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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

"Mercearia" - a obra deste regime Figueirense...

Via Luís Pena

"Nunca pensei que isto fosse possível... Não aprendemos nada com os erros do passado..."

"É verdade! Quem viu esta cidade quando para cá vim e a vê agora (passados 40 anos) tem sido passo a passo até ao declínio final com o Ataíde e sucessores! Esta gestão socialista não criou uma única mais-valia para a Cidade! Se houve erros no Planeamento Urbanístico no passado, com esta gente, a cidade descaraterizou-se completamente e irreversivelmente ! Fazem-se as maiores atrocidades urbanísticas.... o PDM é alterado ao gosto dos interesses.....A Figueira- zona urbana bateu no fundo!"
Casimiro Terêncio

Notas OUTRA MARGEM:
1É esta a riqueza da Figueira: estamos absorvidos e deslumbrados por alguma coisa (neste caso a "mercearia") e só temos olhos para ela. O demais não interessa...

2Será que sou bruxo, ou conheço os "pássaros pelas cagadelas"?
  26 de Março de 2017.
Quinta de Santa Catarina.
Tanto ano de sonho e boatos!.. 
Finalmente, a  realidade! 
A tão falada urbanização de Santa Catarina vê luz ao fundo do túnel!

domingo, 12 de abril de 2020

Jerónimo Martins: o material vem de onde for mais barato

A NOSSA FORÇA DEVIA VIR DE DENTRO... [só que não vem]

«E temos força para fazer mais.
O nosso compromisso de 40 anos com a produção nacional convoca-nos a ir ainda mais longe nestes tempos tão incertos para quem trabalha a terra, cria os animais e alimenta o país.
Sabemos quais são os produtos portugueses mais atingidos por esta crise: o borrego e os queijos regionais, por exemplo.
Vamos comprar esses produtos e vendê-los a preços tão baixos que permitam a todos os portugueses ter na sua mesa o melhor que Portugal produz.»




"A campanha terá começado no passado dia 8, um dia antes de ter feito algumas compras, designadamente cebolas. As cebolas, embaladas no dia de inicio da campanha, desmentem quem fala, mas... Como foram importadas de Holanda, país onde a Jerónimo Martins tem sede fiscal, até nem me parece mal que esta empresa, cotada no PSI20, contribua para a sustentabilidade da economia holandesa, que bem precisa, como é sabido. 
Aliás, como é sabido a Jerónimo Martins tem até o mérito de contribuir para a economia da União Europeia de forma generosa, ele é laranjas de Espanha, água engarrafada de França, só para equilibrar com os tais exemplos dos queijos e borregos que a JM compra por cá. O resto? O resto vem de todo o Mundo e onde for mais barato, de facto."



Como todas as afirmações carecem de prova, e para não dizerem que sou má língua, cito um texto publicado em Dezembro:
«403 mil toneladas de laranjas saíram dos pomares portugueses em 2018. Portugal teve, no último ano, a maior produção de laranjas dos últimos 33 anos. Contudo, o aumento da produção trouxe excesso de citrinos ao mercado e fez cair 20% o preço no produtor. Enquanto isso acontece, o Pingo Doce vende laranja importada, e não se importa nada. Quem distraidamente lê o rótulo julga tratar-se de laranja do Algarve, mas em boa verdade, esta laranja chegou de fora, da vizinha Espanha, transportada com elevada pegada ecológica...
Mas não se pense que a coisa fica por aqui. Outro caso. Uma garrafa de água num país onde ainda a vai havendo, não se dando prova de que não haja falta, é importada de... França e percorre inimaginável distância.»

BOM DOMINGO DE PÁSCOA

"Diz a senhora da mercearia, no spot nas televisões, que as receitas do Pingo Doce apoiam 13 - treze - 13 [sem u] hospitais públicos, mais três que o senhor Soares dos Santos julgava serem necessários em Portugal, "dez hospitais chegam e o resto entregar aos privados", ainda bem que já morreu porque senão morria outra vez, ou não havia dinheiro para ninguém, hipótese mais plausível, já que dos impostos que não pagam na Holanda não lhes sobra dinheiro para nada, e no poupar é que está o ganho, um ditado popular que se ensinava desde a primária nos idos do Salazar. Diz também a senhora da mercearia que o Pingo Doce "apoia a produção nacional" ao vender borrego por 3,99 €/ kg. Perde o Pingo Doce dinheiro e entrega os 3,99€ ao produtor, ou o Pingo Doce aproveita a pandemia para encher a contar bancária e ainda goza com os portugueses?"

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Esta gestão de "mercearia", vai tramar os futuros figueirenses...

