domingo, 6 de março de 2016

Foi há 95 anos

A vida do PCP, confunde-se com a vida do seu líder histórico, Álvaro Cunhal
A 6 de Março de 1921, na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, realiza-se a Assembleia que elege a direcção do PCP. 
Estava fundado o Partido Comunista Português.
Parabéns.

A sede de ir ao pote aperta cada vez mais, mas tudo isto é um logro: Passos Coelho só terá qualquer hipótese de voltar a S. Bento se António Costa falhar no próximo ano.

Pedro Passos Coelho foi reeleito presidente do PSD, ontem, sábado, com 95% dos votos.
“Foi a maior votação alcançada em qualquer eleição com candidato único”, afirmou Calvão da Silva, presidente do Conselho de Jurisdição.
Num universo de 50 291 militantes sociais-democratas, Passos Coelho foi eleito com 22 161 votos dos 23 271 votantes.
Recorde-se que a 26 de março de 2010, o ex-primeiro-ministro foi eleito pela primeira vez líder dos sociais-democratas, ao derrotar Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros, com mais de 61% dos votos. Em 2012 e 2014, foi novamente eleito com 94,65% e 88,89% dos votos respectivamente.
A direita dos interesses —  esqueçam lá isso da social-democracia, pois gente como esta nunca por lá irá passar — renovou a confiança no seu líder do momento. 
A votação, mais do que expressiva, foi mesmo esmagadora. 
Pudera, não havia outro candidato!.. 
De momento, é o que a cepa dá...
Só que o regresso ao pote não parece estar assim tão fácil e a sede aperta cada vez aperta mais.

Apesar de a gente saber, há muito, que às vezes isto acontece.....

1.Via Revista Sábado  
O deputado Pedro Coimbra, dirigente do PS que beneficiou de múltiplos esquemas e fraudes para ser eleito presidente da federação socialista de Coimbra em 2012, sai ileso do processo judicial que investigou a falsificação de centenas de fichas de militantes forjadas pelos seus apoiantes. Apesar de ter conseguido um lugar nas listas ao Parlamento porque conquistou a liderança da federação, não tem o lugar em risco na Assembleia da República. Por isso também não deverá ser visado nos procedimentos disciplinares que o PS pôs em marcha...

...O processo das fichas falsas em Coimbra foi a maior investigação judicial a uma fraude interna de um partido, e recaiu sobre a fase que antecedeu as eleições para aquela Federação Distrital em Junho de 2012, ganhas por Pedro Coimbra. O caso acabou por não ir a julgamento porque 18 dos arguidos, todos apoiantes activos de Coimbra, aceitaram a suspensão provisória do processo mediante um acordo com o Ministério Público, revelado há uma semana, que consistiu na prestação de trabalho comunitário ou no pagamento a instituições de solidariedade de verbas que vão até aos 1.500 euros. Foi o caso de Rui Duarte, ex-deputado, presidente da concelhia de Coimbra, um dos principais apoiantes do líder distrital. Aceitou pagar 1.500 euros a uma instituição depois de ser acusado de assinar "pelo menos 11 fichas" falsificadas, segundo a acusação. O dirigente escreveu no Facebook que "nunca, em momento algum" foi acusado "de falsificar quaisquer dados". Não é verdade. O MP foi explícito ao escrever que este arguido, em conjunto com outros apoiantes de Pedro Coimbra, "procederam à falsificação de elementos" nas fichas de militantes, "nas quais foram forjadas assinaturas e apostas moradas falsas", para beneficiar o candidato...

...Entre os arguidos que aceitaram o acordo estava Francisco Reigota (acusado de falsificar "pelo menos nove fichas"), que aparece no site do PS-Coimbra como número três do secretariado de Pedro Coimbra. António Paredes, número quatro da mesma direcção, foi acusado de falsificar pelo menos cinco fichas, assim como o seu filho David Paredes (acusado de falsificar 19)...

