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"Muito raramente se pergunta alguma coisa aos alunos.
Foi isto que o Governo, pela mão do Secr. Estado João Costa, decidiu fazer associando-se a um projeto da Fundação Maria Rosa. Os resultados foram apresentados esta semana e só provam o que temos andado a perder por “procurar a resposta no sítio errado” (ou pelo menos, não procurando nos sítios todos). Os mais de 2500 jovens consultados em 50 escolas do país não referem sequer a necessidade de melhorar as condições físicas das mesmas.
O seu foco vai para o melhorar das relações entre professores e alunos (querem deixar de “ser invisíveis”), para aulas mais curtas (50 minutos) e mais dinâmicas (diversificadas), para salas de aula dispostas de maneira diferente (porquê sempre em plateia?), para avaliações que valorizem mais o que se faz a cada aula (e não se concentrem apenas em testes), no interesse em abordar os assuntos do quotidiano (ou ligar o que aprendem com o que se está a passar à sua volta), entre outras.
Quem tem interesse nos debates e inovações que se vão fazendo na educação formal por esse mundo fora sabe que estes são os caminhos que os tais investigadores e técnicos apontam. Se tivéssemos começado por ouvir os principais interessados na educação talvez tivéssemos poupado algum tempo."
"Ouvir as soluções". Via AS BEIRAS.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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