"Discute-se hoje, na reunião da câmara, a proposta de emissão de parecer favorável ao seguinte pedido (já agora, sem dar por ela, mas para que conste, n.º 09-54/2017 ), cuja fundamentação da Divisão de Urbanismo segue nestes termos: “Trata-se de uma unidade comercial integrada numa operação urbanística que vem promover com incremento da função comercial e o reforço da centralidade da zona, tentando (o sublinhado é meu) não descaracterizar a malha urbana existente, bem como qualificar (ficamos sem saber se também é uma tentativa – a observação também é minha) o espaço público e reordenar (continuamos ainda no campo das intenções?) a circulação viária”. Confuso? Pelo menos mal redigido está, mas defende-se a Câmara, dizendo que “a proposta cumpre as disposições do PDM que lhe são aplicáveis (…) relativamente aos parâmetros de estacionamento” (ai quando a Figueira Parques descobrir que há lugares ainda não pagos!…). Finalmente, “quanto (…) às áreas de cedência para espaços verdes e equipamentos de utilização colectiva, verifica-se que são cumpridos e ultrapassados os parâmetros (…), mas não é proposta qualquer cedência para equipamentos de utilização colectiva”. Ou seja: mais uma média mercearia que a Câmara da Figueira da Foz acolhe, agora na zona nobre das Abadias, sem que desde há anos alguma coisa faça para impedir a perda da população, para atrair investimento industrial (sobretudo não poluente), ou para acabar com o fecho do comércio tradicional. Até quando?!..."
"… depois entranha-se!", uma crónica de Teotónio Cavavo, deputado municipal, hoje no DIÁRIO AS BEIRAS

Com a divulgação dos resultados dos próximos censos, a realizar em 2021, será possível conhecer com maior rigor a dimensão das mudanças profundas que assolaram a Figueira desde 2009, ano em que começou o reinado do juiz Ataíde na Figueira.
Uma dessas transformações, creio ser fácil de presumir, dirá respeito à mais que provável perda de habitantes do concelho.
A tendência nacional, nos últimos anos, tende para o aumento da concentração da população em cidades, em detrimento dos lugares  com menos de 2 mil habitantes, que estão a perder pessoas. 
É o caso, nomeadamente, do interior do Alentejo e do Alto Minho. Ou seja, de regiões em que o declínio demográfico é acompanhado por processos de crescimento urbano, à custa de lugares de menor dimensão, numa espécie de autofagia territorial que foi salvando os núcleos urbanos dessas regiões.
Creio que na Figueira nem isso aconteceu. Nos últimos 9 anos não vi capacidade de atracção de população rural pela cidade da Figueira. Além de ter atingido o concelho profundo, a tendência para o declínio atingiu  também a cidade sede do concelho. 
O que significa que o desafio do combate à desertificação do nosso concelho já não passa apenas pela revitalização humana dos espaços rurais, mas também, se ainda for possível, da própria cidade e núcleos urbanos - nomeadamente a Vila de S. Pedro...
Os efeitos da falta de estratégia política e a ausência de planeamento no desenrolar da vida do nosso concelho nas últimas 3 dezenas de anos, que o consulado de Ataíde agravou, vão ficar perfeitamente visíveis em 2021.
Governar à vista e casuisticamente, vai ficar caro às próximas gerações de figueirenses. E a culpa, também neste caso, foi dos paizinhos e das mãezinhas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Os "nossos" ricos...

Algumas das maiores fortunas de Portugal, foram conseguidas através do negócio de mercearia, que gera alguns milhares de empregos, mas não cria riqueza.
Embora possam ter outros negócios, a maior parte da fortuna veio do negócio de mercearia, que esmaga margens dos industriais, dos agricultores, dos pescadores, etc., que para eles trabalham. 
Acham que, assim, vamos a algum lado?..

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Novidades da "mercearia"...

"A cadeia espanhola de supermercados Mercadona vai instalar-se na cidade. 
Ao que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, a empresa ibérica já sinalizou um terreno entre o parque municipal de campismo e o Centro Escolar de Tavarede/ São Julião. 
A cadeia de distribuição preferia construir a superfície comercial junto ao pavilhão Galamba Marques, num terreno privado, mas o respetivo Pedido de Informação Prévia foi indeferido pela autarquia. Não obstante a recusa em relação ao espaço pretendido pela empresa espanhola, afiançou fonte da câmara, a Mercadona continua interessada em abrir uma loja na zona urbana. 
A cidade, nos últimos anos, tem assistido à abertura de supermercados de diversas cadeias de distribuição, nacionais e estrangeiras."

Continua a série, "É esta a riqueza da Figueira: estamos absorvidos e deslumbrados por alguma coisa (neste caso a "mercearia") e só termos olhos para ela. O demais não interessa..."

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A "mercearia" figueirense continua a crescer!..

Foto sacada daqui
No ano em curso, a Figueira da Foz assistiu à abertura de duas novas superfícies comerciais de média dimensão – um supermercado (Lidl) e uma loja de bricolagem (Aki), jardinagem e artigos para o lar, ambas próximas da várzea de Tavarede.
Em 2009, recorde-se, esta zona passou a parque verde "virtual" em 3 D!..
No outono do ano da graça de 2016, começou a desenhar-se o futuro retail park figueirense
Aos poucos,  as superfícies comerciais estão a ocupar o espaço.
Sublinhe-se: o último espaço que resta à Figueira para um verdadeiro parque verde.

Entretanto, avançam as obras de um novo supermercado, junto à piscina do Ginásio (Minipreço). Em Buarcos, em frente ao centro de saúde, decorrem trabalhos de terraplanagem para um espaço comercial com supermercado (do Grupo Sonae). Na Baixa da cidade, na rua da República, também progridem as obras para mais um supermercado (do Grupo Sonae). Em todos os casos, como se comprova, são espaços comerciais de conhecidos grupos nacionais e internacionais, tal como as restantes oito médias e grandes superfícies existentes na cidade. 

