Isabel Maranha Cardoso |
"Vivemos um momento em que a crença nos políticos é baixa.
Generaliza-se a ideia de que os políticos não cumprem o prometido e que se movem apenas pelos seus interesses próprios.
Acho que sempre que se generalizam comportamentos individuais, corre-se o risco de sermos injustos, sobretudo para com aqueles e que considero serem a maioria fazem do exercício da política uma verdadeira devoção à causa pública, sem que com outros fins o exerçam. Esses enobrecem-na!
Também não acho que pelo facto de se exercerem cargos políticos e de grande responsabilidade, os que deles foram titulares devam ser cerceados de novos desafios, em que lhes é valorizada a prática exercida na política e o acumular de experiências que os qualificam para novas funções. Antes pelo contrário! Há todavia algo que se impõe, o sentido do limite entre o legalmente permitido e o eticamente aceitável.
Assistimos recentemente a um exemplo polémico do exercício de um cargo público de alta responsabilidade, pela ex-ministra das Finanças, e a sua aceitação de um cargo de directora não executiva na Arrow Global, empresa internacional de gestão de crédito mal parado. Este trouxe à tona a frágil fronteira entre a legalidade na política e a ética.
Bem sei que uma andorinha não faz a Primavera mas ajuda a pensar que esta está a chegar…"
Em tempo.
Infelizmente, Maria Luís Albuquerque não é uma andorinha solitária. Na primavera dela existem muitas andorinhas e outros passarões iguais a ela.
E a Figueira, como a senhora Isabel Maranha Cardoso sabe muito melhor do que este pobre escriba, não é excepção...
Pois é: a "legalidade instalada", aquilo a que chamamos “legal”, isto é o que está dentro da lei, portanto permitido, quando aplicado, por exemplo, numa cidade como a Figueira também serve para travar o progresso...
Mais grave ainda: talvez estejamos apenas a contribuir para manter um privilégio que alguns, poucos, conseguem impor à maioria.
O que é legal, não raras vezes, está em contradição com o que é ético.
Há pouco mais de cem anos a escravatura era “legal”.
Foram os padrões éticos que impuseram a mudança da lei.
Mais recentemente, na Alemanha nazista, há pouco mais de 60 anos, era “legal”, ficar com a propriedade, os direitos e a vida dos judeus e de outros indesejáveis ao nazismo.
Se colocamos a lei acima da ética, o nazismo é inquestionável, uma vez que, na Alemanha e nos países por ela conquistados, isso fazia parte da lei.
Num país pobre como Portugal, pode ser legal os políticos e os legisladores terem salários obscenos e grandes privilégios, mas de ético não tem nada.
A cobiça não é ilegal!..
Ética, é outra coisa: é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais.
A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao carácter.
Portanto, para ter ética, no mínimo é necessário ter carácter...
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