"É frequente e, para muitos, natural, que a análise do estado da nação, do concelho, da vida na polis, se faça a partir de uma visão maniqueísta (Maniqueu, persa, filósofo cristão do séc. III, concebia o mundo dividido entre os opostos Bom, Deus – espírito – e Mau, Diabo – matéria), ou seja:
– tudo o que o governo/vereação diz, ou pensa, ou faz, ou promete é bom porque revela pensamento estratégico, faz sentido e porque se destina a resolver os problemas das pessoas;
– nada do que os que não são governo/vereação denunciam revela conhecimento e capacidade, antes demagogia e falta de vergonha porque quando “lá estiveram”…;
– quem está “na política” só se quer servir e conseguir emprego, já que não tem qualificações, atributos ou mérito para o fazer de forma “honesta”;
– toda a ética, a visão, a honestidade, a capacidade de trabalho e a “transparência” estão “no povo”;
– o papel (económico, ideológico, político, social…) da elite – a minoria que detém o poder face a uma maioria que dele está privado – visa o monopólio da ação para impor a sua vontade, através de métodos normalmente ilegítimos ou imorais;
– os desfavorecidos são-no porque, apesar de bons, não detêm os recursos para alterar o seu estado.
E poderia continuar, eu bom/eles maus, num exercício aparentemente tranquilizador, já que transporta para fora de mim a canseira de pensar e de intervir.
Como avalia o estado da nação e o do concelho? E o que estamos prontos a fazer para o melhorar?!…"
Ai Maniqueu, uma crónica de Teotónio Cavaco...
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