O comércio tradicional sente-se ameaçado.
Só o Pingo Doce tem três lojas na cidade. Por sua vez, o Lidl tem duas, o Jumbo uma, o Intermarché uma e o E.Leclerc uma. 
Perante a vaga de novas superfícies, têm-se levantado vozes contra, fazendo coro com os comerciantes locais. Os contestatários questionam a equação sobre os postos de trabalho gerados pelos recém-chegados e os que se perdem com o encerramento de espaços comerciais pré-existentes. 
Na opinião pública e publicada figueirense debate-se, também, o impacte urbanístico e ambiental que as novas superfícies produzem nas zonas onde se instalam. 
Por sua vez, a autarquia tem respondido que, ao licenciá-las, limita-se a cumprir a lei.

O investimento privado na nossa cidade é bem-vindo e necessário. Cria postos de trabalho, aumenta a oferta de produtos e a concorrência estimula a melhoria da prestação dos serviços”, defende hoje em dclarações publicadas pelo jornal AS Beiras,  Nuno Lopes, vice-presidente da Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz (ACIFF) para o sector do comércio. “Enquanto defensora do comércio de proximidade, a ACIFF defende que estes investimentos deviam ser realizados na Baixa da cidade, contribuindo para o desenvolvimento do seu tecido empresarial e repovoamento das zonas históricas”.
No seu ponto de vista,  “a instalação de grandes superfícies na periferia origina a dispersão dos consumidores, não contribuindo para o aumento da habitabilidade dos centros urbanos, que, na nossa opinião, passa por uma aposta clara na revitalização do comércio e recuperação imobiliária”. 

Entretanto, ao que foi possível apurar pelo jornal AS BEIRAS, a Zara já não deverá instalar-se na Baixa, ao contrário do que foi avançado. 
Até agora, não houve contactos formais e, ao que tudo indica, aquela loja-âncora não vai mesmo ostentar o seu símbolo na cidade, pelo menos nos próximos tempos... 
Neste momento,  na Figueira, se há sector económico onde se verifica uma concorrência feroz, é na mercearia...
Não esquecer: dois dos portugueses mais ricos, são merceeiros...

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

“24 de agosto, dia de arejar os aventais”

Antecipadamente anunciado com pompa e circunstância, como acontece todos os anos neste 24 de agosto, hoje, portanto, é dia de prestar mais uma homenagem ao Patriarca da Liberdade, Manuel Fernandes Thomaz, que liderou a Revolução Liberal a partir do Porto, a 24 de agosto de 1820. 
As cerimónias, em 2017, contam com a presença do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Silva Henriques Gaspar, entre outras entidades oficiais e particulares. 
Como tem sido hábito, a Associação 24 de Agosto, organização civil, que representa as secretas lojas maçónicas locais (Fernandes Tomás e a loja feminina Claridade), em parceria com a edilidade, são as entidades organizadoras das referidas comemorações. 

Numa democracia, não se entende a necessidade de existirem organizações secretas, compostas por elementos afectos, transversalmente, às diversas instituições públicas e privadas. Existem elementos da política, dos partidos, dos poderes judiciais, do poder económico e empresarial, entre outros…
Putativamente, até os cangalheiros, gatos e os periquitos devem estar representados (porque estes também são dignos de defenderem os seus interesses).
  
Ao longo dos anos, muitos escândalos rebentaram ligados a estas organizações, de gente livre e de bons costumes, como soe dizer-se na linguagem maçónica. Os casos abanam as confrarias, mercearias, regulares, irregulares, mas cair não caiem, aguentam-se nos pilares, ou nas colunas dos templos, como eles dizem. 
Os interesses instalados, são muito sólidos e resistentes. Existem muitas coisas, demasiado importantes, que são decididas à luz da vela, sob chão axadrezado, que os profanos (os Zézitos do Povinho), segundo os iluminados, não conseguem ver o alcance da coisa. 
Nestes espaços, são escolhidos candidatos a deputados, Presidentes de Câmara, vereadores, dirigentes da administração pública afectos aos partidos de poder (PS, PSD, CDS) e são escolhidos elementos em lugar chave da sociedade dita civil, numa lógica de nacional porreirismo fraterno, onde se trocam favores e a meritocracia é engavetada. 
Isto, contraria a bondade dos objectivos desta organização secular e as boas práticas. 
Ainda assim, existem bons exemplos, como é o caso do homenageado - Fernandes Tomás, que morreu na penúria, para honrar os altos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade
Mas, o que abunda são os beatos, que batem com a mão no peito nas missas...
É caso para dizer: bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz e não para o que faz.

Hoje, rapazes e raparigas, homens e mulheres, figueirenses, migrantes e visitantes, vão arejar os dourados aventais na praça nova, em representação das retrosarias, mercearias e outras lojas que tais, num autêntico desfile de feira de vaidades. Perfilam-se junto à estátua do Patriarca da Liberdade, onde jaz Fernandes Tomás, e este, volta e meia, deve dar pulos dentro do féretro, ao ver a baixa qualidade dos homens que representam o Grémio local, que já não é a mesma dos de antanho. 
Alguns preferem ficar meio escondidos nas sombras das árvores, e ainda outros, não colocam lá os pezinhos com receio de serem reconhecidos como merceeiros.

