Presumo que por causa deste post, recebi uma mensagem sem ser assinada, via telemóvel, proveniente do número 351925653687, que eu desconheço a quem pertença. Diz o seguinte:
“És bom a dar música mas eu, como bem sabes, não sei cantar. Não sei se te apercebes mas as tuas obsessivas observações sobre mim começam a fazer crer que há qualquer coisa de pessoal; e não sou só eu que noto mas até gente que nos conhece a ambos. Enfim, não me faz mossa…”
Remetente (sem nome)
Assim de repente o anónimo quer fazer-me crer que é o vereador António Tavares.
Mas eu não acredito.
O António Tavares que eu conheci, nunca se olharia como um estropiado da guerra fria e muito menos vítima das “minhas obsessivas observações”!..
Eu sei que o António Tavares que eu conheci, gosta de ser político e preparou-se para o efeito…
Portanto, o António Tavares que eu conheci, estava apto para qualquer eventual manifestação mais calorosa da minha parte!..
O António Tavares que eu conheci, estava mais do que apto para lidar com o calor da minha normal sinceridade, sem que isso o incomodasse, “ou fizesse mossa”…
O António Tavares que eu conheci, sabia que eu sou mesmo assim: um cronista marginal…
E não pretendo mudar…
O António Tavares que eu conheci, sabia que eu nestas coisas da discussão da vida pública, vulgo política, nunca tenho “qualquer coisa de pessoal”.
Por conseguinte: anónimos, vão dar banho ao cão e lavem-se na mesma água…
E querem saber porquê?..
Vá lá, hoje que estou bem disposto, explico: a escrita contra o silêncio instalado pode ser uma coisa útil e eterna.
Na Figueira, por exemplo, dos que têm o costume de ler, quem não se recorda dos jornais Barca Nova e Linha do Oeste?
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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