O escândalo tinha sido denunciado em 2012 por Cristina Martins, uma professora de Matemática e dirigente do PS que acabou expulsa do partido... 

2. Via Diário de Notícias
A reeleição tranquila de Passos Coelho está a tornar-se uma guerra interna no PSD, que vai passando de regional a nacional. Ontem, foi dia de directas, mas também de eleições em três distritais, e a de Aveiro está a dar problemas. A candidatura de Ulisses Pereira - cujo mandatário é o líder parlamentar Luís Montenegro - está a acusar órgãos nacionais com a confiança do líder (como é o caso do Conselho de Jurisdição Nacional) de "branqueamento" de "práticas irregulares" que "lesam a imagem do PSD".

Em comunicado, a candidatura deixa também farpas à secretaria-geral (liderada por Matos Rosa, também um cargo da confiança de Passos) dizendo que só recebeu os cadernos eleitorais "no dia 2 de março, ao final da tarde (...) quando o regulamento eleitoral dispõe que devem estar disponíveis até ao sétimo dia anterior à eleição".

A situação está a gerar desconforto junto a direcção de Passos, que vê estas acusações como uma afronta do líder parlamentar ao líder do partido. Na base de tudo isto estão as eleições no PSD-Aveiro, a suspeita de irregularidades e a decisão do Conselho de Jurisdição Nacional (CJN), tomada no dia 1 de março e assinada pelo presidente deste órgão, Calvão da Silva.

Em dois meses do último verão (junho e julho) foram inscritos 418 militantes na secção de Ovar (à qual pertence Salvador Malheiro, o candidato que enfrenta Ulisses Pereira), dos quais 271 pertencem à freguesia de Esmoriz e 80 tinham residência na Rua dos Pescadores. Além disso, 17 tinham a mesma morada e haviam 121 novos inscritos que partilham três números de telemóvel: 77 com o mesmo número, 33 com outro e 11 com outro.

Ora o CJN decidiu considerar regulares estas situações. Na deliberação, à qual o DN teve acesso, é relatada uma reunião entre Calvão da Silva e o presidente da concelhia de Ovar, Pedro Coelho, onde "foram entregues, em mão, as certidões passadas pela Junta de Freguesia de Esmoriz relativamente aos 17 militantes inscritos na Avenida Infante D. Henrique, n.º 79, e aos dez militantes inscritos na Rua dos Pescadores, n.º 379".

Além disto, explica a deliberação, os esclarecimentos foram "coadjuvados por um vídeo relativo à "morada colectiva" [que demonstra] que o número de polícia das moradas em causa serve um conjunto de residências autónomas em que habitavam as pessoas indicadas, com a mesma e única entrada comum".

O mesmo documento diz que "no tocante aos números de "telefone colectivo" o presidente do PSD-Ovar entregou os números individuais das pessoas que têm telefone próprio". Ora, após tudo isto, "o CJN é de parecer não haver razões para anulação da convocatória para a eleição dos órgãos distritais de Aveiro". Ou seja, os militantes que moravam na mesma casa e tinham o mesmo telemóvel podem votar. Não só para a distrital de Aveiro como no próprio líder do partido.

A deliberação levou à ira com um comunicado da candidatura, cujo mandatário é Luís Montenegro, acusando o CJN de ter analisado "apenas 27 [fichas] em 418", estranhando que não tenha ouvido "nenhum dos militantes em causa".

O comunicado é assinado pelo gabinete de comunicação da candidatura, pelo que não é o próprio Ulisses Pereira, vinculando mais ainda o mandatário Luís Montenegro. A situação junta-se a outras que os mais próximos de Passos vêem como marcação de território do líder parlamentar e como uma afronta a Passos que já tem sido evidente em algumas declarações, bem como em decisões na gestão da bancada, que foram tomadas sem a aprovação prévia do líder do PSD.

Amigo

Alexandre O'Neill
Mal nos conhecemos 
Inaugurámos a palavra «amigo». 