Quem vai ser o orador da Associação 24 de Agosto  este ano? 
O ano passado, saiu na praça, como palestrante oficial o social-democrata Teo Cavaco, deputado municipal e, habitualmente líder do grupo parlamentar em exercíco na bancada do PSD, em substituição de Pereira da Costa, o líder "oficial", dados os seus constantes atrasos na chegada às sessões, a par de algumas ausências. Será que este ano, vamos ter o líder da bancada parlamentar da AM do PS, o ilustríssimo Nuno Melo Biscaia? 
Até podia ser, mas falta-lhe talento e a coragem do pai. O Zé Fernando, o Nuno Cid, e o Luís Ribeiro dão muito nas vistas. O Portugal está sempre ausente. O Presidente é independente e já fala na qualidade de edil. O Paz está chateado. O Alves está reformado. O Adelino do Paião está sempre ocupado com o Presidente dos baldios, e todos os dias morre gente. O Monteiro anda sempre no intervalo dos pingos da chuva. 
Então, quem será? Como estamos em ano de eleições, o mais certo, é aparecer um ilustre desconhecido, aparentemente apartidário. 

Não parece que seja assim.  
Contudo, por vezes acontecem surpresas...
Querem ver, que ainda vai sair o noviço Miguel da Ferreira, funcionário da UGT, e sexto na lista do PS à Câmara? 
Tudo é possível... 
Aliás nesta terra de liberdade e fantasia, já pouco nos pode surpreender. 
É a teatralidade do bem. E ficam tão bem de avental. 
É favor arejar os aventais. E, o resto, também, nomeadamente a politica local, bafienta e bolorenta. 
Não é preciso mudar já, mas não percam tempo, porque o compromisso é ficar tudo na mesma. 
Os profanos figueirenses, não sabem mesmo nada de mercearia, nem de retrosaria. 

Notas de rodapé:  
1. Este, como pode comprovar quem leu, é mais um grande trabalho da ANC-Caralhete News, que exigiu a consulta exaustiva da melhor bibliografia sobre a matéria "A Maçonaria em Portugal",  A.H. de Oliveira Marques; "Segredos da Maçonaria Portuguesa", António José Vilela; "O Fim dos Segredos", Catarina Guerreiro.
2. As "laranjas" e as "rosas", são da mesma mercearia ou loja - Primorosa, passe a publicidade. 
3. "24 de Agosto", é uma crónica de José Fernando Correia, economista, hoje publicada no jornal AS BEIRAS. Dada a acuidade e actualidade da matéria, aconselha-se a sua leitura. Passo a citar:
"A Figueira da Foz evocará hoje, uma vez mais, a revolução de 1820 e a memória de um dos seus mais notáveis filhos: Manuel Fernandes Tomás (MFT). Este ano, a efeméride contará com a presença da 4ª figura do Estado, o Presidente do STJ. Esta homenagem de 24/8 foi passando a integrar o património cívico da Figueira da Foz, mesmo se, sobre ela, recaem, de quando em vez, certas críticas que enfatizam a sua natureza meramente litúrgica, bem como a orientação para uma minoria interessada.  Essas críticas merecem certo acolhimento e exigem uma reflexão sobre os meios para expandir o conhecimento e o interesse sobre o legado de MFT nas suas múltiplas dimensões. Deixo duas linhas orientadoras que podem conferir uma dimensão outra à dedicação dos figueirenses à vida e à obra de MFT, à importância das ideias liberais no primeiro quartel do século XIX bem como à respetiva atualidade. A primeira delas, já aflorada, respeita à colocação da cidade no mapa das comemorações, em 2020, do bicentenário da revolução. Converter a Figueira da Foz na “capital” dessa celebração será aspiração nefelibata. O Porto é o candidato natural a esse título. Mas ter aqui, nesse ano, um ou dois eventos de alcance nacional, é ambição razoável para a qual importaria começar a desenvolver esforços. A segunda linha respeita à importância que teria, sobretudo para os mais novos, a possibilidade de transformar MFT no patrono de um estabelecimento de ensino do concelho. O Centro Escolar de S. Julião /Tavarede é a escolha óbvia."

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Abriguem-se...

Independentemente das consequências financeiras o acórdão do Tribunal Constitucional demonstra que o governo é incompetente, arrogante e vingativo. Incompetente porque as inconstitucionalidades são grosseiras, arrogante porque produziu um OE à margem das normas constitucionais e vingativo porque algumas normas foram apresentadas como uma consequência do acórdão anterior. 
Mas se alguém pensa que este governo vai entrar nos eixos desengane-se, Passos Coelho só respeita a Constituição porque a isso é obrigado, Portugal tem um primeiro-ministro que acha que pode governar à margem do seu programa eleitoral, do programa de governo e da Constituição. 
Tem um ministro das Finanças que ignora o princípio da legalidade e considera que o país é a sua mercearia. Se alguém pensa que o governo vai acatar o acórdão ou que muda de política está enganado, o governo vai vingar-se nos portugueses, vai voltar a chicoteá-los para que paguem a ousadia dos juízes do Tribunal Constitucional. 
O governo não vai cair com o acórdão, não vai aceitá-lo, vai querer prosseguir com a sua política, ignorando que é um governo que já está putrefacto mas que insiste em governar contra a vontade dos portugueses e sujeitando-os a uma experiência económica ditada pelo boche de Bona.

daqui

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Foi ontem inaugurado o Continente Buarcos...

