sábado, 26 de outubro de 2024

Finalmente?!..

Em Junho de 2019, a então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino e o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, anunciaram na Figueira da Foz um investimento de 19,4 milhões de euros para melhorar as condições de segurança e operação na entrada do porto da Figueira da Foz e, simultaneamente, combater a erosão costeira a sul. Na altura, Ana Paula Vitorino esclareceu que a intervenção permitiria “a remoção de três milhões de metros cúbicos de dragados da zona a norte do molhe norte do porto”, areia que iria “alimentar os troços costeiros na zona sul”.
Três milhões de metros cúbicos (m3) de areia representam um valor entre os cinco e os sete milhões de toneladas (a densidade da areia molhada situa-se entre os 1700 e os 2300 quilos por m3), o que equivale a uma fila compacta de camiões com cerca de 1.500 quilómetros.
O lançamento do concurso para a elaboração do projecto e estudo de impacto ambiental (EIA) esteve agendado para o mesmo ano de 2019 e os trabalhos, segundo o previsto, começariam em 2020, foi então anunciado, no âmbito de uma parceria entre a APA, administração portuária local e Câmara da Figueira da Foz.
Em 30 de Julho de 2020, o presidente da concelhia do PSD da Figueira da Foz, Ricardo Silva, exigiu a demissão imediata da administração portuária local, acusando-a de incompetência e irresponsabilidade no processo das obras estruturais previstas, que foram adiadas para 2021. “A administração de Porto da Figueira da Foz tem de ser imediatamente demitida. Ficámos a saber que a obra do porto não avançou porque não incluíram a avaliação de impacte ambiental. Isto é de uma total irresponsabilidade e incompetência que prejudica a cidade e a região”, disse à agência Lusa Ricardo Silva. A candidatura da obra de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, promovida pela administração portuária (APFF), não cumpriu as condições de acesso aos fundos europeus, nomeadamente a documentação obrigatória a nível ambiental, impedindo a sua aprovação, revelou o programa Compete2020.
Em Setembro de 2023, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano." “É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”. sublinhou no decorrer de uma reunião de câmara Santana Lopes, o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.
Parece que é agora... Mas, em que ano terá início "esta obra extraordinária", que está prometida desde 2019?
Imagem via Diário as Beiras.

A solidariedade também passa por uma espécie de show off? Mas, nem assim empresas figueirenses?..

Via Diário as Beiras

"Os BVFF Foz fizeram uma campanha de angariação de novos e, mais recentemente, outra para a aquisição de uma nova ambulância de socorro junto de empresas do concelho. Porém, a esmagadora maioria não respondeu à carta. “Enviámos 10 mil cartas para outras tantas empresas, e é uma de fora que nos está a ajudar [a Alves Bandeira]. Não recebemos nem 20 respostas dessas cartas. E só uma empresa local, da Marinha das Ondas, nos apoiou”, lamentou Lídio Lopes.

A ideologia que se mostra e a que se esconde

«A disciplina de Cidadania tem ideologia? Não é outra coisa do princípio ao fim. Das questões de género aos direitos humanos e aos princípios constitucionais, tudo é ideologia. Querer tirar da disciplina a parte relativa às questões sexuais e da identidade de género é ideologia.

A antiga ministra da Saúde, ao colocar o serviço público acima do sector privado, actuou por motivos ideológicos? Sim. Os que a criticaram por isso, defendendo que parte dos recursos que o Estado recebe dos contribuintes vá para o sector privado da saúde, têm ideologia? Têm. Os que, nos actuais conflitos nos bairros periféricos, defendem a outrance as polícias têm ideologia? Têm. Os que, pelo contrário, falam das condições socioeconómicas em que vivem os habitantes, num gueto no qual a cor da pele gera atitudes racistas e um mais fácil carregar no gatilho da polícia, têm ideologia? Têm. Os que acusam os “outros” de ter ideologia têm ideologia? Têm e não é pouca.