«Amigo» é um sorriso 
De boca em boca, 
Um olhar bem limpo, 
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, 
Um coração pronto a pulsar 
Na nossa mão! 

«Amigo» (recordam-se, vocês aí, 
Escrupulosos detritos?) 
«Amigo» é o contrário de inimigo! 

«Amigo» é o erro corrigido, 
Não o erro perseguido, explorado, 
É a verdade partilhada, praticada. 

«Amigo» é a solidão derrotada! 

«Amigo» é uma grande tarefa, 
Um trabalho sem fim, 
Um espaço útil, um tempo fértil, 
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!   

sábado, 5 de março de 2016

Para mais tarde recordar...


A não perder...

Porquê Trump agora?

Percebe-se que estão de consciência tranquila. Será que têm consciência?..

Passos Coelho não vê problemas éticos no emprego de Maria Luís... 
“Ela é candidatável a um futuro governo”...
 Henrique Monteiro: "Não é falta de senso, é de consciência"...
"Já me irritei suficientemente com casos idênticos e menos graves, incluindo com amigos e pessoas que ainda hoje considero, para gastar demasiado latim com Maria Luís Albuquerque. Se ela fosse inteligente (e não me refiro a ser esperta) não aceitava. E não aceitava nem que os 13 juízes do Tribunal Constitucional e as dezenas de Conselheiros do Supremo lhe dissessem que era legal. Não aceitava porque o que fez não é decente e porque – como toda a gente decente sabe – nem tudo o que é legal é estimável." 

Em tempo.
Maria Luís  vive no tempo certo, o tempo em que os princípios são facilmente trocados por uma espécie de pragmatismo que se traduz numa inexorável vacuidade. 
Maria Luís é produto do homem-massa, tão bem descrito por Ortega y Gasset
O homem-massa, desprovido de princípios, sem recurso a qualquer esforço intelectual, vivendo num mundo em que só os seus têm importância, aprecia homens e mulheres como Maria Luís que, tal como ele, nada têm para oferecer para além de uma vacuidade apresentável; homem-massa que não aprecia a discussão de ideias e que, amiúde, reconhece que as medidas políticas têm que ser impostas com violência, até porque o que tem de ser tem muita força.

Jorge Tocha Coelho, um cidadão atento... (IV)


sexta-feira, 4 de março de 2016

Com um vestido preto, nunca me comprometo...

De ontem para hoje, parece que acordámos noutro país. 
Mas, afinal, a senhora apenas mostrou que é possível deitar fora a hipocrisia!..
Está dar-lhe muita chatice, mas a senhora sabe que vai valer a pena. 
Todos sabemos, que nos últimos 40 anos "sempre foi assim"...
Contudo, para a senhora, está a ser mais difícil... 
A barulheira tem sido tanta, que a senhora pediu hoje à subcomissão de ética que avalie se existe alguma incompatibilidade entre a sua contratação pela Arrow Global com os actuais e antigos cargos políticos
A vida é assim mesmo. Aguente-se...
Confesso que estou  quase a mudar de opinião.
Quem ousa usar um  vestido destes, parece-me que terá muita dificuldade conseguir fazer algo tendo em vista o seu próprio favorecimento...
Obrigada, Maria Luís!
Agora, a sério: chega porra!!!!!

Maria Arrow Albuquerque

Via antero

A ambição é o último refúgio do fracasso?..

Manuel Damásio, desde ontem à noite, está proibido de contactar Miguel Relvas e Sérgio Monteiro
Paulo Santana Lopes, irmão de Pedro Santana Lopes, já estava proibido de contactar Miguel Relvas e Sérgio Monteiro.
José Veiga, também está proibido de contactar Miguel Relvas e Sérgio Monteiro.
Há elites que nos estimulam.
São as elites que não se rendem ao percurso da manada.
E há elites que nos envergonham... 
Que é a maioria. 
Resumindo...
Estamos lixados.

Até Manuela Ferreira Leite não disfarça o incómodo ...