O Continente inaugurou ontem uma nova loja em Buarcos, com 1460m2.
Foram investidos  6 milhões de euros e criaram-se de 40 postos de trabalho. 

Nota de rodapé.
1. Desta vez o executivo não se fez representar na inauguração de mais uma "mercearia"?..
2. Só 40 postos?
3. Muito aquém dos 2000 empregos!..
4. E as lojas âncoras, onde ficaram?
5. Os figueirenses nem uma Worten podem ter?
6. Será porque iria fazer concorrência ao ramo dos electrodomésticos?

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

O estacionamento na baixa da Figueira...

Só não sabe quem não faz compras nesses espaços comerciais figueirenses: que o comércio tradicional, incluindo os comerciantes e os utentes do Mercado Municipal, na baixa da nossa cidade vive, há décadas,  numa situação de desvantagem em relação "à mercearia", que teve um crescimento exponencial na última década no concelho da Figueira da Foz.
Ou já esqueceram, que o modelo de crescimento implementado pelos 12 anos de governação socialista do concelho, entre 2009 e 2021, assentou na criação de empregos com muito baixos níveis salariais e, em muitos casos, sem qualquer progressão ao longo da carreira? Para não falar na precariedade do emprego criado e o que foi extinto...
A verdade é esta: o estacionamento no casco velho da cidade é mesmo um problema sério. 
Portanto, o caminho terá de ser mesmo este: olhar para essa dificuldade e resolvê-la.
Creio que ninguém coloca em causa a necessidade de dotar o Mercado Municipal Engenheiro Silva de estacionamento para facilitar a vida aos vendedores e aos utentes...
As circulares externas, em qualquer cidade, servem para proporcionar maior fluidez ao trânsito. Na Figueira, serviram para instalar superfícies comerciais.
Imagem via Diário as Beiras

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A um executivo autárquico figueirense esgotado, que não tem nada para oferecer em termos de ideias, conteúdo e substância, o que resta fazer e deixar fazer?

Imagem via o sítio dos desenhos
OBRA (a granel, mal planeada e pessimamente concretizada...) E DEIXAR OBRAR (de preferência "mercearia")!..
Aos  indignados, resta estar atentos: também às obras, mas mais do que com as obras, têm de estar atentos à falta de ideias, conteúdo e substância de quem tem poder para fazer obra e deixar obrar...

sábado, 4 de julho de 2020

Antigo quartel dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz (7)

"Nas últimas semanas os temas que aparecem nesta rubrica do Diários as Beiras aguçam a nossa imaginação para ideias que recuperem e dinamizem os inúmeros espaços e monumentos que existem na Figueira da Foz e que estão inutilizados. Surgem-me duas questões fundamentais ao pensar em mais um edifício por revitalizar. A solução deve ser enquadrada na forma como o executivo do partido socialista tem idealizado o concelho? Ou devo-me fundamentar na solução que era suposto avançar naquele local? Se vamos por pressupostos, e respondendo à minha segunda questão, bem podemos esperar sentados. Um tributo às artes gráficas e visuais naquele espaço deve ser difícil de concretizar. Já que nos últimos anos, a Figueira “vive” de promessas! Mas se falarmos numa solução à imagem dos que mandam ocorre-me a ideia de existirem novos serviços camarários naquele local, e passo a explicar: Num concelho em que nos deparamos com as verdadeiras obras de “Santa Engrácia”, onde os projetos estão sempre a sofrer alterações devido a marcas de estacionamento que não estão bem, passeios que estão mal projetados, negociações em “cima do joelho” com proprietários de negócios que de repente estão a atrapalhar os planos, atribuição de indemnizações para acelerar processos, muros de betão em zonas costeiras, achados arqueológicos, alterações de estátuas que estavam em determinada posição com um propósito, enfim... poderia estar aqui eternamente a elencar as várias peripécias que têm transformado locais como Buarcos, a baixa da cidade e o lado sul do concelho em verdadeiros estaleiros. Neste sentido porque não criar no edifício do antigo quartel dos bombeiros um Gabinete de crise para o desenvolvimento das obras municipais? Podia ser que se resolvesse muitos dos problemas atuais. E já agora, como se verifica um grande interesse por parte do executivo municipal no que é escrito no “mundo virtual”, porque não criar um Gabinete de gestão de redes sociais e Blogues figueirenses? E se estas soluções não agradarem, que venha mais uma “mercearia”. Um El Corte Inglês não ficava nada mal, ainda por cima não temos nenhuma deste género para a colecção. Tudo soluções à imagem de quem manda! Que dizem?"
Via Diário as Beiras

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Não notam qualquer coisa de estranho na mercearia figueirense?.. (II)

O chumbo do executivo camarário de  Duarte Silva (Acta nº. 1 da reunião ordinária de 07-01.2008)...
" - Os pareceres emitidos pela DOT e pelo Trânsito vêm reforçar aquilo que já tinha sido informado nos pontos 2, 3, 4 e 5 da informação técnica de 10/10/2007, pelo que se propõe a emissão de parecer desfavorável ao pedido".
Para amanhã fica a demonstração de como os técnicos mudam de opinião, conforme quem os comanda...

