Nas eleições legislativas de 10 de Março passado, o Bom Sucesso foi a única freguesia da Figueira
da Foz onde o partido de
André Ventura ganhou.
O Chega obteve 301 votos (30.04%), o PS 290 votos (28.94%) e a AD 241 votos (24.05%).
O Diário as Beiras foi ouvir o actual presidente da junta, Carlos Batata e o seu antecessor David Azenha para tentar perceber o "fenónemo".
O Diário as Beiras foi ouvir o actual presidente da junta, Carlos Batata e o seu antecessor David Azenha para tentar perceber o "fenónemo".
"Ambos
convergiram
que se tratou
de um voto de
indignação."
O actual presidente da Junta do Bom Sucesso, Carlos Batata, cumpre o segundo mandato. No primeiro, tinha concorrido como independente. Neste segundo, o actual, foi candidato pelo PS. Por sua vez, David Azenha foi presidente da Junta de Bom Sucesso durante dois mandatos e tesoureiro num exercício autárquico, sempre pelo PSD, partido de que foi dirigente local. Actualmente, é deputado municipal, eleito pelo movimento independente Figueira A Primeira (FAP), cargo que também já desempenhou pelo PSD.
Segundo o Diário as Beiras, para ambos tratou-se de um voto de
indignação. Para eles, “esta vitória fica a dever-se aos grandes partidos, o PS e o PSD,
e às suas asneiras.
Eles é que têm governado o país nos últimos 50
anos”, sustentou Carlos
Batata. “Sinto indignação
nas pessoas da freguesia”,
acrescentou.
“Pelo que tenho falado
com as pessoas, após as
eleições, concluo que não
foi um voto para continuar, foi um grito de revolta. O grito que senti
é que se continua a dar
muitos apoios a quem
pouco ou nada faz e nada
a quem trabalha, e esta é
uma terra onde se trabalha de manhã à noite, no
emprego e na agricultura”, argumentou, por sua
vez, David Azenha.
Portanto: ao longo de 50 anos, no Bom Sucesso, os eleitores escolheram sempre o PS e o PSD para os governarem, mesmo nas eleições autárquicas. Foram eles, os políticos do PS e do PSD, incluindo os autarcas, que fizeram "as asneiras". Todavia, continuando a citar o Diário as Beiras, «tanto Carlos Batata
como David Azenha,
mostrando-se ambos
surpreendidos com a
dimensão do “voto de
indignação” dos seus
conterrâneos, conjeturam que o Chega não
deverá obter o mesmo
resultado nas eleições
autárquicas de 2025.
Isto porque, sustentam, neste acto eleitoral,
vota-se mais em pessoas
do que quem em forças
políticas.»
Isso quer dizer que os eleitores, no futuro, vão continuar a escolher autarcas que sempre concorreram pelo PS e pelo PSD "os partidos que durante 50 anos fizeram as asneiras"?
Ou há outra alternativa?
Será que ss antigos autarcas autarcas do PS e do PSD, indignados com "a
degradação dos serviços
de saúde na freguesia", estão dispostos a concorrer pelo Chega?..
Aí, sim, estaria garantida a "mudança"...
Isto é assustador: citando Helder Macedo, cidadão empenhado, também professor universitário, ensaísta (é um dos grandes especialistas em Camões), romancista e cronista, "quando se muda o voto para o Chega, assume-se um suicídio das ideologias. É uma base de descontentamento que não está a ser canalizada para uma construção, seja ela utópica ou de outra natureza. É uma desistência da cidadania."
André Ventura usa uma linguagem de religião para destruir e não para construir. É quase um desejo de fim do mundo. Em qualquer construção, temos de ter atenção aos andaimes: "o ressentimento é, de facto, o pior sentimento que uma pessoa pode ter. É muito limitador, uma espécie de cancro mental e emocional. No campo sociológico e político, vejo esse ressentimento na frustração, na sensação de possibilidades não preenchidas. São carências que deixaram de ser transformadas em vontade de mudança."
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