O vice-presidente do PSD acusou a esquerda de "tentativa baixa e inaceitável de aproveitamento político" no caso Maria Luís Albuquerque. "Esta contratação em nada belisca a lei portuguesa", garante.
Esta gente não se enxerga!..
Até Manuela Ferreira Leite lança duras críticas a Maria Luís Albuquerque, por ter aceitado o cargo na empresa financeira britânica Arrow Global, poucos meses depois de sair do cargo no governo...
"Qualquer bocadinho de bom senso levaria a que a ex-ministra não aceitasse ir para uma empresa que teve ligações ao Ministério das Finanças. E, ainda por cima, ligações prejudiciais para o país."
Manuela Ferreira Leite insiste que Maria Luís Albuquerque nem deixou passar "quase tempo nenhum de nojo" para aceitar trabalhar naquela empresa que trouxe “prejuízo” ao país. Por isso, as críticas dos partidos são merecidas: “pôs-se mais do que a jeito. Estão cheios de razão”.
Numa frase: isto é "um nojo de gente".
Há por aí muitas entidades para avaliar a legalidade e transparência do primeiro emprego criado por esta senhora, por mim limito-me a sentir vergonha por uma ministra de um governo do meu país aceitar um cargo de tão baixo nível...
Esta, era a senhora que Passos Coelho só deixava ir para a Comissão Europeia se lhe fosse entregue um dossier digno da sua elevada craveira intelectual. Afinal, a senhora aceitou agora o triste dossier de um cargo não executivo que lhe pagará serviços, que não se sabe muito bem quais são.

Já ontem tinha sido tarde...

No país "dos cofres cheios", quem semeou porque é que não havia de colher?..

Porque é que agora deveria ser diferente?...
É por demais evidente que para boa parte desta gente, legalidade, transparência, ética ou minudências como pagar contribuições, impostos, cumprir as exigências legais, etc., são “contos para crianças”, coisas, por assim dizer, para “tótós” - nós. 
Tecnoformices, relvices, loureirices, salgadices, marquesmendices, amigos mecenas, negócios manhosos e corrupção, tráfico de influências e amiguismo, utilização criteriosa dos alçapões de uma justiça criteriosamente desenhados para efeitos de protecção dos seus interesses e outras habilidades da mesma natureza, são ferramentas diariamente usadas por esta família alargada e diversa que há décadas ocupou um largo espectro do nosso contexto político, social e económico. 
Cambada de artistas, nem as moscas, às vezes, mudam. São assim as contas da partidocracia. 
Em alternância pois claro. Sem alternativa, evidentemente.
Segundo a voz pop, "todo o trabalho merece recompensa".

Manuel Luís Pata, um Homem corajoso e de opinião desassombrada


quinta-feira, 3 de março de 2016

"Maria Luís Albuquerque contratada para gestora britânica Arrow Global"...

Desta, está o Passos Coelho liberto!..
Com um tacho destes, certamente que não estará minimamente interessada em disputar-lhe o lugar...
Maria Luís Albuquerque será a partir de segunda-feira administradora não executiva da gestora de crédito britânica Arrow Global, de acordo com um comunicado que foi tornado público esta quinta-feira. Esta gestora terá comprado créditos ao Banif, denuncia o Bloco de Esquerda
A informação é confirmada por um documento da Arrow Global
O PCP lembra regime de incompatibilidades e período de nojo dos titulares de cargos políticos. E diz ter "sérias dúvidas" sobre contratação de ex-ministra. Segundo este partido a Comissão de ética deve pronunciar-se.

"A equação da pesca da sardinha", uma crónica de Rui Curado da Silva

Uma crónica de Rui Curado da Silva,
via AS BEIRAS
A equação que rege a pesca da sardinha é uma equação maldita.

Se pescarmos mais sardinha melhoramos os rendimentos do sector e promovemos o emprego no imediato. No entanto, aumentamos o risco de extinção da espécie, que é um risco real. Por outro lado, um longo defeso da pesca da sardinha coloca em risco a sustentabilidade financeira de todos os actores envolvidos na captura da espécie.

