Bom dia.
Levantei-me cedo, como sempre. Está um calor do caraças. Estou a trabalhar de gosto, apesar deste calor do caraças.
Lembrei-me do dia de ontem.
Por vezes, acontecem-me coisas completamente inesperadas.
Um Amigo, ao ouvido, felicitou-me e agradeceu-me por uma coisa que nunca tive - coragem.
Fiquei comovido, embaraçado e sem jeito. Apenas disse: é o que nos resta...
Continua a estar um calor do caraças.
A prosa vai ficando arrumada, linha após linha, assim mesmo, como eu gosto.
Escrevo todos os dias.
Sempre escrevi.
E todos os dias tive medo. Sempre tive medo.
Escrevo para ser lido. E tenho tanto medo de ser lido!
Apesar do medo que sempre tive, vou continuar a ultrapassar o medo que é cada tentativa, feita de susto, para sair do silêncio.
Sou um cidadão. Embora com medo, não desperdiço a possibilidade de ser voz.
Citando Daniel Santos, na sua crónica de hoje publicada no jornal AS BEIRAS.
“Se é verdade que sem partidos e sistemas partidários não há democracia, também é importante relembrar que não é só com partidos e sistemas partidários que há democracia”.
"A intriga, a inveja, a luta desleal e perversa, continuam a fazer o seu caminho através de meios cada vez mais sofisticados. Em 2001, 22 por cento dos portugueses tendiam a confiar nos partidos políticos, valor acima da média europeia. Este indicador caiu para 13 por cento em 2016, sendo o quarto mais baixo da mesma zona, apenas superior à Grécia, Espanha e França."
O amor, sempre foi e vai continuar a ser, maior do que o medo.
E se eu amo a Figueira e a minha Aldeia, todos os dias tenho de conseguir encher-me de coragem.
Mesmo que seja de empréstimo.
Gosto de falar daquilo que, publicamente, amo.
Na minha vida, o amor sempre foi o mais importante. E vai continuar a ser.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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