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Tão importante como nos orgulharmos da nossa História e das nossas gentes, é reflectirmos no que podemos fazer para não deixar estragar ainda mais esta cidade e este concelho...

"Um artista grande e uma cidade pequena", de grandes artistas...


"A Figueira, convenhamos, não é Paris, que comprou um palácio do século dezassete (o Hotel Salé) para abrigar a colecção pessoal de Picasso, cedida ao estado francês pelos herdeiros do artista. A Figueira nem sequer é Chaves (sim, a cidadezinha transmontana) que encomendou ao arquitecto Siza Vieira um projecto de Museu e depois edificou-o nas margens do Tâmega, especificamente para mostrar o espólio de um dos seus filhos mais ilustres, Nadir Afonso. A verdade é que a Figueira da Foz nem sequer é a Tocha."


"É assim a vida, e a cultura, na Figueira da Foz.

É verdade. A Figueira da Foz acaba de perder o espólio artístico de Mário Silva. Para a Tocha, freguesia de Cantanhede. Até veio nas Beiras.
Segundo o filho do artista, “Tiveram a amabilidade de acolher as obras que estavam debaixo do palco do CAE, sem as melhores condições. Entretanto, propuseram a ideia da casa-museu e eu aceitei. Na altura, falei com os autarcas de Coimbra e da Figueira da Foz, mas não deram uma resposta”.Durante toda a sua vida produtiva foi trocando ou adquirindo obras a outros artistas (na verdade, quase todos os seus coetâneos) disto resultando uma colecção particular (escolhida a dedo, ao seu gosto pessoal) do melhor da arte portuguesa da segunda metade do século vinte. É pouco?
- A isto soma-se as obras da sua própria produção que, também como Picasso, Mário reservou para si próprio, ou seja, que não quis vender e que correspondem ao melhor das suas várias fases criativas. 
É disto que se trata quando se fala do espólio de Mário Silva...

...o presidente da Câmara da Figueira da Foz sugeriu que fosse exposto no Museu etnográfico de Lavos. Trata-se do mesmo acervo de obras cuja integridade ficou ameaçada quando o furacão Leslie atingiu duramente a casa do artista e que a Junta de freguesia da Tocha acolheu generosamente e para o qual, com a ajuda do município de Cantanhede, vai agora criar uma casa-museu.
.
Mas se os artistas não são todos iguais, com as cidades acontece exactamente o mesmo. Há algumas, como a Figueira, que julgam que criar polos de atractividade (no linguajar dos marqueteiros do desenvolvimentismo sustentado figueirinhas) é licenciar a mercearia por grosso e a esplanada à beira-mar. Ah, e também se aposta na decoração de exteriores. Na street art. Contrataram um gajo de Setúbal para, por apenas nove mil e quinhentos aéreos, pintar no paredão da avenida uns camarões e uns carapaus que parecem fresquíssimos, acabadinhos de sair de um folheto do Lidl. Lindo. Isso sim atrai turismo de cólidade. O turismo do pneu.
.
A cidade não tem transportes públicos, mas não faz mal porque com o acesso fácil ao crédito agora todo o povo das freguesias tem transporte particular. 
Assim, aos domingos, todos os domingos quando está de sol, a cidade enche-se de automóveis. Vem cada um no seu, ou em família, em comboinho. 
Vêm ver o mar e, na volta, as gandes supefíces
Só páram na avenida oceânica porque não há parcómetros e nos supermercados porque o aparcamento é grátis. E assim sucessivamente. Circulando sempre. 
Porque na Figueira não há (nem haverá) mais nada para ver."

Fernando Campos, via o Sítio dos Desenhos

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A pornografia nem sempre foi como é hoje...

Há quem considere que a melhor coisa do mundo é a pornografia. 
A pornografia nem sempre foi como é hoje em Portugal. 
Houve uma altura em que não havia jornais destes. 
Foi no país do passado.  
Nesse país do passado, a pornografia tinha revistas especializadas que circulavam quase que na clandestinidade.
Agora já ninguém liga. A pornografia circula livremente.

E depois havia a tradição. 
O filho do pedreiro era pedreiro, o filho do pescador era pescador, o filho do sapateiro era sapateiro, o filho do trabalhador rural era trabalhador rural, que por acaso era camponês, e por aí, e andavam na escola até à quarta classe a aprender que D. Afonso Henriques tinha sido o primeiro rei de Portugal e que em 1385 tinha havido uma batalha em Aljubarrota onde tínhamos dado nos cornos dos espanhóis, os rios do Continente, as plantações das Ilhas Adjacentes e os caminhos-de-ferro do Ultramar, a escrever o nome para quando fossem tirar o bilhete de identidade ao registo civil e a tabuada de cor e salteado para contar os trocos e o rol a pagar na mercearia no final do mês. O filho do rico era o filho do rico e o filho do doutor era o filho do doutor, categoria que abrangia todos os doutores de todas as categorias à face da terra, à excepção do engenheiro que era senhor engenheiro e era filho do senhor engenheiro. As mulheres eram as mulheres com a nuance de poderem ser mulheres ricas ou mulheres pobres, mulheres dos ricos ou mulheres dos pobres, quietas lá no seu sítio de donas de casa e parideiras. Na Santa Paz do Senhor, Amém.
E pode o partido que não ficou em primeiros no final da contagem formar Governo, com o suporte da maioria dos deputados que foram eleitos para formar maiorias e não para eleger primeiros-ministros, e governar? 
Não pode, por causa da tradição.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Mais uma "mercearia": Mini Preço vai abrir na Rua da República


Onde em tempos esteve a  ex - padaria Figueira Pão, iniciaram-se os trabalhos de reabilitação para instalar lá um Mini-Preço...
Pelo que dá para perceber, o armazém ficará nas traseiras, onde funcionava a padaria.
O supermercado vai ocupar as 3 antigas lojas...