A equação complica-se quando consideramos a situação precária que enfrentam os pescadores durante o período de defeso, sem um estatuto laboral adaptado à particularidade da profissão. Depois de tanto latim sobre a economia do mar, os pescadores continuam a ser tratados como trabalhadores de terceira.

Apesar de a sardinha estar sujeita a defeso biológico desde o início do ano, os sindicatos de pescadores tinham sugerido a sua prolongação até final de abril, retomando a pesca no período em que a sardinha tem melhor qualidade e é mais rentável. Surpreendentemente, o Ministério do Mar decidiu permitir já em março a captura da espécie, embora esteja sujeita a limites quantitativos diários.

Esta decisão é ainda menos compreensível quando, até à data, a causa da redução do stock de sardinha não foi inteiramente compreendida pela ciência e quando apenas em julho serão conhecidos os resultados da avaliação aos stocks de sardinha realizados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Jorge Tocha Coelho, um cidadão atento... (III)

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O voto e a lucidez

Este blogue, pelos vistos, anda a incomodar!.. 
Ainda bem, pois um blogue também pode servir para isso...
Em democracia, não é normal colocar interrogações e levantar questões?..
Ou, a nossa participação como cidadãos,  estará reduzida ao boletim de voto?
José Saramago, no Ensaio sobre a lucidez (2004), tem uma interessante abordagem do assunto.
"(…) Em geral não costumo votar, mas hoje deu-me para aqui, A ver se isto vai servir para alguma coisa que valha a pena, Tantas vezes foi o cântaro à fonte, que por fim lá deixou ficar a asa, No outro dia também votei, mas só pude sair de casa às quatro, Isto é como a lotaria, quase sempre sai branco, Ainda assim, há que persistir, A esperança é como o sal, não alimenta, mas dá sabor ao pão, durante horas e horas estas e mil outras frases igualmente inócuas, igualmente neutras, igualmente inocentes de culpa, foram estimuladas até à última sílaba, esfareladas, viradas do avesso, pisadas no almofariz sob o pilão das perguntas, Explique-me que cântaro é esse, Porque é que a asa se soltou na fonte, e não durante o caminho, ou em casa, Se não era seu costume votar, porque é que votou desta vez, Se a esperança é como o sal, que acha que deveria ser feito para que o sal fosse como a esperança, que é verde, e o sal, que é branco, Acha realmente que o boletim de voto é igual a um bilhete de lotaria, Que era o que estava a querer dizer quando disse a palavra branco, e novamente, Que cântaro é esse, Foi à fonte porque estava com sede, ou para encontrar-se com alguém, A asa do cântaro é símbolo de quê, Quando deita sal na comida, está a pensar que lhe deita esperança, Porque é que traz vestida uma camisa branca, Afinal, que cântaro é esse, um cântaro real ou um cântaro metafórico, E o barro, que cor tinha, era preto, era vermelho, Era liso, ou levava desenhos, Tinha incrustações de quartzo, Sabe o que é o quartzo, Já ganhou algum prémio na lotaria, porque é que na primeira votação só saiu de casa às quatro horas, quando já não chovia há mais de duas, Quem é a mulher que está ao seu lado nesta imagem, De que riam com tanto gosto, Não lhe parece que um acto de votar deveria merecer de todos os eleitores com sentido de responsabilidade uma expressão grave, séria, compenetrada, ou considera que a democracia dá vontade de rir, Ou talvez pense que dá vontade de chorar, Que lhe parece, de rir, ou de chorar (…)"

A grande poesia acerta muitas vezes...

Sophia de Mello Breyner
Nestes últimos tempos é certo a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças

Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?

Que diremos do lixo do seu luxo - de seu
Viscoso gozo da nata da vida - que diremos
De sua feroz ganância e fria possessão?

Que diremos de sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?

Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?

Nestes últimos tempos é certo a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto

Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?