Não é por aqui que vamos a algum lado. Este tipo de acusações que implicam que “ter ideologia” menoriza o discurso ou as posições de alguém é uma consequência da diabolização da política que durante 48 anos fez a censura do Estado Novo. O que está implícito na acusação é que as soluções apresentadas “por ideologia” são más e que o que seria bom é que fossem apenas avaliadas por critérios tecnocráticos, o que, na prática, significa por outra ideologia. Pensar que, em democracia, a política (outra maneira de falar de ideologia) “suja” as decisões é essencialmente antidemocrático e é um argumento muito comum nas ditaduras, que se colocam acima da vulgaridade do confronto político por um qualquer princípio superior, de carácter nacional, social, de classe, ou… ideológico.

A referência que fiz à censura do Estado Novo e ao seu rastro, muitos anos depois de ter acabado, é objectiva, porque, naquela, a ideia da diferença é maldita, a favor do elogio do “consenso” como regra. Uma frase de Cavaco Silva (que cito de cor) traduz esta concepção: “Duas pessoas com a mesma informação chegam às mesmas conclusões.” Não é verdade. Há a tenebrosa ideologia, mas também as diferenças de experiência, os interesses, a proximidade com os temas, tudo aquilo que constitui a mundovisão pessoal ou de grupo.

Outra variante deste modo de pensar é a alusão de que uma determinada posição corresponde “aos superiores interesses da nação”, abundantemente utilizada quando da actual discussão do Orçamento. Na verdade, não há uma interpretação pacífica, tecnocrática, não ideológica, apolítica do que são esses “superiores interesses”. Esta e muitas outras frases comuns (demasiado comuns, porque são lugares-comuns) fazem parte do discurso político corrente, muito pobre aliás, e devem ser julgadas como volitivas ou de apropriação subjectiva ou colectiva de algo que se considera um “bem”, neste caso os “interesses nacionais”. Significa isso que o discurso político nas suas afirmações é puramente subjectivo e não comporta objectividade? Não, significa apenas que também em política a ideia de que os “prognósticos só se fazem no fim do jogo” é a mais prudente para as coisas mais gerais.

Os detractores da ideologia, no seu sentido comum, são aqueles cuja ideologia não pode ser enunciada, tem de permanecer escondida, porque isso significaria colocarem-se a si próprios como defensores de uma parte, que seria equivalente com a dos “outros”, e isso chamaria a atenção para a motivação em ideias, interesses, visões do mundo, que perderiam nessa revelação a superioridade de não serem espelhares, com as dos “outros”. O que eles pensam é “eu critico a ideologia porque a não tenho, o que eu digo transporta a superioridade política, técnica, de saber e neutralidade, desprovida de interesses, que os 'outros' não têm”. Embora não saibam, estão mais próximos da crítica de Marx aos sucessores de Hegel, que também considerava a ideologia uma visão “invertida” do mundo, alheia à “realidade” que ocultava a relação entre o mundo ideal e o mundo real. São apenas reaccionários à direita que atacam o “ter ideologia” como um mal? Este tipo de pensamento vai muito para além da direita, mas encontra-se também à esquerda, no PS por exemplo, com modo de pensar e frases absolutamente idênticas. Por favor, deixem-se destes lugares-comuns profundamente… ideológicos.»

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

O Chega

"Gente para quem, desde que tal lhe convenha e logo que se proporcione, a fronteira do ódio e até do crime pode transpor-se com a maior facilidade e sem sombra de remorso. Gente que vive o grau zero da sociabilidade e por isso deve ser contida sem qualquer hesitação."

Pedro Pinto mostrou-nos o Chega como ele é: "mais que radical: extremista, violento e perigoso."

Para ouvir a notícia Antena 1, clicar aqui.

Afinal, havia outra (oficial-general)...

...chama-se Regina Mateus e detém estatuto de primeira oficial-general

«Têm sido muitas as reações à notícia publicada esta semana sobre a promoção da militar figueirense Ana Baltazar a major-general, sendo referida, em comunicado da Força Aérea, como a primeira mulher a atingir este posto nas Forças Armadas portuguesas.