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

O Picadeiro: saudade é isto mesmo - “é tudo o que fica, depois de tudo morrer”

Com a devida vénia, fica arquivado neste blog/baú este excelente texto"onde Pedro Biscaia expressa gratidão ao Fernando e Isabel, pela criação de um lugar de memória e memórias".

"A sugestão do Zé Tomé e do João Damasceno, para que fosse eu a vir aqui testemunhar o apreço que todos temos pelo Fernando Grilo e pela Isabel João, pela sua aventura de quase 30 anos ao leme do Picadeiro, parece-me, no mínimo, inesperada e até, talvez, fora de contexto. Eu?... Eu que não sou de beber nem de comer, a quem o vinho provoca azia e as digestões são um processo difícil, o que é posso vir aqui dizer? Obviamente que não estou habilitado a comentar gastronomia ou enologia, os segredos da alquimia da confeção ou a seleção de castas adequadas a certas vitualhas.
Em boa verdade, dessas matérias não sei absolutamente NADA ! 
Todavia, o que facilita a missão de que fui incumbido, é a circunstância de ter conhecido e partilhado um lugar, que sempre foi muito para além do que um mero restaurante. Ali, à volta da mesa, todos aprendemos uns com os outros, num espaço de cultura que, tal como disse não sei quem, -“é o que fica, depois de tudo se esquecer”. O Picadeiro foi, provavelmente, o último herdeiro de uma rede de locais que ajudaram a construir a identidade da Figueira do sec. XX, nas tascas de raiz popular guardadas na memória coletiva da cidade, tais como o Púcaro e a Gaivota na Rua 10 de agosto, o Manel da Parreira e o Gato Preto, ali perto do Cais, o Barril na rua da República, o Barracão no Casal do Rato, o Socorro de Inverno na rua da Restauração, os Papagaios no mercado, o icónico 37 na rua dos Pescadores, a Adega Praia em Buarcos… estações de um roteiro iniciático de sociabilidade de várias gerações. E, além delas, as tabernas como o Feteira ou o Niza, a primeira preferida pelos marítimos e a segunda pelos estivadores ou ainda os cafés frequentados por tribos próprias, com clientes de condição social diversa e onde eram patentes as tendências políticas (mesmo às escondidas) clubísticas e sociais. A Nau era dos funcionários públicos, dos adeptos da Naval e, depois do 25 de abril, de ativistas de posicionamentos mais à esquerda. A Brasileira tinha a preferência dos apaniguados do Ginásio e do Sporting Figueirense e de uma elite pequeno-burguesa de bancários e comerciantes, da parte antiga da Figueira. O Café Brasil (conhecido por Zé do Lixo) era o apoio privilegiado dos passageiros das camionetas da rodoviária, que ali paravam. No Bairro novo, o Nicola, a Cristal, a Império, o Oceano ou o Europa tinham frequentadores diferentes entre si e todos eles eram diferenciados da clientela conservadora da Caravela. O Arnaldo era um poiso muito peculiar, onde se bebia e petiscava ao balcão e o anexo da Mercearia Encarnação era um recanto mais sossegado e discreto, no fim da tarde. Havia ainda, nas imediações da estação, a “Capela do Sol”, do Manuel Lopes, que tinha estatuto de santuário de tertúlia bairrista (mas com acesso restrito) e, na rua da República, o Café Paris, este, indicado para cavalheiros mais carentes de mimos e licores…
Neste roteiro de lugares, estava subentendido um código definidor de identidades específicas, um respeito por territórios conotados e, também, a procura dos que nos estavam mais próximos. Em todos eles, na sua diversidade, havia tertúlias quase sempre masculinas e, aos domingos, eram transformados em seletos salões familiares de galão morno e torradas com manteiga. Tudo isto eu o digo, apenas a escorropichar a memória do meu tempo *, sabendo que há quem o tenha estudado com profundidade e rigor. Por exemplo Guida Cândido (hoje reputada investigadora nesta área do saber) tem um estudo publicado, em 2014, pelo município da Figueira, sobre a célebre Tertúlia “Coração, Cabeça e Estômago” fundada por António Augusto Esteves, nos anos 30, e compartilhada por vultos figueirenses como Joaquim de Carvalho, Cardoso Marta, António Piedade, Mário Augusto e outros, cuja constituição e atividade cultural e gastrónoma, expressa em atas descritivas, vale muito a pena conhecer. Posteriormente, já nos anos 80, também existiu o Círculo de Gastronomia e Cultura da Região da Figueira, sob a égide de João de Lemos, Marcos Viana e Albarino Maia, em cujo estatuto se pode ler “Círculo porque todos são iguais, usufruem os mesmos direitos e deveres, todos ao redor da mesa partilham do mesmo pão (…) e Cultura porque gastronomia também é cultura”.  
