"Num país que viveu durante várias décadas sob o jugo da ditadura e onde os comunistas sofreram muito mais do que o mal que eventualmente possam ter feito a Portugal, os comunistas são diabolizados e os herdeiros do Estado Novo são quase sempre tratados com a devida vénia. É uma pena que quem vê no comunista Jerónimo de Sousa um perigoso estalinista não tenha sido apresentado à delicada Pide Leninha. Talvez a lembrança das carícias do passado ajudasse a relativizar os temores do presente."
Carlos Azevedo
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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