As reações não se limitaram a parabenizar a promovida, por ter protagonizado um feito histórico nas Forças Armadas portuguesas, mas também porque uma outra figueirense, Regina Mateus, foi a primeira mulher a ser promovida ao posto de brigadeiro-general, um escalão hierárquico abaixo de Ana Baltazar.
Perante a “confusão” gerada em torno de quem foi a primeira mulher a atingir o posto de oficial-general das Forças Armadas portuguesas, a Força Aérea recorreu às suas redes sociais para esclarecer o assunto. Regina Mateus, foi, de facto, a primeira oficial-general portuguesa.
Regina Mateus passou à reserva com o posto de brigadeiro-general da Força Aérea, enquanto Ana Baltazar, em funções, atingiu o topo da carreira militar.
Naquele Ramo das Forças Armadas, ao posto seguinte, ou seja, tenente-general, só são promovidos pilotos-aviadores – Ana Baltazar não é piloto – ou outros oficiais-generais em situações excecionais, esclareceu, ao DIÁRIO AS BEIRAS, o departamento de relações públicas da Força Aérea.
Por sua vez, a patente de general está reservada ao detentor do cargo de Chefe de Estado-Maior do ramo. Também existe o posto de marechal, mas como distinção de dignidade e honorífica.
Na Força Aérea portuguesa as patentes de oficiais-generais começam no brigadeiro-general, seguindo-se major-general, tenente-general e general.

Tavaredenses fazem história
Assim, fica para a história que as duas primeiras oficiais-generais das Forças Amadas portuguesas são figueirenses, ambas da Força Aérea e com a Base Aérea de Monte Real no currículo.»

A propósito dos três anos da tomada de posse como presidente da Câmara da Figueira da Foz

 “Olhos nos olhos”, uma série de Pedro Santana Lopes

MARCO PAULO


Nunca estive pessoalmente com Marco Paulo, nunca assisiti ao vivo a qualquer dos seus concertos e não era fã da sua música.

Como ser humano, lamento a sua morte e, especialmente, a maneira como acabou. Marco Paulo, apesar de ter morrido "em paz e rodeado de todos os cuidados", merecia melhor.
Mesmo aos 79 anos, altura em qualquer morte é quase natural, ao contrário de Luís Osório, não sei se "Marco Paulo estava pronto para a sua última viagem".
 
Marco Paulo passou pela vida à sua maneira. Amou e viveu como quis, teve uma carreira de sucesso e foi bem aceite pelo seu público e pelo sistema.
Certamente que o seu nome ficará perpetuado em nome de ruas ou praças.

Para nós, por enquanto, o Sol vai continuar a nascer do mesmo lado. A ganância de muitos e a indiferença e a cobardia de muitos mais, permitirão que milhões de vidas inocentes continuem a ser roubadas e muitas  crianças nunca serão adultas.
É o inferno em que vivemos.

A terminar: descanso para a alma de Marco Paulo, que bem o merece.

Câmara da Figueira da Foz reúne hoje

 Via Diário as Beiras

Parabéns Paulo Macedo: a privatização invisível da CGD está no bom caminho e recomenda-se...

Paulo Macedo: “Só um tonto diria que nunca mais vai encerrar nada na vida”


«Quando, no início do próximo ano, Paulo Macedo apresentar mais de mil milhões de euros de lucros da CGD, é possível que muitos o considerem um grande gestor. Paulo Macedo está à frente de uma instituição, a CGD, que não é (ou não devia ser) um banco como os outros. Em primeiro lugar, a CGD tem de estar ao serviço das pessoas, mesmo que isso implique estar em lugares em que os outros não querem estar, ou que não sejam rentáveis. Parece que Paulo Macedo ainda não percebeu isso. Nos anos da troika, o Governo da AD “aproveitou” para encerrar a maioria dos serviços públicos no interior do país, desde escolas a tribunais, etc. A não ser que o ministro das Finanças o obrigue a voltar atrás com este escandaloso projecto, ninguém me vai conseguir convencer de que por detrás destas medidas não está uma vontade política de descredibilizar ainda mais a instituição CGD junto dos portugueses, para assim abrir caminho à privatização.»

