ACIDENTES DE PERCURSO
"Rui Rio não confia na justiça nem na comunicação social. Esse sentimento é inteiramente justificado. Se virmos bem, os principais problemas do seu início de mandato – os negócios de Salvador Malheiro, as contabilidades de Elina Fraga, os delírios curriculares de Barreiras Duarte – foram apresentados ao País pela acção conjunta do Ministério Público e da comunicação social. Se, por mera hipótese, estas duas entidades maléficas não existissem, ou existissem em part-time e com um açaime na boca, Portugal seria um país mais respirável.
Espero que o dr. Rio, como ministro adjunto do dr. Costa, faça alguma coisa sobre estas matérias."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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