"Segundo notícia do jornal AS BEIRAS, a discussão sobre a intervenção na frente marítima de Buarcos foi intensa. O debate aconteceu no Caras Direitas e opôs as intenções da Câmara em aumentar os espaços verdes e pedonais, e a vontade de alguns comerciantes em deixar tudo como está. Estes comerciantes devem ser os mesmos que estacionam sistematicamente os seus veículos em frente à porta da sua loja, retirando lugares aos clientes. Incrivelmente, a empresa Figueira Parques não atua perante veículos de comerciantes estacionados sistematicamente, e por longos períodos, em lugares pagos. Isto é matéria que dava “pano para mangas” mas que ninguém parece interessado em tocar. Haverá “intocáveis” na nossa cidade? A Câmara que agora propõe o alargamento de passeios é a mesma que sempre que faz obra (Buarcos; 4 Caminhos; Alto do Forno, Caceira, etc.) deixa os passeios na mesma, estreitos e mal concebidos? Há uma bipolaridade manifesta no comportamento da sociedade relativamente aos carros, comércio e estacionamento. Queremos uma “cidade mais saudável”, com menos carros e menor poluição, em que as pessoas sejam levadas a andar a pé, ou queremos voltar ao passado? Agora que a marginal em Buarcos está interrompida, seria útil refletir seriamente sobre como “descolonizar” esta zona, retirando os carros e deixar que voltasse a praia. Contudo, passa-se o oposto, as obras são para “cimentar” a costa, artificializando ainda mais a paisagem."
"Estacionamento a mais", uma crónica de João Vaz, consultor de sustentabilidade.
Nota de rodapé.
Recorde-se aqui a crónica da farsa da apresentação pública do projecto da requalificação da frente de mar em Buarcos, no âmbito do PEDU, levada à cena no Grupo Caras Direitas, onde só faltaram as pipocas e as bebidas da terra do tio Sam (mas isso é mais no cinema do Jumbo. A vereadora do Carvalho, que desculpe a referência, pois sabemos que a sehora vereadora já não pode ouvir falar neste nome...).
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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