J. Sequeira, Lisboa 

«A retirada da CGD de vários locais do país, e o encerramento de tesourarias em várias agências não podem ser encarados como meros processo de reestruturação empresarial guiados pelo objectivo da redução de custos e do aumento dos benefícios. A Caixa, como banco pertencente ao Estado, tem obrigações óbvias de serviço público, cujo cumprimento vai ser mais uma vez reduzido. Mas não só isso. Outrora, as comunidades locais possuíam um factor de coesão estrutural e de solidez comunitária que consistia na presença de instituições-chave: a câmara, os Correios, a estação ferroviária, o hospital, a esquadra de polícia, a escola... e a Caixa. Estes pólos de referência da organização da vida local contribuíam para a fixação das populações. O carácter público dessas instituições era e é a única garantia de permanência e de qualidade do serviço. Veja-se o caso gritante da desgraçada privatização dos Correios, e da “privatização moral” dos caminhos-de-ferro, esfacelados na sua rede e abandonados a um destino decadente, por mor da nefasta obsessão rodoviária que vem dos anos 1980. Agora é a Caixa que entra na lógica do negócio puro e duro — isto é, da secundarização do serviço público e do progressivo abandono de locais onde sempre esteve. Esperemos que alguém com autoridade o impeça.»

António Monteiro Fernandes, Lisboa

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Há horas de sorte na Figueira

Na Figueira, oportunidades para se ser feliz existem muitas. E horas de sorte também acontecem. Na primeira página da edição de hoje do Diário as Beiras, estão plasmadas duas.
«A maioria dos alunos da primeira licenciatura do Campus da Universidade de Coimbra na Figueira da Foz conseguiu encontrar alojamento com preços considerados acessíveis e próximo da Quinta das Olaias, onde se leciona o curso.
Para esta reportagem, os alunos indicaram Andrea Alvarez, nascida na Venezuela e com residência na Madeira, como porta-voz do grupo. A estudante frisou que “uns conseguiram preços acessíveis e outros um bocadinho mais caros”. Uma aluna paga 200 euros de renda mensal por um apartamento T2, sem ter de partilhá-lo, e outras paga 250 por um apartamento da mesma tipologia. Mas também há para quem a renda não seja tão acessível. Uma das estudantes paga 550 euros por um T0, mas com a vantagens de estar “a três minutos da Quinta das Olaias”. Outra aluna paga 350 euros por um quarto, com tudo incluído, num apartamento com a senhoria a residir lá.»

«Desde o dia 18 deste mês que Alqueidão e milhão rimam com… dinheiro. O vencedor do último sorteio do M1lhão (boletim autónomo agregado ao Euromilhões com um prémio de um milhão de euros) apostou na sorte no café Gancho Vermelho, no Alqueidão, sede da freguesia com o mesmo nome, situada na margem sul do concelho da Figueira da Foz. Ontem, o apostador continuava anónimo.»

“Os Coxos” vencem VI Torneio Internacional de Andebol Adaptado ACR (versão ACR6) realizado em Portimão

 Via Diário as Beiras

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

"Revoltante e pornográfico"...

 Via Ladrões de Bicicletas

Despista-se em rotunda e derruba Ventura

"O novo Procurador-Geral da República está à espera de quê para abrir processo de inquérito contra este criminoso e constituí-lo arguido por crime de ódio? É absolutamente revoltante e pornográfico que alguém que se diz cristão se compraza com a morte de um ser humano! 

Perante mais uma declaração fascista de André – viva a morte! – Ventura, de apoio à criminosa violência policial no Bairro do Zambujal, o jurista Miguel Prata Roque interpelou justamente o novo Procurador-Geral."

Paulo Rangel, Ministro de Estado

Paulo Rangel, Ministro de Estado
«O ministro dos Negócios Estrangeiros está envolvido numa polémica com os militares. Paulo Rangel terá insultado dois militares e gritado com o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea no passado dia 4, quando aterrou o avião de repatriamento dos portugueses no Líbano. O ministro queria receber os repatriados à saída do avião, numa zona onde não estava autorizado a entrar, facto do qual teria sido informado.

As imagens no vídeo que pode ser visto clicando aqui, são da noite de 4 de outubro, quando o segundo voo de repatriamento de portugueses vindos do Líbano tinha acabado de aterrar, e mostram Paulo Rangel a recusar uma tentativa de cumprimento do coronel Abel Oliveira. O comandante de Figo Maduro estende a mão, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros vira as costas e segue caminho.

"Uma testemunha conta à TVI/CNN Portugal o episódio que está na origem da polémica entre o ministro dos Negócios Estrangeiros e os militares e que ocorreu no aeroporto de Figo Maduro". Uma vez impedido, terá insultado os dois militares que o travaram, chamando-lhes nomes como "burros" e "camelos" e repetindo que "isto com os militares é sempre a mesma merda"Numa segunda fase, abordado pelo comandante de Figo Maduro, o ministro terá subido a voz, e voltou a subi-la perante Cartaxo Alves, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, que se aproximou.»