Ora, o Picadeiro foi o seguidor desse espírito gregário e de convivência, para além do cuidado posto nas ementas de referência tradicional, graças a perseverança do Fernando e da Isabel, em parceria com as imprescindíveis cozinheiras, com destaque para a Cristina, e os sucessivos empregados como o Gervásio, o Renato, o Rafael ou o Marcos, que levavam até à mesa, travessas de apuradas tentações. Por isso, estes dois nossos amigos, para além de proprietários e gestores de um restaurante foram, implicitamente, agentes culturais e catalisadores da sociabilidade democrática figueirense, onde todos encontraram um acolhimento feito de qualidade, simpatia e descontração, numa pluralidade de género, idade ou condição. Nessa medida, foi um lugar de culto, um pára raios de amizades, um aconchego para algumas solidões, uma praça de intercâmbios, onde pontificaram figuras tutelares da mesa e da conversa, como o Mário Moniz Santos ou o Joaquim Gil que, lamentavelmente, já não estão aqui.
A própria escolha do nome do estabelecimento - Picadeiro - remete para o mais conhecido espaço público de sociabilidade da Figueira, o mais antigo segmento pedonal da rua Cândido dos Reis, outrora poeticamente denominada rua da Boa Recordação, a âncora do Bairro Novo de Stª Catarina, qual passerelle de acesso ao Casino Peninsular, quando este era um edifício digno e frequentado pelo glamour de veraneio e quando o espaço comum de circulação era respeitado, ao contrário da ocupação desenfreada que hoje lá vemos. E, curiosamente, o “Picas” fica na esquina da rua que evoca o Académico Zagalo, o jovem estudante que comandou a libertação do Forte de Stª Catarina do jugo napoleónico, em 1808, e a rua Dr. Francisco Dinis, homem de visão larga, que foi um dos fundadores da Companhia Edificadora Figueirense, no final do sec. XIX. Ou seja, está na confluência toponímica da ousadia, da liberdade, do empreendedorismo e do amor ao desenvolvimento da nossa terra. Ele há cada coincidência…!
O “Picadeiro” do Fernando e da Isabel, o nosso “Picas”, era, também, uma espécie de casa familiar comum, onde quase todos se conheciam, pelo menos de vista e onde perpassava uma solidariedade entre pares. No meu caso pessoal, posso confessar que todas as minhas namoradas tiveram que lá ir à amostra e com o intuito de que melhor entendessem o que as palavras e até os gestos, nem sempre conseguem explicar. Ora, esse estatuto de casa de família, íntima, acolhedora, despojada de formalismo, com as paredes cobertas de lembranças como um álbum de fotografias, era o que sabíamos que podíamos esperar do Picadeiro e por isso, o fazíamos, um bocadinho, coisa nossa. Eramos todos dali, como nunca o fomos de outros lugares onde nos sentámos à mesa para comer. Era o lugar a que sempre regressávamos, à espera de um sorriso conhecido (como no verso do Manuel António Pina “regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa”…), da graçola repetida, da novidade segredada, do picante da crítica figueirense, da lamúria do estado das coisas, da partilha do sentimento. Ali celebrámos vitórias e enterrámos derrotas, discutimos vinhos - eu não, claro… - vaticinámos resultados desportivos e eleitorais e sempre nos despedimos uns dos outros, até à próxima vez. Recomendávamo-lo a outros amigos e conhecidos, com palavras de confiança e até o atrevimento de sugerir que, quando lá chegassem, dissessem que iam da nossa parte.
Isto não tem preço ! Isto não consubstancia uma mera transação comercial !
O segredo do Fernando e da Isabel, na criação e sustento deste ambiente diferenciado e tão humano, esteve na paixão com que se entregaram ao seu projeto e o bom resultado foi o que se viu, com claro e indelével contágio em todos nós. Faz-me lembrar aquela história que conta que o jovem Kaiser Guilherme II da Prússia terá perguntado ao seu mestre de equitação, o que era mais importante: se a técnica, os arreios ou a montada. E este ter-lhe-á respondido: - a paixão do cavaleiro, Sire…a paixão; o resto vem tudo atrás!
Sim, foi um privilégio de vida passarmos pelo nosso “Picas”, porque ali cada um foi o que já era e o que recebeu dos outros e, assim tendo sido, aqui estamos a agradecer, com um sentido abraço, a quem foi nosso cúmplice na construção de amizades para a vida e nos proporcionou momentos de genuína felicidade.
Esse é o verdadeiro sedimento das coisas essenciais !
Ficamos agora, momentaneamente, despernados, com a bússola sem norte, talvez até com sentimento difuso de orfandade, mas… como cantava o Fausto “atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir!”
Eis, como um gajo que de comida e bebida nada sabe, teve o desplante de vos servir esta caldeirada de afetos, com tempero de alegria, uma pitada de memória e um toque discreto de nostalgia.
*
E para acabar, parafraseando o Márinho, que de pequeno só tinha o diminutivo, digo agora:
“Ah meninos…!” vai um brinde à Isabel e ao Fernando!"