"Passos Coelho acusou o ministro da educação de estar a defender interesses."
Por falar em interesses...
Nessa matéria a experiência de Passos Coelho é quase imbatível.
Poderia invocar a concessão à pressa dos transportes públicos de Lisboa e Porto; a concessão da exploração de petróleo no Algarve a Sousa Cintra, poucos dias antes de o governo cessar funções; a falta de transparência nas privatizações da TAP, da EDP ou da REN; a privatização de empresas públicas lucrativas, como os CTT ou as condições de privatização do Oceanário ou do Meo Arena para justificar a minha afirmação, mas nem preciso de ir por aí.
Basta lembrar os interesses que o governo de Passos protegeu, ao conceder subsídios às escolas privadas. E que interesses foram esses?
Ora vejamos:
- Entre as 79 escolas com contratos de associação 26 são religiosas;
- Mais de uma dezena são indirectamente geridas pela Igreja através de entidades terceiras
- Das restantes uma boa parte são geridas por correligionários do PSD, mas também do PS, sendo que estes são entusiastas do Bloco Central. O dos negócios, da corrupção e do compadrio.
Ter a lata de dizer que Tiago Brandão Rodrigues está a defender interesses é uma declaração que ficará na história da pulhice laranja que marca o consulado de um terrorista social e de um mentecapto cultural.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Não trabalho no ensino.
Não tenho a pretensão de vir dar palpites ou sugestões a quem tem habilitação académica e profissional para o assunto.
A minha vida é profissional é a Química e o Sr Director de Produção que faz muitas contas de rentabilidade...
Mas todos temos familiares ou amigos que são professores. Assim, ao abrir o mail (na hora do almoço, Sr Director!!!) recebi este texto de um amigo.
Aqui fica:
"Na argumentação dos defensores dos contratos de associação há um (só?) detalhe que me deixa baralhado e que é o de referirem que a questão afecta “apenas” uns 80 “colégios” num universo de mais de 2500 estabelecimentos de ensino privados. Afirma-se que são apenas 3% do total. O que parece irrelevante.
Mas depois afirma-se que, afinal, podem vir a ser afectados mais de 17.000 alunos por uma decisão de rever os contratos de associação com esses colégios, o que é um número muito elevado num sector que tem pouco mais de 120.000 alunos no Ensino Básico e um pouco mais de 70.000 no Secundário de acordo com as estatísticas oficias mais recentes. Seriam quase 10%. Como é possível se a coisa atinge apenas metade de 3%?
A questão é ir ver com atenção os números.
Número de alunos no ensino básico: No contexto do ensino privado, os que dependem do Estado são 38,7%… o que significa que são muito mais de um terço do total, um peso desproporcionado em relação ao “número de estabelecimentos”.
Em Portugal, quase 40% do Ensino Básico “Privado” é subsidiodependente.
E no caso do Ensino Secundário, ainda em 2013-14?
Temos que 22,8% dos alunos do ensino privado têm apoio do Estado.
No total (Básico mais Secundário) em 2013-14 eram 63651 alunos em 193694, o que dá 32,9%, quase um terço do total.
Percebem agora o problema de um sector “privado” que depende em quase um terço do Estado, mesmo se oculta isso atrás de uns alegados “3% de estabelecimentos”?
E ainda há quem fale em manipulação?
E fazem muito bem. Em Portugal pratica-se a utilização truncada e selectiva da informação. Não é caso único."
Paulo Guinote / blog “O Meu Quintal” – texto “Ligeiras Imprecisões” - MAIO 9, 2016
Não conheço o Sr Guinote mas suponho que será professor ou investigador.
O que receio é que isto seja um ajuste de percentagens nos negócios do CENTRÃO e não uma verdadeira decisão política/educativa.
Pelas palavras do Sr Presidente da República, Costa vai levar um apertão.
Gostava de estar errado....
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