Foto: DIÁRIO AS BEIRAS |
No limite, é um acto revolucionário.
Existe no amar algo que pode transformar a sociedade e cada um de nós.
Quem ama troca a segurança e o bem estar pelo gesto assertivo.
Com isso a vida ganha cor.
A existência, antes vazia, passa a ser preenchida com a excitação dos riscos, mas também das recompensas.
«João e Filipa Gomes casaram, no último sábado de setembro, no Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, devido ao internamento de João por doença prolongada. João Góis tem um cancro raro em estado muito avançado associado a Síndrome de Lynch.
O casal é da Mealhada e tem um filho com menos de um ano.
“O casamento era um objetivo na nossa vida, mas, infelizmente, a doença do João trouxe-nos a um patamar em que já não poderíamos fazer muita coisa. Em conversas um com o outro decidimos concretizar este desejo enorme”», contou, ao DIÁRIO AS BEIRAS, Filipa Gomes no passado dia 10.
O medo e a felicidade, ganham significado onde antes só existia o comodismo.
Porventura, descobre-se um rumo onde antes reinava a desorientação e a alienação.
O amor pode mover montanhas, por ser um sentimento que devolve significado à existência.
Colectiva e de cada um de nós.
O amor, é determinante nas vidas de todos nós.
Para muitos de nós, diria que é a mola real que nos faz mover.
E o amor só pode ser entendido em toda a sua dimensão.
Há dias em que nos apetece uma história bonita e romântica.
Todavia, nem todas as histórias de amor têm finais normais e, muito menos, fáceis.
«João Góis, que casou no final de setembro nos Cuidados Paliativos do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, faleceu.
O jovem natural do concelho da Mealhada era vítima de cancro raro em estado muito avançado associado a Síndrome de Lynch e, uma semana depois de ter casado com a mulher, Filipa Gomes, faleceu. João Góis era mestre da Escola de Samba Real Imperatriz e, em conjunto com a mulher, eram pais de um bebé com menos de um ano.
O funeral realiza-se na quarta-feira, às 16H00, na Igreja da Mealhada, onde o corpo chegará por volta das 13H00», pode ler-se hoje no DIÁRIO AS BEIRAS.
O amor está tão banalizado nos dias que vivemos, que são histórias como esta que o elevam e nos fazem sentir frágeis, vulneráveis e humanos.
Como escreveu o Pedro Rodrigues, "o amor celebra-se todos os dias. O amor celebra-se a todos os momentos, em todos os gestos - mesmo nos mais pequenos. Aliás, mais nos mais pequenos. Amar implica uma continuidade. Amar e ser amado obriga-nos a darmos o nosso melhor constantemente. Obriga-nos a estarmos atentos. Obriga-nos a construir, todos os dias, uma base para o futuro. Não o marquem com uma cruz no calendário para o celebrarem de ano a ano. Acreditem no amor. Cultivem o amor. Colham os frutos desse amor. Não hoje, não amanhã, mas sempre. Sejam os melhores para quem amam: todos os dias, a todas as horas.
Não se esqueçam de celebrar o vosso amor."
Foi o que fizeram a Filipa e o João.
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