segunda-feira, 29 de maio de 2017

A caminho da indiferença? (II)

"São muitas as eventuais razões da crescente abstenção dos cidadãos da tomada de posição em relação aos candidatos/aos eleitos/às suas decisões (mesmo quando estas se baseiam em fazer o possível para que nada seja mudado): falta de esclarecimento/informação, não-identidade com qualquer programa/candidato, desinteresse ou desconfiança relativamente à classe política, desagrado pelo modelo de Democracia, apelo à necessidade de “voto útil”, entre outras.

São também muitos os que defendem que a verdadeira cidadania e que a desinteressada participação cívica e política só são possíveis fora do sistema partidário, uma vez que este está irremediavelmente corrompido e sujeito a regras opacas e impossíveis de cumprir por quem se preocupe sobretudo em servir e não em servir-se.

Qualquer exagero (por definição o que ultrapassa o necessário) deve ser combatido pela Razão, através da ação, nunca pela abstenção, e a luta de grupos de cidadãos figueirenses (pela construção do by-pass, que resolva o triplo problema existente, contra a intervenção nas praias, considerando que a obra da APA agrava o problema de erosão, pela preservação do corredor verde, sobretudo para evitar a contínua impermeabilização dos solos) mostra que todos, mais do que envolvidos, devemos estar comprometidos em trabalhar para entregar um futuro aos nossos filhos que honre um tão grande passado. Como nos ovos com presunto: a galinha esteve envolvida, o porco… comprometeu-se!"
Ovos com presunto, uma crónica de Teotónio Cavaco.

Nota de rodapé.
Uma imagem das eleições que se realizaram em 1975


Repito algo que em 22 de fevereiro de 2017, escrevi neste espaço.
É difícil encontrar outro tão forte e evidente sinal de fracasso de um sistema político: mais de metade dos cidadãos do nosso concelho não se interessam e não querem saber da sua vida e da gestão da sua cidade. 
A origem do problema - os políticos sabem isso - está no funcionamento deficiente dos partidos. As manobras, as jogadas de bastidores, os truques, os jogos dos aparelhos partidários, foram desgostando e afastando os cidadãos e minimizando o exercício da cidadania. Primeiro, da participação. Depois, também do próprio exercício do direito ao voto. 
Cada vez menos pessoas olham para os partidos como expressão das suas preocupações. Cada vez mais pessoas deixaram de ver os deputados e os eleitos locais como representantes do Povo. Entretanto - e isso é o mais grave para a saúde da democracia - o sistema parece estar de pedra e cal. 
Porquê? 
Simplesmente, porque a reforma necessária, teria de ir no sentido de atrair o envolvimento da cidadania, reforçar o poder de escolha dos eleitores, limitar e diminuir o poder absoluto dos directórios – e os directórios partidários não querem, mandam e não deixam. 
O efeito deste estado de coisas é o que sabemos: a deterioração do sistema, a degradação da vida política e o definhamento da democracia.
Mas, isso, interessa pouco aos políticos no poleiro.
O importante, para eles, é garantir o "tacho", nem que para isso se tenham de prestar a todas as "panelinhas".

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