A escala de valores de Margarida Blasco, ministra da administração interna

Via OBSERVADORMinistra classifica como "infeliz incidente", homem baleado mortalmente pela PSP no Zambujal.

Via ANTENA 1Ministra classifica como "distúrbios inadmissíveis" o escalar de desacatos na sequência da morte de um homem baleado pela polícia na Cova da Moura.

Coisas que aprendi com a minha filha de cinco meses

Afonso Reis Cabral, escritor
"A minha filha chama-se Teresa, tem cinco meses e não percebe nada de astrofísica, literatura ou finanças públicas. Além disso, é analfabeta.
Mas espreguiça-se com ganas de endireitar todos os músculos das costas, dos braços e do pescoço. Nunca chora de tristeza, só de uma dor que vem e passa. Senta-se mais ou menos, e mais ou menos vira-se e tenta descobrir os pés e o que há além destes - o mundo inteiro. Lança olhares sabedores (sabedores demais, para quem pouco sabe) e tudo agarra para abocanhar, porque é melhor ver com a boca. Sorri muito, sempre, e está a caminho das gargalhadas, que são sorrisos em jeito de comício.
Nunca conheci ninguém tão ignorante como a Teresa. Ainda ignora que pode levar os pés à boca. Ignora que terá de caminhar por caminhos por vezes felizes por vezes tristes. Ignora a amargura e a maldade. Ignora os perigos da existência; só precisa da papa e do leite e da alegria dos pais. E não sabe que o crescimento económico da Alemanha está anémico, abaixo da média europeia.
Mas estas coisas ela ensina-me todos os dias. 
Aprendi que uma hora tem mais de sessenta minutos e um dia mais de vinte e quatro horas. É coisa típica de quem sabe muito de matemática: ela muito, eu pouco. 
Aprendi que não há fim para o maravilhamento, que é o contrário do ensimesmamento. Todos os dias com mais de vinte e quatro horas, todos os minutos com mais de sessenta segundos são para me maravilhar com ela. Aprendi que o cansaço e os inconvenientes custam, mas saem barato perante a imensidão do que existe agora e do que se avizinha. 
Aprendi a esperar por ela, porque todos os dias ela cresce um pouco mais e eu quero conhecê-la, mas ao mesmo tempo a não querer esperar por ela. Como se descobrir mais fosse perder quando se ganha. 
Aprendi que a inocência tem isto de curioso: deve ser defendida por quem já a perdeu. 
Aprendi a olhar para os objectos do dia-a-dia como se não os conhecesse. As chaves são fascinantes, o comando da televisão um ovni, o barulho dos talheres quando atirados para a máquina de lavar um concerto. E as mãos estranhos aranhiços aptos a toda a obra. 
Aprendi que não perceber nada de astrofísica, literatura e finanças públicas é bem possível sem angústias, e que a melhor sesta é a embalada pelas notícias de última hora. 
E aprendi que a grande palavra, essa palavra imensa que é o amor, se faz pequenina todos os dias: a sua grandeza, das fraldas aos biberões, tem o tamanho de incontáveis momentos pequeninos. 
E por isso aprendi que o amor é tanto maior quanto mais pequenino for."

Espaço de comentadores

Comentários ao discurso de encerramento de Montenegro. Para ouvir clicar aqui.

Filipe Melo: declarou que «esvaziava o programa eleitoral do Chega».

Nuno Melo: afirmou que se tratava de «uma aproximação ao CDS».


Da série, grandes primeiras páginas

 

Ana Baltazar: primeira mulher major-general portuguesa

"Ana Baltazar é filha de Simões Baltazar, ex-presidente da Junta de Tavarede e controlador de tráfego aéreo na Base Aérea de Monte Real na reforma. Foi o controlador do voo do avião que o Papa Paulo VI utilizou na sua visita a Fátima no dia13 de maio 1967. Simões Baltazar, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, reconheceu que as histórias contadas por ele e pelos antigos camaradas militares acabaram por influenciar a escolha da filha pela carreira militar."
Imagens via Marcha do Vapor