Gente perigosa
É normal ouvir na comunicação social referências às redes sociais comparando-as com o que de pior há no mundo, são os jornalistas e políticos que conhecemos bem, os mesmos que no passado dariam o rabo e cinco tostões pelo direito de tomar um desses pequenos-almoços de negócios com o Ricardo Salgado.
Os muitos manipuladores de opinião a que chamam de comentadores, gente eu em privado cobra pelos favores ou, muito simplesmente, pela cunha ou tráfico de influências, odeiam redes sociais. O mesmo sucede com políticos fracos, ministros ou da oposição, que se sente mais confortavelmente a gerir a sua boa imprensa no negócio de favores com jornalistas do que a conviver com as opiniões nas redes sociais.
O que irrita políticos e jornalistas encartados é a opinião livre, a opinião que não é feita em troca de favores, a opinião de um qualquer cidadão comum. É por isso que o ministro da Administração Interna não se sente incomodado se o site do seu ministério sugerir a leitura do Observador, jornal online onde se diz de António Costa bem pior do que se lê nas redes sociais.
É por isso que um mero link para um blogue mereceu uma grande preocupação por parte do ministro da Administração interna, a pobre criatura mandou investigar quem poderia ter cometido o crime de sugerir a leitura de um qualquer leitor anónimo, que escreve o que pensa e sem medo de represálias ou de ser afastado da manjedoura. A pobre criatura, num ato de pura bajulação e subserviência, até suspendeu a página ministerial até se apurar quem cometeu e em que circunstâncias cometeu tão grande crime.
Um dia destes responderei a este ministro tal como ele merece, mas por agora apenas lamento tão grande pobreza de espírito. Esperemos que o senhor ministro não se lembre também de mandar perseguir tão perigosa voz ou tentar uma vingança porque ontem foi brindado com o trofeu deste modesto blogue. De qualquer das formas faça favor senhor ministro, não é nada que não tenha sucedido no passado.
Agora ficamos à espera que o ministério deixe de fazer links a jornais que eram simpáticos com Ricardo Salgado a troco de publicidade, de jornais, como o Expresso, que enviava jornalistas a Las Vegas, em viagens pagas pela EDP e que no regresso faziam artigos muitos simpáticos para com os negócios desta empresas, agora fico à espera que o ministro não se limite a encher o peito com páginas de cidadãos anónimos.
Via O Jumento
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário