foto Pedro Agostinho Cruz |
“Foi
desta forma que Conchita
Wurst rematou o seu discurso de vitória do Festival da Eurovisão.
Numa Europa de memória curta, contaminada por sentimentos
nacionalistas, apelar à unidade e relembrar que as liberdades
individuais são imparáveis constitui um discurso quase
revolucionário tendo em conta o perfil popular dos espetadores da
Eurovisão.
Do
outro lado do Atlântico, o equivalente popular da Eurovisão é o
Super Bowl, a final do Campeonato de Futebol
Americano. A noite do Super Bowl serve de pretexto para famílias e
amigos confraternizarem em frente à
televisão uma vez por ano. Em 2004, a simples exposição de um seio
de Janet Jackson durante o intervalo do
Super Bowl desencadeou uma gigantesca onda de escândalo nos EUA.
Na
Europa, antes de Conchita Wurst, avozinhas e netas reunidas à frente
do televisor já tinham dado a vitória,
em 1998, ao travesti israelita Dana International e, em 2006, ao
grupo de heavy metal finlandês Lordi. É nestes momentos que a
Europa mostra o seu potencial de tolerância, que me faz sentir bem
neste continente.
À
escala da nossa cidade, excetuando alguns episódios menores, devo
confessar que me sinto agradavelmente surpreendido
por não terem ocorrido manifestações públicas de ódio ou de
intolerância quando alguns dos nossos conterrâneos revelaram uma
sexualidade menos convencional. Mais me agrada quando estes podem trabalhar
num ambiente de pleno respeito. Ainda muito está por fazer, mas isto
é de facto imparável.”
Rui Curado da Silva, investigador,
hoje no jornal AS BEIRAS.
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