Anda por aí uma polémica danada com um tal de Nuno Carvalho, boss da Padaria Portuguesa.
Nunca entrei num estabelecimento desse senhorito.
Pessoalmente, portanto, não poderia ser mais favorável a um boicote generalizado à Padaria Portuguesa, algo que, aliás, pelos vistos, sempre pratiquei.
Não por causa das opiniões sobre o salário mínimo de um dos seus donos, mas apenas porque, apesar de estar na moda junto de gente sem bom gosto, os chamados in, aquilo que oferece, ao que me disse quem já lá foi, não vale nem metade do seu preço.
Quanto ao resto, apenas diria o seguinte ao senhorito que anda para aí a disparatar...
Não são apenas os investidores que têm direito a ser bem e dignamente remunerados.
Sem dignidade do trabalho - que passa obviamente também por uma digna remuneração - não há justiça, nem países europeus modernos, desenvolvidos e civilizados...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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