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André Ventura, é um desses populistas, que fez parte do PSD por largos anos e que foi candidato desse partido em actos eleitorais, mas que fala como se nunca tivesse feito parte do sistema e diz aquilo que a generalidade da população quer ouvir.
Portanto, para abreviar numa frase curta: "chegou a nossa vez".
Porém, não é a primeira vez que um terceiro partido se aproxima dos 20%: tal já se tinha verificado em 1979 com o PCP, que obteve 18,8% dos votos e elegeu 47 deputados). E em 1985, com o PRD a conseguir 17,92 dos votos e a eleger 45 deputados.
É possível, portanto, que este sucesso Chega signifique uma verdadeira alteração estrutural do sistema partidário em Portugal.
Para já, mesmo que não venha a entrar no Governo, o Chega vai obviamente condicionar politicamente o frágil Governo do PSD que pode sair destas eleições.
Neste momento, "os partidos democráticos e fundadores da democracia só podem combater o populismo de André Ventura e reverter o crescimento exponencial do seu partido se fizerem uma introspeção e deixarem de apontar o dedo a André Ventura, ao Chega e aos seus eleitores.
Não foi o 25 de Abril que falhou, quem falhou foi uma série de políticos que sobrepuseram os seus interesses pessoais aos interesses do país e não olharam a meios para atingir os fins.
Assim, a política deixou de ser a nobre arte de governar o país e as autarquias e passou a ser a nobre arte de alguns se governarem. Daí o crescimento da corrupção e do nepotismo.
Na verdade, pessoas sem escrúpulos, sem vergonha, sem carácter, sem princípios e sem valores começaram a espalhar-se, qual gangrena, por vários órgãos do poder."
O resultado está aí: a poucos dias do 25 de Abril comemorar 50 anos, temos 50 deputados do Chega!
Sobre os resultados das eleições de ontem, Ricardo Paes Mamede escreveu no jornal Público um texto sóbrio e implacável nas ideias ao nível a que habituou quem gosta de o ler.
“(…) A generosidade com que pessoas e instituições endinheiradas financiam organizações políticas que apostam na crispação, sugere que uma parte dos ricos em Portugal já não tolera as opções de quem governou o país nos últimos anos, por muito moderadas que fossem. Não há aqui nada de novo: quando acham que a democracia lhes retira privilégios — sob a forma de impostos ou de direitos laborais que consideram excessivos —, alguns poderosos financiam o caos, dando poder a quem oferece ordem e “moderação”. Esperam com isso manter os seus benefícios. O problema, como a história mostrou muitas vezes, é que se arriscam a perder o controlo sobre o monstro que criaram.”
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