ano
Acredito que, muitos, nem se tivessem apercebido disso. É com esses ("indiferentes ao que de mau fazem às suas vidas, eventualmente até disponíveis para colaborar e para aceitar mais suplementos de maldade") que Montenegro, líder parlamentar do PSD na altura, agora candidato a primeiro-ministro, conta nas próximas eleições legislativas, em Março de 2024. 
Com PSD e CDS tivemos "um agravamento brutal da exploração dos trabalhadores, obrigando-os a trabalhar mais horas e mais dias de forma gratuita"
Já agora, só por curiosidade, sabem quem repôs os quatro feriados retirados por Passos Coelho? 
A tal Geringonça que incomoda tanto Montenegro. Os feriados religiosos do dia do Corpo de Deus (feriado móvel) e de Todos os Santos (1 de novembro), e os civis do dia da Implantação da República (5 de outubro) e da Restauração da Independência (1 de dezembro) suprimidos em 2012, foram repostos em 2016 por um governo de António Costa. O Primeiro-ministro sublinhou na altura que esta era uma decisão em nome do futuro e não do facilitismo ou popularidade. 
Montenegro, o líder da bancada parlamentar em 2021 e, agora, presidente do PSD, está a ser coerente ao defender o que defendeu este sábado: que as políticas do Governo da geringonça não terminaram em 2019, mas duram até hoje, e foram más "para a vida das pessoas"
Muitos portugueses continuam "indiferentes ao que de mau fazem às suas vidas, eventualmente até disponíveis para colaborar e para aceitar mais suplementos de maldade", portanto, Montenegro além de coerente, está no bom caminho...

População contra máquinas de jogos em igreja de Montemor-o-Velho

Foto via Município de Montemor-o-Velho 
Via Jornal de Notícias
"Uma exposição de máquinas de jogos na Igreja de Santa Maria de Alcáçova, também conhecida por Igreja do Castelo, em Montemor-o-Velho, está a provocar mal-estar entre a população local. O produtor do evento diz, no entanto, que não há qualquer desresepeito pelo espaço."

Nota de rodapé.

A Igreja de Santa Maria de Alcáçova, também conhecida por Igreja do Castelo, em Montemor-o-Velho, "é uma obra do fim do século XVI, tendo sofrido reformas na 2ª metade do século XVIII (a que talvez corresponda a data de 1761 do lavabo). Voltou a ser reformada no último quartel do século XIX (1873), quando era provedor o Reverendo Augusto Pereira Cardote. Planta de nave única com capela-mor e dois altares colaterais, no corpo da igreja. Apresenta, como é comum nas igrejas da Misericórdia, a tribuna dos Mesários. Tem ainda púlpito e um alizar de azulejos. Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1950."