"Ser historiador significa ser racionalista. Sem milagres. Os Portugueses teriam obrigação de saber isso (pelo menos desde Alexandre Herculano, no século XIX). A posição pessoal deste historiador português — que se define a si próprio como sendo filosoficamente agnóstico (apesar de ter as suas origens familiares, na Beira Alta, monárquicas e católicas) — é a posição de considerar que, hoje em dia, em Portugal, alguém deve ter a coragem e a lucidez de, longe da multidão, ser capaz de falar e de escrever, para recusar a ignorância, a idolatria, a superstição e o fatalismo; a hipocrisia e o obscurantismo; o oportunismo político e comercialismo despudorado; tudo isso que, na verdade, está patente no fenómeno social e mediático de "Fátima", nacional e internacionalmente. Tudo isso que, infelizmente, se constata que até vai sendo aumentado (!), e glorificado… e assim vai sendo transformado em sinónimo do que significa este país, Portugal. Um país falido, subdesenvolvido, e insustentável. Medieval, em plenos séculos XX e XXI."
Para ver o vídeo com as declarações de Alfredo Pinheiros Marques, sobre Portugal e as "Aparições de Fátima" (1917), basta clicar aqui.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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